A parceria entre a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) com as universidades alemãs de Düsseldorf e Leipzig foi renovada para mais dois anos de cooperação. Destinada aos alunos de doutorado sanduíche e pós-doutorado, as quatro bolsas do projeto continuam a consolidar a rede colaborativa internacional de linguística computacional, a Global FrameNet. A equipe do laboratório que representa o Programa de Pós-graduação em Linguística da UFJF nesta parceria, o FrameNet Brasil, tem ainda mais motivos de orgulho: entre as instituições de ensino de todo o país, o projeto renovado foi um dos dois mantidos na área de Letras e Linguística.
Segundo o edital de financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Deutscher Akademischer Austauschdienst (DAAD), a maior organização alemã no campo de intercâmbio acadêmico, o projeto está entre os 16 renovados até 2021. O edital realizou o corte de 14 dos 30 programas que contavam com auxílio até o ano passado.
O coordenador do projeto de pesquisa e líder do FrameNet Brasil, Tiago Timponi Torrent, destaca o envolvimento multidisciplinar e as parcerias externas como fundamentais para os avanços positivos. “A pesquisa em tecnologia linguística é eminentemente interdisciplinar. Ela envolve, além da pesquisa básica em linguística, a inteligência artificial, as ontologias, a mineração de dados”, exemplifica. “Agora temos caminhado também para o tratamento de objetos multimodais – áudio e vídeo, por exemplo – com a comunicação e os estudos de mídia.”
Rede mundial e projeção no exterior
O Laboratório FrameNet Brasil teve início no ano de 2008, compondo um projeto maior, o FrameNet, sediado em Berkely, na Califórnia. Hoje, a colaboração tornou-se global e a rede conta com um sistema de pesquisas internacionais. A iniciativa na UFJF está relacionada ao desenvolvimento de aplicações, recursos e soluções computacionais para a compreensão da língua natural – ou seja, a linguagem desenvolvida espontaneamente por seres humanos, de forma não premeditada, diferentemente da língua formal.
Torrent afirma que o método de pesquisa baseia-se no modelo computacional de língua da FrameNet, onde cada item linguístico é modelado por um frame. “Um frame é um sistema de conceitos relacionados, uma espécie de cena. Tome a palavra ‘entrevista’, por exemplo. Para compreendê-la, precisamos ativar um frame no qual há um entrevistador, um entrevistado e, adicionalmente, uma mídia, um assunto. O que nós fazemos é modelar frames e associar linguagem a eles, de modo que máquinas possam ‘entender’ os conceitos associados às palavras”, explica o pesquisador.
As conquistas recentes foram muitas. Desde 2016, o Programa de Pós-graduação em Linguística enviou sete bolsistas de doutorado e três de pós-doutorado ao exterior. Dentro da rede mundial, os pesquisadores se reúnem no evento bienal da International FrameNet Workshop – a segunda edição foi realizada em Juiz de Fora. O grupo colabora, ainda, em parceria para publicações de artigos e livros com instituições dos Estados Unidos, Suécia e Alemanha.
O coordenador do projeto relembra que a participação de dois integrantes do FrameNet Brasil no Google Summer of Code, no último ano, ocasionou no recebimento de duas bolsas para que alunos de Ciência da Computação possam desenvolver um software livre para o laboratório. Duas mestrandas trabalham no projeto sobre a mentoria do pesquisador: uma delas na University of Edinburgh; e, a outra, no Indian Institute of Technology Kharagpur. Após o encerramento do programa, Tiago Torrent e Fred Belcavello – doutorando que integra a pesquisa – estiveram na Google Mentors Summit, sediado em Munique, na Alemanha.
Outras informações: Laboratório de Linguística Computacional – FrameNet Brasil