Dar visibilidade à importância do meio ambiente e denunciar um desmonte ambiental nacional. Com esse objetivo, o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Ambiental (GEA), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), juntamente com 11 coletivos internos e externos, realizaram nesta quarta-feira, 5, uma manifestação contra políticas prejudiciais ao meio ambiente. O movimento ocorreu em frente ao Cine-Theatro Central e contou com atividades artísticas e pedagógicas no Dia Mundial do Meio Ambiente.
A professora da Faculdade de Educação e coordenadora do GEA, Angélica Cosenza, explica que a ação surgiu a partir de um chamado nacional do coletivo Observatório da Educação Ambiental (Observare), que busca reunir atos em diversos lugares do país sob o tema “Nada a comemorar”. “Entendemos que temos uma grande sociobiodiversidade, mas, hoje, não temos nada a comemorar em função das pautas de desmonte ambiental que estão acontecendo no Brasil.”
Ela esclarece que o processo ocorre e três eixos, que dizem respeito “ao desmonte das leis ambientais, com decretos de derrubada de algumas unidades de conservação e flexibilização de códigos ambientais; ao enfraquecimento do aparelho de gestão ambiental, como a fragilização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); e a um terceiro eixo que gira em torno de um governo que reforça um olhar negativo sobre os ambientalistas e promove pautas antiecológicas e antiambientalistas”. Angélica acredita, ainda, que esse é o momento para que as organizações se unam e levem a pauta ambiental aos grupos de pesquisa, aos coletivos e às associações. “Hoje, a questão ambiental diz respeito ao alimento, à terra, ao território, ao movimento negro, não é algo distante de nós.”
Membro da direção estadual de Minas Gerais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Nei Zavaski, veio do Assentamento Denis Gonçalves, localizado a cerca de 40 km da Juiz de Fora para participar da ação. Juntamente com a Escola Estadual Carlos Henrique Ribeiro dos Santos, que funciona no Assentamento e a militância do movimento, ele conta haver uma construção de iniciativas coletivas com grupos de universidades. “Estamos formulando essas ações, diante do ataque às políticas ambientais e socioambientais de forma geral, o que se relaciona diretamente com pautas do MST, como a pauta da reforma agrária e da produção de alimentos saudáveis. Estamos juntos na denúncia e na promoção de conservação ambiental para gerações futuras.”
Há mais de 20 anos atuando como ambientalista, a professora de Educação Ambiental do curso de Gestão Ambiental do Instituto Vianna Jr., Rachel Zacarias, acredita que a data de hoje é especial. “É importante reunir a sociedade civil, alunos e professores em atividades interessantes e que sensibilizam para dizer ‘não’ ao desmonte administrativo. É uma forma de nos manifestarmos e mostrarmos nossa indignação.”
Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, diversas outras ações foram promovidas pela UFJF, como a reabertura do Jardim Botânico e eventos durante à tarde na Engenharia Sanitária e Ambiental, que promoveram debates e palestras sobre temas ambientais e os termos de ajustamento de conduta, além de aspectos institucionais do rompimento de barragens.