Uma dissertação desenvolvida na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) analisa as experiências de humilhação e de vergonha vivenciadas pela população em situação de rua (PSR) em seus percursos por Juiz de Fora (MG). Com este estudo, o psicólogo Matheus Henrique Silva buscou compreender os impactos provocados nas formas como essas pessoas ocupam as ruas da cidade. A pesquisa foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
Matheus explica que a construção dos dados foi feita a partir de observação participante, diário de bordo e de entrevistas semiestruturadas. Segundo ele, o contexto que envolve a PSR é construído no espaço urbano e possui relação com experiências de subemprego; violências institucionais; preconceito; busca por serviços essenciais (alimentação, higienização, etc); resistências e táticas de sobrevivência. Dessas forma, o psicólogo frisa que é importante discutir e refletir sobre o direito à cidade: “garantir o direito à cidade é defender o acesso aos serviços de qualidade, à educação, à permissão para poder circular pelos espaços, a ter moradia, dentre tantos outros elementos”.
De acordo com o pesquisador, os resultados revelam que as experiências de humilhação e de violência produzem os itinerários (os caminhos) destas pessoas e ditam a forma como se comportam nas ruas, indicando os lugares que costumam ou não frequentar devido à maneira que são recepcionadas. Matheus ressalta que, nesse cenário, esse grupo constitui parte de uma rotina “artificial” pelas ruas, construída a partir de vivências de subalternidade. Ele conta que se deparou com um universo marcado por revoltas silenciosas, pelo cansaço, pela alienação e pelas táticas de sobrevivência: “as humilhações atuam favorecendo a manutenção das explorações e opressões das classes subalternas, negando-os enquanto cidadãos de direitos e negando seu direito à cidade”.
O professor orientador, Fernando Santana de Paiva, reafirma a importância do estudo, uma vez que contribui para evidenciar as situações de violência historicamente produzidas contra esta população. Além disso, o professor destaca que a pesquisa é importante para qualificar as ações das políticas públicas (assistência social, segurança pública e saúde) que lidam diariamente com essas pessoas. “Prestar um serviço de maior qualidade está relacionado a banir qualquer prática que reforce o preconceito, naturalize a violência, ou que produza humilhação e vergonha entre os sujeitos que vivem nas ruas”, completa Fernando.
A dissertação intitulada “Se essa rua fosse minha: uma análise psicossocial sobre as experiências de humilhação e vergonha no itinerário da população em situação de rua” será defendida por Matheus nesta quarta-feira, 18, às 9h.
Contatos:
Matheus Henrique Silva – (Mestrando):
matheus_psi@outlook.com
Fernando Santana de Paiva – (Orientador):
fernandosantana.paiva@yahoo.com.br
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Fernando Santana de Paiva – Orientador (UFJF)
Profª. Drª. Viviane Souza Pereira – (UFJF)
Profª. Drª. Verônica Morais Ximenes – (UFC)
Outras informações: (32) 2102-6321 – Programa de Pós-Graduação em Psicologia