Inaugurado em 30 de março de 1929, o Cine-Theatro Central completa 93 anos repletos de histórias, emoções e memórias compartilhadas pelas pessoas que já se encantaram por suas inúmeras artes e espetáculos apresentados ao longo dessas décadas. Para celebrar, o Central rememora, de forma on-line, em suas redes sociais, um de seus eventos de destaque, o Festival de Música Popular Brasileira de Juiz de Fora, que esse ano completa 50 anos desde sua quinta edição.
O Festival
Os concursos de canções inéditas e autorais ocorreram no país no contexto histórico da ditadura militar brasileira, entre os anos de 1965 e 1985, consolidados como a chamada “Era dos Festivais”, essencial para o impulsionamento e fortificação da música brasileira. As apresentações aconteciam no formato de competições – transmitidas para todo o Brasil pela TV – em que um corpo de jurados e o voto popular decidiam as pontuações e premiavam artistas, os quais visavam a oportunidade de lançar ou estimular suas carreiras artísticas.
Em Juiz de Fora, a primeira realização de um festival do gênero aconteceu em 1968 e, desde então, artistas que viriam a se tornar influentes na MPB foram evidenciados nos concursos locais. O festival juiz-forano teve seis edições – cinco delas realizadas no Cine-Theatro Central e a última, em 1973, no ginásio do Sport. A de maior repercussão foi a concorrida quinta edição, em 1972, no Central, que revelou grandes composições e intérpretes, como Clara Nunes, Luiz Gonzaga Júnior (Gonzaguinha) e o compositor juiz-forano Mamão.
Cumprindo papel fundamental em descobrir novos talentos e disponibilizar espaço para que artistas da região pudessem participar de fato do cenário cultural, o Central foi um dos palcos principais em que a geração de 1972 estreou, fazendo música de transição entre as tendências do pop internacional da época, do tropicalismo e da MPB. A cantora mineira Clara Nunes, por exemplo, foi ovacionada ao interpretar a música “Tristeza Pé No Chão”, composta pelo sambista e cantor juiz-forano Armando Fernandes Aguiar, o Mamão, que até hoje leva o título de compositor de uma das músicas mais consagradas da artista.
Memória viva
O professor e músico Luiz Cláudio Ribeiro (Cacáudio), à frente do Cine-Theatro Central há cinco anos, enfatiza o desejo da retomada ampla das atividades do teatro, para trazer de volta a vida em forma de arte para a cidade e a região. No aniversário do teatro, ele destaca que é importante manter vivo na memória um dos eventos mais relevantes para Juiz de Fora, que alcançou grande proporção e atraiu para a cidade alguns dos mais talentosos artistas que surgiam na época.
“Celebrar os 93 anos de Cine-Theatro Central também significa festejar os 50 anos de Festival de Música Popular Brasileira, já que foi um dos eventos de maior importância para a sua época, ao estimular o cenário artístico e musical, e que reforça a relevância do Central como um espaço de pertencimento e elaboração de pensamentos críticos, tanto na esfera artística e cultural brasileira, quanto como um símbolo de resistência popular.”
As comemorações
Em homenagem e recordação desse período marcado por acontecimentos e personalidades importantes, o Cine-Theatro Central realiza, entre os dias 09 e 30 de março, publicações nas redes sociais com depoimentos e informações sobre esse festival que impactou décadas. Na abertura, dia 09, o público conferiu uma arte gráfica para o aniversário. No dia 16, será publicado um vídeo de introdução sobre o Festival. Já no dia 23, Mamão, compositor vencedor da primeira colocação em 1972, presenteia a população com uma entrevista relembrando sua participação e a importância do Festival em sua vida. Nos dias 28 e 30 de março, finalizando o mês de comemorações, o professor aposentado da UFJF e diretor do Grupo Divulgação, José Luiz Ribeiro, revive em depoimento sua atuação como secretário no 5º Festival de 1972.
A história
Construído em um período de efervescência cultural e econômica, o Cine-Theatro Central se estabeleceu no coração da cidade, transformando-se em um marco da arquitetura eclética, projetado por Raphael Arcuri e artisticamente ornamentado por Angelo Bigi.
Espaço de grande versatilidade, o palco do Central já recebeu importantes apresentações artísticas, dentre espetáculos de teatro, dança e música, com nomes como Tom Jobim, Chico Buarque, Milton Nascimento, Maria Rita, Cássia Eller, Rosamaria Murtinho, Ana Botafogo e Procópio Ferreira. Com o objetivo de preservar o espaço, o Cine-Theatro Central foi adquirido pela UFJF em 1994 e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Instagram: @cinetheatrocentral
Facebook: https://www.facebook.com/centralufjf
Outras informações: (32) 3231-4051