Uma moradora da cidade de Araçatuba, no interior de São Paulo, perdeu no início deste mês a guarda da filha de 12 anos após a jovem passar por um ritual de iniciação no Candomblé. A denúncia partiu da própria avó da jovem que relatou em boletim de ocorrência que a neta sofria maus-tratos em um terreiro. Após ficar 17 dias sem a filha, a mãe recuperou a guarda através de uma decisão judicial. O caso repercutiu nas redes sociais e fomentou o debate sobre a crescente intolerância religiosa no país.
Embora seja signatário da Declaração Universal de Direitos Humano (1948) que, no artigo 18, define que “todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião”, dados do Disque 100 apontam que denúncias de discriminação religiosa aumentaram 56% no Brasil, em 2019.
O mesmo levantamento aponta que as religiões de matiz africanas são as maiores vítimas da intolerância. Para o professor Bráulio Magalhães, coordenador do projeto de extensão Núcleo de Estudos Juventude e Socioeducação (NEJUS), esse quadro “retrata os resquícios da doutrina da situação irregular, além de evidenciar o racismo estrutural e institucional presente no nosso país, já que os traços da cultura africana são constantemente negados em nossa sociedade e o caso citado é um exemplo disso”.
Considerando a importância da discussão sobre o tema, o NEJUS vai promover uma live com o escritor Sidnei Nogueira, autor do livro “Intolerância Religiosa”, obra que faz parte da coleção Feminismos Plurais, coordenada pela filósofa e escritora Djamila Ribeiro. A atividade terá a apresentação do pesquisador de iniciação científica do NEJUS, Matheus Guimarães de Barros.
A live será transmitida pelo perfil do NEJUS no instagram, nesta sexta-feira, 28, às 20h. Os participantes receberão certificado e concorrerão a dois exemplares do livro que dá nome à atividade.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas aqui. Participe!