A comunidade acadêmica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se reuniu nesta quinta-feira, 11, em Ato pela Democracia. Durante a manifestação, foram lidas as cartas “Em defesa da democracia e da justiça”; “As universidades e institutos federais pela democracia e eleições livres”; e “Às brasileiras e brasileiros em defesa do estado democrático de Direito”.
O ato aconteceu simultaneamente em todo país, alertando a população para os ataques às instituições democráticas e clamando pelo respeito à Constituição Brasileira e, especialmente, ao resultado das urnas.
Durante a cerimônia, a vice-reitora Girlene Alves reforçou que a história da UFJF é marcada pelo respeito, pelas lutas e pela construção da democracia. “A Universidade só ficará firme se eventos como este forem realizados. É assim que a Instituição se torna mais justa e diversa, por meio da participação da coletividade. Seria mais fácil ficarmos acomodados, mas essa não é uma característica da UFJF. Devemos ficar atentos às ameaças à democracia e pensar em uma universidade mais diversa.”
A carta produzida pela Universidade de São Paulo, baseada em manifesto de 1977, e assinada por mais de 900 mil pessoas e entidades, “Às brasileiras e brasileiros em defesa do estado democrático de Direito”, foi lida pela diretora da Faculdade de Direito da UFJF, Aline Passos. Ela relembrou que na data de 11 de agosto comemoram-se o Dia do Estudante e o Dia do Advogado.
“A constituição é a lei suprema do nosso país e estabelece regras fundamentais. O estado de direito tem que respeitar a diversidade, lutar pela possibilidade de diálogos e acabar com a desigualdade. Precisamos fortalecer as instituições e entender o que significa a democracia na nossa vida. Para nós, profissionais do Direito, esse é o nosso oxigênio e essência. Quando resgatamos essa carta na data de hoje, restabelecemos a união entre os brasileiros e reforçamos que a ditadura não pode retornar ao nosso país “, enfatizou Aline.
Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito!
Para o secretário geral da UFJF, Edson Faria, não há condições de se construir um projeto de nação sem que haja união para garantir que as conquistas alcançadas ao longo dos anos não sejam feridas por princípios antidemocráticos. “Essa tribuna representa a preocupação em atender a legislação apresentada na Constituição Federal. Representa também a construção de uma sociedade civilizada. Essa leitura é fundamental no momento em que estamos vivendo.”
Manifestos da Fiesp e da Andifes
O professor aposentado da UFJF, Ignacio Godinho Delgado, foi convidado para a leitura da “Carta em defesa da democracia e da justiça”, articulada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e também assinada por outras entidades. “Essa data é muito representativa, pois, em em agosto de 1945, terminava um estado de nazifascismo que só conseguiu ser derrotado por uma ampla aliança. A carta que leio também traz essa característica de coletividade em que a Fiesp, juntamente com outras representatividades, se uniram em favor de uma mesma causa”.
Carta em defesa da democracia e da justiça
Já a “Carta às universidades e institutos federais pela democracia e eleições livres” foi lida pela vice-reitora Girlene Silva. O documento é uma produção conjunta da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). “É importante situar que essa carta foi entregue ao ministro Edson Fachin durante a acusação infundada de processo fraudulento das eleições. Lembramos que as urnas brasileiras têm sido modelo para outros países”, afirmou Girlene.
Carta às universidades e institutos federais pela democracia e eleições livres
Representatividade estudantil
O representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), César Augusto Maciel, lembrou o simbolismo da data do ato e como o segmento estudantil tem trabalhado em diversas vertentes pelo estado democrático de Direito. “Estamos sempre lutando e ressalto o quanto a UFJF nos acompanha nessa caminhada. Nos últimos anos, a vimos aplicar vacinas, fazer testes de PCR e servir à população.”
Já a representante da Associação de Pós-Graduandos (APG), Ana Beatriz Barbosa Ferreira, também falou sobre os marcos que acompanham os históricos de luta encabeçados pelo segmento estudantil e destacou a importância do estado democrático de Direito. “Devemos lembrar daqueles que lutaram pela nossa educação. A defesa da democracia e da educação pública e gratuita são pilares para nossa justiça. Muito ainda precisa ser feito e construído, mas nós estamos aqui em defesa da democracia e das nossas universidades públicas”.
“Nossa luta não é abstrata!”
“Hoje lembramos o dia em que as primeiras faculdades de Direito foram criadas. Quando foram constituídas, a ideia foi construir um país para termos uma administração pública com impessoalidade e para atender os interesses da sociedade. Nossa luta não é abstrata! As propostas desse governo ferem nossa essência, que busca transformações na sociedade e não atender demandas privadas”, ressaltou o representante do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação (Sintufejuf), Flávio Sereno. “As cartas lidas neste ato não se tratam de colocar figuras antagônicas na mesma direção. Serve como um alerta de consciência para construirmos um futuro melhor.”
Em consonância com os diálogos propostos, o diretor da Associação dos Professores do Ensino Superior (Apes), Leonardo Andrade, apontou que há várias forças para demonstrar apoio e inspiração neste momento, unidos por interesses em comum. “Nunca foi possível conquistar direitos sem lutas e resistência. No ato de hoje cumprimos um papel importante, pois é preciso barrar os retrocessos e pautar o próximo governo que virá para atuar de forma ordenada. Chega de retrocessos. Nós venceremos!”, finalizou.