No Brasil, comemora-se em julho o Dia da Mulher Negra, ocorrido no início desta semana, no domingo, dia 25. A mesma data é internacionalmente celebrada como o Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, marcado por iniciativas e reflexões acerca da resistência contra opressões de raça e de gênero e reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) há quase trinta anos.
Mulheres negras na pesquisa
De acordo com dados de 2020 levantados pela Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (Propp), entre as 225 docentes atuantes em programas de pós-graduação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), 6 autodeclaram-se negras, representando uma parcela de 2%. O percentual aumenta entre as estudantes matriculadas nos programas de pós-graduação: das 1.717 discentes, 480 autodeclaram-se negras (28%). Segundo a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Mônica Oliveira, o levantamento de dados foi motivado pelo debate a respeito da importância das políticas de cotas na pós-graduação.
“Ainda há uma resistência, uma dificuldade de se entender que a universidade é pública e demanda políticas de compensação desse processo de exploração e de marginalização de pessoas negras no Brasil. No entanto, após longo debate no Conselho Setorial de Pós-graduação e Pesquisa, conseguimos dar um grande passo que foi a aprovação da Minuta de Ações Afirmativas na Programação Stricto Sensu, que ainda será homologada pelo Conselho Superior”, informa a pró-reitora.
“Há quem questione se já não são suficientes as políticas afirmativas de cotas na graduação, por exemplo – e podemos observar na pós-graduação que não, não é suficiente, uma vez que, atualmente, não é constatado um ingresso de pessoas de acordo com a proporção desses mesmos segmentos no censo de formação histórica brasileira”, pondera Mônica Oliveira. Segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre a população brasileira, 56,1% das pessoas declaram-se negras.
Para além das datas e da produção científica
Uma das pesquisadoras é Fernanda Thomaz, coordenadora do grupo de pesquisa Afrikas. “É importante demarcarmos essas datas, como o Dia da Mulher Negra, a nível institucional. Ao mesmo tempo, penso que também seria significativo colocar em pauta mulheres negras que, muitas vezes, não estão em evidência: mulheres negras servidoras, terceirizadas, presentes desde a manutenção dos espaços que ocupamos até o funcionamento da estrutura universitária. Precisamos compreender que a discussão acerca de opressão e visibilidade de mulheres negras deve contemplar além da academia, pois se faz presente em todas as esferas da sociedade.”
Outras informações:
Perfil Étnico-Racial Discentes PPGs UFJF 2016-20