Professor Aguinaldo Lima: "O maior risco é não ser transplantado" (Foto: Caique Cahon/UFJF)

Professor Agnaldo Lima: “É um funil. E o mais lamentável é não dar chance a pacientes” (Foto: Caique Cahon/UFJF)

A situação dos processos de transplante de fígado no Brasil e as perspectivas para a área foram tema da palestra de abertura do 4º Congresso de Cirurgia da UFJF, na noite desta sexta-feira, 29, com o médico Agnaldo Soares Lima, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

“Antigamente, quando a atividade de transplante estava começando [o primeiro de fígado no mundo, ocorreu em 1963; e em Minas, se deu em 1989], era mais seguro pegar um doador jovem de 20 a 30 anos de idade, magro, sem muito uso de amina, sem nenhuma infecção. Hoje por necessidade a gente acaba tendo que usar órgãos que tem os critérios de seleção mais estendidos.”

Conforme o professor, entre outros motivos, o risco de rejeição ao órgão  aumenta quando o doador tem mais de 50 anos ou é de sexo oposto ao do paciente. Mas, segundo Lima, após avaliações, o transplante arriscado pode elevar chances de sobrevivência.

“O maior risco é não ser transplantado. Essas doações provaram que podem funcionar, por exemplo, para pacientes que estão com hepatite fulminante e necessitavam de transplante rápido, e, quando feito, o paciente sai bem”, completa Lima, que também é coordenador do Grupo de Transplante do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG.

O processo para a seleção de órgãos para a efetivação de transplantes é longo – de acordo com o professor, são 20 operações por milhão de habitante ao ano, quando são atendidos 400 pacientes. Em Minas Gerais, ainda segundo Lima, não há doadores o suficiente. O processo ainda precisa seguir triagem criteriosa, desde a doação à recepção.

“É um funil. E o mais lamentável é não dar a chance a esses pacientes de serem encaminhados. Muitos morrem em suas pequenas cidades, porque nem sequer são encaminhados para avaliação em um centro padrão”.

Órgão em laboratório
Sobre as perspectivas para a área o médico destaca que o Brasil possui sistema nacional de transplante que funciona, com capitação espalhada no país inteiro, necessitando de mais organização. Outra perspectiva é o uso do chamado “doador de coração parado”, que teve parada cardíaca recente.

“Uma nova fronteira é o uso de máquinas de perfusão para melhorar os órgãos. Também há esperança na produção de fígados em laboratório ou até mesmo na utilização de órgãos de porcos para transplantar em humanos.”

Programação

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Congresso terá curso sobre aparelho que simula cirurgia (Foto: Caique Cahon/UFJF)

Neste sábado, 30, o evento abordará, a partir das 8h30, atualizações sobre transplantes, cirurgia bariátrica e videocirurgia. Das 13h30 às 15h, será oferecido o minicurso: “Simulador Realístico (Centro Cirúrgico Virtual)”. As inscrições podem ser feitas durante as atividades no Hotel Ritz, em Juiz de Fora. Confira a programação completa. 

O 4º Congresso de Cirurgia da UFJF é promovido pela Liga Acadêmica de Cirurgia da Universidade em parceria com o Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Nesta edição, o evento também recebe a 16ª Jornada de Cirurgia da  Regional Zona da Mata.