O anfiteatro das Pró-reitorias tornou-se palco, nesta quinta, 5, para a aula inaugural do primeiro semestre da disciplina Medicina da Mulher, da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A solenidade teve como proposta o compartilhamento de experiências de integrantes da ONG “Médicos sem Fronteiras (MsF)” e o relato de caso de uma estudante que passou pela gestação durante o curso.
O primeiro médico brasileiro a ingressar na equipe do MsF, Paulo Sérgio Leal Reis, compartilhou as vivências, disposto a motivar os estudantes a fazerem parte do time. “Ao participar do Médicos sem Fronteiras, a primeira coisa que reparei foram as diferenças culturais. É preciso aprender a compreender, e aceitar as dissemelhanças. Entender a outra pessoa é fundamental. Apesar de todas essas diferenças, há muitas semelhanças, pois a essência das pessoas é a mesma.”
Reis explicou que há equipamentos bons para a realização do trabalho, mas que, ainda assim, não se comparam aos recursos hospitalares. “É preciso ser um médico versátil, muitas vezes eu pensei que deveria ter estudado mais, pois, nesse ambiente, é preciso se virar, saber e ensinar. Passamos por situações difíceis, mas o que nos motiva é a equipe, que acaba se tornando uma família, e o mais importante é ver o resultado da melhora dos pacientes porque esse é o motivo que nos faz estar no MsF.”
Motivação humanitária
O representante de Recursos Humanos do Médicos sem Fronteiras, Vicente Brison Pires de Souza, explicou sobre a atuação, as experiências e objetivos do programa, que visa atender populações em cenários de crise e atrair a atenção mundial para questões relativas às violações de direitos humanos. Souza apontou que as ações são realizadas de forma estratégica e cuidadosa, baseadas nos pilares de independência, imparcialidade e neutralidade. “Nosso trabalho é voltado para populações de onde acontecem desastres naturais, ausências de acesso a sistemas de saúdes, epidemia e casos de desnutrição e conflitos armados”, explicou.
O MsF está presente em 72 países, possui 36 escritórios e conta com mais de 45 mil profissionais espalhados ao redor do mundo. Segundo Souza, a equipe é dividida em médicos, paramédicos e não médicos, sendo que, para os profissionais da Medicina, são exigidas cada vez mais especializações e preparo para ingressar no programa. “Os critérios comuns para participar do MsF são possuir diploma universitário; motivação humanitária; fluência em inglês ou francês; flexibilidade, adaptabilidade e sociabilidade; facilidade e interesse em trabalhar e viver em equipes multidisciplinares; capacidade de trabalhar sob estresse, grande carga de trabalho e viver em condições difíceis; além de estar em boas condições físicas e psíquicas.”
Empatia
Para discutir sobre as diversas realidades encontradas durante a gravidez, a estudante do 12º período de Medicina, Geissy Karla, contou parte da sua história durante a gestação e abordou a importância da empatia, da compreensão e do entendimento cultural carregado pelas pacientes. “Para vocês que estão entrando na área, é preciso entender a cultura da pessoa que está sendo atendida. Por isso, é necessário, treinar a empatia ouvindo as pessoas. O paciente necessita do apoio de vocês. Aproveitem a matéria, aprendam com os professores, ouçam os pacientes e façam o melhor para aquele momento.”
Medicina da Mulher
O coordenador da disciplina de Medicina da Mulher, Henrique Diório de Souza, reiterou sobre a importância da obstetrícia na prática médica. “A cada semestre convidamos pessoas exemplares para abrir a aula inaugural. Nessa edição convidamos os representantes do Médicos Sem Fronteiras. Espero que os alunos aproveitem bastante a disciplina e o encanto oferecido pela obstetrícia.”