Arqueólogo Argentino Júlian Sanchez em um dos seus trabalhos em campo (Foto: Divulgação)

O Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) recebe no sábado, dia 17, o arqueólogo argentino Julián Sanchez para o workshop Iconografia e parentesco em sociedades estatais arcaicas: o exemplo de Tiwanaku, organizado pelo Museu de Arqueologia e Etnologia Americana (Maea), vinculado à Pró-reitoria de Cultura (Procult).

O workshop acontecerá das 14h às 18h no Auditório 3. O evento é gratuito e aberto ao público acadêmico, professores e à comunidade externa. Ministrado pelo presidente do Instituto Sul-americano de Arqueologia e Preservação do Egito e Sudão (Isapes) e coordenador geral do Kom Dara Project em Asiut, no Egito, professor Julián Sanchez, o workshop tem como principal objetivo analisar as especificidades entre violência e consenso, em suas diversas formas, associadas ao parentesco e ao Estado, estabelecendo um comparativo entre o mundo pré-colombiano (principalmente em Tiwanaku) e o Oriente Próximo (com particular referência ao Egito Antigo). 

Dividido em três eixos, as abordagens destacam o caráter consensual político e econômico com relação à violência e seus elementos, levando a uma reflexão sobre os aspectos de organização social da cultura.

Capital de um extenso estado andino entre 1580 a.C. e 1172 d.C, localizado no altiplano boliviano, Tiwanaku é considerada uma das culturas mais antigas e duradouras da América do Sul. O sítio arqueológico consiste de um acervo de estruturas arquitetônicas, esculturas, artefatos cerâmicos, metais, líticos e têxteis, além de vestígios ósseos humanos de populações pré-incaicas que ocuparam a região no período entre 300 a 900 anos d.C. 

De acordo com Julián Sanchez, as diversas formas e imagens iconográficas nos monólitos e nos portais constituem uma materialização da relação de poder, promovida pela elite de Tiwanaku para integrar diversas comunidades e seus respectivos cultos rituais, identidades religiosas e práticas produtivas. “É possível que os variados complexos que compunham o núcleo monumental de Tiwanaku formassem um único ciclo intrincado de movimento e prática ritual”, afirma o professor na ementa do workshop. A integração espacial, por meio de ciclos rituais e procissões, contribuiu para moldar a integração sociopolítica de diversas comunidades sociais.

Para a primeira parte do workshop, serão discutidos os principais problemas de estudo: guerra e tensões internas, política e ideologia; além de formas de estruturação e organização social no mundo antigo, comparando as sociedades antigas do Egito e Tiwanaku. Em um segundo momento, serão pautados os assuntos referentes às organizações sociais não estatais e o papel do parentesco no Oriente Próximo e no mundo pré-colombiano. O terceiro eixo que encerra o evento narra as formas corporais idealizadas, gestos e iconografia dos personagens ancestrais míticos.

Para participar do workshop, basta se inscrever pelo e-mail maea.ufjf@gmail.com, informando nome e atuação profissional; ou no dia do evento, desde que chegue com 15 minutos de antecedência. Os participantes do evento terão certificado.

Maea

Peças da cultura de Tiwanaku estão entre o que há de mais relevante no acervo do Maea e podem ser vistas na Sala de Arqueoastronomia Franz Joseph Hochleitner, instalada no Centro de Ciências. O visitante pode conhecer vasos cerimoniais, a coleção antropológica de crânios de indivíduos dessa cultura e uma réplica da Porta do Sol, um monumento de inscrições de calendário astronômico.

Outras informações: (32) 2102-3964 (Procult-UFJF)