Uma aurora de agora? Com este questionamento em mente, alunos da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em conjunto com estudantes do ensino fundamental da Escola Municipal Murilo Mendes, encenam a comédia “A Aurora da Minha vida”, do autor Naum Alves de Souza, no próximo dia 19. A montagem é resultado da Oficina XIII de Estudos Linguísticos – Teatro na Escola, projeto que promove o ensino do texto teatral em salas de aula de ensino fundamental. A peça é gratuita, aberta à comunidade e ocorre no Auditório da Faculdade de Letras, às 17h.

Com ações realizadas na Escola Municipal Murilo Mendes, localizada no bairro Grajaú, o projeto está em seu terceiro semestre e conta com estudantes da Letras para ministrarem aulas com conteúdos que variam de leituras dramáticas a produção textual relacionada ao teatro. A peça é uma montagem da comédia “A Aurora da Minha Vida”, escrita em 1981 no contexto da Ditadura Militar. O texto aborda as mazelas e os desmandos do autoritarismo de uma escola dos anos 1970, discutindo assuntos como o bullying e o assédio no contexto da escola.

A proposta da apresentação é ser um ensaio aberto, dando mais liberdades para que os alunos não se sintam pressionados em encenar a peça. Ela será divida em dois atos, cada um com uma cronologia diferente. Na primeira parte, os estudantes da Escola Murilo Mendes interpretam crianças em idade para cursar o ensino básico; na segunda parte, os alunos da UFJF interpretam alunos no ensino médio.

Professor do departamento de Letras e um dos organizadores da peça, Luiz Fernando Matos Rocha enxerga na peça um espaço de discussão sobre realidades autoritárias cada vez mais presentes. “Tanto a peça quanto a oficina foram pensados para fomentar o pensamento crítico nos alunos da escola. É uma comédia extremamente profunda, provoca um riso que gradativamente vai se transformando em um constrangimento sobre uma realidade que é presente. Queremos potencializar os talentos da escola e as possibilidades comunicativas destes adolescentes.”

O modelo de escola apresentado na peça é constantemente criticado no texto, com uso especial da ironia. “É um modelo de escola que não devemos aceitar nunca mais, por ser excludente e autoritário, visando a formatar padrões alienantes de comportamento. Diferentemente disso, a escola hoje deve ser plural, incluir o respeito às diferenças sociais e subjetivas, contemplar a diversidade e ser representativa de uma construção coletiva. Para além de trabalhar com conteúdos, a escola de hoje, mais do que nunca, deve se pautar pela formação cidadã, fomentando nos discentes e também nos docentes o sentido de responsabilização co-construída pelo ensino e pela aprendizagem”, completa Matos.

Outras informações: (32) 2102-3150 – Faculdade de Letras