De 26 cursos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) avaliados pelo Ministério da Educação (MEC) em 2019, 25 obtiveram notas 4 ou 5 no Conceito Preliminar de Curso (CPC), sendo 1 o valor mínimo e 5 o máximo. O resultado foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) nesta quarta, 9.

O curso de Medicina Veterinária, do campus-sede, em Juiz de Fora, e o de Nutrição, do campus avançado de Governador Valadares, alcançaram a nota máxima. Arquitetura e Urbanismo; Enfermagem; Nutrição, Odontologia; e Engenharias Sanitária e Ambiental, Mecânica, Civil, de Produção; e Elétrica (Energia Integral; Elétrica – Noturno;  Robótica e Automação Industrial; Sistema de Potência; Sistemas Eletrônicos; Telecomunicações), todos de Juiz de Fora; além de Farmácia; Fisioterapia; e Medicina; estes de Juiz de Fora e Governador Valadares, conseguiram nota 4. Apenas Odontologia, de Governador Valadares, ficou com conceito 3.

Em sua primeira avaliação, o curso de Medicina Veterinária, do campus-sede em Juiz de Fora, conquistou nota máxima no CPC do MEC (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

O CPC atribui conceitos aos cursos com base em vários componentes, dentre os quais o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e o  Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD, que avaliam o desempenho dos alunos e têm maior peso. Há, também, influência da percepção dos estudantes sobre os cursos e a Instituição, o que é extraído das respostas ao questionário do estudante). 

“Trata-se da reafirmação da qualidade dos cursos oferecidos pela UFJF, mantida mesmo em um cenário de tanta adversidade para a educação pública no país. Este sucesso deve-se à dedicação e empenho de estudantes e servidores, além do envolvimento de setores diversos da gestão da Universidade, apoiando e acompanhando os cursos para garantir a excelência acadêmica”, ressalta a diretora de Avaliação Institucional da UFJF, Michèle Farage. 

Nível de excelência
A coordenadora do curso de Medicina Veterinária, Gláucia Amaral, comemorou a nota máxima, logo na primeira avaliação da graduação, criada em novembro de 2013. “O resultado conquistado é decorrente de um árduo trabalho de docentes e técnicos do curso, em conjunto com instâncias superiores. Ainda temos muito a crescer, mas a nota 5 nos motiva para a continuidade do trabalho em busca de consolidação. Somos um curso novo, mas com muita garra e potencial para superar os desafios, com o objetivo de possibilitar excelência na formação acadêmica dos nossos alunos.”

A coordenadora do curso de Nutrição, de Governador Valadares, Angélica Cotta, ressalta que o resultado é reflexo do desenvolvimento do campus avançado. “Tirar nota máxima em todos esses indicadores nos coloca entre os melhores cursos de Nutrição do Brasil. Em um momento tão delicado como esse em que vivemos atualmente, esse desempenho indica que, apesar das nossas dificuldades de infraestrutura, e com todas as questões políticas e sociais que nos afetam, conseguimos garantir uma formação de qualidade para nossos estudantes. Sem dúvida, o comprometimento e a competência de cada um dos 37 professores, dos mais de 17 técnico-administrativos envolvidos, direta e indiretamente com o curso e, claro, o empenho e dedicação dos nossos estudantes, refletiram neste importante resultado”.

Arquitetura e Urbanismo conseguiu elevar o desempenho, saltando da nota 3 para a 4 (Foto: Gabriela Maciel/UFJF)

Evolução
Quatro cursos obtiveram resultado superior à última avaliação. Um de Governador Valadares – Nutrição -, que saiu de 4 para 5; e três de Juiz de Fora: Energia Elétrica – Integral; Enfermagem; e Arquitetura e Urbanismo, que saíram da nota 3 para 4).

Para o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), José Gustavo Abdalla, o que faz elevar o curso não é uma pessoa, mas todo o grupo, e um conjunto de situações. “Naturalmente há um empenho enorme dos professores; uma organização dos TAEs e uma dedicação deles com a parte de suporte ao ensino, ao curso. A própria coordenação também participa na melhoria, na relação com os estudantes. E há ainda o apoio material que a gente não pode deixar de considerar, onde nossos laboratórios e toda a infraestrutura oferecida pela Universidade colaboram nesse processo.” Para o diretor, esses conjuntos contribuem para os resultados obtidos. “A estrutura física, o vínculo e dedicação dos TAEs e professores com o curso, e o afeto que todos têm recebem uma resposta positiva dos próprios alunos, que passam a ter maior interesse, carinho e afeto pelo próprio curso e pela Universidade. No meu entender, esses pilares vão dar suporte ao ensino, à pesquisa e à extensão que hoje são realizados dentro da Faculdade e do curso de Arquitetura.”

O coordenador do curso de Enfermagem, Thiago Nascimento, salienta as iniciativas que permitiram sua evolução avaliativa. “O aumento do conceito de 3 para 4 é reflexo de um esforço de todo corpo docente, discente e também dos técnico-administrativos em Educação (TAEs). Desde que assumimos a coordenação em 2017, juntamente com o NDE, estamos permanentemente avaliando nosso currículo e criando uma nova proposta de ensino, incentivando o corpo docente na adoção de metodologias ativas no processo ensino-aprendizagem. Somado à curricularização das atividades extensionistas, recentemente implantada, esperamos que as ações se traduzam em uma melhora cada vez maior do nosso curso. É um grande desafio”, destaca.

A Faculdade de Engenharia teve 11 cursos avaliados e todos eles chegaram à nota 4 (Foto: Caique Cahon/UFJF)

Qualificação
A qualificação dos professores e a ampliação dos cursos de graduação e pós-graduação são apontados como parâmetros fundamentais para este desempenho pelo diretor da Faculdade de Engenharia, Marcos Borges. A Faculdade, que teve 11 cursos com nota 4, fez cem anos em 2014  “Naturalmente, existe uma evolução dos cursos. E cada vez mais temos professores com mestrado e doutorado. No meu departamento, por exemplo, só um não tem doutorado, mas já está cursando. Houve ao longo dos anos esse progresso, sedimentando uma base bastante sólida para o crescimento”, observa. 

Ele ainda cita um avanço significativo com o projeto de Reestruturação e Expansão das Universidades (Reuni), com a criação de novos cursos, como Engenharias Mecânica, Ambiental, Computacional; e ainda o desmembramento da Elétrica em cinco cursos, que hoje, segundo Borges, estão bem estruturados. “Paralelamente à evolução da graduação, houve o crescimento da pós-graduação. Foram criados novos programas desde 2010 e os cursos que ainda não têm estão se estruturando para, em breve, lançar propostas de mestrado e doutorado. A pós-graduação tem papel fundamental porque não só capacitou no passado os professores que estão hoje nas salas, como qualifica os próprios alunos que podem vir a ser professores da Faculdade. Existem vários casos assim. É um ciclo e a tendência, a curva, é sempre em direção ao aumento da qualidade”, ressalta.

Borges cita ainda o trabalho criterioso e dedicado dos coordenadores. “As notas em avaliações como a do Enade, por exemplo, refletem muito este trabalho, que implica entre outras coisas no levantamento dos dados, na articulação e no incentivo aos alunos a participarem do exame. Existe uma sinergia grande: professores, programas de pós-graduação, os próprios alunos, o reconhecimento da boa qualidade na formação dos engenheiros, tudo isso contribui para estes resultados.”

Além de Nutrição, que obteve nota máxima, os cursos do campus avançado de Governador Valadares também tiveram desempenho positivo no CPC (Foto: UFJF)

Estreia positiva
Além de Medicina Veterinária, de Juiz de Fora, com nota 5, e Odontologia, de Governador Valadares (3), outros três cursos foram avaliados pela primeira vez, por tratarem-se de graduações criadas há pouco tempo: Bacharelado em Educação Física; Fisioterapia e Medicina – todos localizados no campus avançado, chegando à nota 4, um resultado considerado muito bom, de acordo com os índices utilizados pelo Ministério da Educação.

O professor Cícero Moraes, que assumiu a coordenação do curso de Medicina em Governador Valadares há uma semana, destaca o desempenho similar ao de instituições tradicionais. “Já estou trabalhando como professor de Ortopedia do Departamento de Medicina há mais de seis anos e venho acompanhando a formação dos alunos desde a primeira turma. Como é um curso novo e foi fruto de aspirações antigas da nossa cidade e região, a expectativa e as dificuldades foram e continuam sendo imensas na condução do curso que ainda está em estruturação. O primeiro resultado dos alunos no Enade nos surpreendeu de forma bastante positiva e nos mostrou que estamos no caminho certo em conseguir um curso de excelência, visto que a nossa nota se iguala a de outras grandes, antigas e consolidadas faculdades de medicina existentes no nosso país.”