A pesquisadora Letícia Perani lançou um desafio para alunos de escolas da cidade: desenhar personagens como se eles integrassem o universo dos games. A inspiração deles, por sua vez, foi o impulso para que estudantes do projeto de extensão “Design e Cultura dos Jogos Online”, do Instituto de Artes e Design (IAD), criassem artes baseadas nos desenhos originais dos alunos. Agora, o resultado deste desafio pode ser conferido no Jardim Botânico da UFJF, na exposição “A ciência que fazemos”.
Ao caminhar pelo Orquidário do Jardim, é possível ver desenhos de alunos das Escolas Estaduais Sebastião Patrus de Sousa, Delfim Moreira, Clorindo Burnier e do Colégio Nossa Senhora do Carmo. Ao lado deles, estão as artes finalizadas feitas pelos estudantes da UFJF. Nesta quinta-feira, 24, a turma do 7° ano do Colégio Nossa Senhora do Carmo foi conferir de perto a exposição – que é homônima ao projeto de extensão “A ciência que fazemos”, por meio do qual foi possível a ida da pesquisadora Letícia Perani às escolas.
Realizado pela Coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional da UFJF, o projeto é uma iniciativa que leva pesquisadores da UFJF para conversar com alunos de escolas do ensino básico de Juiz de Fora e região. O objetivo é desmistificar o trabalho feito por pesquisadores e despertar interesse dos alunos para os mais diversos ramos da ciência.
União pela criatividade
Os alunos reuniam-se em massa em volta dos banners da exposição: faziam comentários sobre os desenhos, reconheciam a autoria de alguns e já gritavam o nome do amigo cujo personagem estava ali, exposto para todos verem. “Olha, aquele é o meu desenho”, exclamou Isabel Campos, ao ver sua personagem – a “Deusa do Amor” – e a respectiva reinvenção ao lado. “Eu fico honrada por terem escolhido meu desenho”, reflete. Já Isaac Elias, dono de mais um dos desenhos expostos, escolheu criar um personagem ciborgue. “Ele teve um acidente de carro e teve que ter parte do rosto substituído”, explica.
“É muito gratificante ver o interesse dos jovens pela arte. Isso é o que a gente procura: despertar a criatividade. Este é um dos nossos objetivos nas nossas visitas com o ‘A ciência que fazemos’”, afirma Letícia Perani, a pesquisadora por trás do projeto. Segundo ela, essa exposição também simboliza a valorização do trabalho criativo dos alunos do IAD. “Eles ficam muito felizes ao ver a reação das crianças. É uma demonstração de que o trabalho que eles fazem tem um sentido. A criatividade une as pessoas. A criatividade uniu os alunos das escolas com os estudantes do IAD”, define.
Para a professora de artes do colégio, Flávia Paiva, a interação entre a universidade e as escolas da cidade é fundamental, tanto para os alunos, quanto para os acadêmicos. “Os alunos têm a oportunidade de visualizar a rotina da Universidade e de ver como uma pesquisa é realizada, e os acadêmicos podem ver, na prática, como tudo acontece”, destaca. Além disso, frisa a importância da estimulação da criatividade nas crianças. “Nós notamos a diferença. Isso vai refletir na vida deles como profissionais mais criativos, mais sensíveis, mais atentos ao outro.”
Conhecendo o Jardim Botânico
Já ao chegar no Jardim Botânico, os alunos não conseguiam conter sua animação. Foi só após do “puxão de orelha” de uma das guias – ao lembrar que, no Jardim, deve-se fazer silêncio para que os sons da natureza possam ser ouvidos – que os alunos se acalmaram e começaram a prestar atenção na vastidão e beleza do lugar. Cigarras, passarinhos e os sons do vento batendo nas folhas das árvores dominavam.
Começava uma grande aula fora da escola. Os alunos viajavam pela história daquele espaço e do nosso país. A Mata do Krambeck, onde o Jardim está inserido, carrega o nome de um imigrante alemão, que veio para a região em 1850, o que explica a presença de várias espécies de plantas exóticas. Observando o pau-brasil, os visitantes aprendem sobre a importância da tinta extraída desta árvore para a monarquia portuguesa; já os liquens presentes na vegetação por volta do lago contavam um pouco sobre a qualidade do ar da região, já que são bioindicadores – para se estabelecerem precisam de ar limpo, pois são sensíveis a dióxido de enxofre e radiação.
“Eu nunca tinha vindo aqui, está sendo uma experiência muito legal”, revela a aluna Maria Eduarda Silva sobre a visita ao Jardim Botânico. Sua amiga, a estudante Cíndeli Caetano, completa: “É bom ter uma aula fora de sala, a gente acaba aprendendo mais.”
O professor de ciências Marcílio Almeida acompanhou a visita dos alunos e acredita que essa experiência pode somar ao aprendizado da sala de aula. “Eles acabam testemunhando o conteúdo visto em sala de aula na prática. A teoria, às vezes, eles acabam esquecendo, mas quando visualizam na prática, é algo mais concreto, a fixação fica mais fácil”, aponta. Além disso, também destaca que muito dos conteúdos que ainda não estudaram servirão de referência quando forem apresentados em sala de aula, tornando o aprendizado mais didático.
Exposição “A ciência que fazemos”
Data: 18 de outubro a 16 de dezembro
Funcionamento: Terça a sexta-feira: 8h às 17h / Domingo: 9h às 17h
Local: Orquidário do Jardim Botânico da UFJF
Entrada gratuita até 16h
Informações sobre visitação:
Jardim Botânico da UFJF