Da esquerda para a direita: professora Karla Yotoko, mestranda Michele Gravina, orientadora Michele Munk e professora Heloísa D’Àvila (foto: arquivo pessoal)

Uma pesquisa realizada no Mestrado Profissional em Ensino de Biologia (PROFBIO), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), estudou a aprendizagem da genética como combate à discriminação racial. Segundo a pesquisadora Michele das Graças Pacheco Gravina, o objetivo principal da dissertação foi apresentar uma nova sequência didática para promover o conhecimento de conteúdos em genética e evolução e, ao mesmo tempo, mostrar aos estudantes do ensino médio que não existem raças biológicas na espécie humana.

Para cumprirem as metas estabelecidas, os alunos de Michele executaram atividades de sensibilização para o tema, além de apresentarem seminários teóricos e promoverem uma feira de divulgação daquilo que aprenderam com a experiência. “O ensino de biologia tem sido muito pautado em memorização de nomes de estruturas e na simples descrição de processos, o que acaba desestimulando os estudantes. Por isso, estudos como os desenvolvidos no âmbito do PROFBIO – que procuram dar protagonismo aos jovens no processo de ensino-aprendizagem –  têm um enorme potencial para melhorar a educação pública”, expressou a bióloga.

Trabalho apresentado pelos alunos da pesquisadora em feira de divulgação científica (foto: arquivo pessoal)

Uma das principais motivações de Michele foi a leitura do livro “A falsa medida do homem” (de Stephen Jay Gould). Segundo ela, ler a obra lhe provocou uma inquietação no sentido de ter se confrontado com o mal uso dos conhecimentos científicos para legitimar preconceitos. “Minha percepção do quanto o racismo impacta nas condições de vida de grande parte da população, me fez pensar sobre como meu papel de educadora poderia contribuir para diminuir a discriminação. Penso muito em como a biologia pode servir para a formação de sujeitos mais críticos; não apenas para que eles identifiquem os problemas da sociedade em que vivem, mas também para que sejam capazes de usar seus conhecimentos e transformar a realidade em que vivem”.

Para a pesquisadora, a maior dificuldade do processo da dissertação, acabou sendo também uma grande vantagem para realização do estudo. “Conciliar a jornada de trabalho na docência com as atividades do mestrado exigia uma gestão muito rigorosa do tempo, impondo um ritmo bem intenso. Mas, ao mesmo tempo, o fato de desenvolver o projeto no próprio ambiente de trabalho faz com que tenhamos um conhecimento mais profundo das variáveis que interferem na questão que estamos investigando”, explicou Michele, que se mostrou satisfeita com a conclusão dessa etapa profissional. “A realização deste projeto de ensino me proporcionou a oportunidade de estabelecer ligações entre diferentes áreas do conhecimento, de uma forma que antes eu não conseguia concretizar em termos práticos. Além disso, refletir junto com os alunos sobre um tema tão sensível revira tudo dentro da gente e faz com que vejamos o tamanho da responsabilidade que temos com o outro”. A dissertação ainda rendeu o artigo “Por que discutir racismo em aulas de Biologia?” que foi publicado pela revista Ciência Hoje.

A professora orientadora, Michele Munk Pereira, ressaltou que “a pesquisa oferece subsídios metodológicos para que se possa desconstruir o tema racismo por meio de uma abordagem científica e problematizada. Assim, a aluna Michele Gravina pode atuar como mestranda-professora exercitando a transposição de conteúdos de Genética de modo contextualizado para a sala de aula. Adicionalmente, a pesquisa contribuiu para a discussão do racismo no âmbito acadêmico, uma vez que esse tema é pouco abordado pelos educadores envolvidos na formação de professores de Ciências e Biologia”.

A professora enfatizou, ainda, que “a pesquisa colabora para a superação da discussão ‘existem ou não diferentes raças biológicas em humanos?’ uma vez que, cientificamente, já ficou demonstrado que o número de genes envolvidos na determinação da cor da pele, por exemplo, é muito pequeno diante do tamanho de nosso genoma. Isso é importante quando analisamos as estatísticas que mostram que no Brasil os negros são os que mais sofrem com violência e precariedade das condições de vida”.

Contatos:
Michele das Graças Pacheco Gravina – Mestranda
michele.gravina@gmail.com

Michele Munk Pereira  –  orientadora – UFJF
michele.munk@ufjf.edu.br

Banca examinadora:
Profa. Dra. Michele Munk Pereira – (orientadora – UFJF)
Profa. Dra. Heloísa D’Ávila da Silva Bizarro (UFJF)
Profa. Dra. Karla S.C.Yotoko (Universidade Federal de Viçosa)

Outras informações: (32) 2102-3223 – Mestrado Profissional em Ensino de Biologia (PROFBIO)