Xilogravura da série Negritudes, sobre cultura negra (Imagem: Mostra Xilogravuras: Encantos – Baião – Negritudes)

Um dos métodos mais antigos de impressão, a xilogravura é uma técnica de origem chinesa que se tornou popular no Brasil, sobretudo na região nordeste, onde se destacam verdadeiros mestres na arte de esculpir desenhos na madeira para a produção de gravuras. Em cartaz a partir desta terça-feira, 20, na Galeria de Arte do Forum da Cultura, a mostra “Xilogravuras: Encantos – Baião – Negritudes” reúne obras do maranhense Pedro de Lima, apresentando recortes de três séries de trabalhos desse xilógrafo, escritor e professor, alguns dos quais ilustraram cordéis e livros de sua autoria.

Uma das séries referidas na exposição é “Encantos do Brasil: xilogravura e cultura popular”, que apresenta xilogravuras no formato de mandalas, formando composições geométricas inspiradas em temas indígenas, africanos e nordestinos, tradições, lendas brasileiras e folguedos populares. As obras da série foram produzidas para o livro homônimo, publicado por Pedro de Lima em 2019. Segundo o artista, as formas geometrizadas se mostram eficazes para a construção de desenhos com estruturas circulares, concêntricas e articuladas, com a repetição e o entrelaçamento de elementos simétricos ou não.  

“Baião de Dois, sons e sabores do Brasil” remete à série Baião, que retrata encontros musicais, culinários e culturais. (Imagem: Mostra Xilogravuras: Encantos – Baião – Negritudes)

“Baião” remete à série “Baião de dois: sons e sabores do Brasil”, com xilogravuras do livro de mesmo título, lançado em 2021, que retratam encontros musicais, culinários e culturais ocorridos ao longo da história política e social do país entre nativos, colonizadores europeus e negros trazidos de diversas regiões da África, além de conflitos entre essas culturas, instaurados desde a colonização do território. 

Por fim, “Negritudes” é uma série sobre a cultura negra que focaliza músicos do samba, como Pixinguinha, Cartola, Paulinho da Viola, Clementina de Jesus, entre outros; e, ainda, apresenta cenas do cotidiano da população negra brasileira que expressam violência, opressão e, sobretudo, luta e resistência. Atualmente o artista está produzindo obras também nesse tema que retratam músicos e artistas negros e negras brasileiros e norte-americanos, por exemplo, Elza Soares e Nina Simone, em encontros imaginários, personagens do ensaio “O corpo samba, a alma jazz”, também ilustrado por xilogravuras de sua autoria, a ser lançado em 2023.

A curadoria de “Xilogravuras: Encantos – Baião – Negritudes” tem participação da doutora em sociologia e pesquisadora Joana Brito, filha do artista, que também cuida da divulgação do trabalho do pai.

Sobre o artista
Xilógrafo, escritor, professor de Arquitetura e Urbanismo, Pedro de Lima nasceu em Caxias, no Maranhão, no dia 29 de junho de 1947. Morou em Natal (RN) por mais de quatro décadas e recentemente voltou para Crato (Ceará), onde já havia vivido com a família durante a adolescência. 

Parte das xilogravuras do maranhense Pedro de Lima ilustra cordéis e livros sobre cultura brasileira (Foto: Divulgação)

Graduado em Arquitetura e Urbanismo (UNB/Universidad del Valle, Cali -Colômbia), doutor na mesma área pela FAU-USP e mestre em Antropologia Social pela UFRN, trabalhou como docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Quando estudante em Brasília, nos anos 1960, aprendeu a fazer xilogravuras – desenho esculpido na madeira (matriz) e impresso no papel (cópia). 

Após aposentar-se, em 2012, voltou a xilogravar. Parte de suas obras ilustra cordéis e livros de sua autoria: “Encantos do Brasil: xilogravura e cultura popular” (2019), “Baião de dois: sons e sabores do Brasil” (2021), “Crato em Cordel” (2018), “Cordéis” (coletânea de 2019), entre outros. Também é autor de livros sobre história da arquitetura e urbanização, e de poesias, publicadas em “Para amigos diversos” (2013) e “Nem tudo são flores” (2017).

Xilogravuras: Encantos – Baião – Negritudes
A abertura da mostra acontece nesta terça, 20, às 19h. A exposição fica aberta ao público até 30 de setembro, sempre de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. 

Outras informações
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