O anfiteatro Itamar Franco, na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) esteve lotado na tarde desta sexta-feira, 3. O motivo foi a apresentação da palestra “Desastre da Samarco/Vale/BHP – uma avaliação sete meses depois”, ministrada pelo professor do Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica da UFJF e professor no curso de Pós-graduação em Geografia, Bruno Milanez.
O evento integrou a VI Semana do Meio Ambiente, realizada pelo Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental e pelo Grupo de Educação Tutorial (GET). Durante a exposição, o professor apresentou números que destacam a magnitude do desastre ambiental ocorrido há sete meses em Mariana (MG). “As pesquisas estão indicando, pelo acompanhamento do que está acontecendo hoje em dia, que os impactos foram muito maiores do que os anteriormente previstos. O que a gente tem visto, passados estes sete meses, é que ainda não houve sequer a contenção do vazamento, que as pilhas de rejeitos que se colocaram nas margens continuam a ser carreadas para dentro do rio e ainda nem foi resolvido o problema de turbidez do rio. Subestimou-se o grau dos impactos que iam acontecer”, afirmou.
Milanez ressaltou os inúmeros impactos sociais trazidos pelo acidente: “Existem diferentes graus de impacto provocados pelo desastre. Há pessoas que estão em um estado mais agudo, especialmente os moradores de Paracatu de Baixo e Bento Rodrigues, que foram desalojados e, hoje em dia, vivem em casas alugadas pela Samarco, em Mariana, que, apesar de ter um teto sobre suas cabeças ainda estão em uma situação precária. São pessoas de uma tradição rural que estão em uma área urbana, sem ocupação, e vivendo em constante insegurança, pois não sabem quando vão poder voltar a ter uma vida parecida ou próxima à que elas estavam acostumadas”.
O trabalho apresentado é resultado do Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade (PoEMAS), composto por pesquisadores e alunos com formações diversas e utiliza conhecimentos de economia, geografia, sociologia e políticas públicas para analisar e avaliar os impactos que as redes de produção associadas à indústria extrativa mineral geram para a sociedade e para o meio ambiente. O professor destacou a importância das entidades de ensino superior no processo de levantamento de informações e de reflexão sobre as consequências de tragédias desta relevância. “Um dos principais papéis das universidades, agora, é levantar informações que sejam efetivamente independentes. A gente percebe que existem conflitos na hora de levantar e interpretar dados e as universidades poderiam ser agentes importantes, capazes de levantar informações que tivessem um grau maior de independência. É fundamental, também, que, além da produção do conhecimento, a gente reflita sobre a formação ética dos nossos estudantes, para garantir que, quando eles viverem situações extremas como essa, saibam se posicionar em defesa ou dando maior atenção aos grupos mais vulneráveis”, finalizou.
Outras informações: (32) 2102-3429 (Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária)