A Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) promove a mesa “15 anos de cotas na UFJF” nesta sexta-feira, dia 29, às 17h30, no Anfiteatro das Pró-reitorias. A atividade, gratuita e aberta ao público, irá encerrar a programação da 2ª Semana da Consciência Negra.
O debate será conduzido pelo diretor da Diaaf, Julvan Moreira de Oliveira, pelo professor Ignácio Delgado e por ex e atuais cotistas da instituição.
“As cotas foram aprovadas na UFJF no ano de 2004, através da Resolução nº 16/2004 do Conselho Universitário (Consu). A decisão pela adoção dessa política de ações afirmativas se baseou num relatório elaborado por uma comissão especial, sob coordenação do professor Ignácio Delgado. Foram dois anos de trabalho até a submissão de uma proposta à instituição”, recorda Oliveira.
Ainda de acordo com o diretor, 24.925 estudantes ingressaram pelas cotas na Universidade. “Esta mesa, nesse sentido, fará uma avaliação da Política de Ações Afirmativas em nossa Instituição e procurará apresentar exemplos de profissionais que cursaram como cotistas na UFJF”, explica.
Oliveira acrescenta que “ações afirmativas são políticas públicas feitas pelo Estado, instituições ou iniciativa privada com o objetivo de corrigir desigualdades presentes na sociedade, acumuladas ao longo do tempo. Uma ação afirmativa busca oferecer igualdade de oportunidades a todas e todos, revertendo representações negativas e combatendo preconceitos e discriminações”.
Por igualdade de oportunidades
A farmacêutica Rosana Maria de Sousa foi uma das primeiras cotistas da UFJF e estará presente no debate desta sexta-feira, 29. A profissional é um dos diversos exemplos da importância da adoção da política afirmativa pela instituição, antes mesmo da entrada em vigor da Lei Federal n° 12.711, de 29 de agosto de 2012.
Rosana ingressou no curso de Farmácia em 2006. “Durante a graduação procurei aproveitar ao máximo as oportunidades. Fiz trabalho voluntário, treinamento profissional e, no meio da faculdade, me vi apaixonada pela área de Atenção Farmacêutica. Fui aprovada no processo seletivo para monitoria nessa área, e comecei a pensar em como ser um boa profissional, indo para esse lado da Atenção”, relata.
À época, a então estudante engajou-se em pesquisa de iniciação científica na área clínico-farmacoterapêutica de pacientes com transtornos de ansiedade e depressão. “Percebi que deveria investir nos estudos sobre farmacologia. Foi aí que resolvi elaborar um projeto voltado para Atenção Farmacêutica na Saúde Mental, que foi meu projeto de Iniciação Científica.”
A afinidade com a pesquisa a fez dar continuidade aos estudos, tendo cursado mestrado, entre os anos de 2012 e 2014, em Farmacologia, na Faculdade de Medicina, na Universidade de São Paulo (USP), com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Através da Iniciação Científica, quis muito dar continuidade a esta linha de pesquisa. Desse modo, no mestrado, me dediquei à neuropsicofarmacologia, ou seja, à pesquisa de substratos neurais envolvidos na ansiedade e na depressão, e modelos comportamentais de ansiedade em animais ”, recorda.
No ano seguinte à conclusão da pós-graduação, Rosana foi aprovada em concurso público no Hospital Universitário (HU) da UFJF, onde é farmacêutica e desenvolve atividades de Farmácia Clínica, sendo preceptora dos acadêmicos do curso de Farmácia e dos Farmacêuticos em curso de Especialização na UFJF.
“Agradeço a política de cotas por me proporcionar a oportunidade de entrar para o mundo acadêmico. O que me faltava era justamente a oportunidade, porque capacidade todos nós temos. É realmente um momento de se comemorar essa conquista, 15 anos da política de cotas, mas é, sobretudo, momento de ficarmos atentos, pois são inúmeros os casos de tentativas de fraude. Muitas pessoas aproveitadoras, querendo usurpar nossos direitos. Sou muito a favor da avaliação por características fenotípicas, na qual o candidato passa por uma banca”, ressalta a farmacêutica.
Bancas de heteroidentificação étnico-racial
Desde o início deste ano, a UFJF adota bancas de heteroidentificação étnico-racial nos programas de ingresso da instituição. A iniciativa tem o objetivo de tornar o processo mais transparente e democrático, evitando possíveis fraudes no sistema de cotas.
De acordo com o diretor de Ações Afirmativas, Julvan Moreira de Oliveira, os integrantes da comissão também recebem formação específica para a atribuição, visando a “garantir que as vagas sejam reservadas realmente aos candidatos que tenham direito”.
Outras informações: (32) 2102-6919 – Diretoria de Ações Afirmativas