Na ordem: mestranda Camila Marques Silva Daher, professora Fernanda Mendes Lages Ribeiro, professor orientador Fernando Santana Paiva, professora coorientadora Luciana Ferreira Barcellos e professor Paulo Cesar Pontes Fraga (foto: arquivo pessoal)

Uma dissertação de mestrado analisa como jovens inseridos em contextos de criminalidade de um bairro periférico são impactados pelos discursos midiáticos que os apresentam como protagonistas da violência urbana. A pesquisa foi realizada pela psicóloga Camila Marques Silva Daher, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Camila explica que no trajeto da pesquisa realizou grupos de discussão nos quais foram apresentados trechos de notícias a sete jovens entre 14 e 16 anos de idade, com o objetivo de promover debates e diálogos entre a mídia e os participantes. Ela esclarece, ainda, que o estudo se baseou em uma metodologia participativa e dialogada, o que significa que foi construído em conjunto com os jovens e com as especificidades da comunidade. Desta maneira, a psicóloga acredita ser possível valorizar o saber popular e abordar questões que podem colaborar com a realidade daquele território.

A pesquisadora destaca que, a partir dos diálogos propostos, foram identificados efeitos de uma violência midiática, ou seja, práticas que violentam e silenciam as individualidades e vozes desses sujeitos. Segundo Camila, estas práticas se refletem nas experiências cotidianas dos jovens, marcadas por provações, limitações, humilhação, agressão, preconceito e violência policial.

Contudo, o estudo mostra que, mesmo diante de dificuldades estruturais, os participantes revelaram possuir uma visão crítica, criando formas de resistir e de se identificar com mídias alternativas e outros discursos não-hegemônicos. “É um estudo que faz refletir sobre os cenários que nos são apresentados pelo discurso midiático hegemônico supostamente desinteressado. Compreender o papel social da mídia, é algo importante para rompermos com práticas de opressão, posicionamentos e opiniões que simplificam questões complexas”, pontua a psicóloga.

O professor orientador, Fernando Santana de Paiva, ressalta a importância da dissertação, uma vez que contribui para chamar atenção em relação aos efeitos que os discursos midiáticos sobre a violência podem produzir na vida de sujeitos e grupos sociais subalternizados. Além disso, Fernando considera que, por meio da metodologia desenvolvida, a pesquisa pode favorecer ações que contribuam na produção de resistências e no fortalecimento psicopolítico destes jovens. “A intersecção entre a criminalização da pobreza e o racismo são componentes muito evidentes na sociedade brasileira e encontram espaço de vocalização na produção de reportagens que fortalecem o estereótipo e o preconceito”, completa o professor.

Contatos:
Camila Marques Silva Daher – (Mestranda):
camila-daher@hotmail.com

Fernando Santana de Paiva – (Orientador):
fernandosantana.paiva@yahoo.com.br

Banca Examinadora:
Prof. Dr. Fernando Santana Paiva – Orientador (UFJF)
Profª. Drª. Luciana Ferreira Barcellos – Coorientadora (UFSJ)
Prof. Dr. Paulo Cesar Pontes Fraga – (UFJF)
Profª. Drª. Fernanda Mendes Lages Ribeiro – (FIOCRUZ, IBMR, UFRJ)

Outras informações: (32) 2102-6321 – Programa de Pós-Graduação em Psicologia