O professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, António Costa Pinto, ministra, nesta quarta-feira, 27, a aula inaugural do segundo semestre letivo do Programa de Pós-Graduação em História (PPG História) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A transmissão, aberta ao público, acontece a partir das 15h no canal do PPG História no Youtrube.
O conteúdo abordado é resultado de trabalho desenvolvido pelo professor, a partir de uma análise interpretativa das ditaduras latino-americanas durante a chamada era do fascismo. O propósito é abordar de forma comparada os regimes autoritários da América Latina nos anos da década de 1930.
Para o coordenador do PPG História, Rodrigo Christofoletti, a universidade tem o papel fundamental de possibilitar, a partir de debates e reflexões, mudanças efetivas na sociedade. “Isto demora, obviamente, mas é um grande estímulo para que a academia perceba que existem efetivamente grupos de pesquisa se debruçando nesta questão que é tão atual, contemporânea. Será uma aula muito importante dada a ambiência da qual estamos vivendo nesse momento.”
Odilon Caldeira Neto, professor do PPG, aponta a relação das sociedades e dos indivíduos com as ondas autoritárias, particularmente os fascismos, que configuram uma tradição de pesquisa nacional e internacionalmente. “Os debates objetivam esmiuçar tanto a penetração desses fenômenos em sociedades e sistemas políticos distintos, quanto promover um entendimento sobre a atualidade do tema.”
A América Latina na era do fascismo
O livro “A América Latina na era do fascismo” foi lançado em formato textual no Brasil pela Edipucrs; em Portugal, pela Edições 70; e em inglês pela Routledge. “O termo fascista não é apenas utilizado pelas Ciências Sociais e pelos acadêmicos, faz parte da vida política. E assim como a extrema-direita vê comunistas em todo o lado, evidentemente a esquerda e a extrema-esquerda têm alguma tendência para encontrar fascismo em todos os dirigentes políticos de partidos ou movimentos ou até presidentes que são de direita radical populista, como é o caso de Jair Bolsonaro”, explica Pinto.
“Mas é preciso salientar que o fascismo na América Latina, do ponto de vista histórico, teve uma importância muito relativa. Os dois únicos países que conheceram partidos fascistas significativos foram o Brasil, com a Ação Integralista Brasileira, cujo líder, ironicamente, se exilou em Portugal quando tentou um golpe contra Getúlio Vargas, e o movimento “União Revolucionária”, no Peru. A grande maioria dos regimes políticos, sejam eles ditaduras militares ou estes que estudo no período entre as duas guerras, seja inclusivamente alguns regimes do tipo populista como foi o caso de Juan Perón na Argentina, não podem ser considerados regimes fascistas”, conclui.
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Outras informações
Programa de Pós-graduação em História