Se para diversas religiões o pecado é visto como algo abjeto e condenável, no ambiente corporativo ele é o responsável por alçar qualquer modelo de negócios a um céu de prosperidade e sucesso. Pelo menos foi isso o que defendeu Igor Torrente, analista de inovação da Méliuz – empresa que devolve ao cliente parte do valor gasto em compras direto na conta bancária – nesta quarta-feira, 18, durante mais uma edição do Pra Começo de Conversa.
Citando várias empresas consolidadas no mercado, Torrente não tem dúvidas: “você sempre consegue trabalhar os sete pecados capitais de acordo com um público específico”. É o caso da Apple. Segundo o valadarense de 24 anos, a gigante de tecnologia é ancorada na vaidade (quem possui um Iphone faz questão de ostentá-lo), na gula e na ganância (o cliente sempre quer trocar o modelo antigo por outro de versão mais recente), na raiva (quem possui um celular da marca geralmente tem aversão aos aparelhos de sistema androide) e inveja (sentimento despertado em quem não detém o celular da empresa de Steve Jobs). Essa lógica poderia ser aplicada a qualquer empreendimento. “Quanto mais pecados um modelo de negócios ofertar, maiores as chances de sucesso”, enfatiza o jovem.
Apesar de ter abordado o tema em sua apresentação, Torrente fez questão de destacar que a teoria dos sete pecados capitais aplicados ao mundo corporativo é uma criação do empreendedor brasileiro André Diamand, que a desenvolveu após observar um comportamento similar entre os negócios de sucesso: geram valor e sensação de pertencimento no público-alvo, consciente ou inconscientemente, por meio dessa estratégia.
Executar as ideias
Sobre os principais problemas com a atual geração de empreendedores, Torrente não tem dúvida: o grande erro é não executar as ideias. “A gente tem essa falha de querer fazer algo gigante, pensar que vai sair um Uber ou uma grande startup de cara, ou dentro da sua empresa fazer algo mirabolante que vai fazer você virar diretor de uma vez. Para gerar impacto na economia é começar a executar e parar de imaginar e de só absorver conhecimento. Absorver conhecimento é muito importante, mas tem que andar lado a lado com a execução”, afirmou o analista para um público composto principalmente por estudantes da UFJF-GV.
Essa aproximação entre os universitários com quem já está no mercado profissional é, na opinião da coordenadora do eixo de empreendedorismo do GT-Inovação – responsável pela realização do Pra Começo de Conversa – e professora do Departamento de Administração, a principal contribuição de Torrente.
“Aproximar quem vivencia a dinâmica de hoje do mercado de quem ainda se encontra em processo de formação eu acho muito importante. E quando esse profissional é de Governador Valadares, atua em uma empresa que é referência em modelo de negócios e, acima de tudo, é jovem, mas com uma bagagem de experiência bem consistente é muito importante para estimular os nossos alunos para que possam também identificar qual é a dinâmica do mercado de hoje”, detalhou Nádia Carvalho.
Sobre como transformar conhecimento e ideias em soluções inovadores, a docente defende o aperfeiçoamento constante. “Exercer nossa capacidade de executar, de pensar valores, de alinhar ideias às demandas do mercado e colocar isso em execução é um ponto para iniciar esse processo de transformação. A gente vai ter que passar por vários processos, buscando as ferramentas de análise e de apoio necessárias, mas, ao mesmo tempo, começar”, afirmou Carvalho.
Pra Começo de Conversa
Iniciativa do grupo de trabalho GT-Inovação, o Pra Começo de Conversa é uma espécie de encontro, em que professores, alunos e servidores técnicos do campus Governador Valadares da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF-GV) discutem questões como empreendedorismo, transferência de tecnologia e propriedade intelectual.