Pensando em democratizar o acesso ao saber produzido na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o projeto de extensão “Ágora: cidade e política em Juiz de Fora”, do Departamento de Geociências, promove um debate com questões sobre a produção social do espaço, nesta segunda-feira, 17, às 17h, no Parque das Águas (em frente a escola municipal Jovita Montreuil). A atividade, gratuita e aberta ao público, vai abordar o tema “Viver no Parque das Águas: da rua à cidade”.
A ideia do evento é criar um momento de reflexão e fortalecer a dimensão pública e política da cidade. Para isso, a proposta do encontro é apresentar os resultados da pesquisa “O ato de habitar: localização, qualidade ambiental e habitação na experiência do Minha Casa, Minha Vida, em Juiz de Fora” para serem debatidos junto aos moradores do bairro.
O estudo foi desenvolvido entre 2016 e 2018, e uma das coordenadoras do projeto e da pesquisa, Clarice Cassab, explica que a investigação tem duas dimensões, compreendendo a localização do empreendimento na cidade e a qualidade ambiental. Sobre a primeira consideração, Clarice pontua que o objetivo é “entender como a localização interfere na forma como o sujeito que habita o Parque experimenta o morar, como o percebe em termos de esporte, cultura e mobilidade”. Já em relação à qualidade ambiental, são considerados aspectos como o conforto térmico ligado a sensações de clima e temperatura.
Para a professora, as duas dimensões são importantes para “o habitar e o viver na sua casa, no seu bairro e na sua cidade”. Assim, a pesquisa busca entender essas relações a partir da fala dos moradores. Alguns dados encontrados mostram, por exemplo, que, embora o Parque não seja muito distante do Centro, tem uma inserção precária em relação à cidade. “Pensamos a localização como um sistema espacial do qual, a partir da nossa casa, acessamos a cidade. Não somente em aspectos físicos, mas de qualidade de deslocamento, acesso à cultura, esporte, enfim. No caso do Parque percebemos que esses movimentos são restritos ao próprio empreendimento e aos bairros do entorno”, explica.
Além das paredes
Do ponto de vista ambiental, o trabalho constatou que há pouca preocupação em termos de políticas públicas para habitação social. “Há pouca arborização, o que aumenta a sensação térmica; o sítio urbano não foi considerado no empreendimento, então a ventilação fica comprometida. Todas essas questões dificultam a vivência no lugar.” Pensando na situação como um todo, Clarice analisa que “é preciso avançar porque a casa tem sentidos para além das paredes, é algo complexo, a partir do qual nos relacionamos com a cidade. É preciso considerar a vivência, o sentimento de pertencimento.”
O projeto de extensão é desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa Geografia, Espaço e Ação e pelo Grupo Terra, ambos do Departamento de Geociências. Também participam da coordenação os professores do curso de Geografia, Miguel Fernandes, Wagner Batella e Elias Lopes.
Outras informações
(32) 2102-3108 – Coordenação do curso de Geografia UFJF