Com um número expressivo de realizações virtuais e o desafio de promover novos projetos, além de dar continuidade às suas ações em 2021, o Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) completa 15 anos de fundação, no domingo, dia 20, com uma perspectiva renovada e muito a celebrar.
Desde maio, mês de aniversário do poeta, vem acontecendo uma série de comemorações que incluíram a publicação digital de postagens sobre a história da formação das coleções murilianas, relembrando atividades que marcaram a trajetória do museu de 2005 até o presente. Além de marcar a data, a programação on-line foi a forma que o Mamm encontrou para se aproximar do público durante o distanciamento social imposto pela pandemia.
Para estreitar os laços entre a comunidade acadêmica e a população, o museu promoveu também, ao longo de todo o ano, propostas on-line que incluíram exposições, palestras e eventos destacando a vida e a obra do escritor. Um exemplo foi a série “Histórias e Memórias: 15 anos do Mamm”, com personalidades como o ex-ministro da Educação Murílio Hingel, que contou como foram as negociações em torno da aquisição da coleção de artes plásticas de Murilo Mendes, a partir de 1993, até sua chegada ao Brasil. A iniciativa teve início com a Primavera dos Museus, evento coordenado pelo Ibram, com filmagens e textos postados no Instagram e no Youtube.
Um ponto a ser ressaltado sobre a fundação do Mamm foi a decisão de a Universidade destinar, em 2005, o então edifício que foi sede da Reitoria desde os anos 1960, para instalação do espaço museal dedicado ao escritor. O antigo Centro de Estudos Murilo Mendes (Cemm) foi dissolvido e o Mamm passou a cumprir a função de ser a casa do poeta, com suas memórias, sua biblioteca e sua coleção de artes plásticas, constituindo um acervo em expansão. Prova dessa movimentação ascendente foi o último acréscimo, em setembro, de um lote com obras de Aldemir Martins, Emmanuel Nassar, Manabu Mabe e Vik Muniz, importantes expressões das artes visuais brasileiras.
Iniciativa visionária
O superintendente do Mamm, Ricardo Cristofaro, destaca a utilização do prédio da antiga Reitoria, cujo projeto arquitetônico é de Décio Bracher, como uma iniciativa visionária da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para proporcionar acomodações adequadas a coleções que merecem visibilidade para além de nossas fronteiras. Ele aponta Murilo Mendes como um dos poetas da maior expressão na segunda fase do modernismo brasileiro, além de um intelectual multifacetado que desenvolveu um apreço especial pelas artes plásticas, alimentado por uma significativa rede de amizades com artistas de seu tempo. “Isso tudo fez com que, gradativamente, constituísse um acervo extremamente importante e rico no campo das artes visuais e literárias.”
Ele ressalta que as coleções murilianas são a base de sustentação do museu. “É importante reconhecer que, no âmbito da história das artes plásticas brasileiras e estrangeiras, temos um dos acervos mais importantes localizados em uma cidade do interior. A chegada dessas obras de arte no Brasil representa um acréscimo ao acervo nacional, além de uma das mais importantes aquisições que o governo brasileiro fez sobre os anos relacionados à arte modernista nacional e internacional.”
A agente de cultura e lazer Carmem Mattos destaca que toda a programação do museu vem sendo realizada com base na missão institucional de alimentar um espaço de acolhimento tanto da produção literária local e nacional, quanto das artes plásticas, sempre em sintonia com o pensamento de Murilo Mendes. Segundo ela, o Mamm tem realizado um esforço conjunto para o engrandecimento do espaço, difundindo o conhecimento sobre a vida e a obra do poeta: “Nosso trabalho está em sintonia com a missão do museu e da Universidade, cuja base é o ensino, a pesquisa e a extensão.”
“Temos muito a comemorar. Os 15 anos estão aí, com novas responsabilidades e perspectivas. A coleção de artes plásticas, que completou 25 anos em 2019 e que comemoraríamos com uma grande exposição, agora tem a possibilidade de outros desdobramentos. Temos a oportunidade de repensar como o museu pode alcançar mais o público e ficar ainda mais próximo de sua missão. 2021 chega para que, a partir de toda essa experiência vivida em 2020, tentemos colocar em prática projetos que não puderam ser implementados”, diz, reforçando que, para marcar a data, neste domingo, às 17h, tem Musicamamm com o pianista André Pires interpretando “Bitu”, de Francisco Valle, em vídeo postado no canal do museu no YouTube.