Veículo: Resumo PB
Editoria: Saúde
Data: 19/06/2020
Título: “Número real de casos de covid-19 no Brasil chega a 8 milhões, diz estudo”
O Brasil foi o segundo país do mundo a ultrapassar a marca de 1 milhão de casos confirmados do novo coronavírus, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que já superaram os 2 milhões de contaminados.
Em 26 de fevereiro, quando o primeiro caso foi confirmado por aqui, havia duas orientações centrais da Organização Mundial da Saúde para enfrentar o avanço do vírus: ampliar a capacidade de testagem da população, aliada a uma política contundente de isolamento social.
Ao longo dos meses, nenhuma das duas estratégias foi implementada com sucesso em todo o país, e o aguardado pico da pandemia, hoje esperado para o fim de julho, é adiado a cada mês pelas autoridades de saúde. Foram três meses para o país chegar a 500 mil casos, no dia 31 de maio. Menos de um mês depois, este número dobrou.
Desde o início deste mês, o país vem registrando uma média diária de 25 mil novos casos da doença. Por si só, os números já são preocupantes, mas as pesquisas científicas que têm sido feitas apontam para uma realidade ainda mais dura – tanto em casos quanto em mortes.
Casos
De acordo com um modelo matemático desenvolvido na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, rodado na semana passada, quando o acumulado estava em torno de 900 mil, os números da pandemia são em média nove vezes o notificado e já chegam a 8 milhões de casos confirmados da covid-19, contando os assintomáticos, o que representa 4% da população do país.
“A primeira vez que rodamos a equação, em março, a subnotificação estava em 12 vezes. Até o início de junho, houve uma pequena ampliação na testagem, o que reduziu essa diferença para uma média de nove vezes”, diz Rodrigo Weber, pesquisador do Departamento de Ciência da Computação da UFJF.
Para chegar ao número aproximado de doentes, os pesquisadores usaram um modelo computacional que comparou os números de infectados e mortos do Brasil com Coreia do Sul e Itália, escolhidos por terem uma política de testagem consolidada.
Dados recentes do Ministério da Saúde, de 4 de junho, apontam para a realização de 1,08 milhão de testes desde o início da pandemia, uma média de 8,7 mil exames por milhão de habitante. Na Coreia do Sul esse índice é de 22 mil (mais que o dobro) e na Itália, 80 mil (quase 10 vezes).
A pesquisa da UFJF foi publicada na revista cientifica “Chaos, Solitons & Fractals” e chegou até a Agência Brasileira de Investigação, a Abin, que tem utilizado as projeções do estudo em um grupo de trabalho interdisciplinar que avalia o avanço da covid-19 no Brasil.
A ausência de uma política de testagem em massa significa que o país segue navegando às cegas em meio à maior pandemia deste século, que já vitimou quase meio milhão de pessoas no mundo. Apesar da doença seguir avançando, os estados também estão em processo de flexibilização das medidas de isolamento social, o que eleva o risco de novos surtos de infecção.
“Para fazer uma testagem mais ampla, é preciso envolver a atenção básica, as Unidades Básicas de Saúde, que existem em diversos bairros do Brasil. Os agentes de saúde também poderiam fazer visitas nas casas para orientar os moradores, mas não há previsão de nada disso”, diz Ana Freitas, médica sanitarista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
Mortes incógnitas
Os dados disponíveis também indicam que o número de mortes pela covid-19 no país, que atualmente se aproximam de 50 mil, são provavelmente muito superiores.
Quando um brasileiro internado morre no hospital, o médico responsável é obrigado a sinalizar a causa da morte no atestado de óbito — sem esse documento, não há liberação para o enterro. No país, a classificação para vítimas de doenças respiratórias é denominada de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o que inclui as categorias de vírus gripais, como influenza A e B, e agora conta também com o Sars-CoV-2, o causador da covid-19.
A diretriz nacional atualmente em vigor só autoriza especificar o vírus causador se houver confirmação de exame laboratorial, limitando a possibilidade de o médico estabelecer a causa apenas pelo conjunto de sintomas.
O atraso e limitação da realização de testes para o novo coronavírus no país também significa, portanto, um atraso e limitação na identificação de vítimas da doença. Sem a possibilidade de confirmar o vírus, a vítima entra na estatística da SRAG por causa indeterminada.
De acordo com a plataforma InfoGripe, que é gerenciada pela Fiocruz, desde a semana oito deste ano, quando os primeiros casos da covid-19 foram registrados, houve uma explosão de óbitos classificados como SRAG por causa indeterminada.
Segundo análise feita pela EXAME, nessas 16 semanas, encerradas em 12 de junho, o país soma 34 mil mortes por doenças respiratórias não conhecidas, uma média de 2 mil vítimas por semana.
Para infectologistas ouvidos pela reportagem, o aumento dos registros está diretamente ligado ao avanço da pandemia, já que no mesmo período do ano passado, a média de mortes não chega a 300 por semana.
“Existe uma série de justificativas quando uma pessoa vai à óbito por razões respiratórias e não há classificação específica da causa da morte, como uma coleta inadequada do material, um teste inconclusivo em que não há mais amostras, ou até mesmo uma morte inesperada em que não houve coleta”, diz o médico Antonio Carlos, da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Projeção para o futuro
Além da falta de testes, e de estarmos há mais de um mês com um ministro “interino” da Saúde, há outro agravante para prever quando a curva de casos e mortes diárias entrará em queda: o fato de o Brasil ser um país continental.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, da semana encerrada em 5 de junho para a semana encerrada em 12 junho, houve um aumento de apenas 2% nos registros de novos casos, 177.668 contra 174.406, respectivamente. No entanto, a própria pasta evita falar em uma tendência de estabilização, porque há regiões do país que ainda estão com números em ascensão.
É o caso de Minas Gerais, por exemplo, que tentou colocar em prática um plano de reabertura da economia, mas precisou voltar atrás e agora avalia decretar lockdown, segundo informou nesta sexta-feira, 19, o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, em entrevista ao Estado de Minas. Em um mês, Belo Horizonte, a capital mineira, saltou de 40% de ocupação de leitos de UTI para 80%.
Outra preocupação de autoridades mineiras é o avanço da covid-19 para o interior. Segundo um levantamento do projeto Coronavírus-MG, em menos de um mês o número de mortes provocadas pela pandemia quase triplicou fora da região metropolitana, saltando de 121 óbitos em 19 de maio para 336, no último dia 16.
Na última quarta-feira, 17, o diretor executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), Michael Ryan, disse que há sinais de contenção da pandemia por aqui, mas recomenda cautela. “Já vimos isso acontecer antes. Pode haver sinais de estabilização por uns dias e a doença voltar a decolar”.
Em comparação com outros países, a situação brasileira é dramática. A Europa que registrou casos cerca de três semanas antes do Brasil, já está em processo amplo de reabertura, com expectativa de liberação das fronteiras internas do bloco europeu já em 1º de julho. Em meados de maio, Itália e Espanha, os dois países mais afetados, já registravam queda nos casos diários da covid-19.
Nos EUA, onde a pandemia também dura mais tempo do que em outros lugares, a tendência de diminuição no número de casos tem sido observada na última semana, ainda que haja preocupação com novos focos e mudança no perfil de regiões mais afetadas.
Já países como Índia e México observam os índices crescerem a cada dia, com a reabertura gradual da economia. Tal qual no Brasil, em ambos os países estima-se que o número de contágio seja bem maior que o registrado, dado o baixo número de exames realizados.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Educação
Data: 19/06/2020
Título: “MEC autoriza aulas on-line no ensino superior até dezembro”
Documento prevê, ainda, que as instituições podem suspender as atividades acadêmicas presenciais pelo mesmo prazo, mas elas deverão ser ‘integralmente repostas’ quando for seguro voltar às aulas presenciais
Portaria do Ministério da Educação (MEC), publicada no Diário Oficial da União, nesta quarta-feira (17), estende a autorização de aulas a distância em instituições federais de ensino superior até 31 de dezembro de 2020. O documento, motivado pelas medidas de contenção à pandemia de Covid-19, autoriza, em caráter excepcional, a substituição das disciplinas presenciais, em cursos regularmente autorizados, por atividades letivas que utilizem recursos educacionais digitais, tecnologias de informação e comunicação ou outros meios convencionais, por instituição de educação superior integrante do sistema federal de ensino.
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) informou à Tribuna, nesta quinta (18), que mantém sua posição, mesmo com a nova portaria. Conforme a instituição, foram formadas diversas comissões pelo Conselho Superior, que, neste momento, estão discutindo alternativas. Além disso, a UFJF afirma que aguarda as conclusões sobre o diagnóstico das condições de acesso digital, para que possa, posteriormente, por meio de decisões dos colegiados e do Conselho Superior, tomar uma decisão.
Conforme a portaria do MEC, será de responsabilidade das instituições a definição dos componentes curriculares que serão substituídos, a disponibilização de recursos aos alunos que permitam o acompanhamento das atividades letivas ofertadas, bem como a realização de avaliações durante o período da autorização. Também flexibiliza os estágios e as práticas em laboratório, que podem ser feitos a distância neste período, exceto nos cursos da área de saúde.
Em março, o MEC já havia publicado a primeira portaria que trata sobre o tema com validade de 30 dias, sendo essa a terceira vez que o prazo é prorrogado. Porém, dessa vez, a autorização para aulas on-line é estendida até o fim de 2020.
O documento prevê ainda que as instituições podem suspender as atividades acadêmicas presenciais pelo mesmo prazo, mas elas deverão ser “integralmente repostas” quando for seguro voltar ao ensino presencial. Com a nova portaria, as instituições de ensino superior podem efetivar seus planos pedagógicos com o ensino híbrido e implantar inovações educacionais e tecnológicas.
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Cidade
Data: 19/06/2020
Título: “Sindicato denuncia baixa testagem de Covid-19 entre profissionais de saúde de Juiz de Fora”
Trabalhadores de hospitais ouvidos pelo MG2 contaram que apenas quem está com sintomas é testado, o que pode gerar risco de contaminação aos pacientes.
O Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Juiz de Fora recebeu diversas denúncias de profissionais da saúde da rede pública e privada relatando a baixa testagem de Covid-19 entre os funcionários.
Conforme apurado pelo MG2, apenas colaboradores que apresentam sintomas são testados.
“Temos pedido fiscalização, temos intercedido entre as empresas e estamos preocupados com o baixo número de teste de profissionais de saúde, até porque em uma pandemia os profissionais são fundamentais neste combate”, relatou o presidente do sindicato, Anderson Stehling.
Os hospitais citados pelo sindicato são o Albert Sabin e a Santa Casa de Misericórdia, que foram procurados pela reportagem (Veja abaixo).
Profissionais de saúde que não quiseram ser identificados contaram à TV Integração que estão preocupados com a baixa testagem.
“Nós temos família, alguns têm filhos, muitos têm familiares que se enquadram no grupo de risco. E quando a gente vai questionar sobre testar os funcionários, eles alegam que se não tivermos sintomas, não tem porque fazer o teste. Sendo que três funcionários do mesmo plantão positivaram o exame”, relatou uma das trabalhadoras.
“Tem muito paciente internado com Covid -19 no hospital. O grande problema dos hospitais é o que o paciente interna com uma patologia e vai descobrir depois que está com Covid. Aí, todo mundo já teve contato com esse paciente. Só são testados funcionários com sintomas. Os funcionários que não tem sintomas não são testados no hospital. Os funcionários que têm condições de pagar, estão pagando para fazer o teste”, afirmou outro profissional ouvido pela reportagem.
Os trabalhadores também relataram a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados, como a falta da máscara face shield, que cobre todo o rosto e capote hospitalar. “O capote que o hospital disponibiliza para nós é uma capa de chuva que não cobre nosso braço todo”, revelou uma das profissionais de saúde.
Testes
Desde o início da pandemia, a Prefeitura de Juiz de Fora realizou cerca de 1.500 testes nos laboratórios da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O público específico para o exame são os profissionais de saúde, mas apenas aqueles que apresentam sintomas, pacientes internados nos leitos destinados à Covid-19 e servidores da limpeza, segurança e saneamento do município.
Uma das alternativas encontradas pelos profissionais e à população em geral é a realização dos testes em laboratórios particulares. O G1 mostrou em abril que o preço médio destes exames na cidade é R$300.
No laboratório particular procurado pela reportagem do MG2, a procura por testes aumentou. São realizadas 400 testagens por dia, do tipo RT-PCR, que detecta com precisão a presença do novo coronavírus.
“A gente saiu de algo em torno de 15% de positivo e chegamos a 30% de pacientes positivos. Desses 30%, muitos são assintomáticos, que têm a capacidade de transmissão. Então é muito importante as pessoas se resguardarem e passarem pelo exame para conseguir rastrear e garantir o isolamento”, contou a bióloga geneticista, Isabella Barreto, que trabalha no laboratório.
O que dizem os hospitais
Em nota, a Santa Casa de Misericórdia informou que a testagem dos colaboradores é feita de acordo com protocolos internos e que se reserva no direito de manter em sigilo o número de testes realizados e profissionais acometidos pela doença.
O G1 procurou o Hospital Albert Sabin, que informou que irá enviar à imprensa uma nota sobre o assunto ainda nesta sexta-feira.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que a parceria com a UFJF garante a testagem de profissionais sintomáticos, entre o terceiro e o 10º dia; os pacientes em leitos para Covid-19, pactuados com o município; os que são atendidos pela rede básica, em situação de vulnerabilidade e servidores da segurança publica, do Demlurb e da Cesama.
Na próxima semana, a previsão é que esse público seja ampliado, e que pessoas com idade acima de 20 anos, com sintomas da doença, passem a ser selecionados para realizar o exame.
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Saúde
Data: 19/06/2020
Título: “Pesquisadores da UFJF desenvolvem ventilador pulmonar para tratar Covid-19”
Projeto está em fase de testes de desenvolvimento e elaboração de design; veja como funciona.
Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) desenvolvem um modelo de ventilador mecânico específico para a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (ARDS), que acomete pacientes com a Covid-19 em estado moderado e grave.
O Ventilador Mecânico Eletropneumático Simples (VMEPS), como foi denominado, foi desenvolvido por uma equipe da UFJF em parceria com profissionais de instituições de ensino e de saúde, ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o projeto é coordenado pelo professor Pedro Almeida e está em fase de testes de desenvolvimento e elaboração de design.
Os pesquisadores também contam com o auxílio do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt) da UFJF, para a transferência da tecnologia do projeto, e da empresa local Protmat, para a aceleração do desenvolvimento do modelo.
Ventilador mecânico
Segundo o professor da Faculdade de Engenharia, Exuperry Costa, “as inovações do projeto estão no desenvolvimento de sensoriamento e atuação mais avançados em relação a alguns modelos emergenciais, com um custo mais competitivo do que o observado em modelos comerciais de mesma capacidade”.
De acordo com o pesquisador, este foco do ventilador mecânico simplifica a construção desse aparelho específico, aumenta a velocidade de fabricação e prioriza a indústria nacional, demonstrando os resultados de pesquisas emergenciais desenvolvidas na universidade pública.
“Várias iniciativas de respiradores emergenciais são baseadas na automatização de uma bolsa de reanimação manual devido ao baixo custo. Nossa iniciativa, por outro lado, é baseada em pneumática, utilizando das linhas de oxigênio e ar hospitalar comumente disponíveis nos leitos de hospital”.
Outro fator agravante, como destaca a equipe de pesquisadores, “é o custo elevado dos ventiladores mecânicos que, em parte, pode ser justificado pela flexibilidade desses aparelhos: o modelo comercial atende vários sintomas pulmonares causados por diferentes cenários e enfermidades, não limitando-se às exigências de tratamento da Covid-19”.
O modelo proposto pelos pesquisadores é compatível somente com as necessidades do suporte ventilatório de pacientes com Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo.
“Todos temos que ser criativos para enfrentar esses desafios, no âmbito público e privado. Nós, na UFJF, estamos nos esforçando bastante para entregar para sociedade respostas a esses desafios. Estamos desenvolvendo várias técnicas e equipamentos, oferecendo auxílio às pessoas, produzindo álcool gel, insumos de higiene. Outros grupos estão realizando a testagem de Covid-19 em nossos laboratórios, o que aumentou a capacidade da cidade”, finalizou o professor Exuperry Costa.
Outros projetos
Durante a pandemia do novo coronavírus, o G1 mostrou outros projetos realizados na instituição. Em março, pesquisadores da UFJF desenvolveram uma viseira de proteção contra o coronavírus.
Já em abril, a Prefeitura e a Universidade firmaram uma parceria para reduzir os impactos do coronavírus na cidade.
Em maio, dois laboratórios da UFJF receberam o certificado de qualidade da Fundação Ezequiel Dias (Funed), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Atualmente, a instituição realiza testes da doença.
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Veículo: Revista Fórum
Editoria: Saúde
Data: 19/06/2020
Título: “Projeção que calcula subnotificações estima que Brasil já teria superado os 8 milhões de casos de coronavírus”
Segundo modelo matemático da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), casos não comprovados por falta de teste ou registrados como “doença respiratória desconhecida” podem ser até 9 vezes maiores que os oficiais
Os números oficiais dizem que o Brasil acaba de superar a marca de um milhão de contagiados pelo novo coronavírus, mas a subnotificação é uma realidade dada como certa por todos os especialistas no país, e cuja dimensão alguns tentam imaginar.
A partir desses números oficiais, o país é o segundo do mundo com mais casos, atrás apenas dos Estados Unidos, que têm 2,2 milhões de infectados. Porém, se considerados os casos que não foram comprovados por falta de testes, ou que foram registrados como “doença respiratória desconhecida”, se estima que os números brasileiros superariam por muito os norte-americanos.
Baseado em um modelo matemático desenvolvido na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, se suspeita que os números da pandemia no Brasil seriam até nove vezes mais que o registrado oficialmente, o que levaria a um total de casos de covid-19 superior a 8 milhões, o que representa cerca de 4% da população.
“A primeira vez que rodamos a equação, em março, a subnotificação estava em 12 vezes. Até o início de junho, houve uma pequena ampliação na testagem, o que reduziu essa diferença para uma média de nove vezes”, explica o pesquisador Rodrigo Weber, do Departamento de Ciência da Computação da UFJF.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil realiza uma média de 8,7 mil de testes de covid-19 para cada milhão de habitantes – o que daria um total aproximado de 1,08 milhão de testes desde o início da pandemia. Como comparação, a Coreia do Sul faz 22 mil testes para cada milhão de habitantes, e a Itália 80 mil.
“Para fazer uma testagem mais ampla, é preciso envolver a atenção básica, as Unidades Básicas de Saúde, que existem em diversos bairros do Brasil. Os agentes de saúde também poderiam fazer visitas nas casas para orientar os moradores, mas não há previsão de nada disso”, reclamou a médica sanitarista Ana Freitas, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.
O número de mortes, que oficialmente é de pouco mais de 48 mil até agora, também seria muito maior se considerada a subnotificação.
Segundo análise feita pela revista Exame, o Brasil teria cerca de 2 mil óbitos por semana descritos como casos de “doença respiratória desconhecida”, o que permite especular com um total de mais de 30 mil mortes acima do número oficial, nas cerca de 15 semanas desde que se sabe da chegada do vírus ao país.
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Veículo: Brasil 247
Editoria: Brasil
Data: 19/06/2020
Título: “Pesquisadora do trabalho apoia greve dos entregadores e atesta piora nas condições da atividade”
Paulo Lima, (31 anos) e seus colegas de atividades, os entregadores, costumam rodar mais de 12h por dia levando comidas que exalam o cheiro dos pratos que ele não vai comer. No final do mês, o que ganham nunca atinge o salário mínimo estabelecido (R$ 1.045,00) e o tempo à disposição para ser chamado costuma ser maior que o preenchido pelas corridas. Enquanto aguarda ser um da lista a ser acionado, dependem de favor nos bares e lanchonetes para usar o banheiro e compram água, se quiserem matar a sede.
Por essas e outras foi que no dia 7 de junho, participando da manifestação antirracista e antifascista “Vidas Negras Importam”, no Largo da Batata (Centro-SP), acompanhado apenas de mais 10 colegas, Paulo desinibiu-se. Botou a boca no mundo. Pediu a palavra e assombrou os presentes com sua voz possante: “A minha luta para a gente construir esses entregadores antifascistas, para a gente poder lutar por uma alimentação, por um café da manhã, um almoço e uma janta tem sido tão difícil, companheiros, que vocês não têm noção. Ninguém aqui é empreendedor de porra nenhuma. Nóis é força de trabalho nessa porra!”
Há que deixar registrado. O palavrão, neste caso, é justo. Levar esta vida para receber em torno de R$ 930,00 por mês não deve ser fácil. Todas as suas dificuldades e angústias gritadas ao microfone, com o punho esquerdo cerrado, fizeram eco. Hoje ele lidera o movimento “Entregadores Antifascistas” e vai puxar, com os companheiros, no dia 1 de julho, uma paralisação que em plena pandemia – quando tudo é pedido pelo celular –, fará diferença.
É o que atesta a pesquisadora Ana Claudia Moreira Cardoso, professora visitante no ICH/ UFJF, doutora em cotutela entre o Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo – USP e a Universidade de Paris, em Ciência Política. Ana Claudia pesquisou no Centre de Recherche Sociologique et Politique de Paris e trabalhou no DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), atuando como formadora sindical e, também, como professora na Faculdade do DIEESE de Ciências do Trabalho.
A pesquisa em que vem trabalhando, sob o título: as “Condições de Trabalho em empresas de Plataforma Digital: os entregadores por aplicativo durante a Covid-19”, realizada pelo Grupo de Trabalho Digital da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (REMIR), observou nos últimos três meses o cotidiano dos que se dedicam a esta atividade. O primeiro relatório técnico já apontou uma piora significativa nas condições enfrentadas pelos entregadores e atestou como justas as principais reivindicações do movimento: a responsabilização das empresas frente à segurança e à saúde deles durante a pandemia, o fim dos desligamentos injustificados, melhores remunerações e melhores condições de trabalho. Os trabalhadores reivindicam também um aumento no pagamento das corridas e da taxa mínima das entregas, seguro de vida, cobertura contra roubos e acidentes, além de um voucher para compra de equipamentos de proteção individual.
247 – A partir das suas pesquisas, que ponto você identifica como o de maior motivação para levar os entregadores à greve?
A pesquisa nacional que realizamos com os entregadores no contexto da pandemia, assim como outras pesquisas já realizadas tanto com entregadores como com os motoristas via plataforma digital, mostra que a questão central tem sido o rendimento. Ausência de reajuste das taxas há mais de três anos e, no contexto da pandemia, quase 50% dos entrevistados disseram que nos grupos de whats de que participam há muitos relatos sobre a redução dos períodos de tarifa dinâmica. O segundo ponto são as suspensões. Este também é um problema que aparece tanto para entregadores como motoristas via plataforma. A empresa suspende o trabalhador e não informa o motivo. O trabalhador fica sem ter como contra-argumentar se a causa da suspensão é justa ou não. Sem contar que essas plataformas de trabalho não têm meios para que os trabalhadores possam perguntar algo e, com a pandemia, os poucos escritórios estão fechados. Por isso mesmo esses são pontos cruciais da pauta da categoria.
247 – Com que nível de mobilização eles estão chegando a esta paralisação?
Isso é muito difícil dizer. O que verificamos é que, considerando as mobilizações que eles fizeram ao longo dos meses de abril e maio, essa parece estar mais organizada. O que é natural. Cada evento é um aprendizado para que observem os erros e acertos das paralisações passadas. O que eu também noto de diferente é que a sociedade e a imprensa estão dando mais atenção a esta greve, o que contribui para o seu sucesso. Ao mesmo tempo, sabemos que há muito medo por parte desses trabalhadores de ficarem suspensos ou serem eliminados (demitidos) em função da participação no evento. Afinal, como sabemos, as empresas têm um controle extremo sobre tudo o que esses trabalhadores fazem e em qual momento.
247 – Você acredita que a greve atingirá todos os estados, ou quais os locais onde o movimento está mais forte?
Do que tenho acompanhado nos grupos de Whatzapp dos entregadores e das notícias que têm saído na mídia, me parece que ela atingirá muitos Estados. Não saberia precisar quais, agora.
247 – É possível pressionar um segmento de empresários com os quais não se tem vínculo empregatício, em uma época em que sobram dificuldades e faltam empregos?
Sim, sempre é possível lutar e pressionar, mesmo que seja mais difícil. E, neste caso, a dificuldade está no fato de se tratar de uma nova lógica de trabalho na qual esses trabalhadores não estão todos reunidos no mesmo local. Mas por estarem todos conectados, isto possibilita outras formas de organização e de mobilização. O medo, como disse anteriormente, pode fazer com que muitos deixem de participar da greve. Além disso, há os que se aproveitarão da paralisação para, nesse momento em que muitos não trabalharão, ganharem um pouco mais de dinheiro.
Daí a extrema importância da participação da sociedade nesse movimento. Como? Não fazendo pedidos nesse dia, entrando no site das empresas e deixando seus comentários. Para essas empresas, a ação e reação dos consumidores é muito importante. Por isso mesmo os grandes investimentos em propaganda dizendo que elas são maravilhosas etc.
Aliás, é interessante notar que essas plataformas nunca se colocam como empregadores, mas são elas a definirem tudo – o trabalhador que pode entrar, o que irá sair, os valores, os tempos. Sem contar que elas é que fazem a relação inicial com o cliente. Logo, trata-se de uma relação de emprego como outra qualquer. A diferença é que hoje temos uma tecnologia que possibilita o controle extremo do trabalho, mesmo a distância.
247 – Que meios, além das redes sociais, eles estão usando para mobilizar os entregadores? Há uma expectativa positiva para a greve? Ou ela será apenas um pontapé para a consolidação do movimento?
As redes sociais são os espaços prioritários, com lives, vídeos endereçados aos entregadores, mas também aos consumidores. Toda articulação e toda a ação são partes da consolidação de um movimento mais robusto e mais forte. Sempre foi assim, deste a revolução industrial. A grande questão que eu tenho conversado com os entregadores é que muitos se apropriaram do discurso neoliberal que menospreza, e mesmo destrói, as instituições que defendem os trabalhadores (sim, mas eles não destroem aquelas que defendem o capital, claro). E muitos acabam comprando essa ideologia e dizem que s]ao contra sindicatos, legislação etc. Outros, já conseguem perceber que isso é apenas uma armadilha para reduzir o poder coletivo dos trabalhadores.
247 – O que esperar como resultado?
– Acho que temos que pensar no processo e no resultado como um processo de aprendizado de luta, de discussões e de organização. No que se refere aos resultados da greve, esses dependerão da ação dos trabalhadores (e vemos que há centrais sindicais e sindicatos que já manifestaram apoio). Há também o apoio de instituições como o Ministério Público, que tem tido um papel de destaque na defesa desses trabalhadores. O que se espera da sociedade é que ela não aceite que essa forma de trabalho continue a se expandir. Do contrário, outras categorias profissionais serão “precarizadas”. Na academia o papel será mostrar a partir das pesquisas a precariedade e a insegurança dessa relação totalmente desigual de trabalho.
247 – Quais os resultados mais gritantes da pesquisa que apontam para a exploração do setor?
“Os resultados revelados apontam para a manutenção de longos tempos de trabalho, associado à queda da remuneração desses trabalhadores* que hoje arriscam sua saúde e a de suas famílias, no desempenho de um serviço essencial para a população brasileira, ao contribuírem para a implementação e a manutenção do isolamento social no contexto da pandemia. Em relação às medidas de proteção, os trabalhadores as vêm tomando e custeando por conta própria. A grande maioria dos entrevistados afirmou adotar uma ou mais medidas de proteção na execução de seu trabalho, enquanto as medidas adotadas pelas empresas concentram-se apenas na prestação de orientações”.
*De acordo com a pesquisa do REMIR, a remuneração dos entregadores sofreu alterações muito significativas. Os dados apontam que antes da pandemia aproximadamente 50% dos participantes recebiam até R$ 520,00 semanais. Ainda durante a pandemia, houve aumento em 100% dos que recebem menos do que R$260 por semana e, por outro lado, redução para em torno de 25% os que auferem rendimento maior que R$ 520,00 semanais. Finalmente, quase 50% apontaram uma queda no bônus concedido pelas empresas-plataforma de entrega.
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Veículo: Estratégia Concursos
Editoria: Educação
Data: 19/06/2020
Link: https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/ufjf-ufsm-ufabc-ufsj-validade-concursos/
Título: “UFJF, UFSM, UFABC e UFSJ suspendem validade de seus concursos!”
Nesta sexta-feira, 19 de junho, foi publicado no Diário Oficial da União que, em obediência à LC 173/2020, que estabeleceu o Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus (Covid19), as Universidades Federais de São João del Rei; do ABC; de Juiz de Fora e de Santa Maria suspenderam o prazo de validade de seus concursos já realizados e homologados.
Neste artigo você saberá quais editais de quais certames foram impactados pela medida.
Universidade Federal de Juiz de Fora
Por meio da Portaria/SEI n.º 755 de 15 de junho de 2020, a Pró-Reitora de Gestão de Pessoas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), determinou a suspensão dos prazos de validade de diversos concursos públicos para:
- A Carreira do Magistério Superior;
- A Carreira do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico;
- Cargos de Técnico Administrativo em Educação.
A suspensão se dará do dia 20 de março de 2020, data de publicação do Decreto Legislativo n° 6 de 2020, até o término da vigência do estado de calamidade pública estabelecido pela União.
Clique aqui e veja as tabelas completas dos editais envolvidos.
Universidade Federal de Santa Maria
Por meio do Edital n.º 47, de 17 de junho de 2020, o reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Paulo Afonso Burmann, suspendeu os prazos de validade de todos os concursos públicos e processos seletivos simplificados que já haviam sido homologados em 20 de março de 2020.
Os prazos suspensos voltarão a correr a partir do término do período de calamidade pública estabelecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.
Veja aqui e publicação na íntegra.
Universidade Federal do ABC
O Reitor da Fundação Universidade Federal do ABC (UFABC), publicou o Edital n.º 65 de 17 de junho de 2020, no qual suspende as validades dos concursos públicos na Universidade Federal do ABC para provimento de cargos de Docentes – Professor Adjunto e Técnicos Administrativos.
A suspensão se dará até o término do estado de calamidade pública estabelecido pela União, em virtude da pandemia do novo coronavírus – Covid-19. Após o término desse período, os prazos suspensos serão restabelecidos.
Clique aqui e acesse os editais envolvidos.
Universidade Federal de São João Del Rei
EDITAL DE 18 DE JUNHO DE 2020
A Pró-Reitora de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas da Universidade Federal de São João del-Rei, por meio do Edital de 18 de junho de 2020, comunicou a suspensão dos prazos de validade dos concursos públicos e processos seletivos simplificados já homologados em 20 de março de 2020.
Os prazos suspensos voltarão a correr a partir do término do período de calamidade pública estabelecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020.
A relação dos concursos para diversos cargos cuja validade está suspensa, você descobre clicando aqui.
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