As professoras Luciana Melquíades e Marcella Mascarenhas Nardelli tomaram posse como diretora e vice-diretora, respectivamente, da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em cerimônia realizada na noite desta quarta-feira, 21. Luciana foi vice-diretora da unidade na administração anterior, entre 2018-222, ao lado da professora Aline Passos.
Em seu discurso, destacou a consolidação da pesquisa, o avanço da extensão e os resultados no ensino em um dos cursos mais tradicionais e bem avaliados da instituição. Mesmo diante de um cenário de cortes orçamentários, ela anunciou os planos para a nova gestão da Faculdade. Entre eles, iniciativas voltadas para a inserção dos alunos no mercado de trabalho, a aproximação da unidade acadêmica a órgãos jurídicos e outras instituições de ensino sediadas na cidade e na região e a garantia dos Direitos Humanos.
“Renovamos o nosso compromisso com a refutação de práticas de LGBTfobia, misoginia, racismo, apagamento dos povos originários, de exclusão das pessoas com deficiência. Pretendemos oportunizar o convívio em um ambiente institucional propício para o bem-estar e a integração”, afirmou.
A solenidade contou com a presença do reitor Marcus Vinicius David e da ex-diretora Aline Passos, que relembrou sua trajetória na UFJF, desde aluna do Colégio João XXIII até a direção da unidade, após dois mandatos consecutivos (2014-2018 e 2018-2022). Na oportunidade, agradeceu sua companheira de gestão, que agora assume a Faculdade.
“Sempre soube da profissional incrível que ela (Luciana Melquíades) é. Com sua competência, inteligência e comprometimento com tudo o que faz. Mas me encantei pela pessoa, que ainda conhecia tão pouco. Acho que eu não poderia ter enfrentado a tempestade provocada pela pandemia em melhor companhia”, destacou a professora, que também fez agradecimentos ao reitor, aos estudantes, professores e técnico-administrativos.
A professora Aline Passos também fez agradecimentos ao reitor, Marcus David, e à vice-reitora da UFJF, Girlene Alves. A docente fez menção aos “tempos difíceis” e ao cenário de “violência política e discurso de ódio que coloca em risco a defesa da democracia”.
“Nunca vivemos tempos tão duros nas universidades públicas. Ano a ano vamos perdendo parte do nosso orçamento e enfrentamos uma política de verdadeiro asfixiamento institucional. Para quem se orgulha da intolerância e despreza a ciência e a cultura, educação é luxo que não se justifica – o que é profundamente lamentável. As universidades públicas são patrimônio da sociedade brasileira e não podem ficar à mercê das políticas governamentais. É preciso que tenham seus financiamentos e autonomia protegidos como expressão da política de um Estado, independentemente de quem esteja no comando”, reiterou Aline Passos.
Universidades públicas vivem maior crise da história
O reitor da UFJF, Marcus David, chamou atenção para a realidade orçamentária da instituição, afirmando que as universidades públicas passam pela “maior crise de sua história”. Além dos cortes que asfixiam a educação pública, ainda há, segundo ele, a noção de que as instituições são ameaças ao desenvolvimento nacional.
“Essa compreensão absolutamente equivocada ameaça profundamente a nossa Instituição. Precisamos o tempo inteiro demonstrar a importância das nossas universidades para um projeto de nação desenvolvida e civilizada. As universidades públicas continuam sendo as responsáveis pela formação de maior qualidade do nosso país, por 95% da produção científica nacional, lideram projetos de inovação em parceria com o sistema produtivo que criam as condições básicas para que a indústria nacional tenha capacidade de competição global, transformam a vida social dos seus entornos com projetos realizados junto às comunidades, são responsáveis por arte e cultura de qualidade.”
O reitor também afirmou que sob a direção das professoras Luciana Melquíades e Marcella Mascarenhas Nardelli, a Faculdade de Direito seguirá a ter voz forte e ativa na Universidade e a contribuir para que a UFJF demonstre sua relevância para a sociedade. Entre os agradecimentos, a nova diretora reverenciou as gestões anteriores da unidade.
“A liderança empreendida pelos nossos antecessores, muito mais do que honrar nossa tradição de excelência, prometia transformações que projetaram o nosso avanço institucional. A apresentação de uma história de excelência desafia a coragem para a manutenção das alavancas do sucesso da ruptura dos entraves do progresso. E, acima de tudo, a clarividência e o discernimento entre eles. Se, no exercício da direção, pudermos enxergar mais longe, é porque estaremos sobre os ombros de gigantes”, frisou.