Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata
Data: 28/07/2019
Título: Amor conduz trajetórias de participantes do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga
A 30ª edição do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga chega ao fim neste domingo (28) em Juiz de Fora. Uma das razões que explica a longevidade do evento, mesmo com as mudanças ao longo das décadas, é o amor dos participantes pela música.
O G1 conversou com Luciana Nagumo, que ministrou oficina de educação musical; com a violista Flávia Motta, que se apresentou em um recital e com o maestro do Conjunto de Música Antiga da Universidade de São Paulo (USP), William Coelho, que se apresenta neste domingo (28), às 21h no Cine-Theatro Central.
“Viabilizar um evento deste porte vem do amor que todas as pessoas sentiram em algum momento pela música, que faz acreditar que vale a pena lutar apesar das dificuldades. Só tenho que agradecer a Deus por um efstival como o de Juiz de Fora que se especializa na Música Antiga, que é menos incentivado que a música moderna. Dar parabéns à direção e seguir torcendo para que haja a 31ª, 32ª e assim por diante”, disse o maestro.
Conheça um pouco das diferenças e semelhanças destas três trajetórias que passaram pelo festival e de como estas pessoas transformam o sentimento em profissão, ensino, pesquisa, estudo, em compartilhamento de experiências, emoção e música.
“O instrumento do regente é a orquestra, porque não sai som da batuta. Ele é um músico como qualquer outro. A principal qualidade e o maior desafio do regente é a habilidade de comunicação para que os músicos entendam o que ele quer e devolvam com a música”
A condução do repertório de três obras de Haydn, Mozart e Beethoven executadas com instrumentos idênticos aos utilizados na época em que foram compostas passará pelas mãos, gestos e interpretação do maestro William Coelho no concerto desta noite.
No entanto, o caminho que levou à regência do Conjunto de Música Antiga da USP começou na infância e tem primeiras lembranças relacionadas ao som da voz de Milton Nascimento em momentos familiares, como contou o maestro ao G1.
“Meu pai escutando Milton em casa, geralmente aos domingos. Às vezes, era rock, às vezes Phil Collins. Há esta afetividade, acordar tarde, com o som da vitrola bem alto, dos domingos com a família, almoço mais caprichado, esta é a minha primeira memória. Depois um tio me deu uma flauta doce de presente, não tinha noção do que fazer com aquilo. Quando ficava triste, pegava a flauta e tentava tirar som. Vi que gostava de música a partir disso”.
O coral na escola chamou a atenção do garoto que se interessou por música clássica. Com 14 anos, ele já era assistente do maestro. Aprendeu violino, um pouco de violoncelo e atualmente toca viola e a viola barroca. No entanto, quando chegou a hora de fazer o vestibular, fez biologia.
“Minha primeira formação é de biólogo, na Federal de Alfenas. Não tinha vestibular para música. Dava aulas, mas sempre mantive em paralelo a música. Aí chegou o momento que precisei investir, abandonei a Biologia, fiz vestibular na USP e passei para regência. Nos últimos dois anos da graduação, conciliei com o Mestrado. Atualmente, estou concluindo o Doutorado em Regência em Música Antiga”, contou.
Segundo William Coelho, a música exige que ele se aperfeiçoe cada vez mais pessoal e profissionalmente para saber a melhor forma de conduzir os demais músicos.
“Meu trabalho não existe sem alguém na minha frente que possa me dar o som. Quando o músico vê que o regente estudou muito, sabe todas as notas, sabe o que quer, a tendência é dar o melhor de si”.
Ele relata ainda que continua aprendendo a como se relacionar com as pessoas. “Plo carinho, pela admiração, às vezes pela bronca, porque eu preciso do melhor de todos para a orquestra funcionar. É isso que eu levo para a vida e me torna uma pessoa melhor”
Em 2018, William Coelho trabalhou como professor substituto de Canto Coral, Harmonia e Percepção. Conheceu o festival nesta época, como público e aluno da oficina de Dança Barroca.
“É um esforço hercúleo destas pessoas muitos especiais da direção do festival, que batalham para fazer acontecer. Assim como nós do Conjunto de Música Antiga da USP só sobrevivemos porque amamos o que fazemos. Espero que o público consiga notar a qualidade da música e especialmente o amor que cada um dos integrantes tem pelo que faz”.
Neste ano, William estreia como atração conduzindo a apresentação que encerra o evento – prometendo uma apresentação que exigiu estudo para causar surpresa ao público, ao buscar o som dos instrumentos históricos usados pelos compositores.
“Todos os músicos do Conjunto são especializados, estudaram dentro ou fora do Brasil para poder executar uma obra com estes instrumentos. Quem for ao concerto vai perceber que o som dos instrumentos históricos é diferente e que eles são precursores do que temos atualmente, feitos com outros materiais”, ressaltou.
A entrada para o concerto neste domingo é gratuita. Os convites – no máximo quatro por pessoa – serão distribuídos no Centro Cultural Pró-Música até 18h. Às 20h, está prevista uma palestra do professor Rodolfo Valverde, da UFJF, para contextualizar o público sobre o que será apresentado.
“São muitos sentimentos! Às vezes fico nervosa ou tensa, os músicos em geral se cobram muito durante as performances. Emoção é um sentimento muito presente sempre”.
É assim que a violista Flávia Motta se sente cada vez que se apresenta. E quem viu o Recital de Piano, Viola e Clarineta na quarta (24) no Museu de Arte Moderna Murilo Mendes (MAMM) não imagina que o encantamento dela pela música começou na infância.
“Meu pai e minha irmã tocavam violão. Quando eu tinha 7 anos, minha irmã Daniela e meu cunhado Mário Sérgio me levaram para assistir um concerto do Pró-Música Antiqua na capela da Santa Casa de Juiz de Fora. Foi muito marcante para mim, meu cunhado me mostrava cada instrumento e explicava tudo. Eu adorei”, contou.
Um ano depois, começou a estudar violino no Pró-Música e descobriu uma extensão da própria casa. “Meu professor era o Luis Otávio Santos, as aulas eram em grupo e muito interessantes. Logo entrei para a orquestra e era uma grande motivação. Fazíamos muitos concertos e viagens para tocar em outras cidades. O Maestro Nilo Hack foi uma pessoa muito importante, ajudou a despertar o gosto pela música e pelo palco. A escola de música era praticamente minha segunda casa e meus colegas, minha segunda família”.
Neste tempo, o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga também se tornou um encontro marcado na vida de Flávia.
“Participei de cerca de dez festivais durante a minha formação. Não me lembro das minhas férias de julho sem o festival! Tive a oportunidade de ter aulas com os melhores professores nacionais e internacionais, assistia a todos os concertos, conheci e criei laços fortes com músicos do Brasil todo. Minha família hospedava jovens de outras cidades que vinham para o festival”.
Ela considera o evento fundamental tanto para os alunos quanto para a formação de plateia. A melhor lembrança que guarda deste período é saber que faz parte do registro do festival.
Flávia mora em Belo Horizonte e, desde 2016, integra o Quarteto Boulanger, grupo dedicado à música contemporânea, que em breve estará lançando seu primeiro disco. Depois tantos festivais, a mineira de Juiz de Fora retornou para uma estreia.
“Pela primeira vez, participei como parte da programação em um recital junto com a Elisa Galleano, pianista que também é de Juiz de Fora e também participou de diversos festivais, e Iura de Rezende, clarinetista. Em cada festival realmente foi uma emoção única, mas dessa vez foi ainda mais especial, poder voltar 20 anos depois e me apresentar em minha cidade nesse importante festival”, contou.
“Música pra mim é vida: meu trabalho e meu lazer; meu relax e minha diversão; família, amigos; infância … estado de humor… meu louvor a Deus!”.
É desta forma que Luciana Nagumo define a relação com a música, que começou quando ela era bebê e a mãe, Josette Silveira Mello Feres, fundou a Escola de Música de Jundiaí.
“Desde sempre vivi dentro de um ambiente musical; tocando em orquestra, banda, cantando em coral, participando de festivais, oficinas. Em casa, os filhos tinham aula de Português, Matemática, História, ‘Piano’, Geografia, Ciências. O piano fez naturalmente parte da minha formação, escolhíamos mais algum instrumento, no meu caso, foi o violoncelo e flauta doce”, contou.
Para ela, a tradição e a história do Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga permitem um ambiente positivo de divulgação da música em vários setores.
“O ambiente é delicioso. O jovem fica imerso no universo da música e há uma grande troca de experiências. A oficina que dei era direcionada a pessoas que querem trabalhar com crianças bem pequenas. O festival oferece uma oportunidade de conscientizar um grande grupo de jovens, muitos ainda estudantes, que o trabalho com bebês é extremamente sério, necessita muito estudo, muito cuidado, tem objetivos bem definidos, com repertório muito especifico”, ressaltou.
O estímulo pode começar em casa, mesmo que os pais ou responsáveis não sejam músicos. “Gosto muito da frase de uma educadora musical canadense, Donna Wood, que diz assim: ‘Você não pode me ensinar a gostar de música, mas eu posso aprender a amá-la através de você’. Quando os pais gostam, cultivam, vivem um ambiente musical em casa, naturalmente a criança terá prazer em ‘fazer’, em brincar com música”, contou.
Para Luciana Nagumo, o que não é indicado é forçar a criança a estudar algo com que ela não se identifica. Ela conta que os pais devem trocar a “obrigação” por “estímulo”, especialmente quando surgir alguma dificuldade no aprendizado.
“Simplesmente forçar uma criança, com certeza não é a melhor estratégia, mas incentivá-la sempre faz toda a diferença! Quando começa, tudo é novidade. Em algum momento vai sentir a necessidade de estudar com maior frequência, por mais talentoso que o aluno seja, o talento sempre tem um limite. Se cria uma disciplina de estudo desde o começo, terá maior probabilidade de seguir sempre estimulado, porque na hora da dificuldade está acostumado a ‘sentar e trabalhar’ com o seu instrumento, estudando e repetindo os trechos mais difíceis”.
“O fato dos pais colocarem os filhos numa aula de música é uma das melhores heranças. Uma das orientações que costumo dar é que as crianças devem sempre fazer alguma aula coletiva, paralelamente à aula de instrumento, coral, orquestra infantil, banda, percepção… Fazer música em grupo, além de toda questão social, é um estimulo individual muito grande”, analisou.
E se alguém ainda tem uma dúvida, Luciana Nagumo destacou os benefícios do contato com a música e do aprendizado de um instrumento.
“A música estimula os dois lados do cérebro; pode tanto nos acalmar, quanto nos deixar agitados; ela nos transporta para ‘outros mundos’. O aprendizado estimula a afetividade, o sistema cognitivo, motor, raciocínio, concentração, sociabilidade, disciplina, entre tantas outras coisas. Por tudo que desenvolve, com certeza teremos pessoas mais preparadas, mais críticas e mais sociáveis”, afirmou.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Coluna Cesar Romero
Data: 28/07/2019
Link: https://tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/28-07-2019/334992.html
Título: Carros antigos na UFJF
O Instituto Cultural Clube do Automóvel Antigo de Juiz de Fora vai comemorar seus 30 anos com o encontro bienal entre os dias 23 e 25 de agosto, na Praça Cívica da UFJF. Uma das atrações na mostra será o primeiro modelo do Mercedes Classe A, fabricado em 26 de fevereiro de 1999. Apesar de produzido em Juiz de Fora, o carro, há vários anos, está guardado na unidade da Mercedes, em São Bernardo do Campo (SP).
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: –
Data: 28/07/2019
Link: https://tribunademinas.com.br/opiniao/editorial/28-07-2019/cidade-alta.html
Título: Cidade Alta
O avanço das obras na BR-440, como a Tribuna mostra nesta edição, dá margem para uma nova rodada de discussão sobre o futuro da via. A Settra, que elabora todos os estudos de mobilidade na Cidade Alta, pretende levar o debate para as diversas instâncias – Câmara e representações populares – a fim de fechar o projeto que atenderá milhares de pessoas. O trabalho ora desenvolvido é de vital importância, pois se antecipará a futuros problemas e visa resolver os atuais, como a saída da universidade, que se tornou um gargalo, ocorrendo o mesmo com a Avenida Costa e Silva. No trabalho apresentado ao jornal, todos os pontos estão detalhados e serão expostos às partes para tirar todas as dúvidas e fazer eventuais correções.
O que ora ocorre na região pode ser o espelho para outras ações que se fazem necessárias em outros pontos da cidade. Situada entre montanhas, Juiz de Fora tem desafios urbanos que precisam ser superados, a fim de garantir a mobilidade. Num período em que todo mundo tem carro, o excesso de veículos tornou-se um desafio, exigindo acompanhamento permanente das autoridades de trânsito.
Um caso a ser pensado é o trevo da Ladeira Alexandre Leonel, que dá acesso ao Bairro Estrela Sul e recebe fluxo do Independência Shopping e do Bairro Cascatinha. Ela tem pontos cegos que, vira e mexe, são a causa de acidentes, sobretudo para quem desce a Alameda Pássaros da Polônia e tenta cruzar a Alexandre Leonel. Os estudos iniciais apontam para a necessidade de mudança, mas tal medida ainda não saiu do papel. O município, com reconhecida dificuldade financeira, admite parcerias, mas ainda não apresentou o resultado de uma pesquisa de fluxo para apontar a melhor alternativa.
Há cerca de 10 anos, quando a então Avenida Independência (hoje Itamar Franco) recebia uma série de investimentos, como um shopping center e a ampliação de um hospital, a TM já alertava para a necessidade de ações no trânsito. Como a universidade se tornou um ponto de ligação entre a Zona Sul e a Cidade Alta, a situação se agravou, bastando ver o fluxo de carros nos horários de pico. O investimento na BR-440, na outra ponta do campus, deve aliviar a demanda, mas ainda é insuficiente, sobretudo por não ser a UFJF um acesso oficial. O município, em algum momento, terá que tirar do papel o projeto que faz a ligação da Zona Sul com a Cidade Alta sem passar pela universidade.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 28/07/2019
Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/28-07-2019/settra-confirma-binario-na-cidade-alta.html
Título: Settra confirma binário na Cidade Alta
Com o asfaltamento e o tráfego de veículos liberado em partes da BR-440, na Cidade Alta, uma dúvida tem rondado a cabeça dos juiz-foranos: como ficará o trânsito na região após a conclusão das obras na rodovia? A questão foi respondida à Tribuna pela Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), durante entrevista exclusiva concedida na última quinta-feira (25). Um projeto em andamento na pasta planeja transformar a Rua José Lourenço Kelmer, a Avenida Presidente Costa e Silva e a BR-440 em um binário, alterando a mão de algumas vias e implantando semáforos para assessorar o tráfego em determinados pontos. A expectativa da Settra é que as intervenções na rodovia sejam finalizadas até setembro de 2020, quando o projeto poderá ser implantado.
Como explicou o chefe do Departamento de Estudos e Projetos da Settra, Marcelo Valente, a ideia é transformar a Rua José Lourenço Kelmer em via de mão única, com o trânsito no sentido do Centro/bairro. A direção continuaria a mesma pela Avenida Presidente Costa e Silva, que também será de mão única. O estudo realizado pela pasta ainda está avaliando até qual ponto a avenida terá essa característica, entretanto, de acordo com Valente, é provável que seja até o cruzamento com a Rua Roberto Stiegert.
Com essas alterações, o acesso ao Pórtico Norte da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) seria apenas pela Rua José Lourenço Kelmer. Quem sairia da instituição poderia seguir somente para a esquerda, seguindo a Avenida Presidente Costa e Silva. Para sair da universidade e ir ao Centro, o condutor irá fazer o retorno por uma das ruas que cruzam a via, chegando à BR-440. O trânsito das outras vias de entroncamento será definido progressivamente.
“A mão na José Lourenço e na Costa e Silva, se batermos o martelo que essa é a melhor opção, provavelmente vai ser implantada de imediato (a partir da conclusão da obra da BR-440). Mas as outras ruas que vão ter a mão mudada – de mão dupla para mão única -, nós gostamos de ir implantando aos poucos”, explica Valente. “Nós já temos um projeto básico de circulação do bairro inteiro, mas vamos alterando aos poucos exatamente para sentir o que vai acontecer.”
A fim de garantir a segurança dos pedestres e auxiliar na movimentação dos veículos, o Pórtico Norte da UFJF pode passar a contar com um semáforo.
Rodovia
Após a finalização das obras, a BR-440 terá sua funcionalidade própria como rodovia, com interseção com a BR-040, através da construção de uma alça. Assim, a via terá mão dupla com divisão central, de acordo com a Settra. O entroncamento com a Rua José Lourenço Kelmer também será um ponto que contará com semaforização. As opções para quem vem do Centro são seguir pela rua para chegar à UFJF ou acessar a rodovia. Já no sentido contrário, a rua paralela à BR-440 será utilizada como retorno para o condutor que deseja acessar a Rua José Lourenço Kelmer.
Projeto deve ser implementado em 2020
A conclusão das obras na BR-440 traz uma expectativa de melhora para o trânsito na Cidade Alta. Diversas matérias da Tribuna já denunciaram a deficiência da estrutura viária na região, consequência do crescimento acelerado, somado ao trânsito de passagem, considerando que o anel viário da UFJF também é utilizado como ligação entre diferentes regiões de Juiz de Fora. De acordo com o chefe do Departamento de Estudos e Projetos da Settra, Marcelo Valente, mesmo que ainda haja grandes obras para serem feitas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) na rodovia, o órgão federal teria repassado à administração municipal que as obras – que interferem no trânsito a ser definido pela Settra – seriam finalizadas até setembro de 2020.
Nós já estamos há algum tempo fazendo estudo da situação daquela região por conta da BR-440. Nós esperamos a BR ficar pronta para poder mudar, porque não conseguiríamos sem isso. Nós já temos esse estudo bem adiantado, mas ainda não está fechado, porque vamos conversar com diversos parceiros. Queremos envolver a Câmara Municipal, a universidade e a comunidade, principalmente. Então, vai acontecer ainda um debate, e esperamos estar com o projeto fechado para, quando for liberada a obra, podermos implantá-lo”, afirma Valente.
Pórtico
Conforme o representante da Settra, a discussão com outros segmentos de Juiz de Fora será essencial para finalização do plano viário da região. “Essa obra ficou parada há muito tempo, e isso sacrificou muito a Cidade Alta. Eu espero que, com a participação de todos, a gente consiga minimizar, pelo menos, os conflitos que existem lá hoje, para devolver uma qualidade de vida que a Cidade Alta perdeu ao longo desses anos. Espero que os debates que vão acontecer daqui em diante sejam bem proveitosos”, ressalta Valente.
Prós e contras
Segundo o chefe do Departamento de Estudos e Projetos, Marcelo Valente, a transformação da Rua José Lourenço Kelmer e da Avenida Presidente Costa e Silva em mão única é a melhor maneira de desafogar o trânsito, hoje “sobrecarregado por ser uma via de mão dupla”. Apesar do possível impacto positivo no trânsito, as mudanças podem acarretar outros efeitos, considerando fatores que também devem ser alterados.
“Toda mudança é um pouco traumática porque a pessoa já está na rotina. No começo, dá muita confusão, mas com o tempo as pessoas vão se acostumando. Eu acredito que a mudança vai ser bem significativa. Nós vamos ter que mexer em bastante rua, e essa mudança é muito forte, porque tirar uma mão dupla de uma rua implica em consequências. Uma consequência é que, para fazer o retorno, tem que andar mais”, diz Valente.
Apesar da distância maior para realizar determinados retornos, o plano da Settra seria mais viável do que se os sentidos fossem diferentes. Conforme Valente, a direção natural da Rua José Lourenço Kelmer e da Avenida Presidente Costa e Silva seria pelo sentido bairro/Centro, não havendo cruzamento com quem viria do sentido contrário e iria acessar a BR-440. Entretanto, por conta da característica da rodovia, com muretas centrais, os motoristas que viriam do Centro para chegar até a UFJF só poderiam realizar o retorno próximo ao trevo de acesso ao condomínio Spina Ville.
Transporte coletivo
O transporte coletivo deve sofrer alterações com a implantação do projeto. A Settra também está avaliando as mudanças de itinerário de determinadas linhas. “Mais uma consequência: as pessoas terão que, para pegar um ônibus, fazer uma caminhada um pouco maior. Sempre tem os benefícios, mas tem os contras. Mas para a fluidez no trânsito, vai melhorar demais”, aponta Valente. “Hoje, você vê aquela fila que dá na entrada da universidade. Você fica parado, porque a rotatória te permite fazer todos os movimentos, e você fica à mercê dela, esperando o seu tempo para poder entrar na rotatória. O semáforo não. Ele te faz parar, mas te dá a oportunidade de andar.”
A proposta do binário é dividir o trânsito, alterando a concentração de veículos em pontos específicos. “A José Lourenço e Costa Silva são ruas de comércio do bairro. Elas continuarão sendo movimentadas, mas nós vamos ordená-las. Só que vai melhorar porque tem muita gente que mora naqueles bairros, como Spina Ville, que vai ter outro acesso e poder ir direto para casa, se não quiser passar pelo comércio.”
Ligação com a BR-040
Até o final deste mês, a Empa/SA, empreiteira contratada pelo Dnit para atuar nas intervenções envolvendo a BR-440, deve finalizar o asfaltamento da rua paralela à rodovia no limite do cruzamento com a Rua Roberto Stiegert. Em nota, o departamento informou que a conclusão deste serviço é necessária para finalizar a interseção com a Rua José Lourenço Kelmer. Além disso, as intervenções contemplam a execução do emissário de esgoto longitudinal. Esta atividade diz respeito à implantação da rede coletora de efluentes, integrante do projeto de despoluição do Rio Paraibuna.
A obra na rodovia foi licenciada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), por meio da Superintendência de Projetos Prioritários (Suppri). Desta forma, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) também autorizou a execução das intervenções no entroncamento entre a BR-040 e a BR-440. Segundo o Dnit, a empreiteira está iniciando os serviços de terraplenagem, como escavação, carga, transporte e aterro compactado, na interseção das rodovias.
Além dessas intervenções, outros serviços contratuais ainda serão promovidos, como a construção de três passarelas elevadas para pedestre, a ligação do Bairro Spina Ville, a Rua Lateral Esquerda e serviços de proteção ao meio ambiente.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 28/07/2019
Título: Ambulatório Trans: porta aberta para a escuta ativa
Desde setembro do ano passado, o Centro de Psicologia Aplicada (CPA) da UFJF abriu mais um espaço para que travestis e transexuais pudessem falar. A ideia do projeto de extensão Ambulatório Trans, coordenado pela professora do Curso de Psicologia, Alinne Nogueira Silva Coppus, é abrir o canal de escuta para que essas pessoas possam trazer o que quiserem, no seu sentido mais amplo, sem restrições. Podem participar pessoas trans e travestis de qualquer idade, basta que deixem seu nome e telefone, que a equipe do projeto entra em contato. “Do início até agora tivemos mais de 45 inscrições, o que já é muito mais do que nós imaginávamos, sendo que não houve divulgação do projeto fora do site da UFJF. Lidamos atualmente com uma variedade muito grande de faixas etárias. Temos adultos, adolescentes, pessoas na terceira idade e agora, inclusive, estamos recebendo os primeiros casos de crianças”, destacou Alinne.
O ambulatório oferece atendimento psicanalítico individual gratuito aos que que não se identificam com o gênero designado no nascimento. Os atendimentos acontecem no CPA, localizado na Rua Santos Dumont, 214, Centro. Alinne reforça que não há um tempo determinado para que o acompanhamento aconteça. Os interessados podem permanecer o período que quiserem, e não há limitação de temática a ser trabalhada. Cada um segue o seu ritmo, a sua forma e o seu tempo. Os estudos de Alinne sempre se voltaram para a relação do sujeito com o corpo e isso está presente na iniciativa. “Sempre pensei que a relação do sujeito com seu corpo diz muito sobre ele, sobre a forma como lida com as pessoas e com o mundo.”
No ambulatório, as situações individuais tocam nos impasses que falam sobre o corpo e vão além dele. “Nenhuma das pessoas que passou por aqui tem algum problema em ser trans. Elas não têm dúvidas. O que chega para nós é muito diferente disso. É a dificuldade em conseguir namorar, algum problema com a família, no trabalho e outras inúmeras situações. Há casos em que há violência e elas vêm falar sobre isso. Nossa intenção é manter as portas abertas na medida do possível, para acolher esses relatos.” Outro objetivo é resguardar o contato individual, preservando cada caso sem generalizações, o que vem trazendo resultados considerados muito positivos na equipe.
“Quero que essas pessoas experimentem a vivência de falarem de si e do que quiserem. Estamos recebendo pessoas que tentaram acesso ao atendimento psicológico por outras vias, mas não conseguiram. Elas vêm para trabalhar suas próprias questões individuais. O ambulatório é um convite a esse trabalho.”
O reconhecimento vem, inclusive, em forma de troca de ideias. A professora Alinne comenta que fez contato com a cartunista Laerte Coutinho, cujo trabalho é uma fonte de inspiração para o grupo, e ela se interessou, respondeu, pediu material e elas continuam em contato.
Espaço para fala
A vulnerabilidade e a violência, tanto física quanto simbolicamente, a qual sujeitos trans e travestis são expostos e a falta de espaços de fala foram alguns dos motivadores para a criação do projeto. Se, para o público amplo, o atendimento psicológico individual está, de alguma forma, mais popularizado agora, nem sempre é acessível para essas pessoas.
“Em alguns casos, elas não contam com o apoio da família e podem estar em condição de marginalidade. Aqui, a partir do momento em que elas se escutam, vão descobrindo outras questões, mas também veem que têm condições de estudar, apesar de alguns olhares, de buscar uma profissão, de trabalhar, de construir. Mas é importante dizer que algumas pessoas ainda não conseguiram chegar até nós. Os trans e travestis em situação de rua, por exemplo. Talvez, nós tenhamos que ir até eles, porque essa população ainda não chegou aqui.”
Também não aconteceu ainda, de acordo com a professora, de chegarem histórias da outra ponta. De pessoas trans de classes econômicas mais abastadas ou que tenham um grau de escolaridade maior. “Ainda temos a ideia de que é um lugar de atendimento gratuito, que esse público não encontra em outros lugares e aqui tem. O que é maravilhoso, porque queremos mesmo que elas cheguem até nós. Temos pessoas que ainda não são vistas e precisamos ouvi-las.”
Despertar o interesse e o diálogo
Os estudantes que dão suporte ao trabalho destacam que o contato com o público é surpreendente. “Muitos de nós esperávamos que poderia aparecer alguma questão ou outra relativa à transexualidade, por exemplo, mas isso não ocorreu. A maioria das pessoas que chega aqui não tem qualquer problema com esse assunto. Recebemos demandas muito mais singulares, que dizem respeito ao indivíduo e, nesse processo, percebemos que o que temos são transexualidades e não um caminho único”, destaca Fernanda Sartori, bióloga e estudante de Ciências Humanas.
Esse interesse que surgiu entre os estudantes foi algo que chamou a atenção da professora. “É um tema muito interessante e os assuntos que tocam a comunidade LGBT despertam mesmo essa atenção. Há muitas pessoas que querem pesquisar sobre o tema ou têm curiosidade e apreço por ele. Temos estudantes do Direito, da Comunicação, do Bacharelado Interdisciplinar em Ciências Humanas e mesmo que eles não atendam na clínica, pediram para participar e conhecer.” A coordenadora explica que, no ambulatório, há um espaço de estudo, em que são usados textos da psicanálise que falam sobre a transexualidade e a relação do sujeito com o corpo. “Temos outro ambiente para a supervisão dos casos, onde acompanhamos tudo muito de perto.”
Iniciativa visa a quebrar tabus
O “trans” presente no nome do projeto sinaliza um cuidado que pode não estar presente em outros espaços. A identificação, nesse caso, ajuda a quebrar uma resistência a estar em um local como esse. O que Alinne recebe no ambulatório é um medo de ser patologizado. “Se não há nenhuma questão em ser trans, porque elas vêm até aqui? Elas dizem que, só pelo nome (do espaço), há uma expectativa de que vão ser bem acolhidas, bem atendidas. Não é a toa que elas vêm direto para o ambulatório, e não por outro canal de acesso, já que no CPA temos atendimentos individuais por outras vias de entrada.” Isso impactou na rotina do espaço como um todo, já que todos os trabalhadores do núcleo foram instruídos a atender as pessoas conforme a identidade de gênero com as quais elas se identificam. O processo de fala e de escuta, segundo a coordenadora, tem o objetivo de permitir uma relação mais possível com o próprio corpo. “Por meio desse processo, o sujeito vai construindo uma relação singular consigo, ponderando sobre o que é possível manejar, contornar e costurar.”
O respeito em relação à identidade de gênero é uma das demandas que se apresentam de maneira constante nos atendimentos. “Entre aqueles que trabalham, mesmo que a pessoa tenha mudado o nome social, há histórias de empresas que exigem comportamento e vestimenta dentro do que elas acreditam estar adequado ao gênero de nascimento. Isso gera um sofrimento enorme, porque o nosso reconhecimento depende um pouco do reconhecimento do outro. Nosso espelho é o outro.” Por isso, na percepção dela e dos integrantes do projeto, faz muita diferença o respeito ao nome social, aos artigos “o” e “a” conforme a identidade de gênero, e até de perguntas simples, como: “Como você prefere ser chamado (a)?”.
“Além disso, também faz uma enorme diferença o reconhecimento da família e da empresa, além de ter acesso a um atendimento psicológico e às políticas públicas. Infelizmente, ainda é necessário ter um discurso duro de defesa contra uma série de atrocidades”, pontua Alinne. A sexualidade, ainda de acordo com ela, ainda é um ponto que traz dificuldade porque aponta para muitas coisas sobre as quais alguns grupos não gostam de ver, nem de falar. “Esse mal estar que gera, em relação à população trans, acaba tocando na discussão sobre o corpo e sobre a sexualidade. Então, poder falar sobre e acolher as diferenças, em tempos em que qualquer diferença pode ser alvo para violência, acredito que também contribua muito.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 28/07/2019
Título: Professor de JF fará estudos no maior centro de pesquisa de física do mundo
Foi por influência direta dos seus professores, tanto do ensino médio, quanto da graduação, que o docente de física Diego Moreira decidiu seguir essa carreira, aproveitando a aptidão que tinha para as Ciências Exatas. A dedicação à ciência natural, que se debruça sobre as propriedades da matéria e da energia, vai levá-lo ao maior laboratório de física do mundo, o da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em francês), em Genebra, na Suiça, para uma capacitação entre os dias 29 de agosto e 8 de setembro com outros 19 professores brasileiros.
Nascido em Caxambu, Diego se mudou para Juiz de Fora aos 17 anos, para estudar. Graduou-se em física pela UFJF, onde também fez o seu mestrado na mesma área. “Tive a sorte de encontrar professores e orientadores incríveis, que me incentivaram a fazer a licenciatura, como eu queria, e trabalhar, desde o início da minha graduação, em laboratórios, como o Centro de Ciências e com o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), que incentiva o contato com a educação básica pública. Todo esse contato marcou muito a minha formação”, relembra.
Embora nutrisse o sonho de conhecer o CERN, que sempre foi uma referência para ele, quando o edital para a capacitação da instituição saiu, ele já pensava que seria muito difícil alcançar uma das vagas, porque trabalha atualmente apenas com instituições da iniciativa privada (Apogeu e Pitágoras), e o foco do programa são as instituições públicas. “Mas eu pensei que, talvez, o meu currículo fosse compatível para estar junto nessa seleção e eu tentei.”
Quando passou, a ficha demorou a cair. “Como professor, sempre falei do CERN, quando falo de física moderna e contemporânea. Nunca me vi lá, nem como visitante externo, muito menos estudando. Quando passei, foi um susto imenso. Daquele momento em diante, pensei em como essa oportunidade vai impactar na minha vida. Primeiro, porque é a realização de um sonho, depois, porque quero muito entender melhor essa dinâmica laboratorial do estudo de partículas, que é super importante para nós.”
Estudo das partículas
O docente explica que o foco da física contemporânea é o estudo das partículas, sobre como elas foram criadas, do que são feitas e o que aparece a partir delas. O que o encanta, nesse estudo, é a possibilidade de entender o início de tudo, podendo, inclusive, sanar dúvidas existenciais. “Ou não”, brinca. “Estou muito feliz por poder participar. A bagagem que vou adquirir vai ser muito importante para minha carreira, porque já imagino coisas que quero fazer e sobre as quais quero escrever. Já temos um grupo de pesquisa que vamos fazer depois do CERN. Artigos e capacitações que podemos fazer em diversos níveis, no fundamental, médio e no superior, para mostrar essa que é de ponta. Temos esse lugar no mundo em que ela é valorizada de uma forma tão incrível e no dia a dia, das conversas, vemos que as pessoas nem sabem que existe o CERN”.
Diego embarca junto com um dos responsáveis pela sua escolha pela física, o professor Jean Louis Landim Vilela. Eles retomaram contato e trocam informações sobre os deslocamentos que terão que fazer pela Europa. Além de Jean e de Diego, outra docente mineira, Kátia Solange Fonseca do Rosário Vilela, também integram o grupo de 20 participantes do projeto.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cultura
Data: 28/07/2019
Título: ‘Música é um exercício de evolução’, defende Luís Otávio Santos
Um pergunta restou. Faltou questionar a Luís Otávio Santos se escolheria outro ofício se não tivesse nascido na família Sousa Santos. No silêncio da frase não dita, contudo, surgem as especulações acerca da pergunta que guarda em si a premissa errada de que o filho caçula de Maria Isabel e Hermínio Sousa Santos foi apenas influenciado pelos gostos e atividades familiares. Se não houvesse Luís Otávio também haveria Pró-Música tal qual foi criado? Em cerca de uma hora de conversa, por telefone, tornam-se claras as interseções que fazem com que uma coisa remeta a outra: o músico remete ao projeto e o projeto remete ao músico. A distância física, contudo, sempre fez parte dessa interação. Nascido em Juiz de Fora, o violinista se profissionalizou no exterior e radicou-se em São Paulo. Permaneceu por perto, como uma das principais vozes intelectuais do centro cultural criado um ano antes de sua chegada ao mundo. Em 2014, após 15 edições como diretor artístico do Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, afastou-se.
“Queria ir mais para Juiz de Fora, por questões familiares, uma coisa puramente privada. Agora temos mais tempo. Na época do Pró-Música você não tinha ideia de como aquilo engolia nossa rotina. Era uma máquina enorme, e nós ficávamos reféns de um sonho. Agora temos mais tempo para ficarmos juntos, viajar. O que me prende à cidade, agora, é a minha família e meus laços de coração”, comenta o músico, referindo-se à doação de todo o patrimônio material e imaterial do Centro Cultural Pró-Música à UFJF, em processo iniciado em 2011 e finalizado quatro anos depois. A ruptura, no entanto, proporcionou novos gestos para o artista reverenciado, em 2005, com o “Diapason d’Or”, mais alto prêmio francês de música, pelo registro das sonatas para violino de J. M. Leclair e com a Ordem do Mérito Cultural, do extinto Ministério da Cultura, em 2007. Desde 2015, Luís Otávio Santos assina como diretor do núcleo de música antiga do aclamado Festival de Campos do Jordão, que chega à 50º edição neste ano. Nos últimos dias 12 e 13, o músico regeu o Grupo de Música Antiga do Festival como resultado dos estudos desenvolvidos ao longo de semanas no evento paulista. Nesta sexta (26) e neste sábado (27), comandou a Camerata Antiqua de Curitiba, interpretando Händel.
Aos 47 anos, pai de dois filhos – Mateus, de 13, e Iasmin, 10 – frutos do casamento com a musicista Natalia Chahin, Luís Otávio coleciona novas funções, como professor e regente de sinfônicas pelo Brasil. Prepara-se, agora, para sua segunda vez à frente da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp, após uma elogiada montagem de “A paixão segundo São João”, de Bach, com os Músicos de Capella, na Sala São Paulo, no ano passado. “O resultado final foi animador. Não só se integra uma obra sacra ao calendário litúrgico numa sala de concertos, mas em performance com músicos e cantores brasileiros (graças à competência de Luís Otávio)”, escreveu o crítico João Marcos Coelho, no jornal “O Estado de S. Paulo”. De Campos do Jordão, Luís Otávio, em entrevista à Tribuna, falou sobre a formação, os trabalhos que desenvolve, a potência da música antiga, o cenário nacional e sobre a paixão, que é influência familiar e também inspiração para os Sousa Santos. “Tudo tem que ser consequência da paixão.”
Luís Otávio Santos: “Todo o meu trabalho, seja teórico ou prático, sempre girou ao redor da paixão pela música antiga e pelo violino barroco”. (Foto: Divulgação)
Tribuna – Quando você nasceu seus pais haviam acabado de criar o Centro Cultural Pró-Música. Isso foi determinante para que se tornasse o músico que é hoje?
Luís Otávio Santos – Sou o irmão caçula de uma família toda imersa na música. É uma história fantástica, um roteiro de filme. Quando cheguei, o cenário familiar já estava montado, tanto é que fui o que mais se beneficiou, podendo respirar a música por todo tempo. Fui para Europa com 17 anos, fui estudar no Conservatório de Haia, na época a grande meca da música antiga. Foi supercedo, foi uma aventura, e eu estava predestinado para fazer isso. Ia e não sabia o que iria acontecer. Acabei ficando durante 16 anos. Aos 18 anos, eu já tinha uma carreira, participava de CDs que ganharam prêmios. Com 20 anos, eu já era professor no Conservatório de Bruxelas. Uma coisa foi puxando a outra. Eu nunca forcei nada. Gosto de ensinar para os meus alunos que tudo tem que ser consequência da paixão pelo que a gente faz. Não pensar muito no resultado, mas pensar nas ferramentas que estamos usando. Aprendi e convivi com grandes mestres, e alguns desses velhinhos nem estão mais aqui. Eles começaram esse movimento da música antiga na década de 1950. Foi um legado que recebi e que eu sentia a importância e o peso. Mesmo tendo uma carreira na Europa, todos os anos eu voltava para o Brasil para trazer isso. Depois fiz meu doutorado, porque senti a necessidade de concretizar o que aprendi em pesquisa científica. Terminei meu doutorado falando do paradoxo que é o ensino da música antiga no sistema metodizado da escola moderna. Todo o meu trabalho, seja teórico ou prático, sempre girou ao redor da paixão pela música antiga e pelo violino barroco.
Porque voltou para o Brasil?
A volta para o Brasil foi maluca. Decidimos, eu e minha mulher, ter filhos aqui e não lá. Não queríamos viver como imigrantes indefinidamente. Como tive a oportunidade de manter a minha carreira fazendo turnês na Europa sem importar onde eu morasse, voltamos, e eu pude ter uma atuação mais intensa aqui. Minha trajetória tanto musical quanto de vida – e uma coisa não se desassocia da outra – nunca foi linear. Na verdade nunca deixei o Brasil e nunca deixei a Europa. Da mesma forma, minha atividade pedagógica nunca foi desassociada dos palcos.
“Na verdade nunca deixei o Brasil e nunca deixei a Europa. Da mesma forma, minha atividade pedagógica nunca foi desassociada dos palcos”
Sua mãe, Maria Isabel, conta de uma lembrança de te ouvir tocar repetidamente assistindo gravações. Esse comprometimento, esse empenho, essa determinação também te ajudaram na formação?
Imagina Juiz de Fora nas décadas de 1970 e 1980: não havia nada. O trabalho que meus pais fizeram foi o de plantar um grande jardim que floresceu e permitiu chamar Juiz de Fora de uma cidade com vocação musical. Tive minha formação inicial dentro desse celeiro que foi o Pró-Música. Depois fui estudar violino no Rio de Janeiro e muito cedo fui estudar em Haia. Toda a minha formação curricular, acadêmica, é europeia. Meus diplomas são holandeses, tanto a graduação quanto o mestrado. Só o doutorado eu fiz na Unicamp. Não tive uma formação autodidata porque fui muito bem orientado por todos os professores que vinham dar aulas no Pró-Música e depois os que busquei no Rio de Janeiro, mas o país nos anos 1980 era outro. Aparecia um LP, e a gente ouvia até furar. Quando tinha foto, a gente queria ver o quer estava por trás. A precariedade das informações era tamanha. A gente escrevia cartas. Para fazer um ligação internacional no telefone, não podia passar de dois minutos, porque caía e custava caríssimo. O universo era completamente diferente do que a garotada vive hoje em dia. Alerto muito para a banalização da informação e como isso cria certo desinteresse e anestesia a informação de qualidade. Naquela época, quando chegava um VHS ou um LP, era sinônimo de coisa boa, porque somente as coisas boas circulavam dessa maneira. Um disco era um professor que acompanhava a gente por muitos anos. Eu ouvia, tocava junto e só falava naquilo.
O perfeccionismo que muitos apontam como uma característica sua é fruto dessa consciência de caminhada?
Não tenho o menor conflito em relação à minha paixão. Insegurança com a música, não tenho. Sempre quis isso, procurei com muita intensidade. O prêmio, a recompensa, é fruto disso, desse tesão, dessa insistência de buscar um sonho. O perfeccionismo é uma característica minha porque gosto das coisas benfeitas. Música para mim é um exercício de evolução, não só espiritual, mas física também. A gente quando está melhorando e buscando uma qualidade musical mais sublime está cada vez mais perto de algo elevado. Então, sou muito severo com minha profissão e com meus colegas. Não admito coisas pela metade. Torço o nariz para coisas falsas, para os maus profissionais. Tenho um compromisso com essa verdade que está dentro de mim e de cada um de nós. A gente percebe quando há uma coisa maravilhosa: quando vê um filme incrível ou lê um livro que deixa marcas. Essa qualidade artística que a gente percebe é o espelho de uma centelha divina dentro de nós.
“Sou muito severo com minha profissão e com meus colegas. Não admito coisas pela metade. Torço o nariz para coisas falsas, para os maus profissionais. Tenho um compromisso com essa verdade que está dentro de mim e de cada um de nós”
E o que te deixou marcas?
O contato com os artistas que estão em um patamar de ser humano para além da profissão. Tive muita sorte de encontrar seres humanos que usavam a música como ferramenta para falar de outras coisas, muito mais elevadas e mais importantes. Toquei e estudei com holandeses supercélebres, que gravaram LPs que chegaram para mim antes. Eu ouvia eles aqui e trabalhei com eles lá. Eles tinham 60, 70 anos, e eu estava com 17, 18 anos. Isso me marcou profundamente, como mestre e discípulo. Sinto-me na obrigação de passar isso para a frente, não leiloando esse conhecimento para quem não está interessado, mas entregando para quem deseja. As coisas que esses mestres me falaram estavam muito além do simplesmente fazer música.
A doação do Pró-Música para a UFJF também te deixou marcas? Qual é a sua avaliação desse processo?
Isso foi digerido coletivamente ao longo dos anos. É uma opinião familiar. A gente torce para que dê certo. Foi nosso sonho. Uma espécie de esperança para que a iniciativa continuasse indefinidamente e não dependesse da vida da família, mas se transformasse em um projeto da cidade e do país. Se isso está um pouco difícil agora, estamos aí, prontos para ajudar. E, obviamente, para criticar, porque não nascemos ontem e precisamos colocar nossa experiência em evidência. Estamos à disposição para aconselhar e estar presente, torcendo para que esse processo atual dure o menor tempo possível. Que o nosso exemplo, que as 25 edições do festival que fizemos, sirvam de estudo e de análise, para que aprendam com o que foi feito. Que isso não seja assunto do passado, mas que sirva de elementos para o futuro.
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Tanto a Orquestra Barroca do Festival quanto o disco com o registro da orquestra não são, hoje, realidades do evento. O que essa perda representa para a cultura brasileira?
Isso fazia parte de um cenário quixotesco. Os discos aconteciam porque havia uma intenção por trás, uma paixão, uma vontade que estava quase além das condições. É fruto do sonho de uma família. E não vejo essa perda como um lamento muito grande, porque o tamanho da realização é muito expressivo. Só da Orquestra Barroca foram 15 CDs. Quantos grupos brasileiros chegam a metade disso em suas discografias? Isso é uma coisa que está fora do contexto do Brasil. É um material que concretiza uma era de forma tão inequívoca e serve de exemplo para futuras iniciativas. É um material de estudo que não se esgota. Fico contentíssimo com essa obra. Se continuássemos, continuaríamos fazendo os discos. Os discos foram feitos com a intenção de divulgar o festival como evento, mas, também, dando um alcance maior para o que a gente fazia em Juiz de Fora. Tem escolas dos Estados Unidos e da Europa que têm esses CDs. Tive a felicidade de colocar em prática uma coisa que sempre quis: trazer o “know-how” da minha carreira europeia para o Brasil. Foram muitos discos que estão pelos quatro cantos. Plantei a semente.
“Tive a felicidade de colocar em prática uma coisa que sempre quis: trazer o “know-how” da minha carreira europeia para o Brasil. Foram muitos discos que estão pelos quatro cantos. Plantei a semente”
Como se deu o convite para que formasse um grupo de música antiga no Festival de Campos do Jordão?
Este é o quinto ano. Fui convidado justamente quando eles tiveram a intenção de abrir uma janela para a música antiga, como um departamento. O festival está completando 50 anos, e a grande marca dele, que virou modelo para outros festivais, é o ensino mais tradicional da música erudita, com instrumentos modernos. Como a música antiga deixou de ser periférica há muito tempo, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, essa necessidade batia na porta do Festival de Campos de Jordão. Com a minha saída da direção do Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora, pela primeira vez consegui ficar livre no mês de julho. Em todos esses 25 anos em que atuei no festival com a minha família eu tinha sempre que recusar convites de outros festivais, como o de Londrina. Eu estando livre, o pessoal de Campos de Jordão abriu esse grupo de música antiga. É um trabalho em construção. Não temos pressa. A intenção é introduzir esse alunos na interpretação histórica da música antiga. Na primeira semana, por exemplo, os alunos fazem a sinfonia de Mahler, a quintessência do repertório moderno tradicional. Na semana seguinte, eles fazem uma obra de Bach, ou a sinfonia de Carl Philipp Emanuel Bach, um repertório bem específico barroco que eles não estão nem um pouco acostumados a fazer. Para eles, em nível pedagógico, é uma experiência incrível, mesmo que não tomem contato com o instrumentos antigos de uma forma concreta, o que é outro estágio. É uma oportunidade para pensarem a música de outra maneira, reunindo bagagem.
Você também formou um núcleo de música antiga na Escola de Música do Estado de São Paulo, a Emesp. Como está esse trabalho atualmente?
A Emesp é um orgulho. Foi uma oportunidade única, dada à minha equipe, que era a mesma que dava aulas no festival de Juiz de Fora. É um grupo de colegas de décadas, todos com trajetória na Europa. Moramos todos juntos na Holanda e trabalhamos bastante por lá. Tivemos a oportunidade de criar um curso regular, com grade e currículo específicos de música antiga. É um curso inédito e único no Brasil, com uma formação completa na matéria da música antiga. São quatro anos. Espelhamos nossa grade curricular num modelo instaurado em Haia, na Holanda, em Basel, na Suíça e em Londres, na Inglaterra, grandes centros que começaram com a sistematização do ensino da música antiga. Até agora é o único modelo do gênero. Os alunos têm aulas não só dos instrumentos antigos, mas de música de câmara, baixo contínuo. Eu dou aulas de análise e retórica e terminologia de época. Assim conseguimos criar um ecossistema para que os alunos se sintam inseridos num contexto, façam parte de uma comunidade e não se sintam isolados, como se fizessem uma coisa perdida. O grande mérito dos festivais de Juiz de Fora foi aglutinar gente de várias cidades do Brasil, mostrando que tinham muitas pessoas com um mesmo interesse. Uma escola que consegue criar um curso regular, fazendo com que os alunos se encontrem, é muito importante. E é um número expressivo: são 40 alunos. Isso tem efeitos muito produtivos. Vários alunos nossos conseguiram seguir uma carreira e foram estudar em outros centros ou em outros países. Este ano completamos dez anos e mostramos que temos frutos. Já fizemos oito festivais nossos, com convidados internacionais, montando uma orquestra muito grande e um coro expressivo para fazer obras de peso.
Daqui a menos de um mês você vai reger mais uma vez a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp, uma das principais sinfônicas do país. Como tem sido exercitar essa outra faceta?
Minha atividade como maestro está ajudando a mostrar que não existem abismos entre a especialização da música antiga e o ramo mais tradicional da música moderna. Tenho sido convidado com muita frequência para reger orquestras tradicionais, o que sinaliza uma abertura desses grupos mais engessados num gosto musical. Eles estão querendo mudar a concepção e ter outras influências e inspirações. Praticamente todas as orquestras sinfônicas do Brasil tenho regido com regularidade. A Osesp é a segunda vez, agora em agosto, o que, para mim, é uma espécie de troféu. Normalmente eles chamam o maestro convidado uma vez, apenas. É a segunda vez que estou indo num intervalo de dois anos. Eles gostaram muito do meu trabalho. E ela está no topo, porque, de longe é a mais importante do país.
E sempre leva a música antiga ou executa outros repertórios?
Levo o repertório barroco. Minha especialização é no repertório antigo, dos séculos XVII, XVIII e XIX, especialmente visto numa reavaliação da interpretação. Preocupo-me em como reler a partitura, executar numa outra ótica. Só vou para esses lugares para mostrar a minha bagagem de quase 30 anos pensando dessa maneira. Nesse início do ano, regi a Orquestra do Theatro São Pedro, daqui de São Paulo, num programa só com obras de (Felix) Mendelssohn (Bartholdy), do início do século XIX. Ano passado fiz uma ópera de (Georg Friedrich) Händel, que foi a primeira montagem num teatro de ópera com agenda constante de uma obra barroca desse vulto. Também regi a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, a Orquestra Sinfônica do Paraná, a Orquestra Filarmônica de Goiás, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional de Brasília, a Orquestra Petrobras Sinfônica, a Orquestra Sinfônica da USP. Fico muito contente com essa minha outra vertente, mas ser instrumentista vai ser sempre minha tônica. Serei sempre violonista. É o que amo fazer.
“Preocupo-me em como reler a partitura, executar numa outra ótica. Só vou para esses lugares para mostrar a minha bagagem de quase 30 anos pensando dessa maneira”
Diante desses novos grupos formados e desses convites para reger sinfônicas pelo país, é possível afirmar que o interesse pela música antiga no Brasil cresceu nos últimos anos?
Desde a década de 1990, venho implementando essa minha aventura quixotesca de amor pela música antiga. Quando comecei com minha família não tinha praticamente ninguém no Brasil trabalhando com isso. Era uma coisa de louco. Hoje vejo que estou conseguindo passar essa missão para frente. O interesse pela música antiga sempre existiu, porque é um assunto fascinante. É um estilo de música muito agradável e palatável. Os maiores e mais ilustres compositores são antigos. Se fizermos uma lista dos dez maiores compositores, seis são do período barroco. O atrativo da busca pelos instrumentos antigos têm outro tipo de fascínio. A medida que damos oportunidades para o público ter contato com essa proposta, o interesse só cresce. O importante é ter continuidade, é manter esse acesso visível e com qualidade. Não podemos nunca justificar uma proposta só com palavras e ideias. A qualidade musical, o convencimento da performance musical tem que ser inquestionável e inegável. O que fomos construindo no festival em Juiz de Fora, por exemplo, foi um crescente de qualidade musical que se tornou parâmetro. O que vemos em Campos do Jordão e em Curitiba, com a tradicional oficina de música, são pequenas ilhas, pontos de encontro anual onde o público pode vivenciar o que também está no YouTube e em CDs. É uma coisa que virou rotineira na Europa e nos Estados Unidos. Agora tenho ido muito para a Ásia, que está igualzinha à Europa. Aqui no Brasil o interesse tem crescido, mas as oportunidades ainda são pontuais, isoladas e, muitas vezes, não se comunicam.
Qual o papel do artista nesse contexto de fortalecimento da música antiga?
O artistas têm um papel muito importante de servir de ponte. Sou chamado para dar aula em vários eventos e faço da minha bagagem uma espécie de amálgama para alunos e público de várias partes do país. Em São Paulo, por exemplo, a Emesp e a Sala São Paulo são separadas pela Cracolândia. São duas instituições que podem ser vistas como coisas isoladas. São iniciativas com administrações diferentes e com tônicas distintas. Uma é estritamente pedagógica e a outra tem uma tônica de promoção de concertos. Vejo a minha trajetória, com a minha arte, como uma ponte a ligar os dois lados da rua. O sonho que tenho é que o interesse cresça cada vez mais na medida em que o intercâmbio e o reconhecimento de quem produz possa também aumentar.
“O sonho que tenho é que o interesse cresça cada vez mais na medida em que o intercâmbio e o reconhecimento de quem produz possa também aumentar”
Qual é a sua avaliação da pesquisa em música antiga hoje em dia?
Existe uma pesquisa musicológica, acadêmica, teórica e uma pesquisa que é prática, de performance, artística. A pesquisa musicológica sempre existiu, de uma certa forma tímida e discreta na década de 1980 e no início dos anos 1990. Isso tem crescido muito porque a profissionalização do pesquisador de música melhorou muito com o tempo. Hoje temos muito mais pesquisadores nas universidades que há 20 anos. Existe, também, essa outra pesquisa, a prática, que na verdade é a mais importante, porque concretiza uma pesquisa teórica. Sem essa concretização do palco, do espetáculo, uma pesquisa teórica se torna estéril e infértil. Essa pesquisa na qual me insiro, de tocar e apresentar o que pesquiso, tem crescido, mas de forma desigual. Existe, ainda, um amadorismo muito grande. Temos uma formação ainda básica. Os cursos de especialização em música antiga são, ainda, muito introdutórios. Queremos desbravar, porque ainda tem uma coisa de catequese, de mostrar o universo. Não existe, ainda, um nível de excelência como tem na Europa. Diria que na parte acadêmica também há essa desigualdade. Existe uma corrida do ouro, com as pessoas querendo um lugar ao sol, uma posição de destaque estando embasadas apenas em pesquisas especulativas. A qualidade é o que põe um ponto final nisso. Está crescendo o interesse, e é preciso ser positivo, principalmente no Brasil, na loucura que vivemos hoje. É incrível podermos falar em arte, em crescimento cultural, em música antiga, mas não podemos fechar os olhos e achar que onde estamos agora é o lugar dourado, o ponto final da evolução. Estamos no meio do caminho. Eu quero, realmente, fazer no Brasil o que consegui fazer na Europa, e tenho a consciência do tanto que ainda precisa ser capinado para que possamos ter um terreno ideal.
“Está crescendo o interesse, e é preciso ser positivo, principalmente no Brasil, na loucura que vivemos hoje. É incrível podermos falar em arte, em crescimento cultural, em música antiga, mas não podemos fechar os olhos e achar que onde estamos agora é o lugar dourado, o ponto final da evolução. Estamos no meio do caminho”
Recentemente a cultura tem sido, com grande frequência, colocada em xeque como artigo dispensável. Você atua com música erudita, e com uma especificidade dentro dela, que é a música antiga. Sente-se ameaçado por isso? Como artista, qual é a sua avaliação do momento atual?
Não dá para dourar a pílula: temos que bradar que o momento é grave. O patrimônio cultural e as grandes heranças são frágeis e precisam ser mantidos. Educação e cultura são imateriais, mas são preciosas. Se não as mantivermos vivas, elas murcham e não deixam rastros. A música, o balé, as letras são flores preciosas que a gente tem que regar. O Brasil atualmente não está num momento de força. Vivemos um período em que a qualquer momento tudo pode desabar. E acho que já está desabando. O que vai salvar são as iniciativas isoladas e a união de quem valoriza isso. Espero que tudo mude o mais rápido possível para não virar pó. Temos que cuidar para que a arte viva e para que as pessoas valorizem o passado, as grandes realizações que são de toda a humanidade. Eu vivo de apresentar para o público música barroca do século XVII composta na Alemanha e na França. Se formos olhar de uma forma fria e pouco sensível, pode parecer uma coisa supérflua, mas estamos falando de um legado, de um elo que remete às nossas origens. Fazer música antiga é muito importante, tão essencial quanto manter a educação e o sistema de saúde. Isso não pode morrer e, ao contrário, tem que florescer porque se ramifica para outros lados da sociedade.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Especiais
Data: 28/07/2019
Título: Os conselhos e as classes de Olga, há 52 anos na educação
A casa ficava diante da praça principal e tinha um quintal muito grande. Ao lado, havia o armazém de dona Clotilde e uma escola. Os olhos de Olga Carmelita Stussi Coelho Rosa brilhavam vendo a professora passar no portão. Para a mãe, a menina ainda era muito nova para frequentar a escola. “Eu pedia: ‘Mamãe, compra aquele livro para mim!’. Um dia ela comprou a cartilha”, lembra. Pequenina, a menina já sabia tudo de cor. Tanto que pegou a cartilha de ponta-cabeça, sem nem saber ler, mas dominando todo o conteúdo.
“Foi uma vida muito gostosa, subindo em árvores, pendurando de cabeça para baixo, fazendo dique de barro. Sempre brinquei muito. Tinha chiqueiro na minha casa, já com água encanada. Na época a mangueira ficava ligada o dia inteiro e eu dava banho nos porcos, pegava os porquinhos no colo. Fui criada na terra, plantando com meu pai e minha mãe. Tínhamos tudo em casa”, conta ela, caçula dos quatro filhos de um militar que adorava escrever poesias e de uma mãe que trabalhava com os serviços domésticos e esbanjava grande intelecto. Nasceu na vila militar da Remonta, mas quando os irmãos avançaram nos estudos, a família precisou transferir-se para o Bairro Benfica, onde ficava a grande casa da memória. Aos 7 anos, a família se mudou para o Morro da Glória.
Olga – que é Carmelita porque tinha uma tia da congregação que ofereceu a própria vida para curar uma doença do pai, é Stussi pela descendência italiana, Coelho por conta de uma família mista, com portugueses e indígenas, e Rosa após o casamento com Paulo Cezar. Queria estudar direito, mas por influência do pai, desistiu. Pensou em arquitetura, mas como não havia o curso em Juiz de Fora, o pai não deixou. Resolveu cursar pedagogia e revolver as lembranças da escola vizinha. E na faculdade já dava aulas particulares, alfabetizando.
A redação
Formada em 1971, na segunda turma de pedagogia da UFJF, Olga pisou pela primeira vez numa sala de aula como professora substituta, atuando numa turma de segundo ano de uma escola estadual no Bairro Santa Terezinha. Pediu para que produzissem uma redação. “Contem o que quiserem, mas contem a história de vocês”, indicou. “Tive vontade de chorar. Levei para a casa e mostrei para o meu pai. Como iria trabalhar com aquilo? Vinha merenda do estado, mas os meninos compravam merenda. Comecei, então, a levar para eles. Minha mãe fazia e eu levava todo dia. A diretora mandou me chamar. ‘A senhora sabe que não pode oferecer merenda para os meninos porque a cantina vende?’, ela me disse. Eu falei que eles não tinham dinheiro para comprar, ficavam sem, e ela falou: ‘Isso é a vida’. Eu disse: ‘É a vida para a senhora, para mim, não!’. Não dava para ficar lá. Fui embora”, recorda. Antes de ir, no entanto, solicitou que os alunos escrevessem um novo texto. Diferentemente do primeiro, havia ali, desta vez, alegria. O trabalho havia surtido efeito. E continuo surtindo. Olga nunca parou. Especialista em psicopedagogia, com mestrado em fundamentos da educação e dois doutorados – um em administração e supervisão e outro em ciências da educação – também não abandonou as carteiras. “Estudo até hoje. Faço curso de inglês agora”, diz ela, fluente em espanhol. “No meu tempo, quando estudei no Santa Catarina aprendi francês, inglês e latim”, acrescenta a mulher que por dez anos foi coordenadora no Granbery, e, por 25, atuou nos cursos de pedagogia, biologia, psicologia, letras e matemática do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora, onde aposentou-se há cinco anos. Manteve-se na rede pública municipal. Quando vai parar? “Daqui a pouco”, responde, sorrindo.
As listas de chamada
Ficava no alto do morro a primeira escola que Olga dirigiu. O ônibus não chegava. E junto dos alunos, ela subia a pé a ladeira até chegar à Escola Municipal Elpídio Corrêa Farias, no Bairro Borboleta . Depois de alguns meses, foi transferida para a Escola Municipal Professor Oscar Schmidt, que acabara de abrir as portas no Bairro Santa Rita de Cássia. Passado algum tempo, ela recebeu o convite para assumir a Escola Municipal Cecília Meireles, no Nova Era. No lugar passou 28 de seus 72 anos. “Era uma escola totalmente desestruturada, com poucos alunos, não chegava a 200. O índice de evasão e repetência era alto. Ela funcionava da educação infantil ao quinto ano. Assumi como um desafio. Em dois momentos ela chegou a ter 1.600 alunos estudando em seis turnos, um entrando no outro. A escola conseguiu um índice excelente de qualidade e tornou-se disputadíssima. Deixei lá um dossiê fora de série com todos as nossas premiações. Os jornais daqui e de fora viviam lá. Dei o meu sangue pela escola. Nunca me cobraram, fiz porque quis”, conta Olga, enumerando sete vitórias no Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito. “Quatro vezes fomos o primeiro lugar. Na primeira vez, fui sozinha à Suécia. Das outras vezes, levei mais três (professores) comigo. Às premiações no Brasil, eu levava uma média de 50 professores. Tudo quanto é concurso que a gente entrava, ganhava. Em 2005, no Prêmio Belgo de Meio-Ambiente, nossa escola tirou quatro primeiros lugares nas oito categorias. Entrávamos em muitos concursos, porque tínhamos uma equipe real. A minha visão é a de que uma andorinha só não faz verão.”
O diploma
“A minha história foi feita no lúdico, no aprender a aprender brincando. A vida é lúdica”, diz, mostrando o livro “Pedagogia da ludicidade na dinâmica da alfabetização”, que lançou em 2005, pouco tempo antes de sair da escola que a projetou internacionalmente. Viriam, então, tempos de calmaria? Incansável, há 11 anos Olga pega, todos os dias, num ponto da Avenida Getúlio Vargas, o ônibus que a leva ao Náutico, para uma escola rural. “Como ter sossego vendo uma comunidade tão fragilizada?”, questiona. Não vai de carro por opção. Olga, como exceção numa triste regra, conheceu o sucesso financeiro na educação. “Não tenho problemas com o salário. Sou do regime especial, cheguei ao nível máximo da minha carreira, porque tenho doutorado e tempo de serviço. Ainda tenho a aposentadoria da faculdade e sou pensionista de militar. Não tenho do que reclamar, terminantemente, mas sei que o professor ganha mal hoje, muito mal”, comenta ela, que todo ano viaja num cruzeiro. “Gosto de viajar e fotografar a natureza. Tenho fotos deslumbrantes do Rio Paraibuna”, diz. Em sua trajetória, Olga sempre apostou no envolvimento das famílias no cotidiano escolar. Não esqueceu da própria, afirma. “Sempre participei de tudo quanto é congresso no Brasil inteiro, eu queria estar atualizada, saber de tudo. Sacrifiquei demais a minha família, mas não tenho arrependimento. Minhas filhas sempre tiveram a consciência de que não era a quantidade de tempo que fazia a qualidade do nosso amor”, pontua a mãe de Sumara e Roberta e avó de Antônio e Beatriz. O que falta hoje?, pergunto. “Comprometimento”, responde de pronto. “De todos”, completa. “Vou morrer acreditando na educação. Só podemos ter um país melhor se tivermos uma educação decente, que forme cidadãos. Do contrário, tudo se torna massa, como o boi indo para o matadouro, uma pessoa manipulável, que não conhece seus direitos e não sabe de seus deveres. Na educação devemos formar pessoas que tenham direito à escolha.”
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata
Data: 29/07/2019
Título: Projeto da UFJF oferece tatuagens para pessoas com cicatrizes
Um projeto do Curso de Artes e Design, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), oferece tatuagens para pessoas que têm cicatrizes. A proposta tem o objetivo de usar a arte como uma forma de ajudar na recuperação da autoestima de quem tem as marcas na pele.
De acordo com a UFJF, o projeto de extensão “Marcas com Expressão”, a aluna Isadora Mayrinck, é oferecido de forma gratuita. As tatuagens são feitas com o intuito de cobrir ou pelo menos disfarçar as cicatrizes deixadas por algum ferimento ou intervenção cirúrgica.
O projeto foi idealizado a partir da visão que Mayrinck tem da arte, considerada por ela como um importante instrumento de mudança na vida das pessoas.
“Gosto de pensar que arte é para todos. Por isso tive essa ideia de oferecer as tatuagens como forma de tentar mudar a vida das pessoas de forma positiva”, destacou.
A iniciativa é orientada pala professora do Instituto de Artes e Design (IAD), Annelise Nani, formada em Artes e Psicologia. Ela ressaltou o interesse pela proposta e, por isso, resolveu trabalhar junto no desenvolvimento e acompanhamento do projeto.
“Por ser uma proposta de uma aluna que está em seu primeiro ano na universidade, eu me encantei e, por isso, aceitei participar. O projeto é muito interessante no sentido de como a arte pode ajudar o ser humano a ressignificar possíveis experiências traumáticas”, explicou.
O projeto é realizado em três etapas: na primeira, acontece uma apresentação inicial, quando os interessados respondem questionários que ajudam a entender a história; na segunda etapa, a aluna cria o desenho que vai ser tatuado, com supervisão da professora e do cliente; e na terceira etapa é realizada a tatuagem.
Por se tratar de um desenho que vai ficar para sempre na pele, o processo é feito com cautela e responsabilidade. O atendimento é destinado exclusivamente para maiores de 18 anos e os interessados devem ter autorização médica por escrito para a realização de tatuagem em cicatrizes.
A estudante, que tem dois anos de experiência como tatuadora, revelou ter percebido a demanda ao atender vários clientes que relatavam o desejo de cobrir cicatrizes por conta destas causarem incômodo ou lembrarem de momentos tristes.
“Já escutei vários relatos de pessoas que, se pudessem, realizariam algum procedimento para tentar amenizar suas cicatrizes. Com isso eu percebi que marcas no corpo mexem profundamente com as pessoas e isso me despertou o interesse de tentar ajudá-las. Poder ajudar alguém fazendo algo que eu amo me dá grande satisfação”, completou Mayrinck.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Esporte
Data: 29/07/2019
Título: Atletas locais conquistam seis vagas para o Troféu Brasil de Atletismo
Treze medalhas – três de ouro, quatro de prata e seis de bronze -, além de seis vagas no 38º Troféu Brasil, o principal evento do país no atletismo. Este foi o saldo da UFJF na disputa do Campeonato Mineiro adulto, no Complexo Esportivo da Federal, no último sábado (27). A equipe local terminou como a melhor entre as mulheres e com a terceira posição nas provas masculinas. A atleta Amanda de Oliveira, também representante da UFJF no evento, foi eleita o destaque do Estadual.
Se classificaram para o Troféu Brasil, agendado para 29 de agosto a 1º de setembro, em Bragança Paulista (SP), Felipe Sirimarco, prata nos 400m rasos com o tempo de 47s40; Paula Adriana, campeã dos 5 mil metros rasos em 18min24s16; Eberth da Silva, bronze nos 10 mil metros rasos masculino com a marca de 31min36s32; e o trio nos 10 mil metros rasos feminino que compôs todo o pódio da prova, formado por Amanda de Oliveira (36min01s10), Aline Barbosa (39min12s48) e Selma da Paz (39min38s17), ouro, prata e bronze, respectivamente.
Paula Adriana ainda foi a melhor nos 1.500m rasos (4min49s68), seguida de Noemi Alves (5min01s35) e Ana Caroline Alvim (5min15s81). Isaías Aparecido levou a prata no arremesso de peso (13,91m), Carlos Eduardo Ferreira foi o terceiro colocado nos 400m com barreiras (55s96), mesma posição de Vivian dos Santos, tanto nos 100m rasos (14h16) quanto no salto em distância (5,01m).
Medalhista tanto nos 1.500m, quanto nos 5 mil metros, Paula Adriana, 29 anos, destacou os feitos. “Foram provas feitas na raça e com uma sensação maravilhosa das conquistas. Será a minha primeira vez no Troféu Brasil, uma honra. É fruto do trabalho, da disciplina e da dedicação nos treinamentos. Que sirva de sonhos para todos os atletas que pretendem chegar lá junto com os feras”, reitera.
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Veículo: Acessa
Editoria: –
Data: 29/07/2019
Link: https://www.acessa.com/cultura/arquivo/musica/2019/07/29-entrevista-com-maestro-andre-pires/
Título: Entrevista com o maestro André Pires
Texto não copiável
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata
Data: 30/07/2019
Título: Estudantes da UFJF criam app que analisa qualidade do leite instantaneamente
Três estudantes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) criaram um mecanismo que analisa a qualidade do leite de forma simples e barata. Os resultados são apresentados instantaneamente através de um aplicativo de celular.
De acordo com Ítalo Alvarenga, do Curso de Engenharia Elétrica, um dos idealizadores do projeto, a ideia surgiu após analisarem pesquisas que apontam que 12% do leite produzido no Brasil é desperdiçado.
“Atualmente, cerca de 12% do leite produzido no Brasil é desperdiçado, justamente porque os produtores não conhecem instantaneamente a qualidade do produto que armazenam ou transportam”, explicou.
Ele revelou ainda como funciona o mecanismo criado por ele em parceria com os estudantes Gabriel Correa, da Engenharia Elétrica, e David Campos, da Engenharia Mecânica.
“Nós criamos uma sonda portátil que mede instantaneamente a qualidade do leite. Acompanhada de um aplicativo, a sonda envia imediatamente os dados coletados para um smartphone. Nós pegamos uma capacidade de análise, até então reservada aos laboratórios, e entregamos na palma da mão do produtor rural”, destacou.
A principal tecnologia utilizada neste sistema de análise – que os estudantes batizaram de “Smart Milk IoT” – também é uma inovação desenvolvida na UFJF: os sensores de fibra ótica conhecidos como Long Period Grating (LGP, as Redes de Longo Período) produzidos no Laboratório de Instrumentação e Telemetria da Universidade (Litel).
O Smart Milk IoT foi premiado em dois eventos voltados para ideias inovadoras nesse campo da indústria: o InovaLácteos (organizado pela Agência de Inovação de Leite e Derivados – Polo do Leite e acompanhando o Minas Láctea, maior evento de laticínios do Brasil) e o Campus Mobile, desenvolvido pelo Instituto NET Claro Embratel, dedicado ao aprimoramento de ideias e soluções para mobile.
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata
Data: 30/07/2019
Título: Inscrições para concurso da UFJF terminam nesta sexta-feira
Os interessados em se inscrever no Concurso para Técnico-Administrativos em Educação promovido pela Universidade Federal de Juiz de Fora têm até às 23h59 da sexta-feira (2).
As inscrições devem ser feitas no site da Fundação Cefet Minas. A taxa de inscrição é de R$ 80 para cargos de nível D e R$ 120 para os de nível E.
São 21 oportunidades para os campi de Juiz de Fora e Governador Valadares. Há reserva de vagas para pessoas com deficiência e candidatos declarados pretos e pardos, conforme legislação.
Os salários variam de R$ 2.446,96 (para nível D, Ensino Médio) a R$ 4.180,66 (para nível E, Superior), sendo acrescido ao valor outros benefícios.
O maior número de vagas é para o cargo de Assistente em Administração (nível médio D). Há também chances para Tradutor Intérprete de Libras (nível médio D) e Analista de Tecnologia da Informação (superior E).
Mais informações sobre o quadro de vagas podem ser conferidas no item 2 do Edital.
Prova
As provas objetivas de múltipla escolha para todos os cargos serão realizadas no dia 15 de setembro em Juiz de Fora e Governador Valadares.
Para o cargo de Tradutor Intérprete de Linguagem de Sinais também é aplicada prova prática. Mas só participam desta etapa os 30 primeiros classificados na prova objetiva.
Outras informações sobre o concurso podem ser conferidas no site http://concurso.fundacaocefetminas.org.br
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata
Data: 30/07/2019
Título: Projeto prevê alteração no trânsito do Bairro São Pedro em Juiz de Fora
A Secretaria de Transportes e Trânsito (Settra) está na fase final de um projeto que prevê alterações no trânsito no Bairro São Pedro em Juiz de Fora. A informação foi confirmada pela assessoria da pasta ao G1 nesta terça-feira (30), que afirma que o motivo da mudança é o fluxo de veículos no local.
De acordo com a Settra, a modificação depende da conclusão das obras da BR-440, que está sendo executada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) e a Empa S/A Serviços de Engenharia.
O G1 entrou em contato com o Dnit para mais informações sobre sobre a previsão para o término das obras na BR-440, em Juiz de Fora, e aguarda retorno.
Confira as mudanças
Transformação da Rua José Lourenço Kelmer e da Avenida Presidente Costa e Silva em vias de mão única.
O pórtico norte da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e o entroncamento da BR-440 com a Rua José Lourenço Kelmer poderão contar com sinalização semafórica.
A rua paralela à rodovia será utilizada como retorno para o condutor que deseja acessar a Rua José Lourenço Kelmer.
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Veículo: Acessa
Editoria: –
Data: 30/07/2019
Título: Simpósio analisa contribuição de Rubem Alves para a ciência da religião
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), através do Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião realiza, entre os dias 27 e 29 de agosto, a segunda edição do Simpósio Repensando o Sagrado. O evento acontece em parceria com a Universidade Federal do Sergipe (UFS) e tem como tema Rubem Alves e a Teologia da Libertação e busca discutir a contribuição da teoria da religião do teólogo.
Serão realizadas conferências, mesas redondas e grupos de trabalhos, com apresentação de comunicações no Instituto de Ciências Humanas (ICH) da UFJF. O evento conta com convidados dos Estados Unidos e do México, e palestrantes brasileiros, como Leonardo Boff e Zwinglio Mota Dias. Os textos apresentados serão posteriormente publicados e divulgados via e-book. As inscrições e submissões de trabalhos podem ser feitas on-line. O prazo para submissão de trabalhos termina nesta sexta, 2 de agosto. Já o prazo de inscrições varia conforme a categoria do inscrito.
O simpósio celebra o cinquentenário de publicação da tese de doutorado de Rubem Alves e levanta a discussão sobre suas ideias e contribuições para a epistemologia da Ciência da Religião. Alves foi psicanalista, teólogo, educador, escritor e pastor presbiteriano, considerado uma das mais importantes figuras no cenário teológico brasileiro e representante protestante da reflexão sobre a teologia da libertação.
Durante o evento, será realizada ainda a Assembleia de Fundação da Sociedade Internacional Rubem Alves (Sira), uma associação acadêmica voltada à interpretação e à ampliação do legado intelectual de Alves. A cerimônia conta com a presença da presidente do Instituto Rubem Alves, Raquel Alves.
O Simpósio
A primeira edição do evento ocorreu em 2017, realizado pelo Núcleo de Estudos em Protestantismos e Teologias (Neprotes), junto com o Grupo de Pesquisa Correlativos (GPcor) do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da UFS. Este ano, as inscrições variam de gratuitas a R$ 50.
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Veículo: Acessa
Editoria: –
Data: 30/07/2019
Título: UFJF oferece 55 vagas para projetos e cursos gratuitos para idosos
O Polo Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão sobre o Processo de Envelhecimento da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) está com vagas abertas para projetos de extensão, oficinas e cursos gratuitos voltados para idosos maiores de 60 anos. As inscrições acontecem na próxima semana, de 5 a 9 de agosto.
O Polo desenvolve atividades de cunho interdisciplinar, envolvendo estudantes de diversas áreas, com o fim de acrescentar à formação profissional e gerar boas experiências aos idosos.
Memória e Qualidade de Vida
“Memória e qualidade de vida: uma ação interdisciplinar com vistas ao envelhecimento ativo e saudável” é um dos projetos. Com 15 vagas disponíveis, tem como objetivo estimular e aprimorar o desempenho da memória a partir da valorização das lembranças e experiências dos participantes, contribuindo para o fortalecimento de sua identidade, autonomia e melhoria de sua qualidade de vida.
Enriquecimento Cultural
Outro projeto, com 28 vagas disponíveis, é o “Laboratório de Enriquecimento cultural”, onde acontecem palestras e debates com temas variados de interesse dos idosos.
Idosos Online
Também há 12 vagas para o “Idosos Online”, um curso com aulas básicas de introdução à informática, onde os participantes aprendem a lidar com novas tecnologias, smartphones e redes sociais.
Inscrições
As inscrições para os projetos devem ser realizadas presencialmente, na sede do Polo, localizada na Rua Severino Meirelles, 260 – Alto dos Passos, entre 13h30 e 18h. Para o cadastro, é necessário a entrega das cópias de documento de identidade e comprovante de residência, além de uma foto atual para a ficha cadastral (não precisa ser 3×4).
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Veículo: JC Notícias
Editoria: –
Data: 30/07/2019
Link: http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/14-projeto-do-governo-ameaca-autonomia-universitaria/
Título: Projeto do governo ameaça autonomia universitária
Levantamento exclusivo realizado pelo jornal da AdUFRJ mostra que 32 universidades e institutos federais de seis estados brasileiros prepararam documentos sobre o Future-se com críticas severas ao projeto do governo Bolsonaro. Todos os textos consideram o plano perigosamente vago, alertam para o risco de perda de autonomia na gestão administrativa e política das instituições e questionam a pressa do MEC em preparar um novo modelo de financiamento do ensino superior sem consulta prévia à comunidade acadêmica
Documentos de 32 universidades e institutos federais de seis estados recomendam cautela com o programa do governo para reformar as universidades, o Future-se. A Procuradoria-Geral da UFRJ e um grupo de trabalho sobre Educação Superior da Câmara dos Deputados também se manifestaram sobre o projeto. Riscos à autonomia universitária, falta de clareza em vários pontos do Future-se e incerteza quanto ao presente são preocupações comuns a quase todos os textos, reunidos em levantamento exclusivo da AdUFRJ.
Os gestores solicitam que a comunidade acadêmica estude com atenção a proposta do MEC antes de qualquer decisão. A adesão ao Future-se é voluntária. O MEC colocou parte do projeto em consulta pública até 15 de agosto. Até sexta-feira, 23, mais de 14 mil pessoas haviam se cadastrado para participar da enquete.
O primeiro problema é esse. Para a Procuradoria-Geral da UFRJ, é “inviável qualquer deliberação por aderir ou não aderir”, por enquanto. A universidade só poderá resolver sobre a possibilidade de adesão quando a proposta se tornar lei e “esteja clara e objetivamente compreensível”. Não há prazo para a votação do projeto de lei, que promove mudanças em outras 17 leis, incluindo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
As três universidades federais e o instituto federal do estado de São Paulo divulgaram que “a decisão de adesão deverá ser objeto de avaliação de seus conselhos superiores, exigindo amplo debate com a comunidade acadêmica”. O documento cobra “prazo condizente com a complexidade do tema”.
O tempo curto para contribuições e a falta de precisão do Future-se são atacados pela Universidade Federal de Pelotas: “O MEC propõe um período de consulta originalmente de apenas três semanas, depois aumentado para quatro semanas, que coincide com o período de férias letivas na maioria das Universidades”, diz um trecho. “As informações apresentadas são superficiais e absolutamente insuficientes para a completa compreensão de temas tão densos como os abordados na proposta”, completa.
A preocupação com a autonomia universitária é recorrente em todas as manifestações institucionais. As universidades do Rio de Janeiro criticam o modelo de gestão por contratos firmados com organizações sociais e a supervisão do programa por um comitê gestor indefinido: “A proposta tem aspecto de uma carta branca para que um órgão externo às IFES, composto por membros ainda desconhecidos, e sem necessidade de licitação pública, intervenha não somente na gestão, mas nas políticas acadêmicas do ensino superior, o que pode configurar um atentado ao princípio constitucional da autonomia das IFES”.
E o presente?
Enquanto traça diretrizes imprecisas para o futuro das universidades federais, o governo parece esquecer que o cotidiano das instituições é de dificuldades orçamentárias. “Lembramos que algumas instituições já estão enfrentando enormes problemas para dar andamento ao segundo semestre letivo. Assim, falar do futuro é difícil diante do presente ainda incerto”, diz manifestação do Fórum das Instituições Públicas de Minas Gerais, que reúne a UFMG, a Federal de Juiz de Fora e mais 17 universidades e institutos. “Espera-se que o orçamento aprovado para 2019 seja rapidamente liberado em sua integralidade e que o de 2020 contemple adequadamente as necessidades de nossas instituições”, completa o documento mineiro.
A análise assinada por um grupo de trabalho da Câmara, assinado pelo ex-reitor da UFF, Roberto Salles, e pela ex-reitora da UFMG, Ana Lúcia Gazzola, também critica a falta de alternativa para a situação presente dos campi. “O MEC não apresenta respostas às necessidades imediatas de manutenção do funcionamento das instituições”, reforça o texto do GT já remetido para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Invasão
Para além dos documentos, os reitores têm demonstrado muita insatisfação com o Future-se, em entrevistas ou debates. O reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Vicente Oppermann, considera que o programa invade praticamente todas as esferas de competência que hoje são dos reitores, afrontando diretamente a autonomia universitária. “Se as OS (Organizações Sociais) assumirem a gestão administrativa, de pessoal, de patrimônio, de currículo e pesquisa, o que é que os reitores vão fazer mesmo?”, questionou.
Se fosse caso de adesão imediata, o reitor da Federal do Ceará, Henry Campos, afirma que não iria aderir por falta de clareza da proposta.
A Universidade de Brasília (UnB) criou um grupo de trabalho multidisciplinar para avaliar o Future-se. “A proposta do MEC tem diversos impactos no que diz respeito ao financiamento, à gestão, inclusive do nosso patrimônio imobiliário, e a normativas relacionadas às atividades das universidades. Por isso é importante que todos estejamos muito bem informados”, disse a reitora Márcia Abrahão.
Consulta pública
O projeto de lei sobre o Future-se será encaminhado ao Congresso, mesmo que o resultado da consulta pública seja totalmente desfavorável à iniciativa. A assessoria do Ministério da Educação informou que as contribuições enviadas por internautas serão sistematizadas com “ferramentas de inteligência de dados”, sem entrar em detalhes, e “analisadas quanto à pertinência para o Future-se”.
Eventuais divergências, segundo a assessoria, “serão analisadas e, caso sejam pertinentes ao objetivo e escopo do programa, poderão ser acatadas”. Se houver total desacordo com a proposta, o Future-se não será parado. A resposta foi: “A consulta pública é para que a participação popular ajude a aprimorar o programa. Após as contribuições, o projeto será encaminhado ao Congresso Nacional que vai realizar alterações cabíveis”. Os aparatos legais da proposta, segundo o MEC, serão um Projeto de Lei e um Decreto do Poder Executivo.
Confira trechos dos documentos produzidos pelas universidades, procuradoria jurídica da UFRJ e grupo de trabalho da câmara dos deputados sobre os principais pontos do Future-se. Leia a íntegra de cada documentação abaixo e no Facebook da AdUFRJ
1 . ORÇAMENTO ATUAL
UFMG – CEFET/MG – UEMG – UFJF – UFLA UFOP – UFSJ – UFTM– UFU – UFV – UFVJM – UNIFAL – UNIFEI – UNIMONTES – IFMG –IFNMG – IFSudesteMG – IFTM – IFSuldeMinas
“O Programa é lançado num momento de grande dificuldade das instituições com relação ao orçamento de 2019, tendo em vista o contingenciamento dos recursos discricionários. Lembramos que algumas instituições já estão enfrentando enormes problemas para dar andamento ao segundo semestre letivo. Assim, falar do futuro é difícil diante do presente ainda incerto. Espera-se que o orçamento aprovado para 2019 seja rapidamente liberado em sua integralidade e que o de 2020 contemple adequadamente as necessidades de nossas instituições”.
2 . ADESÂO
PROCURADORIA-GERAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
“O texto do anteprojeto indica que será por meio de adesão, o que significa que o Ministério da Educação apresentará uma proposta fechada, sem condições de discussão ou customização para o respectivo aceite por parte da Universidade…Sem que a proposta advinda do programa, quando se tornar lei, esteja clara e objetivamente compreensível, apresenta-se inviável qualquer deliberação por aderir ou não aderir… Quando o programa se tornar lei, isto é, depois de aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo Presidente da República, a Universidade terá de promover uma ampla discussão interna visando a identificar as vantagens e desvantagens do programa”.
FUNDOS DE INVESTIMENTO
UFMG – CEFET/MG – UEMG – UFJF – UFLA UFOP – UFSJ – UFTM– UFU – UFV – UFVJM – UNIFAL – UNIFEI – UNIMONTES – IFMG –IFNMG – IFSudesteMG – IFTM – IFSuldeMinas
“Para a autonomia financeira das IFES, a minuta prevê certas possibilidades no que diz respeito à arrecadação e utilização de recursos próprios, ações já existentes em nossas instituições, indicando, assim, em tese, um caminho para flexibilização do limite de gastos previsto na Emenda Constitucional 95.
Quanto às fontes financeiras para a formação dos Fundos, será necessário avaliar com cuidado, ponderando sobre possíveis impactos da formação desses Fundos sobre o financiamento público da educação superior brasileira, notadamente quanto aos riscos de renúncia ou abstenção referentes às ações de financiamento por parte do Poder Público.”
4 . ORGANIZAÇÕES SOCIAIS
Instituições Federais de Ensino Superior do Estado do Rio de Janeiro – UFRJ, UFRRJ, UFF, UniRio, IFET, CEFET, IFF
“O Projeto de Lei contém divergências ou é omisso sobre o papel das Organizações Sociais e do Comitê Gestor no “apoio” aos eixos do Future-se, a saber: 1) gestão, governança e empreendedorismo, 2) pesquisa e inovação e 3) internacionalização. Em momento algum, detalham-se quem serão os membros e como esses grupos seriam incorporados à atual estrutura administrativa das IFES… A proposta tem aspecto de uma carta branca para que um órgão externo às IFES, composto por membros ainda desconhecidos, e sem necessidade de licitação pública intervenha não somente na gestão, mas nas políticas acadêmicas do ensino superior, o que pode configurar um atentado ao princípio constitucional da autonomia das IFES.”
PRAZO
UFABC – UFSCAR – UNIFESP – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
“De acordo com estatutos e regimentos das IFES e IFS, a decisão de adesão deverá ser objeto de avaliação de seus Conselhos Superiores, exigindo amplo debate com a comunidade acadêmica. Por isso, é fundamental que haja um prazo condizente com a complexidade do tema, incluindo os documentos complementares necessários previstos em Consulta Pública (parecer jurídico, parecer de mérito e demais pareceres correlatos).”
“Reiteramos nosso compromisso em defesa das instituições de ensino superior públicas, autônomas, gratuitas, de excelência e inclusivas, e também com as metas do Plano Nacional de Educação”.
6 . INOVAÇÃO E INTERNACIONALIZAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
“As instituições federais de ensino superior já desenvolvem atividades relativas a essas áreas. São as universidades públicas as principais responsáveis pela pesquisa, pelo desenvolvimento e pela inovação presentes no País em todas as áreas do conhecimento. A quase totalidade dos projetos inovadores nascem a partir de iniciativas das IFES e de seus pesquisadores, com intensas parcerias, seja com o setor público ou com o setor privado. Em termos de internacionalização, as IFES mantêm, há muito tempo, convênios, acordos e parcerias com instituições do mundo todo, promovendo mobilidade de docentes, técnicos e estudantes, com transferência de conhecimento e troca de experiências enriquecedoras.”
AUTONOMIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
“A autonomia universitária corresponde a um poder de decisão que envolve o poder de estabelecer seu regramento, o poder de decidir e de gerir suas finanças e seu patrimônio, o que em diversos artigos do proposto Projeto de Lei do Programa Future-se entende-se como reduzido, desconfigurado e até mesmo suprimido. Por exemplo, o compromisso de “adotar as diretrizes de governança dispostas nesta Lei, inclusive ao Sistema de Governança a ser indicado pelo Ministério da Educação.” Com base na redação do Projeto de Lei o poder de decidir da IFES com relação aos aspectos mais variados se vê consideravelmente reduzido. O Governo Federal e, mais especificamente o MEC, passaria a concentrar, a partir desse Programa, uma parcela considerável das decisões hoje adotadas por cada uma das IFES.”
8 . EMPREENDEDORISMO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
“Cada vez mais iniciativas associadas a ações empreendedoras são estimuladas em todas as áreas do conhecimento por meio do apoio institucional a empresas júniores, a startups, a equipes de competição e a eventos acadêmicos.”
“Nesse sentido, o “Future-se” não traz elementos diversos daqueles já presentes no cotidiano de nossas instituições. Faz-se necessário avaliar com cautela e profundidade, por meio de comissão específica e representativa da comunidade universitária, as proposições que digam respeito à criação de organizações sociais e fundos, bem como os impactos de tal cenário sobre o financiamento público da educação brasileira.”
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Veículo: Diário Piauí
Editoria: –
Data: 30/07/2019
Link: https://www.diariopiaui.com/concurso-ufjf-ultimos-dias-de-inscricoes-para-tecnico-administrativo/
Título: Concurso UFJF: últimos dias de inscrições para técnico-administrativo
Concurso UFJF 2019 (Universidade Federal de Juiz de Fora) para cargos técnico-administrativos em educação tem 21 postos de níveis médio e superior
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 30/07/2019
Título: Luta contra a LGBTFobia avança, mas ainda há resistência
Embora o enfrentamento ao preconceito e a busca por garantias e direitos venham produzindo uma série de conquistas para as pessoas trans e travestis, ainda há muitas barreiras a derrubar para alcançar o mínimo. O acesso à educação, principalmente, tem alterado as estruturas e feito com que se repense as relações nos espaços, para que eles se tornem cada vez mais democráticos e acolhedores à diversidade.
A luta histórica de travestis e transexuais ao longo de décadas vem resultando em importantes conquistas nos últimos tempos. Localmente, é possível citar, por exemplo, a iniciativa que oferece psicanálise para pessoas transexuais e travestis pelo Ambulatório Trans, a normatização do uso do nome social – adotada pela UFJF em todos os documentos emitidos pela instituição – e o uso dos banheiros de acordo com a identidade de gênero também dentro da universidade. No país, há a autorização para que o Sistema Único de Saúde (SUS) realize procedimentos médicos, que podem incluir a redesignação para homens transexuais, o reconhecimento da união estável homoafetiva e, ainda, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de criminalizar a LGBTfobia no país. Embora esses acessos sejam muito importantes para essa população, há inúmeras outras demandas negligenciadas, suprimidas e combatidas por alguns setores da sociedade.
Há uma série de situações que geram impasses, como a suspensão do vestibular da Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (Federal), que aconteceria em três campi, dois no Ceará e um na Bahia, em que vagas seriam especificamente destinadas para candidatos transexuais, travestis, intersexuais e não binários. Por conta de uma intervenção no Ministério da Educação, o processo seletivo, inédito no país, foi cancelado pelo Governo Federal. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) repudiou o ato, ressaltando que a decisão foi motivada por transfobia. A associação pontuou que o grupo é um dos que mais sofre discriminação na sociedade, sendo “vulnerabilizado pela falta de políticas públicas que garantam o acesso a direitos básicos. E a educação é um deles”, destacou a presidente da Antra, Keila Simpson, em nota.
Ativismo judicial
O advogado Júlio Mota destaca que todos os avanços são oriundos do ativismo judicial e não da atuação do Poder Legislativo, por meio de projetos de lei. “Esse fenômeno decorre diretamente da influência das bancadas religiosas e conservadoras que ocupam as casas legislativas, principalmente o Congresso Nacional, e atuam para barrar os projetos que se relacionem às conquistas de direitos pela população LGBTQI+, embora a Constituição Federal preveja a laicidade do Estado.”
Para o professor da Faculdade de Educação da UFJF e um dos líderes do Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade (Gesed), Anderson Ferrari, é importante, em primeiro lugar, não perder de vista que todas as conquistas são resultado de uma longa e árdua trajetória de luta e da construção de um movimento. “Podemos marcar que é uma luta datada no período da redemocratização, que fala de alguns momentos importantes. O primeiro deles foi a organização das trans e travestis também em grupos, reivindicando lugar na política das identidades. Isso mudou a configuração do movimento gay no Brasil, que foi chamado de movimento gay por muito tempo, mas deixou de ser. Hoje falamos no movimento LGBTQI+. Além disso, tem uma questão fundamental que desemboca em várias conquistas, que é a entrada e a permanência de transexuais e travestis nas escolas.”
Ainda que se tenha feito conquistas importantes, é preciso lembrar que ainda falta muito. Para Júlio, entre as principais demandas ainda não atendidas estão a promoção e a efetivação da saúde, da segurança e da educação para a população LGBTQI+, especialmente para travestis, homens e mulheres trans. Ele destaca que é necessário que haja atendimento médico e psicológico especializado e de qualidade para atender às especificidades dessa população. “Como no caso da cirurgia de redesignação sexual e hormonioterapia, é preciso capacitação dos agentes públicos para que, no atendimento à população LGBTQI+, estes não reproduzam as violações sofridas anteriormente pelas vítimas, bem como o aparelhamento do Estado para solucionar os crimes motivados por ódio, preconceito e intolerância religiosa, que são agravados pelo alto índice de impunidade. E, por fim, a criação de projetos educacionais que contemplem o respeito às diversidades e às diferenças, que prezem pela dignidade da pessoa humana, pelas liberdades individuais e pelo direito de autodeterminação”.
Subverter pela educação
De acordo com o professor Anderson Ferrari, durante muito tempo, pessoas travestis e transexuais não resistiam à violência a que eram submetidas ao longo da trajetória escolar. “Por muito tempo, a literatura da educação dizia que elas abandonaram as escolas. Mas não foi isso o que aconteceu. Elas eram expulsas das escolas. Agora elas estão resistindo, porque ainda é um ambiente que discrimina. A escola continua sendo preconceituosa. Mas, ao mesmo tempo, nós temos outro contexto no qual as trans e travestis se colocam muito mais, fazendo com que elas resistam ao processo de escolarização e ingressem na universidade.”
Ao chegar a esse ingresso, de trans e travestis nas universidades, conforme o professor, a configuração da instituição é alterada. Mas ele também salienta que, além de chegar, é preciso trabalhar para garantir a permanência. “A universidade começa a olhar para elas e pensar em uma instituição mais democrática, isso é fundamental para que elas continuem nesse meio. As instituições superiores, assim como as escolas, ainda discriminam e são muito preconceituosas. Esse ainda é um espaço social em que trans e travestis sofrem”, frisa Ferrari. Ainda que o ensino superior ainda seja marcado pela discriminação, segundo o professor, é preciso lembrar que o conhecimento é concebido dentro dessas instituições.
“A construção do conhecimento acontece quando problematizamos algo que nós temos. A universidade é o local de darmos um passo atrás, para transformar em problema aquilo que comumente não é. Um dos papéis da universidade é, exatamente, combater o senso comum e, nesse combate, pensar o contexto social e político de formação das identidades que estão construindo os sujeitos transexuais e travestis. Nesse sentido, a UFJF vem caminhando para ser um lugar mais acolhedor e de respeito com as diversas identidades que a compõem.”
Tempos difíceis
Quando as pautas encontram um ambiente de muita resistência, os grupos e os movimentos que lutam pela diversidade sexual e de gênero precisam estar fortalecidos e unidos, porque todos esses direitos e garantias conquistados podem estar ameaçados, conforme salienta o advogado Júlio Mota. Ele recomenda que, diante do cerceamento desses direitos e garantias individuais, o cidadão procure instituições que realizem o acolhimento dessas demandas. Seja, por exemplo, o Centro de Referência de Promoção da Cidadania LGBTQI+, vinculado à Faculdade de Serviço Social da UFJF, a Defensoria Pública e até mesmo um advogado particular para se informar sobre as atitudes a tomar.
“Nos casos em que houver a incidência de crime, como no caso da LGBTfobia, é imprescindível que a vítima registre um boletim de ocorrência, que é o documento que lavra a notícia do crime. Tal registro é importantíssimo tanto para que os fatos sejam apurados através do exercício da Polícia Judiciária, quanto para o registro de dados oficiais que atualmente não são coletados pelo Estado, uma vez que a maioria das delegacias não registra orientação sexual, identidade de gênero, nome social ou até mesmo a motivação do crime, o que inviabiliza o diagnóstico preciso do problema.” Ainda de acordo com Júlio, o reconhecimento devido dos direitos LGBTQI+ acontece via Poder Legislativo, por meio do voto consciência nas eleições. “É necessário, portanto, que haja união para eleger o maior número de representantes com voz e interlocução, que tenham identidade com a causa e realmente defendam os direitos e a cidadania dos corpos dissidentes.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 30/07/2019
Título: Especialistas atestam importância de mudança no trânsito da Cidade Alta
No último domingo (28), a Tribuna publicou uma reportagem apresentando os planos da Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) para a região da Cidade Alta, após a finalização das obras na BR-440. Um projeto em andamento na pasta planeja transformar a Rua José Lourenço Kelmer, a Avenida Presidente Costa e Silva e a rodovia em um binário, alterando a mão de algumas vias e implantando semáforos para assessorar o tráfego em determinados pontos. A reportagem conversou com especialistas para discutir a proposta da Settra e quais os possíveis impactos para região após sua implementação, estimada para acontecer até setembro de 2020.
Há mais de dez anos, o professor do Departamento de Transportes da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), José Alberto Castañon, havia doado à Prefeitura um projeto de circulação urbana para a Cidade Alta, que constituía na criação de binário entre a Avenida Presidente Costa e Silva e a Rua José Lourenço Kelmer, além da Avenida Pedro Henrique Krambeck, paralela à BR-440. Conforme o especialista, o esquema era diametralmente oposto ao que a Settra planeja implantar, cuja ideia é transformar a Rua José Lourenço Kelmer e a Avenida Presidente Costa e Silva em vias de mão única, com o trânsito no sentido do Centro/bairro.
Quando o projeto foi idealizado, entretanto, não se sabia qual seria o uso da rodovia. Na proposta de Castañon, não haveria cruzamento no Pórtico Norte da UFJF. “Quando o veículo for acessar a universidade, vai entrar em conflito com o que está saindo e vai para o outro lado. A proposta da Settra está sendo na chamada ‘mão inglesa’, e os nossos carros são com volante do outro lado, então esses cruzamentos geram conflitos”, explica. Ainda segundo o professor, a possível implantação de semáforo na entrada da UFJF é questionável, considerando que já houve tentativa anterior de semaforização no local, mas a mesma não foi bem-sucedida.
Castañon destaca que é necessário conhecer o projeto mais afundo para avaliá-lo, entretanto, para o especialista, a Cidade Alta precisa de modificações no trânsito. “A região está conturbada com o tráfego, que está muito pesado, principalmente na época em que a universidade funciona”, explica. “A princípio, é uma mudança bem-vinda, uma coisa que precisa ser feita. São Pedro não está suportando mais o tráfego.”
‘Custo irrecuperável’
A BR-440 foi planejada para atuar como um corredor de tráfego entre as rodovias BR-040 e a BR-267, na Avenida Brasil. Em 2012, quando 44% dos trabalhos já estavam prontos, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de irregularidades no contrato firmado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) e a Empa S/A Serviços de Engenharia. Na época, a construção parcial da estrada, entre a Represa de São Pedro e o campo do Nova União, havia custado aos cofres públicos R$ 58,1 milhões. Uma nova concorrência pública foi realizada em 2015, sendo que a mesma empresa venceu o certame por R$ 44,06 milhões.
Os altos valores investidos nas intervenções e a falta de resultados caracterizam o que o ramo da economia chama de “custo irrecuperável”, de acordo com o engenheiro especialista em planejamento de transporte urbano Luiz Antonio Moreira. Desta forma, o projeto de trânsito para a região, envolvendo a rodovia, pode auxiliar o deslocamento pela região. “O custo da obra da BR-440 envolveu, inclusive, canalização de córrego, então não foi uma obra barata, e é uma obra que não trazia benefício nenhum ao município”, diz Moreira. “Acho que a Prefeitura tem, realmente, que pegar o que já foi feito e colocar aquilo a serviço da população.”
O especialista lembrou que, em dias de provas de concurso ou vestibular, como do Programa de Ingresso Seletivo Misto (Pism/UFJF), a Rua José Lourenço Kelmer costuma ser alterada para mão única, no sentido universidade/Centro. De acordo com Moreira, uma contagem volumétrica do trânsito local deve justificar o plano da Administração municipal. “A Settra tem subsídio para definir. Se essa é a melhor alteração que está propondo, é porque deve ter algum dado que justifique isso. De todo jeito, alguma serventia teria que ser dada à obra da BR-440.”
Retenções
A implantação de um binário na região pode acarretar circuitos maiores para realização de retornos. Entretanto, de acordo com o engenheiro, as modificações são justificadas pelo aumento da capacidade das vias, favorecendo, assim, o fluxo de veículos, especialmente no Pórtico Norte da UFJF, considerada por Moreira o “maior polo gerador de tráfego” da região. “Você tem, diariamente, uma retenção nos períodos de maior carregamento na Lourenço Kelmer e Costa e Silva. Essa retenção vai ser minimizada, ou até, torcemos, para que seja eliminada, mas isso requer, então, que você ande um pouco mais de carro para fazer os acessos.”
Já o semáforo que poderá ser implantado no acesso à Universidade, na opinião do especialista, pode auxiliar o trânsito, diferente da outra circunstância em que o ponto recebeu sinalização semafórica. “Nós temos uma rotatória operando no acesso norte da Universidade, e a rotatória significa que você pode fazer todos os movimentos que imaginar, porque as duas vias são de mão dupla. Agora que não serão mais, é uma operação semafórica mais simples, então eu acredito que o semáforo pode auxiliar bastante.”
Modificações
Além da transformação da Rua José Lourenço Kelmer e da Avenida Presidente Costa e Silva em vias de mão única, o projeto a ser implantado pela Settra após a finalização das obras na BR-440 prevê, ainda, que a rodovia terá mão dupla. O pórtico norte da UFJF e o entroncamento da BR-440 com a Rua José Lourenço Kelmer poderão contar com semaforização. Já a rua paralela à rodovia será utilizada como retorno para o condutor que deseja acessar a Rua José Lourenço Kelmer.
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