A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) suspendeu, por um ano, a oferta de vagas para o curso de Odontologia do campus de Governador Valadares. A decisão foi tomada pelo Conselho Superior (Consu) em reunião realizada nesta terça-feira, 28, e tem o objetivo de reduzir o represamento das turmas que precisam passar por disciplinas práticas.
Atualmente, o curso possui uma retenção de 105 disciplinas/estágios e de atividades práticas, resultado do tempo de paralisação e ensino remoto emergencial decorrentes da pandemia de covid-19. Mesmo com a adoção dos calendários suplementares, o represamento de turmas ainda é equivalente a dois semestres.
O quadro reduzido de servidores, a estrutura precária (o campus conta com 36 equipos/consultórios, quando o recomendável seria de 96) e conflito de calendário com disciplinas oferecidas por outros departamentos dificultam ainda mais a situação. A UFJF já abriu chamada pública para tentar solucionar os problemas, mas os prazos para a implantação de novos equipamentos ou parcerias não são imediatos.
Todos esses dados fazem parte de um relatório apresentado pela diretora da Faculdade de Medicina, Ivana Moutinho, que destacou que caso uma medida não fosse adotada, a qualidade e avaliação do curso seriam comprometidas.
O reitor considerou a decisão uma das mais difíceis a serem tomadas, já que a luta da universidade é sempre no sentido de ampliar e não reduzir vagas. “O curso de Odontologia de GV é o maior desafio que temos na UFJF, pois, por exigir uma estrutura bastante específica para que possa operar com qualidade acadêmica, é atingido de forma muito mais dura pelos problemas de infraestrutura. Temos plena consciência do impacto social que a interrupção do ingresso vai gerar, mas temos também o limite da responsabilidade com aqueles que já estão, com os estudantes que vamos formar e com o trabalho dos servidores. Precisamos, porém, destacar o caráter temporário da medida”, lamentou Marcus David.
Na avaliação da chefe do Departamento de Odontologia do campus, Mariane Lacerda, caso não houvesse uma medida para minimizar os impactos negativos sobre os alunos já aprovados, o curso correria risco de entrar em colapso, pois todas as ações possíveis já haviam sido aplicadas.
Com a decisão do Consu, o ingresso de novos estudantes no curso só deve acontecer em 2024.