A interiorização das universidades e os caminhos para a democratização do acesso ao ensino superior foram o assunto da segunda rodada do #CampiTalks, evento on-line promovido nesta terça-feira, 21, pelo Fórum Nacional de Dirigentes dos Campi Fora de Sede e Multicampi das Instituições Federais de Ensino (Forcampi). A atividade foi mediada pelos professores Peterson Andrade, diretor-geral do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV); Renato Bochicchio, ex-diretor do campus Litoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR); e Francisco Otávio Landim, diretor do campus Binacional de Oiapoque da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).
Participaram como debatedoras a reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), professora Joana Guimarães; e a diretora do campus do Malês da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), professora Mirian Reis.
Joana Guimarães abriu sua apresentação reconhecendo a importância do processo de interiorização das instituições públicas de ensino superior. “Nós tivemos um momento de expansão do ensino superior no início dos anos 2000 que foi um movimento extremamente positivo e importante para interiorização do ensino superior. Com todas as dificuldades, estas universidades estão aí espalhadas pelo país e nosso trabalho é fazer com que estes campi se consolidem nestas regiões”. Em 2006, Joana foi uma das responsáveis pela implantação do campus de Barreiras, da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). “Faltavam 15 dias para o início das aulas e nós ainda não tínhamos nada de infraestrutura para oferecer aos estudantes. Precisei pedir o apoio urgente da prefeitura local, a interlocução com o poder municipal é extremamente importante”.
A partir de 2011, Joana passou a atuar na comissão de implantação da UFSB, instituição criada em 2013, com três campi: Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas. “Estar nestes locais representa uma oportunidade para pessoas que não poderiam sair dessas regiões para estudar fora, em Salvador, por exemplo”.
Com a experiência de quem foi diretora de um campus avançado e de quem atualmente é reitora de uma universidade, Joana ressalta que o trabalho em rede entre diretores de campi fora de sede é fundamental para que estas instituições possam aproveitar ao máximo o potencial que possuem. “Isso não significa tirar espaço de ninguém, pelo contrário, é somar os esforços que já existem, entender como esta rede funciona e onde estão os problemas que são muitos”.
Ideia defendida pela técnica-administrativa e presidente da Comissão Própria de Avaliação da UFJF, Sônia Azalim, que acompanhou atentamente as discussões transmitidas pelo youtube. “Considero de suma importância encontros assim, que permitam tratar das dificuldades encontradas pelas Instituições de Ensino Superior Públicas, como por exemplo, o acesso e, tão importante quanto, a permanência dos estudantes nas universidades. A Reitora da UFSB, professora Joana Guimarães, destacou algo que considero o ponto alto do evento: a importância de se trabalhar em rede, o que permite compartilhar conhecimentos, experiências e soluções; leva a reflexões e à aprendizagem contínua, elementos tão necessários nos dias atuais, tendo em vista a crise orçamentária e a pouca valorização da educação no país.”
A professora Mirian Reis, por sua vez, relatou o cenário da UNILAB e os inúmeros desafios para os campi fora de sede. “Um dos obstáculos é lidar com processos entre campi que estão distantes fisicamente. Os processos informatizados diminuem as distâncias, mas ainda assim, como um campus pequeno, a gente sofre com a diminuição acentuada e gradativa de investimento. Temos uma obra paralisada e hoje nossa grande luta é para captação de recursos para o término desta obra, especialmente para um campus que oferece majoritariamente cursos da área de humanas”, destacou a diretora do campus dos Malês da UNILAB, localizado na cidade de São Francisco do Conde, na Bahia.
Mirian ressaltou algumas especificidades da UNILAB, que atualmente possui cerca de 300 estudantes africanos e 156 estudantes quilombolas indígenas em um universo de 1.087 matriculados. “É uma universidade diferenciada tanto do ponto de vista da sua missão internacional, quanto do ponto de vista do trabalho de abertura que faz nestes municípios do interior. São estudantes que, com certeza, teriam sérias dificuldades de acessar o ensino superior na capital e outras grandes cidades do entorno”.
De acordo com o diretor da UFJF-GV, Peterson Andrade, a segunda rodada do #CampiTalks demonstrou a diversidade dos campi pelo país e os inúmeros problemas enfrentados por cada instituição. “São diretores do país inteiro lutando pelo desenvolvimento das instituições. Através desse debate a gente percebe que nossos problemas são pequenos perto de um campus de Oipapoque da UNIFAP, por exemplo, que fica a mais de 500km do campus sede, dos quais 110 são de estrada de terra. Então muitas vezes percebemos que nossos problemas são pequenos perto da realidade de outros colegas”.
Participaram da segunda rodada do #CampiTalks representantes das seguintes instituições: UFJF, UFSB, UFPR, UNILAB, UNIFAP, UFOB, Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG) e Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
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Próximo debate tem data marcada
A terceira edição do #CampiTalks tem data e horário marcados. No dia 28 de julho, a partir das 15h, a discussão terá como tema “As oportunidades de parcerias entre os campi universitários e prefeituras municipais”.
Participarão dessa atividade o professor da UFJF-GV e Secretário de Desenvolvimento de Governador Valadares, Hilton Manoel; e o diretor de Desenvolvimento e Integração dos campi da UFPR, professor Helton José Alves.
A atividade será mediada pelo professor Marcos Bernardes, decano do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências do campus Sosígenes Costa da UFSB; e pela professora Marcella Costa Radael, diretora do campus Monte Alegre da UFOPA.
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