Na ordem: professora Janice Simpson de Paula, professora coorientadora Danielle Teles da Cruz, professora Efigênia Ferreira e Ferreira, professora orientadora Isabel Cristina Gonçalves Leite, Lidiane Castro (mestre em saúde coletiva) e mestranda Ludmila Roberto Moraes (foto: arquivo pessoal)

Uma dissertação desenvolvida na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aborda como mulheres privadas de liberdade percebem o impacto que a saúde bucal causa na qualidade de vida delas. A pesquisa foi realizada pela dentista Ludmila Roberto Moraes, no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva e contou com a participação de mulheres do Anexo Feminino Eliane Betti, da Penitenciária José Edson Cavalieri (PJEC) em Juiz de Fora.

Segundo Ludmila, o estudo buscou, também, caracterizar o perfil demográfico e socioeconômico e descrever as condições de saúde das acauteladas.  Neste contexto, analisa a associação dos fatores autopercebidos e das características sociodemográficas com os impactos na saúde bucal e na qualidade de vida destas mulheres. “A pesquisa coloca foco em uma população que, embora tenha algumas políticas elaboradas para tutelas e direitos quanto a saúde, esta política não está sendo efetiva porque não está atingindo o público a quem se direciona”, pontua a dentista. 

Neste cenário, a pesquisa revela que as mulheres privadas de liberdade avaliam de forma ruim e regular os serviços odontológicos, uma vez que não conseguem acesso ao atendimento. O estudo mostra também que as acauteladas possuem uma autopercepção de que a saúde geral delas é boa. Apesar disso, mais da metade apresenta sinais de ansiedade e de depressão, fator este associado à percepção que elas têm da própria saúde bucal. Em relação ao perfil sociodemográfico, as mulheres têm em média 33 anos, são em sua maioria pardas ou negras e possuem baixa escolaridade e baixo nível de renda. 

A dentista avalia, então, os impactos negativos autopercebidos da saúde bucal na qualidade de vida das mulheres e  outras consequências advindas do desconforto psicológico e da dor física. “O estudo indica a necessidade de maior investimento no sistema prisional no sentido de ampliação e qualificação dos serviços de saúde bucal, permitindo acesso a essas acauteladas, de modo a evitar que elas saiam do sistema prisional pior do que quando elas entraram”.   

A professora orientadora, Isabel Cristina Gonçalves Leite, ressalta que, apesar de representar um percentual pequeno na população prisional brasileira, o número de mulheres acauteladas apresenta uma taxa de crescimento muito expressiva. Para Isabel, este sistema de saúde precisa ser repensado: “até que ponto este serviço está atendendo às reais necessidades destas mulheres e como elas percebem isso?”. Segundo a professora, todas as possibilidades de ressocialização passam por uma autopercepção mais positiva que estas mulheres possam ter delas próprias, da sua saúde, da sua vida e da sua aparência.

Contatos:
Ludmila Roberto Moraes – (Mestranda):
ludmilarmoraes@yahoo.com.br 

Isabel Cristina Gonçalves Leite – (Orientadora):
isabel.leite@ufjf.br 

Banca Examinadora:
Profa. Dra. Isabel Cristina Gonçalves Leite – Orientadora (UFJF)
Profa. Dra. Danielle Teles da Cruz – Coorientadora (UFJF)
Profa. Dra. Efigênia Ferreira e Ferreira – (UFMG)
Profa. Dra. Janice Simpson de Paula – (UFMG)

Outras informações: (32) 2102-3830 – Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva