A professora Angélica Cosenza e o professor Marcus Medeiros assumiram a direção e vice-direção, respectivamente, da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A cerimônia de posse aconteceu nesta terça-feira, 19, na Sala Paulo Freire, com a presença de familiares, alunos, docentes, e autoridades da Instituição, da Câmara Municipal e da Prefeitura de Juiz de Fora. O evento contou ainda com apresentação musical da Camerata do Pró-Música.
Em seu discurso de posse, Angélica citou o professor “honoris causa” da UFJF, Ailton Krenak, e destacou que “a vida é multiespécie”, sendo necessária a educação como prática social para a ressignificação do que é ser humano. A nova diretora fez uma análise conjuntural acerca da relação existente entre o capitalismo e a pandemia da Covid-19, e, citando Paulo Freire, ressaltou a importância que a esperança deve ter na luta por uma sociedade mais justa.
“Há muito tempo, em 1961, nosso patrono da educação brasileira publicou a ‘Pedagogia do Oprimido’, e alegou que a esperança não pode ser um simples cruzar de braços. Como a planta que se aperta na calçada e tenta crescer e vencer nas gretas, buscamos a força e a firmeza para persistir e lutar em favor da Universidade, da vida e dos espaços em que a vida se manifesta”.
Resistência e avanços
O agora ex-diretor da Faced, Álvaro Quelhas, destacou o trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos, apesar das dificuldades enfrentadas pela pandemia da Covid-19. A Faced teve avanços, como o número crescente de candidatos ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), que manteve nota 4 na avaliação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), a implementação da política de cotas no PPGE e a conquista do Prêmio Capes por uma das 21 teses defendidas entre 2020 e 2021, além do auxílio na vacinação da população juiz-forana, com as instalações da Faculdade servindo como base.
O reitor Marcus David levantou reflexões acerca do momento de desafios e ameaças que a comunidade acadêmica enfrenta, como o ataque à autonomia das universidades federais, o teto de gastos, que no caso específico da UFJF, reduziu 46% do orçamento no comparativo entre 2016 e 2022, e sobre como essa asfixia causa retrocessos.
Apesar do quadro preocupante, David destacou que a UFJF continua crescendo, com a ampliação do número de estudantes e de cursos e a manutenção das atividades acadêmicas. “O Conselho Superior tem sido um ‘locus’ de resistência. O professor Álvaro teve papel muito importante, e tenho certeza que podemos contar com a professora Angélica neste trabalho de construção de políticas de resistência das nossas instituições.”