Com uma sensível e oportuna reflexão sobre perdas e recomeços, a 15ªPrimavera dos Museus traz ao público de todo o país uma edição comemorativa dos seus 15 anos de realizações. A participação do Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) contempla uma programação especial, que inclui postagens, exposições, vídeos, entrevistas, oficinas e ações educativas, a serem desenvolvidas entre os próximos dias 20 e 26.
Pelo segundo ano consecutivo, em função da pandemia, a temporada de eventos é aberta exclusivamente on-line, em plataformas virtuais como Facebook, Instagram e Youtube. “Múltiplo Universo”, “Grafias e múltiplos: Os amigos da Gravura” e “Fayga Ostrower: Centenário (1920.2020)” são mostras virtuais revisitadas em atividades diversas, que se somam a propostas como a leitura de correspondências entre escritores intitulada “Do coração à caneta”.
A organizadora da ação “O Museu de cada um”, a agente de Cultura e Lazer Ana Luísa Affonso, tem como ideia principal restabelecer os laços com o que está à nossa volta e é capaz de acessar a nossa essência. “A proposta é que o público nos envie a foto de um objeto, momento, paisagem, do seu acervo emocional pessoal, para criarmos juntos uma curadoria colaborativa dos museus que nos habitam”, adianta.
O Setor Educativo acredita que, assim, o museu físico dará espaço para uma coleção ímpar, um compilado de visualidades, repleto de novas poéticas, acessando o que há de potente no cotidiano de cada participante, trazendo à tona sua realidade, suas indagações e seus mistérios. “É importante ressaltar que deverá ser criada uma hashtag para que possamos repostar as fotos nos stories do Mamm.”
A importância da gravura e de doações que enriqueçam os acervos museais estão em destaque na agenda do Mamm, com os depoimentos em vídeo de Anna Paola Baptista, do Museu da Chácara do Céu, sobre a trajetória de doações da instituição Os Amigos do Gravura, e de Noni Ostrower no tocante às ações do Instituto Fayga Ostrower em razão dos cem anos que a artista faria em 2020.
Dentro da temática que permeia a 15ª edição, os restauradores e pesquisadores Aloísio de Castro e Valtencir de Almeida se unem para defender estratégias eficazes no gerenciamento dos possíveis riscos dentro da instituição com a finalidade de evitar perdas. “Nesse sentido, o Plano de Preservação Museológica se faz primordial para garantir a conservação de nossos acervos, proporcionando vida longa à memória e à história que se tem a contar”.
Superações e reinvenções
Mais poética, a 15ª Primavera dos Museus está voltada para a experiência humana em espaços de convergência, referenciando a memória, a sociedade, a arte e a cultura destinadas a proporcionar um reencontro com a história. A ideia é refletir sobre este momento em que a pandemia ainda impacta, de forma avassaladora, as relações humanas, criando grandes interrogações sobre seu verdadeiro impacto.
O poema “Resíduos”, de Carlos Drummond de Andrade, é utilizado pela coordenação do evento, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), para remeter à ambígua condição da história, marcada por perdas e recomeços, fins e inícios, superações e reinvenções. “De certo modo, nós somos como museus vivos e, como os museus, somos guardiões de fragmentos de algo que embora tenha acabado, ainda está aqui conosco, em nós”.
Detalhes da programação do Museu de Arte Murilo Mendes podem ser conferidos e acompanhados nas redes sociais do Mamm em @mamm.ufjf.