Cerca de 300 livros literários foram doados nesta semana por formandos do Colégio de Aplicação João XXIII à Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EJA) da Penitenciária de Juiz de Fora II – Professor Ariosvaldo Campos Pires, no bairro Linhares. Parte do material didático foi arrecadado junto aos estudantes que doaram os livros com o objetivo de contribuir com a formação dos jovens em regime fechado de prisão.
A ideia surgiu durante a II Troca de Saberes e Fazeres Indígenas e Quilombolas on-line do colégio, realizada em setembro de 2020 e organizada pelas professoras de Educação Física, Cátia Duarte e Lilian Gil, apoiada pela direção do Colégio, bolsistas e formandos dos 3º anos do Ensino Médio.
Em outubro, professores, comunidade escolar, sebos e editoras da cidade doaram obras para a proposta. Após diálogo entre o Colégio e a Escola Estadual e realizados todos os protocolos de biossegurança, o material chegou ao destino.
Os livros doados poderão ser utilizados em um projeto carcerário, previsto em lei, que permite a redução de quatro dias de pena para cada livro lido e resenhado. Cátia Duarte explica que, no entanto, há outras questões que devem ser levadas em conta para o melhor aproveitamento desse benefício e dos livros. Muitos detentos sofrem com problemas de visão, o que os impede de seguir no projeto de remição de pena.
A situação agrava-se pelo preconceito que atrapalha a comunicação dos internos com setores que poderiam contribuir para minimizar problemas de saúde, melhorar o acesso à educação e promover a inclusão social. “Para mudar essa história, são fundamentais políticas públicas para reinserção destes indivíduos ao mundo externo que os receberá assim que adquirirem a liberdade. É preciso sonhar, mas para acreditar no sonho, é essencial acreditar em si”, conclui a professora.