A atuação de historiadores na Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi analisada em uma dissertação desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O estudo de Natália Aparecida Godoy da Silva constatou que estes profissionais ocuparam espaços estratégicos, como os de pesquisa e de assessoria, e exerceram atividades, como a realização e supervisão de pesquisas, identificação de acervos, escritas de textos, entre outras.    

A pesquisadora ressalta que a CNV foi aprovada em novembro de 2011 pelo Governo Federal para investigar as violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro entre 1946 e 1988, mas, especialmente, durante a ditadura civil-militar (1964-1988), período que ocorreu um número sistemático destas violações. Natália explica que a Comissão trabalhou entre maio de 2012 e dezembro de 2014 e produziu um relatório dividido em três volumes que contém os resultados das investigações. Neste cenário, seu estudo investigou quais papéis foram atribuídos à história, à historiografia e aos historiadores pelos dirigentes da CNV em decisões acerca da metodologia de trabalho e sobre a narrativa a ser construída pelo relatório final.

Natália conta que, além disso, o trabalho dos historiadores e a historiografia estiveram presentes no relatório final, mas foram mais explicitados no segundo volume. “As pesquisas sobre a ditadura civil-militar que foram e estão sendo desenvolvidas por historiadores desde a redemocratização se mostraram importantes para a compreensão do passado recente e também para o questionamento de narrativas que procuram relativizar ou negar o autoritarismo do Estado brasileiro durante a ditadura”, complementa. 

Para a pesquisadora, seu trabalho contribui também para a compreensão das relações entre o passado e o presente: “Se pensarmos que o cenário político brasileiro recente tem vivenciado a presença de discursos que procuram negar a ditadura civil-militar ou construir uma memória positiva a respeito do autoritarismo e da violência de Estado que existiram naquele período e também manifestações que procuram questionar a validade do conhecimento científico, é importante oferecer à sociedade argumentos para se refletir sobre o período em questão de modo a compreender as consequências dele em longo prazo para a sociedade brasileira como um todo”.

O professor orientador, Fernando Perlatto Bom Jardim, pontua que a dissertação contextualiza a CNV em um momento importante da experiência política brasileira  recente, especialmente por possibilitar a reflexão e o resgate da memória sobre o passado da ditadura brasileira. Para o professor, estudar a Comissão Nacional da Verdade é também importante no sentido de compreender como se deram e como se dão as disputas em torno do passado ditatorial hoje. 

Contatos:
Natália Aparecida Godoy da Silva – (Mestranda)
nataliajfmg@gmail.com

Fernando Perlatto Bom Jardim – (Orientador)
fperlatto@yahoo.com.br 

Banca Examinadora:
Prof. Dr.  Fernando Perlatto Bom Jardim – UFJF (Orientador)
Prof. Dr. Wallace Andrioli Guedes – (UFJF)
Profª Drª Caroline Silveira Bauer – (UFRGS)

Outras informações: (32) 2102-6321 – Programa de Pós-graduação em História