Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 07/07/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/peca-que-nao-sai-de-cena/

Peça que não sai de cena

PERSONAGENS
Diretor (interpretado por José Luiz Ribeiro) – Veterano na cena teatral local, com mais de meio século de carreira, tornou-se reconhecido como homem múltiplo, capaz de assinar textos, subir ao palco e dirigir, sempre com seu humor ácido e olhar atento para o presente.
Atriz-diretora (interpretada por Márcia Falabella) – Atriz mais antiga da companhia, dona de um temperamento afável, assumiu a função de coordenar as atividades da sede do grupo, colocando-se como um dos principais nomes para a continuidade do trabalho.

CENÁRIO
Casarão antigo na Rua Santo Antônio, prestes a completar um século de vida. Erguido em estilo eclético, foi projetado para servir como residência do filho do industrial Bernardo Mascarenhas, passou pelas mãos de um cafeicultor, até ser vendido para a UFJF, que instalou, ali, a Faculdade de Direito. Quando abriu suas portas para o Grupo Divulgação, em 1972, também recebeu outras entidades, como o Teatro de Comédia Independente, de Natálio Luz. A pedido do diretor da companhia, o antigo anfiteatro transformou-se numa sala de espetáculos, com palco italiano e lotação para 200 lugares. Repleta de salas, para aulas de iniciação ao teatro, reuniões e ensaios, a casa também comporta galerias com frequentes exposições de arte.

TEMPO
1966-2016
Primeiro ato – A criação
(Sede da companhia. O diretor apresenta, quadro a quadro, os registros da exposição em cartaz “Divulgação 50″, que recorda, em fotografias de espetáculos, a trajetória do grupo. Ansiosa, a atriz e diretora da casa repassa os últimos detalhes da programação festiva que inclui a montagem “Cora, luar e cantar”. O musical, baseado na obra da escritora Cora Coralina e realizado por integrantes do Núcleo da Terceira Idade, ganha apresentação na noite desta quinta, às 20h, antes do lançamento do livro “Cancioneiro Divulgação”, de José Luiz Ribeiro. Na sexta, às 20h,
universitários e ex-integrantes preparam, às 20h, “Cantoria do Divulgação”, seguido por lançamento do site do grupo. Já no sábado, além da exibição de “Anjos e desarranjos”, às 16h, e “Romeu e Julieta”, às 20h30, o grupo faz passeata pelo Calçadão, às 10h. Entre lembranças de antigos amigos que passaram pelo palco, ambos se emocionam por tudo o que viveram antes do terceiro sinal)

DIRETOR (Enquanto fala, ele organiza a mesa numa sistemática que lhe é peculiar) – “O primeiro passo do Divulgação foi estudo. Primeiro, eu e Malu. A gente tinha mania de ler poesia. Éramos grandes amigos. Depois decidimos selar esta parceria e nos casamos. A gente era estudante de jornalismo e precisava ter uma cultura geral, principalmente, no campo do teatro. Eu estava no primeiro período, foi por volta de 1965. Já tinha feito, em 1963, o teatro jovem, já escrevia, uma coisa meio maluca, muito inocente. Eu tinha 21 anos. A Faculdade de Filosofia, naquela época, tinha muitas semanas, do Folclore, da Idade Média, da Literatura Brasileira e fui convidado para escrever uma peça de bonecos, ‘Canção para um princesa’, sobre a história de Juiz de Fora. E começaram as encomendas. O nome Divulgação era porque nosso objetivo era divulgar poesia, dar voz aos poetas.”

ATRIZ-DIRETORA – “É uma trajetória que tem a ver com nossa história. Em algum momento, nos apoiamos muito na dramaturgia universal. Posteriormente, o Zé Luiz se aventurou na escrita, e deu certo. A dramaturgia do Zé ganha força a partir dos anos 1990. Nesse momento já temos um elenco mais rotativo, com pessoas com menos experiências e uma velocidade maior para produzir os espetáculos. Anteriormente, ficávamos ensaiando o ano inteiro para apresentar cinco vezes. Hoje fazemos uma produção mais rápida com temporadas maiores.”

DIRETOR – “Naquele momento inicial eu trabalhava no jornal “Diário Mercantil”, na Prefeitura e na UFJF. Jornada tripla de trabalho para poder sustentar a vida. Com a chegada do Paschoal Carlos Magno, começamos a ser divulgados.”

ATRIZ-DIRETORA – “O Divulgação acabou sendo um marco, porque se tornou uma referência para os que se identificavam e para os que desejavam criar outras experiências. O teatro é uma arte muito generosa.”

DIRETOR – “Nosso programa de ‘Bodas de sangue’, por exemplo, ficou mais artístico. Os cartazes anteriormente eram feitos na gráfica, traziam as letras prontas e acabou. As pessoas começaram a ver outra prática em Juiz de Fora.”

ATRIZ-DIRETORA (entre euforia e nostalgia) – “Quando entrei para o grupo, já tinha assistido a cinco espetáculos: ‘O rei da vela’, ‘Nem tudo está azul no país azul’, ‘Essa noite se improvisa’, ‘Girança’ e ‘Fausto’. Em 1984 e 1985, vim sem saber que havia esse negócio de entrar para o grupo. Fui fazer comunicação porque achava que, de todos os cursos, era o que mais se aproximava, para mim, do teatro. Ainda não conhecia o Zé Luiz, nem a Malu. No terceiro período, quando fizemos a disciplina de teoria da comunicação, com o Zé, ele falou que estava abrindo o curso do Divulgação. Eu e Meg (Marise Mendes) fomos fazer. Fomos ver qual é, já faz 30 anos que estou aqui.”

Segundo ato – O decorrer

(Enquanto o diretor, sentado à mesa, na copa do Forum, relata as alegrias e angústias de uma empreitada que lhe valeu a vida, a atriz-diretora diz, numa sala, sentada numa carteira escolar, de uma escolha que lhe foi determinante).

DIRETOR (aos risos) – “Todo dia a Malu pergunta: mas hoje tem teatro? Todo dia tem teatro. Isso acontece com a família da Marcinha também. As pessoas não entendem o que é essa maluquice. Hoje deitei 1h, acordei às 4h, e 7h30 já estava aqui.”

ATRIZ-DIRETORA – “O Zé Luiz e a Malu são definitivos em minha vida. São pessoas de uma grande generosidade intelectual que me ensinaram e estavam disponíveis. A gente não era amigo. Eles eram um mito, estavam lá em cima. Ao longo do tempo, à medida que eu aprendia mais, o professor foi se tornando colega de trabalho e hoje, um amigo, um pai. Vivo mais aqui no Divulgação do que em minha casa.”

DIRETOR (com os olhos encharcados) – “Ela fez o mesmo que eu. Quando escrevo um texto, sou jornalista, porque nunca escrevo um texto que não seja alguma coisa que está incomodando a sociedade. Quando estava na sala de aula, era ator. E quando estou no palco, sou professor.”

Terceiro ato – O amanhã
(Com o palco iluminado, com os integrantes do Núcleo da Terceira Idade sentados na plateia, diretor e atrizdiretora
se encontram no palco para fotografias. Olham para tudo. Ouvem os muitos passos de adolescentes que chegavam para mais um dia de aula. Atentos, se afligem com o sonho que se tornou uma realidade muito mais grandiosa que a fantasia. 50 anos e os olhos ainda brilham. A foto precisa ser rápida. Há uma vida pela frente.)

ATRIZ-DIRETORA – “Porque chegaram a este ponto? O principal que fez com que chegássemos aqui é o fato de a companhia ter um líder, que não é um ditador, mas aquele que sabe para onde conduz o grupo. Se não fosse o Zé Luiz, não sei se o Divulgação teria chegado aos 50 anos. Ele tem esse sonho, essa neurose, essa paixão, que passa para a gente.”

DIRETOR – “A renovação fez o divulgação durar 50 anos, porque a gente tem que se reciclar a cada turma nova que vem. Tenho praticamente toda uma história para contar, mas eles têm uma vivência para mostrar.”

ATRIZ-DIRETORA (introspectiva) – “Em determinado momento, eu era apenas mais uma pessoa no grupo. Com o passar do tempo, comecei a ter uma carreira e comecei a perceber que o grupo também precisa de mim. Isso me fez ter a consciência de que não queria ter ido para fora. Tenho a mesma ideia do Zé: se todo mundo abandona sua aldeia, a aldeia não tem nada. A gente tem uma história. Se eu tiver a condição de continuar, obviamente, vou honrar a riqueza de trabalho que temos aqui.”
Cai o pano. Mas as cortinas não se fecham.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Bem JF

Data: 07/07/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/instituto-realiza-festa-julina-para-criancas-e-adolescentes-com-deficiencia-em-jf/

Instituto realiza Festa Julina para crianças e adolescentes com deficiência em JF

Imagine um grupo de pessoas que disponibiliza voluntariamente suas tardes de sábado para brincar, dançar, cantar, praticar esportes e levar um pouco mais de alegria para crianças e adolescentes com variados tipos de deficiência. Pois esta iniciativa existe em Juiz de Fora. E está prestes a completar cinco anos. Tudo começou em 2011, após um intercâmbio feito pela fisioterapeuta Ana Paula Carvalho, de 29 anos, que conheceu o Aviva, instituto destinado à
assistência de pessoas com deficiência física, em Salamanca, na Espanha. Ao voltar de lá, a juizforana importou nome e ideia, criando um projeto semelhante em Juiz de Fora, focando no público infantojuvenil.
“Não temos um critério sócioeconômico e nem somos de caráter assistencialista. Atendemos crianças, entre 5 e 14 anos, com qualquer tipo de deficiência, desde que obedecido um critério de avaliação da nossa equipe. Embora eu tenha formação em fisioterapia e a Ana Clara (Lélis), coordenadora do projeto, seja formada em Educação Física, também não temos cunho terapêutico. Não é centro de fisioterapia para crianças deficientes e sim um espaço de lazer que, em muitos casos, utiliza o esporte adaptado como ferramenta de interação”, explica Ana Paula.
As atividades acontecem todos os sábados, das 15h às 17h, no Colégio Jesuítas. “Tive uma experiência com esporte adaptado na Espanha e no início a ideia era criar uma escola para essa finalidade. Mas como os encontros acontecem somente aos sábados, vimos que não teríamos muitos ganhos. Hoje, além de futebol, handebol, capoeira, vôlei e badminton também tem cinema, música e outras atividades. A proposta é fazer todas interagirem na mesma proposta oferecida”, explica.
No último sábado, meninos e meninas se concentraram nos preparativos para a tradicional Festa Julina, realizada anualmente. Desde a edição do ano passado, o evento, além de ser um momento de socialização entre alunos, pais e voluntários, busca arrecadar recursos até o arraiá do ano seguinte. O evento acontecerá no próximo domingo (10), entre 16h e 21h, no Espaço Sirena (Avenida Deusdedit Salgado, 1690, no Bairro Teixeiras, ao lado do Parque da Lajinha). “Além de momento de confraternização, nossa festa serve para mostrar o resultado das atividades desenvolvidas todos os sábados. Teremos a quadrilha com voluntários e crianças atendidas, muitas delas cadeirantes”, detalha a idealizadora do projeto. “Também teremos bolo de aniversário, recreadores e brinquedos, como pula-pula”.
Crianças com até 4 anos não pagarão pelo convite. A partir desta idade, os ingressos custam R$ 10. Os jovens atendidos terão entrada gratuita, além de ter direito a um kit, com camisa, convite para mais quatro pessoas e vale-consumo. Em ano olímpico, a festa também terá outro importante objetivo: levantar dinheiro para levar os atendidos às Paraolimpíadas Rio 2016.

Você pode fazer parte
Para a Festa Julina, os interessados podem doar ingredientes para caldos, doces e demais comidas típicas do evento, além de descartáveis e prendas para as brincadeiras das crianças. Os produtos podem ser deixados no Studio Pilates Center, na Rua Santa Rita, número 538/02.
Já no dia a dia do Aviva, a principal dificuldade é contar com materiais paraesportivos e com voluntários. “Hoje temos cerca 380 voluntários inscritos. Na Festa Julina, serão 180 trabalhando. Temos parcerias com cinco empresas juniores da UFJF e contamos com o auxílio de alunos de variados cursos, como farmácia, educação física, comunicação, engenharia de produção e administração. A cada sábado são cerca de 80 colaboradores. “No entanto, devido ao perfil universitário, este número flutua muito, devido a trabalhos, provas, atividades acadêmicas e férias”,
lamenta. “A principal característica que a gente busca nas pessoas é a boa vontade. No entanto, no momento, precisamos de um perfil mais adulto, para fazer com que este fluxo diminua. Estamos com dificuldade de compor a diretoria. Para isso, seriam necessários contadores e advogados, por exemplo, pessoas que não necessariamente precisam participar das atividades aos sábados”, pontua a idealizadora do projeto.

Atualmente, o instituto conta o apoio das academia Acquavip, além das padarias Linda, Maxi Pão e Mister Granbery. Para a Festa Julina, o projeto também recebeu auxílio das empresas Inter Construtora e Multi Spaço.
Uma vez ao mês, o grupo se reúne também em uma atividade extra, geralmente realizada em cinemas, teatros, museus ou pontos turísticos, como Parque da Lajinha e UFJF. Ainda sem contar com a ajuda de um ônibus que possa facilitar o transporte dos atendidos, as atividades extras são informadas logo no início do semestre, para que os familiares possam se organizar para participar do encontro. “Seria ótimo se pudéssemos contar um o auxílio de um transporte adaptado, tanto para essas atividades quanto para a ida aos Jogos Paralímpicos”, almeja Ana Paula.

Engrenagem
Ao ser questionada do porquê de seguir com o projeto, a mentora da iniciativa é categórica. “Tem gente que acha que isso é coisa de gente boazinha. Mas acho que a gente faz parte de uma engrenagem, onde todos têm que participar, para viver em sociedade”.
Interessados em contribuir de alguma forma com a iniciativa podem fazer contato pelo site www.institutoaviva.com.br, pelo Facebook do projeto ou pelo telefone 9 (32) 8847-1273 (Ana Paula).

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 08/07/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/entrevistaestudante-assediada-na-ufjf/

‘Ele não se comporta como professor’

De mãos dadas com a mãe, que é professora de educação física, ao longo de toda a entrevista, a estudante de odontologia de 23 anos, que denunciou ser assediada por um professor, 61, do curso da UFJF, quebrou o silêncio que mantinha desde o dia em que fez a denúncia para a direção da faculdade, em 23 de junho. Num primeiro contato com a Tribuna, ela queria falar no escritório do seu advogado. Entretanto, mais confiante, dias depois, a jovem resolveu conceder a entrevista na sua própria casa, onde, além da mãe, era preservada pelas presenças do pai, pedreiro, e do irmão, formado em medicina. Com a voz embargada, intercalando o choro, a jovem contou como era
tratada pelo professor, como tinha medo de encontrar com ele pelos corredores, como foi juntar forças e retornar às aulas e enfrentar os olhares das pessoas que sabiam da situação.
No último período, a aluna se prepara para a formatura em dezembro. “Quero acabar e sair da faculdade, pois lá aconteceu algo horrível para mim. Ter de voltar todo dia é lembrar de tudo”, desabafa a jovem, que entrou na UFJF em 2011, quando tinha 18 anos. Ciente de tudo desde o início, a mãe considera a filha extremamente corajosa. “Eu achava que a situação iria passar e acabar, mas não. Atingiu um ponto crítico. Se tivesse tido coragem antes para incentivá-la a denunciar, teria evitado tudo isso”, lamenta a mãe, que diz não entender uma relação entre aluno e professor que não seja pautada na amizade. Para o pai e o irmão, tudo deverá acabar bem e com a responsabilização do professor. A assessoria de comunicação da UFJF informou que segue em andamento a sindicância que apura os fatos e que o professor continua afastado das suas atividades na instituição em razão de uma licença médica, que tem previsão de término para o dia 26 deste mês.

Tribuna – Na ocorrência policial, você relatou que a primeira vez que foi assediada foi quando estava no 5º período. De lá até agora, quando você está prestes a se formar, como foi esta relação entre aluno e professor?
Aluna – Sempre tive medo. Neste período, por exemplo, que é o último, ele vinha me ameaçando com uma reprovação, falando que não iria me formar num curso que é meu sonho, no qual entrei há cinco anos. No quinto período, ele quis, certa vez, que eu fosse encontrar com ele fora da faculdade para montar uns slides, por causa das minhas unhas. Eu estava com a unha pintada de oncinha em uma aula prática na clínica que ele acompanhava. Ele viu minha unha e veio até o meu box e começou a falar que eu era uma tigresa, que eu tinha que fazer slides com a minha unha. Tirou foto minha e da minha mão, querendo que fizesse os slides para colocar na internet com uma
música do Caetano Veloso.

– Como era o trato dele com você depois disso?
– Ele sempre me assediou, sempre tentou me agarrar. Houve uma vez que me forçou a entrar com ele em um elevador. Eu estava passando pelo corredor, e ele me agarrou e puxou pelo braço e disse você vem comigo e me enfiou dentro do elevador. Tive que ir até o terceiro andar com ele. Isso não é um comportamento de professor. Ele nunca se comportou como um professor, pelo menos comigo. Quando fazia a chamada e chegava no meu nome, dizia que eu não iria formar.

– Como você se sentia quando sabia que teria uma aula dele no dia seguinte? Tinha alguma angústia?
– Eu ficava nervosa e não queria ir à aula. Minha mãe que ficava me obrigando nos últimos tempos a ir à aula. Teve um dia que cheguei a dizer que não iria, mas ela disse que assim eu estaria dando mais motivos para ele implicar comigo. Ela sempre me acalmava e me incentivava a ir, mas minha vontade era de deixar de frequentar as aulas, quando sabia que iria vê-lo. Tinha vontade de nunca voltar àquele local.

– Quando foi a primeira vez que você relatou este tipo de comportamento dele para sua família?
– Para minha mãe, eu contei desde o início. O meu pai só ficou sabendo agora no último período, quando a situação ficou pior. Minha mãe falava que era para eu tentar fugir dele e tentar não chegar perto, mas, muitas vezes, quando me via no corredor, ele ficava enrolando, porque sabia que eu passaria outras vezes e ficava me esperando para tentar agarrar e falar comigo. Quando meu pai soube, ele disse que tinha que manter a calma, esperar formar, mas, desta última vez, o professor encostou a mão em mim e não deu mais para ficar calada, foi a gota d’água.

– O que representou efetivamente esta gota d’água?
– Foi ele ter me tirado da sala e me agredir, pois apertou o braço. Fiquei toda marcada, fui pressionada contra a parede, para me fazer medo, além das ameaças. Tudo isso foi acumulando dentro de mim e ainda me machucou, me fez chorar. Liguei para a minha mãe, e ela disse que não dava mais e me orientou a procurar a direção da faculdade.

– Você chegou a relatar os fatos, durante este tempo, para alguma amiga na faculdade?
– Várias vezes pessoas já relataram para mim que passaram pela mesma situação, principalmente agora, depois que tudo estourou. As minhas amigas sempre souberam. Uma inclusive foi testemunha de várias coisas que ele fez comigo, de como eu ficava nervosa quando ele chegava perto. Mas sempre tentei manter os fatos comigo, para me resguardar. Quando o caso veio à tona, todos sabiam que era eu devido à história da tigresa.

– O que você espera desta sua atitude de coragem?
– Espero que ele pague o que fez comigo e com muitas outras pessoas. Espero que seja afastado. Ele não é uma pessoa que possa ter contato com alunas, pois não se comporta como professor.

– Como foi voltar à faculdade?
– A faculdade inteira sabe que eu fiz a denúncia, e a faculdade inteira sabe que ele é o denunciado, porque há outras histórias lá dentro. Foi difícil voltar, tive muito medo e não queria. Voltei numa segunda-feira, quando teria uma aula dele, mas ele se acidentou e ficou de licença. Estou tentando voltar para minha rotina, pois não quero deixar isso me vencer. Quero continuar fazendo minhas coisas.

– Qual a maior dor que sente neste momento?
– Nunca pensei que isso iria acontecer comigo. A gente sabe que acontece, mas nunca imagina que vai acontecer conosco. Nunca imaginei que entraria dentro de uma delegacia, nem sabia como funcionava essas coisas (choro). O sentimento que tenho é horrível, como se ele tivesse despedaçado um pedaço de mim (choro).

– Em que momento decidiu fazer Odonto?
– Foi aos 18 anos, quando tinha que fazer o Pism (Programa de Ingresso de Seletivo Misto). Virou o sonho da minha vida, mas ficou abalado. Minha formatura, não tenho nem vontade de ouvir falar. Quero acabar e sair da faculdade, pois lá aconteceu algo horrível para mim. Voltar lá todo dia é lembrar de tudo.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 08/07/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/cronicas-de-bastidores/

Crônicas de bastidores

Não é só no palco que o Grupo Divulgação tem histórias para contar. Os 50 anos foram escritos também nos bastidores, durante as longas produções que começam cedinho e não têm hora para acabar. Depois que cruza a porta do casarão do Forum da Cultura, cada membro tem uma obrigação a cumprir, seja na confecção do figurino, na construção de cenários, na montagem da iluminação e até mesmo na limpeza. Há quem, inclusive, tome tanto gosto pelas múltiplas funções e se torne tão íntimo do lugar que acaba cultivando um cantinho especial no Chicotinho, um espaço para armazenamento de ferramentas, adereços, spot de iluminação e muitos outros materiais. De tempos em tempos, é preciso partir para a organização do lugar. Para o caso de algum item estar perdido, tem um caderninho que funciona como uma espécie de mapa localizador, mas vale sempre recorrer a José Luiz Ribeiro.
“Ele tem uma memória incrível”, conta a atriz Márcia Falabella, que, na última terça-feira, véspera do início das comemorações, encontrava com velhos e atuais “GDnianos” que lá estavam, a convite da Tribuna, para reviver os momentos em que fizeram parte desse legado construído com os mais de 180 espetáculos e uma rica coleção. Reunidos, estavam Léa Lignani, Alice Freesz, Paulo Moraes, e Victor Dousseau.

O que um vestido tem para contar
Léa Lignani entrou no teatrinho, espaço que abriga, nos fundos, a sacristia (local reservado para parte dos figurinos), e foi logo lembrando do Balaio de Gato. Esse era um espaço inaugurado lá nos idos da década de 1960, na casa da dona Mariquita, mãe de Malu Ribeiro, para guardar o acervo ainda incipiente, mas que só crescia a cada montagem. Da sua época para cá, quase nada estava igual. O vestido que usou em “Mary Stuart”, peça em que deu vida à protagonista e que a fez ganhar o prêmio de melhor atriz, em 1971, parecia o mesmo, no entanto. Confeccionado com
feltro, manga bufante e detalhes dourados, o vestido só não tinha a mesma cor branca.
“Aquela manga deu muito trabalho para a gente. Ele ficou pronto quase no dia de eu estrear. O pai da Malu era alfaiate, e a mãe, costureira. Eles trabalhavam até às 17h e depois davam o lugar para costurarmos à noite. Todo mundo pegava no pesado. Mas havia aqueles que fugiam do serviço também”, brinca ela, que não escolheu ser atriz. Era bailarina e foi “convencida” por José Luiz. E nos palcos ficou por quase dez anos, de 1968 a 1977. Só deixou de fazer teatro quando Letícia, a primogênita dos três filhos, nasceu.

Para iluminar a carreira
Para cada um, uma função ou um papel. Sempre seguindo as afinidades. Às vésperas de uma estreia, era comum ver Paulo Moraes em cima de uma escada fazendo os ajustes na luz. O Chicotinho, onde convivem spots mais novos e peças adquiridas em 1972, era um espaço sempre familiar a ele. Lugar de aprendizado, como o palco.” Além de eu ter passado pela fase de vencer a timidez, existe o momento de quando me deparei com toda estrutura: iluminação para fazer, cenário para montar, martelar e depois ver tudo pronto. É uma magia contínua de estar criando com todo esse aparato”, conta, em tom saudoso.
“Tive que sair do Divulgação para estudar e trabalhar”, diz ele, que se afastou do Forum da Cultura apenas como ator. Para a sede da companhia, o hoje ator do Grupo T.O.C, produtor e diretor de curta-metragem, sempre retorna como espectador. “O Divulgação é uma escola e carrego a bagagem que adquiri aqui para a vida. Essa bagagem faz diferença quando você se aventura no mundo.”

Em cartaz, um marco
Alice Freesz não quis pegar um figurino que seja preferido. Nem pensou num canto cativo do Forum da Cultura. Escolheu o quadro de “Girança”. Com a peça de José Luiz Ribeiro, montada em dois momentos e com elencos diferentes neste meio século, a intérprete de Mercês ganhou o prêmio de melhor atriz em São José de Rio Preto, em 1985. “O Zé estava escrevendo esse texto para o Grupo Magister de Teatro. O elenco era de adolescentes, e eles não se empolgaram com a peça. Ele ficou decepcionado. Lembro como se fosse hoje. Cheguei ao teatro mais cedo, o Zé
estava cabisbaixo, não queria falar o que tinha acontecido, mas eu insisti até que ele contou. Fiquei curiosa para ler e o convenci de deixar o Divulgação fazer a leitura”, rememora.
“É um texto visceral, e a aprovação foi unânime. Não teve quem não se comovesse”, destaca Alice, garantindo que, apesar da aparente extroversão, chegou ali extremamente tímida. “Vim até o portão umas quatro vezes e não entrei”, diz ela, então uma menina secundarista, de 17 anos, imbuída de cuidar da sonotécnica. “Não sou perita nisso, sou ruim. Exige muita concentração, conhecimento profundo do espetáculo, e as pessoas acham que é só botar o dedo e pronto. Confesso que não fui feliz ali. Não sei se é por isso ou porque eu era melhor aproveitada no palco que o Zé Luiz nunca mais pensou em nada para mim nesse sentido.”
Assim como Léa, Alice por pouco não completou uma década de Divulgação. “Vi que o tempo estava passando, minha mãe estava envelhencendo, e eu estava muito distante dela. Saí para curtir a família”, diz, trazendo as recordações até mesmo das constantes reprimendas que levava e das produções regadas a pão com salame ou com salpicão. A propósito, ao que se sabe, o lanche inúmeras vezes saboreado nas escadas que levam ao teatro sempre foi disputadíssimo por lá. “Se tinha um pão sobrando e dez pessoas para comer, ele era dividido em dez.”

Produzindo para se produzir
Aos 17 anos, ainda cursando o ensino médio, Victor Dousseau, hoje estudante de jornalismo, ingressou no núcleo de adolescentes do Grupo Divulgação. Ainda estava fresco no grupo quando foi convidado por José Luiz Ribeiro para fazer a sonoplastia de um espetáculo infantil. “Não conhecia nada, mas ter aceitado foi a decisão mais acertada da minha vida”, sentencia o protagonista de “Romeu e Julieta”, apresentado neste sábado, às 20h30, no Forum da Cultura. “Aqui a gente passa por todas as etapas, roda muito, não fica só fazendo palco. Faz bilheteria, produção, recebe o público, atende telefone, e isso é muito humano. Você faz porque gosta, porque tem um carinho, um envolvimento com o que está fazendo”, comenta Dousseau.
“Era um adolescente cheio de certezas e no teatro minhas certezas foram desconstruídas. O teatro me trouxe tudo, principalmente, confiança. Aprendi a errar e acertar, e isso vai nos deixando mais fortes.” Certo de que pertence a uma geração que cada vez mais deixa o Divulgação mais cedo por motivos profissionais e pessoais, Dousseau prefere não pensar na despedida. “Sou tão feliz aqui dentro, tão agraciado com o que o teatro me dá, que não consigo pensar na saída.”

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Política

Data: 08/07/2016

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Marco Zero vence eleição do DCE

A chapa Marco Zero é a vencedora da eleição para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O resultado foi divulgado na manhã desta sexta-feira (8), após apuração dos votos, realizada até por volta das 6h. O pleito foi encerrado às 23h de ontem, depois de dois dias de votações.
A chapa vencedora recebeu 2.735 dos cerca de 5 mil votos válidos. O novo comando do DCE será encabeçado por Arthur Avelar, aluno da Engenharia de Produção, coordenador geral da chapa 4. Os demais membros são Bárbara Pires (Educação Física), Gabriel Zacarao (Direito), Gabriela Reis (Comunicação Social), João Pedro Carvalho (Instituto de Ciências Exatas), Larissa Martins (Farmácia/campus Governador Valadares), Leda Mendonça (Engenharia), Lígia Barbosa (Medicina/Governador Valares), Lucas Sidrach (Instituto de Artes e Design) e Welton Abreu (Instituto de Ciências Exatas).
A homologação do resultado deve ser feita na próxima quinta-feira (14), quando será realizada reunião do Conselho dos Centros e Diretórios Acadêmicos (Concada).
As eleições para a definição do comando do DCE ocorrem após quase dois anos de indefinição. Em novembro de 2014, um pleito foi realizado para a escolha do diretório, porém suspeitas de fraude em uma das urnas instaladas na Faculdade de Economia resultaram na impugnação do resultado. Durante esse hiato, pautas do movimento estudantil da UFJF não foram deixadas de lado, restando ao Concada papel relevante em alguns momentos.
Durante tal período, os principais pleitos dos estudantes da UFJF recaíram sobre as reivindicações que dizem respeito a moradia estudantil, destinação de recursos para a permanência dos alunos na universidade, segurança no campus, entre outros pontos.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 08/07/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/moluscos-contam-historia-no-parque-da-lajinha/

Moluscos ‘contam história’ no Parque da Lajinha

Os moluscos fazem parte da nossa vida mais do que a gente imagina. Seja na culinária, nas artes, na saúde ou no equilíbrio ecológico, esses animais somam mais de 93 mil espécies em todo o planeta. Para mostrar um pouco do universo dos invertebrados, a UFJF levou para a Sala Verde do Parque da Lajinha a exposição “Mudanças climáticas e biodiversidade em risco: histórias que os moluscos têm pra contar”, promovido pelo Museu de Malacologia Professor Maury Pinto de Oliveira, da universidade. A mostra fica aberta até este sábado (9), das 9h às 16h, com entrada gratuita.
Um dos grandes atrativos da exposição é o próprio acervo do museu, considerado um dos maiores do Brasil e de reconhecida referência mundial. Na coleção há mais de 45 mil conchas do mundo inteiro, todas classificadas, entre elas, exemplares raros e espécies já extintas. Conforme a professora do curso de Ciências Biológicas e curadora da exposição, Sthefane D’Ávila, a mostra é integrada por parte do acervo do museu e materiais elaborados pelos alunos do 8º período, que cursam a disciplina Educação em Espaços Urbanos Não Formais. O trabalho pretende abordar como as mudanças climáticas podem alterar a distribuição das espécies de moluscos e os impactos na biodiversidade do planeta.
“O marco importante dessa exposição é a saída dos muros da universidade para um espaço como o Parque da Lajinha, que é um espaço lúdico, próximo da natureza. E aí traz um caráter completamente diferente com as pessoas”, resume Sthefane.

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Veículo: Diário Regional JF

Editoria: Cidade

Data: 08/07/2016

Link: http://www.diarioregionaljf.com.br/cidade/5075-marco-zero-vence-as-eleicoes-para-o-dce

Marco Zero vence as eleições para o DCE

A chapa 4 – Marco Zero foi a vencedora da eleição para o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFJF. A votação aconteceu na quarta e quinta-feira, 6 e 7, e teve mais de 5 mil participantes, alunos da graduação dos dois campi. A Marco Zero recebeu 2.735 votos. Seis grupos entraram na disputa.

A chapa é encabeçada por Arthur Avelar, aluno da Engenharia de Produção, como coordenador geral, e possui como membros Bárbara Pires (Educação Física/JF), Gabriel Zacarao (Direito/JF), Gabriela Reis (Comunicação), João Pedro Carvalho (ICE), Larissa Martins (Farmácia/GV), Leda Mendonça (Engenharia), Lígia Barbosa (Medicina/GV), Lucas Sidrach (IAD) e Welton Abreu (ICE). Conheça o programa dos eleitos.

Segundo informações da Comissão Eleitoral, a apuração transcorreu dentro da normalidade e terminou às 6h desta sexta-feira, 8. Na próxima quinta-feira, 14, será realizada uma reunião do Conselho dos Centros e Diretórios Acadêmicos (Concada) para homologar o resultado.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Política

Data: 09/07/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/novo-dce-quer-priorizar-o-dialogo/

Novo DCE quer priorizar o diálogo

A chapa Marco Zero saiu vitoriosa no processo de escolha do novo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFJF, que teve o seu resultado divulgado ontem. O grupo obteve 2.735 votos, um total de 53% dos votos válidos. Em segundo lugar, ficou a chapa 2, “Lutar sem Temer”, com 1.318 votos. Ao todo, 5.150 alunos votaram, mantendo os altos percentuais de abstenções, que chegaram a 71,3%. Para disputar o DCE, o grupo se uniu a partir das relações estabelecidas na representação estudantil, atuando em empresas juniores, grupos e programas de educação tutorial, centros e diretórios acadêmicos, projetos de extensão, entre outras agremiações. Em conversa com a Tribuna ontem, afirmaram que pretendem agir, inicialmente, em duas frentes: segurança no campus e infraestrutura da UFJF, discutindo o orçamento da instituição junto à Reitoria. A homologação do resultado ocorre no dia 14 de julho.
Como primeira ação, o novo DCE pretende alinhar as propostas junto ao Conselho de Centro e Diretórios Acadêmicos (Concada). O estudante de Engenharia de Produção Arthur Avelar explica que será criada uma linha de frente na representação estudantil. “Fomos eleitos, mas nosso projeto tem pontos a se considerar, e vai ser o diálogo com as outras chapas que irá torná-lo ainda melhor”, diz. Além disso, o grupo pretende se empenhar na construção de um novo estatuto para o órgão, sendo o que o vigente foi elaborado na década de 1960.
O estudante de Artes e Design, Lucas Sidrach, reforça que um dos fatores que ganhou a empatia dos estudantes foi o discurso amplo e a busca pelo diálogo. “Agora não somos representantes de quem votou na gente. Somos o diretório de todos os estudantes”, afirma. A chapa optou por manter em sua diretoria a paridade entre homens e mulheres, buscando contemplar a diversidade em sua composição. “É preciso que pessoas com pensamento amplo possam representá-las. Isso vai garantir que se reconheçam no nosso projeto”, afirma Gabriela Reis, aluna de jornalismo.
Além da representatividade, o novo diretório buscará se empenhar em pautas como o combate às opressões e à discriminação, inclusive denunciando casos locais, como o de assédio registrado recentemente na UFJF, e de outras universidades, como o de um jovem morto na Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob suspeita de crime de ódio e homofobia.

Suprapartidário
Tendo em vista o debate que se travou ao longo da campanha, a respeito da ligação do movimento estudantil a organizações partidárias, Avelar explicou que o grupo é composto por integrantes que não têm vinculação com partidos e irão priorizar interesses estudantis. Apesar disso, considera que não é função do diretório “demonizar” as instâncias partidárias. “Em nenhum momento a gente acredita que o DCE não tenha que discutir os problemas da sociedade de forma geral. Somos contra a ‘Escola sem partido’. É muito importante que os alunos estejam informados e com base nisso tomem suas próprias decisões. Não cabe ao DCE pautar ou falar o que o estudante tem que pensar”, afirmou.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 09/07/2016

Link: http://www.tribunademinas.com.br/os-tempos-sempre-sao-de-guerra/

Os tempos sempre são de guerra

Alfinetes são comuns no Divulgação. O grupo teatral que prepara seu próprio figurino sempre alfinetou o próprio tempo. “Cancioneiro de Lampião”, a primeira montagem da companhia, em 1966, com música idealizada e executada por Sueli Costa, não se bastou na história de Maria Bonita e Virgulino Ferreira da Silva. Morria com eles, na encenação, as crendices populares, mas, como a força do cangaço, ressurgiam como símbolo de resistência e esperança. “Romeu e Julieta”, última das criações do grupo, lança mão da tragédia de Shakespeare para falar de uma sociedade partida ao meio, dividida em seus anseios e certezas. Para cada aflição, um alfinete.
“Temos um plano de visão. A gente luta porquê? Sou jornalista, então luto pela verdade”, diz o diretor, ator e dramaturgo José Luiz Ribeiro, professor dentro e fora do palco. “O Zé Luiz não consegue se desvincular de um inconformismo. Mas nem tudo é exatamente político. E nada é gratuito. Como o teatro, que não é gratuito e tem
sempre algo em que vai se esbarrar e incomodar”, confirma a atriz Autor de “Cancioneiro de Lampião”, o dramaturgo cearense Nertan Macêdo encantou-se com a interpretação da trupe juizforana e tentou ajudá-los na estrada. Elogiou o grupo com um general, que se compadeceu com a falta de sede dos atores e ofereceu o casarão secular do Círculo Militar, na Avenida Rio Branco. Mas era 1968. Como usar alfinetes?
Era tempo de despedida de um bravio Martin Luther King, assassinado pelo conservadorismo que crescia a passos largos mundo afora. Era tempo de uma Primavera de Praga, de uma França em protestos, de uma evolução da ditadura militar brasileira, culminando com a instituição do Ato Institucional nº 5, com todos os seus cerceamentos. Era o ano que não terminou, e o Círculo Militar era o único espaço que restava.
“Levamos uma paulada da esquerda: Como eles vão fazer García Lorca no Círculo Militar?”, recorda-se José Luiz, que sacou seu alfinete, forçadamente e estrategicamente mais sutil, e colocou frases do dramaturgo espanhol, reconhecido socialista, logo na entrada do lugar. “Montamos um palco em cima do tablado do exército, colocamos cortina, o pessoal trocava de roupa no vestiário da piscina. Foi um sucesso”, lembra o diretor, que conseguiu “gritar” até mesmo na casa do inimigo.
“A gente não faz partidarismo. Nosso trabalho é o teatro, que é político por natureza”, atesta Márcia. “A gente precisa ter uma visão holística do tempo, o que é político, mas não partidário. Precisamos saber a importância de ver os erros”, concorda José Luiz, para logo indignar-se com a política atual, seja ela federal, estadual, municipal ou acadêmica, todas alvos de suas recentes peças.
“Fiquei oito meses estudando a vida do Fernando Henrique Cardoso para fazer ‘O príncipe Rufião’ (1998), até descobrir que a família dele era ligada ao Duque de Caxias, que, por sua vez, era ligado a Joaquim Silvério dos Reis”, conta o dramaturgo, que ao mesmo tempo que se volta indignado para a esfera do poder, alfineta a sociedade contemporânea em suas mais cruéis facetas.

Iluminar com resistência
Se “Diário de um louco”, de 1969, mostrava-se atual ao criticar uma “sociedade desumana, que não permite a realização dos indivíduos”, segundo as palavras do folheto da época, “Cuidados de amor”, de 2014, revolta-se contra a mesma desumana sociedade que recusa seus velhos. Para cada dia, um alfinete com o desejo de fazer acordar.
Qual Brasil o Divulgação retratou? “Todo. Nós pusemos mordaça nos anos de chumbo, em ‘Electra’, em dezembro de 1968, AI5″, responde o diretor. O que mudou? “Naquele tempo as pessoas entendiam”, diz o homem que se fez autor sem dizer adeus ao jornalismo. “Os textos dele são muito críticos e muito conectados com a realidade que vivemos”, aponta Márcia Falabella.
Para o cronista do teatro, aos 50 anos de Divulgação, iluminar o palco exige um tanto de resistência não apenas do fazer, mas do discurso. “É o que o Humberto Eco fala: o Facebook deu voz à ignorância, não há filtro. Há um sofrimento enorme, as pessoas estão perdendo o humor, estão partindo para o tapa em dez minutos. Estou cada vez mais calado, tento não reproduzir nada no Facebook. Isso é uma censura, para quem faz arte é o que há de pior no mundo. O coração fica amarrado”, contesta José Luiz.
“Vejo um momento de intolerância. É uma loucura, não podemos falar nada. Não podemos falar da cabeleira do Zezé, nada mais. Tem que acabar com a música popular brasileira, então, porque existe um espaço em nossa cultura que se faz através do riso, e o riso é que segura a sociedade”, defende o dramaturgo, homem de regras, que vão da bilheteria à boca de cena, certo de que cada gesto representa um passo em busca de um modus operandi social ideal.
“Ética é uma palavra que uso. Ética como um conjunto de regras que permite um funcionamento. Aqui chegamos na hora, porque se temos que morrer às 21h, vamos morrer às 21h. O público sabe disso. Hoje a sociedade foi abrindo mão dessas coisas, e isso que aprendemos aqui levamos para todos os lugares”, emociona-se Márcia Falabella, conhecedora de que todos os alfinetes espalhados pelo Divulgação sonham com um tempo onde as guerras serão passado, apenas.

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Veículo: Acessa.com

Editoria: Educação

Data: 09/07/2016

Link: http://www.acessa.com/educacao/arquivo/noticias/2016/07/09-ufjf-lanca-editais-para-preenchimento-602-vagas-ociosas-para-semestre/

UFJF lança editais para preenchimento de 602 vagas ociosas

A UFJF lançou dois editais para o preenchimento de 602 vagas ociosas para o segundo semestre letivo de 2016. Dentre essas, 95 são destinadas a excedentes do último processo seletivo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para o Campus de Juiz de Fora, e 19 para o de Governador Valadares; 29 são para ingressantes através do Processo de Ingresso Seletivo Misto (Pism) no campus de Juiz de Fora, e 5 para Governador Valadares; e 360 destinadas à reinscrição, mudança de curso, transferência e graduados para o campus de Juiz de Fora e 54 para Governador Valadares. Estas vagas estão descritas no edital número 7. Outras 40 vagas, descritas no edital número 8 são para Juiz de Fora, todas para quem já tem graduação em curso superior.

Metade das vagas oferecidas pela instituição será destinada aos candidatos excedentes, já a outra metade é destinada aos candidatos à reinscrição em cursos da UFJF, mudança de curso no mesmo campus, mudança de curso entre campi, graduados da UFJF que cursaram com aproveitamento, no mínimo 50% da carga horária total do curso pretendido, transferência de outra instituição e graduados em geral.

Os candidatos excedentes do último processo seletivo público deverão acompanhar a publicação dos editais de reclassificação de vagas ociosas, na página da Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos. As orientações para matrícula dos candidatos convocados serão divulgadas juntamente com o Edital de Reclassificação.

Os candidatos à reinscrição, mudança de curso, transferência e graduados, deverão comparecer à Central de Atendimento do campus de Juiz de Fora ou no campus de Governador Valadares, entre os dias 21 e 22 de Julho de 2016, para efetuar as inscrições, das 9h às 20h, em Juiz de Fora, e das 8h às 17h, em Governador Valadares.

Os candidatos devem atentar aos documentos necessários para a inscrição, uma vez que cada modalidade de ingresso exige uma documentação própria.

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Veículo: G1

Editoria: Zona da Mata-MG

Data: 09/07/2016

Link: http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2016/07/ufjf-lanca-editais-para-602-vagas-ociosas-para-o-2-semestre.html

UFJF lança editais para 602 vagas ociosas para o 2º semestre

A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) lançou dois editais para o preenchimento de 602 vagas ociosas para o segundo semestre letivo de 2016. Dentre essas, 95 são destinadas a excedentes do último processo seletivo do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para o campus de Juiz de Fora, e 19 para o de Governador Valadares; 29 são para ingressantes através do Processo de Ingresso Seletivo Misto (Pism) no campus de Juiz de Fora, e cinco para Governador Valadares; e 360 destinadas à reinscrição, mudança de curso, transferência e graduados para o campus de Juiz de Fora e 54 para Governador Valadares. Estas vagas estão descritas no edital número 7. Outras 40 vagas, descritas no edital número 8, são para Juiz de Fora, todas para quem já tem graduação em curso superior.

Metade das vagas oferecidas pela instituição será destinada aos candidatos excedentes, já a outra metade será para os candidatos à reinscrição em cursos da UFJF, mudança de curso no mesmo campus, mudança de curso entre campi, graduados da UFJF que cursaram com aproveitamento no mínimo 50% da carga horária total do curso pretendido, transferência de outra instituição de ensino superior e graduados em geral.

Os candidatos excedentes do último processo seletivo público deverão acompanhar a publicação dos Editais de Reclassificação de vagas ociosas, na página da Coordenadoria de Assuntos e Registros Acadêmicos. As orientações para matrícula dos candidatos convocados serão divulgadas juntamente com o Edital de Reclassificação.

Os candidatos à reinscrição, mudança de curso, transferência e graduados, deverão comparecer à Central de Atendimento do campus de Juiz de Fora ou no campus de Governador Valadares, entre os dias 21 e 22 de julho, para efetuar as inscrições, das 9h às 20h, em Juiz de Fora, e das 8h às 17h, em Governador Valadares.