A última edição do ano do boletim informativo da plataforma JF Salvando Todos aponta para a gravidade do apagão de dados do Ministério da Saúde. A situação, de acordo com o próprio ministério, é motivada por um ataque cibernético ocorrido no dia 9 de dezembro, impossibilitando desde então que pesquisadores do país inteiro avaliem os cenários epidemiológicos municipais, estaduais e a situação epidemiológica nacional.
“É muito grave estarmos sem acesso aos dados da Covid-19 e do Ministério da Saúde no momento em que a variante Ômicron está causando grande impacto em sistemas de saúde de vários países” (Marcel Vieira)
Com a ausência da divulgação do número de casos e de vidas perdidas para a Covid-19, excepcionalmente nesta edição, não foi possível avaliar e divulgar os seguintes indicadores: números de casos e vidas perdidas para a Covid-19 por semana epidemiológica; o nível de transmissão da doença; as médias móveis dos números de casos, vidas perdidas e casos suspeitos; as distribuições de casos e vidas perdidas por faixa etária e por sexo; o número de reprodução efetivo (Rt) para a Covid-19 e a taxa de letalidade.
Para Marcel Vieira, coordenador da plataforma e professor do Departamento de Estatística do ICE, o atual momento requer muito cuidado: “É muito grave estarmos sem acesso aos dados da Covid-19 e do Ministério da Saúde no momento em que a variante Ômicron está causando grande impacto em sistemas de saúde de vários países. Além disso, também estamos passando por uma epidemia de gripe em várias regiões do país. Com a chegada das festas de final de ano, temos uma população que já está cansada de tomar os cuidados recomendados. Sendo assim, seria muito importante saber o que está acontecendo em relação à pandemia no Brasil”, compartilha.
Circulação de pessoas, vacina da Janssen e queda nos leitos de UTI
Segundo o boletim, a partir de dados obtidos por meio do Google Mobility, no município de Juiz de Fora, pode-se estimar que no dia 17 de dezembro, havia um percentual 5% maior de pessoas em casa em relação ao período de referência anterior ao início da pandemia. Entretanto, a ida aos locais de trabalho apresentava um percentual 25% maior; também houve um aumento substancial na frequência de idas às farmácias e aos supermercados, sendo 56% maior em relação ao período de referência.
Até o dia 20 de dezembro, haviam sido aplicadas 984.312 doses de vacinas anti-Covid no município, sendo 464.084 primeiras doses, 414.031 segundas doses e 106.197 terceiras doses. Desta forma, ao levar em consideração a projeção populacional do IBGE para Juiz de Fora de 577.532 habitantes, pode-se estimar que 80,4% da população recebeu a primeira dose; 71,7%, as duas doses e 18,4%, a dose de reforço. Vieira destaca a importância da terceira dose diante do cenário atual: “Se você já pode tomar a dose de reforço, não deixe de recebê-la. Ainda mais agora em que ela tem se provado muito decisiva no combate à variante Ômicron”.
De acordo com dados da Prefeitura de Juiz de Fora, no dia 21 de dezembro, o município tinha 47 pessoas hospitalizadas por Covid-19 (eram 48 em 7 de dezembro; uma redução de 2,1%), com 12 leitos de UTI ocupados para adultos diagnosticados com a doença (em 7 de dezembro eram 14; configurando uma redução de 14,3%). A taxa de ocupação geral das UTIs no mesmo período foi de 68% – uma redução se comparada ao dia 7 de dezembro, que apresentava uma ocupação de 64%.
Ainda que o cenário epidemiológico esteja melhor que o de meses atrás, Vieira reforça os cuidados que devem ser tomados nas confraternizações de fim de ano: “Recomendamos que a população continue seguindo os protocolos, ainda mais no caso de confraternizações com seus familiares. É importante que todos mantenham o uso da máscara bem ajustada no rosto – preferencialmente uma máscara do padrão PFF2 – e que escolham locais abertos e bem ventilados, retirando a máscara apenas no momento de se alimentarem”.