Da esquerda para a direita: professor Roberto da Gama Alves, mestranda Sheila Souza de Jesus Peixoto e professora Raquel Fernandes Mendonça (foto: arquivo pessoal)

Analisar a influência do plantio de Eucalyptus no entorno de nascentes compostas por seres vivos que habitam o fundo da água foi o que motivou a acadêmica Sheila Souza de Jesus Peixoto a desenvolver sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em Ecologia (PPGECO) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). De acordo com a pesquisadora, esses seres são conhecidos como macroinvertebrados bentônicos (MB) de água doce e podem ser exemplificados como planárias, insetos aquáticos (larvas), moluscos e minhocas. 

Sheila ressalta que utiliza-se este grupo como um modelo para o estudo de padrões de biodiversidade. Ainda segundo ela, por ser um grupo diverso, MB são potenciais bioindicadores de qualidade ambiental. “No meu mestrado, nos propomos a estudar a diferença entre as comunidade de MB em nascentes em áreas com vegetação nativa e em áreas de Eucalypto. Questionamos se o entorno de uma nascente, sendo composta por essa vegetação, influenciaria a biodiversidade aquática das nascentes e também a qualidade dessa água. Além disso,  foi uma oportunidade de se estudar sua biodiversidade, um tema negligenciado, principalmente em termos de invertebrados e microrganismos”, conta.

A pesquisadora revela que amostras do entorno de dez nascentes foram coletadas – cinco em áreas de mata nativa e cinco em áreas de Eucalypto, além da água colhida para medir a caracterização química (teores de nitrito, nitrato, amônia, sílica, fósforo), assim como as variáveis ambientais (temperatura, oxigênio dissolvido, profundidade, pH). Após a tabulação dos dados, o estudo constatou que existem diferenças entre as comunidades de macroinvertebrados em nascentes, levando em consideração seu entorno. A análise apontou que nascentes em áreas de Eucalyptus apresentaram menor riqueza e diversidade de organismos. Além disso, quando comparadas com áreas de vegetação nativa, podem ter a qualidade da água e sua integridade ecológica comprometidas.

Segundo o professor orientador da pesquisa, Roberto da Gama Alves, os estudos realizados pelo Laboratório de Invertebrados Bentônicos (LIB-UFJF) são imprescindíveis para promoção de conhecimento a respeito das condições das nascentes. Alves enfatiza ainda que as pesquisas produzidas na Universidade têm confirmado que nascentes são ambientes que contribuem para a biodiversidade regional, uma vez que abrigam uma fauna de invertebrados rica e numericamente abundante. “Acreditamos que os estudos realizados no LIB-UFJF possam gerar informações que propiciem melhor compreensão das condições ecológicas de nascentes tropicais, por entendermos que a resposta da fauna diante da influência do uso da terra precede propostas de planejamento de conservação e monitoramento destes ecossistemas. É importante salientar, que as nascentes apresentam altíssimo valor econômico, educacional, estético e ecológico. Sua proteção é importante, a fim de se garantir suas funções ecossistêmicas, bem como conservar a qualidade de sua água.”

Contatos:
Sheila Souza de Jesus Peixoto (mestranda)
sheila.peixoto@ecologia.ufjf.br

Roberto da Gama Alves (orientador)
gama.alves@ufjf.edu.br

Banca Examinadora:
Prof. Dr. Roberto da Gama Alves – (orientador – UFJF)
Prof. Dra. Raquel Fernandes Mendonça – (UFJF)
Prof. Dra. Vívian Gemiliano Pinto – (IFSudeste – MG)

Outras informações:
(32) 2102-3227 – Programa de Pós-graduação em Ecologia (PPGECOL)