O Conselho Superior (Consu) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aprovou, nesta sexta, 27, a adoção de critérios técnicos sanitários que passam a fazer parte do Protocolo de Biossegurança da instituição em relação a medidas protetivas contra a Covid-19. Com a decisão, recomendada pelo Comitê de Monitoramento e Orientação de Condutas sobre o Novo Coronavírus da UFJF, a obrigatoriedade do uso de máscaras é flexibilizada, passando a obedecer indicativos de internações e óbitos pela doença.
Quando os números forem considerados baixos, conforme os dados atuais, a utilização das máscaras torna-se facultativa em todos os ambientes da UFJF, exceto nas áreas de saúde. De acordo com o médico Rodrigo Souza, integrante do Comitê de Monitoramento, os critérios indicados por instituições de pesquisa na área consideram menos de 200 casos semanais por 100 mil habitantes como um limite possível para a flexibilização. Tendo a população de Juiz de Fora, por exemplo, 577.532 habitantes (estimativa de 2021), este número chegaria a 1.154 casos semanais, o que não acontece hoje.
Outro indicativo está relacionado ao número de novas internações por Covid-19, que não deve ultrapassar o limite de dez por 100 mil habitantes, sempre considerando a última semana. Segundo Souza, além dos critérios apresentados, deve-se levar em conta a situação atual no mundo, no país e no estado. “Em todos estes âmbitos, temos observado uma tendência de queda, sem previsão de saturação dos sistemas de saúde”, explicou, acrescentando que, em Juiz de Fora, a expectativa é de estabilidade nas próximas três semanas, e de queda, nas próximas seis, de casos de síndrome respiratória aguda grave.
“Não estamos falando para as pessoas não usarem máscaras, mas que elas não devem, neste momento de queda dos indicativos, ser obrigadas a usar” (Rodrigo Souza, integrante do Comitê de Monitoramento da Covid-19)
“É preciso hoje separar o número de casos de Covid-19 e a gravidade destes casos. A letalidade foi reduzida, o vírus é menos letal e a variante Ômicron mata menos. A curva de morte vai ficar menor, independente de um possível aumento do número de casos. Não estamos falando para as pessoas não usarem máscaras, mas que elas não devem, neste momento de queda dos indicativos, ser obrigadas a usar”, ressaltou.
A professora Alexandra Vieira, também do Comitê, apresentou dados de Governador Valadares. Segundo ela, houve uma redução importante de casos e de óbitos, a partir de março de 2022, em relação à síndrome respiratória aguda grave. “Chegamos a um cenário bem tranquilo, com queda de incidência e de letalidade. A taxa de reprodução apresenta média abaixo de 0,5 e o município tem um alto índice de vacinação, tendo flexibilizado o uso das máscaras há alguns meses em ambientes fechados, incluindo escolas. Esta medida não impactou os números, ou seja, não houve aumento de casos”, destacou.
Orientações técnicas
O reitor Marcus David e a vice-reitora Girlene Silva enfatizaram o papel técnico desempenhado pelo Comitê de Monitoramento desde março de 2020, que balizou todas as decisões tomadas pelo Consu. “Em determinados momentos, tomamos posições protetivas mais rigorosas do que outras instituições. Hoje, apresentamos critérios que possibilitam orientar o uso facultativo das máscaras. Para toda decisão, precisamos de dados científicos e, diante do cenário atual, os números indicam a possibilidade de alteração do protocolo”, destacou David. Girlene lembrou ainda que o Comitê sempre foi conservador, mas que desta vez entendeu que há possibilidade da flexibilização e apresentou critérios para que isto ocorra.
Após quase quatro horas de apresentações e debates, o Conselho aprovou a adoção de critérios para o uso facultativo de máscaras por 30 votos a 16. A decisão passa a valer a partir da data de publicação de sua resolução. O Comitê segue acompanhando os dados da evolução da Covid-19 e mantém as orientações sobre as demais medidas de proteção.
Composição do Conselho
De acordo com o Estatuto da UFJF, o Conselho Superior é composto pelos seguintes membros: o(a) reitor(a) (como seu presidente); o(a) vice-reitor(a); os pró-reitores; os diretores das unidades acadêmicas; o diretor do Hospital Universitário; três representantes do Conselho de Graduação; três representantes do Conselho de Pesquisa e Pós-Graduação; três representantes do Conselho de Extensão e Cultura; um docente indicado pela entidade de classe; representantes discentes (indicados pelo Diretório Central dos Estudantes – hoje oito representantes); representantes dos servidores técnico-administrativos em Educação (na forma da lei e indicados pela entidade de classe – hoje oito representantes); o(s) último ex-reitor(a) que tenha completado mandato; e dois representantes da comunidade, sendo um da classe trabalhadora e um da classe patronal.