Quando observamos uma colônia de formigas na infância, a ordem dos insetos pode fazer com que questionemos o funcionamento do formigueiro. Na primeira vez que observamos uma estrela cadente, podemos perguntar o motivo do seu movimento. Várias outras primeiras experiências são seguidas de questionamentos. “Quando você pergunta muita coisa, você já é cientista”: foi assim que a professora do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jacy Gameiro, começou a conversa com os alunos do 6º e 7º anos da Escola Municipal João Guimarães Rosa. O encontro foi possível por meio do projeto de extensão “A ciência que fazemos”.
“Uma coisa que a gente gosta de contar nesse projeto é a nossa história”, disse a pesquisadora que compartilhou um pouco de sua trajetória acadêmica, que começou em escolas do ensino público. Na biologia, Jacy encontrou sua área de maior interesse, a imunologia e, atualmente, desenvolve pesquisas sobre os impactos da obesidade no câncer de mama.
“Alguém aqui quer ser cientista?”
A cada informação nova, os alunos pensavam em várias perguntas. Quando Jacy contou que fazia experimentos com camundongos, a primeira reação foi de pena: “coitados dos ratinhos!”, disseram alguns dos alunos no fundo da sala. Logo, a pena foi substituída por curiosidade. Os alunos queriam saber o motivo dos experimentos não serem feitos em humanos e que tipos eram realizados pela pesquisadora.
A professora explicou que é preciso trabalhar de acordo com normas estabelecidas pelo Comitê de Ética e que a experimentação que envolve animais ou humanos nunca é feita de forma irresponsável ou intencionalmente dolorosa.“A ciência tem que ser algo que pensa no bem-estar da população. Uma coisa que pode parecer distante de mim pode ser importante para outras coisas no futuro, mesmo que, de imediato, pareça não ter relação direta com a sociedade”, explicou.
O futuro da ciência
Mesmo antes de abrir espaço para perguntas, os alunos já mostravam-se interessados em tópicos que não tinham sido discutidos. Uma aluna quis saber se, ao comer sushi, poderia ser contaminada caso o peixe estivesse doente; outra queria esclarecer se agrotóxicos eram mesmo prejudiciais à saúde e ao meio ambiente; já um aluno quis saber a diferença entre as doenças em animais e em seres humanos. “Já percebi que temos cientistas aqui!”, afirmou Jacy.
A aluna do 6º ano, Brenda Mendes, quis saber se poderia estudar animais na Universidade, e a pesquisadora explicou que é exatamente isso que é esperado das futuras gerações de cientistas: “não tem no mundo ninguém melhor para fazer isso do que vocês”. Brenda gostou de descobrir algumas das utilizações que a ciência pode ter e não achava que ciência era um assunto tão amplo. “Quero ser veterinária e tirar muitas dúvidas na UFJF quando eu crescer”, relata.
O projeto
O encontro entre os cientistas e a comunidade é uma iniciativa do projeto “A ciência que fazemos”, criado pela Coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional da UFJF. Um dos objetivos da iniciativa é justamente possibilitar a aproximação entre os cientistas e os estudantes da formação de base, levando para dentro das escolas uma fração dos estudos desenvolvidos na Universidade, para mostrar aos alunos que a ciência está mais próxima do que imaginam.
Outras informações:
Conheça o projeto “A ciência que fazemos” – e saiba como levá-lo para sua escola