O programa de extensão Encontros Temáticos da Comunidade Negra, irá promover nesta segunda-feira, 25, às 17h, uma conversa sobre a presença de negros e negras na Universidade. Para participar, é necessário se cadastrar na plataforma RNP, pela qual o evento será transmitido. O encontro marca o Dia Mundial da África e conta com a mediação do professor e diretor de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Julvan Moreira.
Segundo o diretor, o objetivo da iniciativa é atingir o máximo de estudantes das escolas públicas de Juiz de Fora, sendo aberta a participação de qualquer interessado em discutir a situação da população negra no município. A política de cotas existe na UFJF desde 2004, mas ainda há necessidade de uma maior divulgação entre os alunos das escolas públicas de ensino médio. “É também preciso preencher as vagas destinadas aos estudantes cotistas negros em todos os cursos, mas especialmente nos cursos em que a presença de estudantes negros é ainda baixa, como Medicina, Odontologia, Veterinária, Direito e Engenharias”.
Outro ponto a ser levantado no evento será o crescimento, nos últimos anos, de denúncias de fraudes no sistema de cotas. “O próprio silenciamento em relação às fraudes se configura por parte das instituições, como um racismo estrutural, que beneficia o infrator branco em detrimento do estudante negro”, explica Moreira.
O projeto busca discutir práticas desenvolvidas por grupos negros para o combate ao racismo cultural no âmbito de Juiz de Fora. Segundo Willian Cruz, professor, e um dos membros da organização, não há como combater a desigualdade racial e o racismo cultural sem valorizar e entender a Lei de Cotas. “Ainda acredito que este assunto é bem atual, principalmente numa sociedade tão complexa e tão dividida quanto a nossa. O debate é sempre salutar.”
A obrigatoriedade de implementação das cotas na Universidades se deu com a Lei nº 12.711, publicada em 2012, decretando que todas as instituições federais de ensino superior devem reservar, no mínimo, 50% das vagas de cada curso técnico e de graduação aos estudantes de escolas públicas. A implementação foi gradativa. “O artigo 8º da Lei das Cotas, diz que as Instituições de Ensino Superior deveriam implementar 25% das vagas a cada ano, devendo preencher toda a cota em quatro anos, o que ocorreu em 2016”, explica Julvan Moreira. Na UFJF o Conselho Superior (Consu) aprovou a reserva de vagas em 2004, oito anos antes da publicação da lei federal.
Uma pesquisa realizada em 2019 pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), apontou que a população negra na UFJF representa 40,3% do total de estudantes. De acordo com o diretor, além do ingresso, também é preciso garantir a permanência desses estudantes na Universidade. “Esse é um grande desafio, pois não basta a entrada. Para isso é necessário pensar políticas inclusivas de assistência estudantil e pedagógicas.”