Sendo a escola e a universidade locais que produzem conhecimento e criam maneiras próprias de ser, estar e pensar, por qual motivo são tão comuns ações e falas que colocam essas instituições em lugares diferentes? É visando acrescentar a esse debate, que o Mirada – Grupo de Estudo e Pesquisa em Visualidades, Interculturalidade e Formação Docente, coordenado pelos professores da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Francione Oliveira Carvalho e Olga Egas, lançou o e-book “Experiências de dentro e de fora – O que a universidade pode aprender com a escola?”. O livro, resultado de pesquisas iniciadas em 2017, está disponível de forma gratuita para download.
Segundo o professor Francione Carvalho, “a investigação procurou tensionar estes discursos e valorizar os conhecimentos e as experiências que são criados nas e pelas escolas”, enquanto “os objetivos da investigação foram identificar práticas e ações pedagógicas geradas pelas escolas que podem ajudar a compreender como elas percebem a educação, a arte e a cultura; refletir sobre o que a universidade pode aprender das experiências gestadas por elas; identificar os temas, as metodologias e as questões valorizadas pelos profissionais de arte, ou, silenciadas pelas escolas, tais como as questões de gênero e sexualidade”.
Dentre as diversas questões levantadas pela pesquisa, Carvalho destaca três principais pontos: a sensação de insegurança gerada nos professores pela precarização do trabalho; a habilitação e transitoriedade da escola entre diversas culturas; e a necessidade do reconhecimento dos múltiplos tempos vivenciados e sentidos nas escolas. Acerca desse último tópico, pontua: “o tempo de produção tanto na escola quanto na universidade faz com que os professores e os estudantes estejam sempre fazendo coisas, cumprindo tarefas e tendo pouco tempo para prestarem atenção ao que acontece e serem afetados pelo estar no mundo e com as pessoas. Portanto, interromper a lógica industrial é fundamental para a instalação de outros tempos e experiências e, a arte pode colaborar nesse processo, pois a experiência em arte exige outra velocidade para que se efetive”.
Assim, o docente conclui que universidade e escola precisam caminhar juntas e em diálogo, fortalecendo um trabalho coletivo, já que: “afinal, é da universidade que saem os profissionais que logo estarão atuando no chão da escola”.
O e-book conta, entre artigos e ensaios visuais, com dez textos, idealizados pelos 18 membros do Mirada. Já a organização ficou por conta dos coordenadores do grupo. A publicação gratuita do livro só foi possível devido a parceria entre Mirada com o Projeto Editorial Batuque e a Spaceship Comunicação.
Outras informações: Mirada