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Abrigo Santa Helena, que comemorou, em 2015, cem anos de trabalho ininterrupto, foi uma das associações com as quais os estudantes trabalharam, ajudando e aprendendo. (Foto: Divulgação)

“Quando derem vez ao morro, toda a cidade vai cantar”, disse o poeta Vinícius de Moraes. Os versos refletem muitas vezes realidades paralelas, situações de desigualdade e falta de oportunidades a todos. Dar vez e voz a alguém ou a alguma causa pode ser mais do que dar uma oportunidade, pode se fazer com que um Brasil mal escutado cante, ecoe e clame por igualdade. Tendo como meta levar informação e burilar a comunicação existente em entidades de proteção aos animais, de pessoas em situação de rua e de conscientização política de jovens de escolas públicas, entre outras, os alunos  do curso de  Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) auxiliaram as entidades que são parceiras da  disciplina ‘Comunicação Comunitária’, orientados pela professora Cláudia Regina Lahni.

Divididos em grupos, eles propuseram e colaboraram com o melhoramento e a  produção de estratégias comunicacionais de entidades juiz-foranas, bem como com a realização de campanhas para arrecadar donativos. Há dez anos à frente da disciplina ‘Comunicação Comunitária’, a professora destaca o que os alunos veem ao longo do curso: “A ideia da disciplina é estudar aquilo que não é a grande imprensa  e também a presença das minorias sociais e dos movimentos sociais populares. Os alunos e as alunas têm uma parte teórica com aulas expositivas, leituras e apresentações de textos, mas também um trabalho prático.”

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Objetivo é desenvolver estratégias que ajudem a divulgar a atuação das instituições. (Foto: Divulgação)

Para esse trabalho, as turmas costumam ser divididas em quatro grupos que trabalham a parte teórica e prática. Os alunos vão até as associações e entidades diversas do movimento social popular e, às vezes, dão continuidade ao trabalho realizado pela turma anterior. “Alunas e alunos apresentam a proposta, conhecem a comunidade, e junto com a entidade, discutem o que fazer de comunicação e como essa comunicação vai ser feita com a participação das pessoas envolvidas”, pontua Cláudia.  

Instituições assistidas pela disciplina neste semestre

No país todo, centenas de pessoas se reúnem, para realizar trabalhos em prol de sua comunidade. É o caso de Vanessa Farnezi, presidente da Fundação Maria Mãe e uma das responsáveis pelo café da manhã de mais de duas mil pessoas em situação de rua que passam pela fundação ao longo da semana e que, provavelmente, terão somente aquela refeição o dia todo. “Você pode doar seu tempo, caso queira se voluntariar, ou alguma coisa material. Precisamos de pessoas que acreditem no nosso trabalho e somos gratos por estarmos recebendo esse apoio dos estudantes de comunicação.” conclui Vanessa.

O grupo de alunos responsável pela comunicação da fundação neste período usou o Facebook como principal ferramenta de alcance de donativos, principalmente pares de chinelos, que é uma das principais demandas, já que pessoas em situação de rua, por se deslocarem muito pela cidade, necessitam destes calçados, por serem mais confortáveis e fáceis de usar. Além de chinelos masculinos e femininos, o grupo recebe doações de roupas e produtos de higiene pessoal. A fundação funciona na rua 31 de maio, número 56, no Bairro Ladeira.

Já a Sociedade Juizforense de Proteção aos Animais e ao Meio Ambiente (SJPA) atua desde 1986 em

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Para a SJPA foram arrecadados materiais de limpeza e alavancada a comunicação nas redes sociais (Foto: Pedro Soares)

Juiz de Fora, e, sem fins lucrativos, é mantida através de doações. Funciona com um abrigo para aproximadamente 400 cães e gatos, muitas vezes abandonados. Os alunos arrecadaram materiais de limpeza, bem como auxiliaram a comunicação através do Facebook. A SJPA  funciona na BR-040, altura do Km-787.

O Abrigo Santa Helena, por sua vez, comemorou, em 2015, cem anos de trabalho ininterrupto junto à população idosa de Juiz de Fora. Dentre os trabalhos práticos da disciplina que se iniciou no fim do ano passado, os alunos elaboraram um Jornal Mural e uma campanha de arrecadação de materiais de higiene pessoal. O Facebook também foi o principal meio de comunicação direta com a comunidade para as ações realizadas no abrigo e as demandas dos internos. A campanha focou principalmente na arrecadação de shampoo, condicionador e papel higiênico.

Mariana Estevão, que participou da disciplina no curso diurno no último semestre e trabalhou com o abrigo destaca o que mudou na visão dos membros do grupo: “Nosso trabalho fez com que reconhecêssemos a importância do trabalho voluntário, desmitificou a visão que tínhamos de que abrigos para idosos são locais de abandono e reclusão e nos fez enxergar de maneira mais natural o envelhecimento, fase pela qual todos passaremos um dia.”

Juiz de Fora também conta com o Comitê de Cidadania, uma comissão ligada à Arquidiocese e responsável por acompanhar as ações realizadas pela Câmara Municipal, além de fiscalizar o Legislativo e apresentar demandas advindas da população. Esporadicamente, a comissão visita escolas públicas da cidade e da região para conscientizar politicamente os estudantes, além de elucidar direitos e deveres como cidadãos. Há seis anos, a disciplina acompanha os trabalhos do comitê.

O Coletivo Vozes da Rua, capitaneado por Adenilde Petrina Bispo, uma das lideranças da região do Bairro Santa Cândida, é parceiro da disciplina há dez anos e, neste último período, o grupo responsável produziu a 20ª edição do jornal mural Voz do Morro, afixado na Escola Municipal Santa Cândida, no posto de saúde do bairro, no mercado e na igreja. Além do jornal, os estudantes de Jornalismo realizaram uma oficina de redes sociais para os moradores.

O grupo responsável pela comunicação da Associação Juizforana de Skate (AJS) fez atualização do Facebook, criação de um perfil no Instagram, divulgação e cobertura de eventos relacionados ao skate. A associação existe desde a década de 1990 e não possui fins lucrativos. Desde sua criação têm como objetivo conseguir a criação, resguardar pela manutenção de pistas de skate e incentivar o esporte. Fica localizada na praça Teotônio Vilela, no bairro Vitorino Braga.

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Entrega de cobertores na Sociedade Mão Amiga (Foto: Divulgação)

Os alunos que trabalharam com a Sociedade Beneficente Mão Amiga fizeram postagens semanalmente no blog da instituição, fazendo perfis de voluntários e assistidos, além da página no facebook. A instituição realiza ainda campanhas de arrecadação de alimentos e material escolar. O grupo também auxiliou na divulgação das campanhas para a imprensa local.

A Associação de Ostomizadas e Ostomizados de Juiz de Fora (AOJF) realiza um importante papel no auxílio a pessoas Ostomizadas – que precisaram passar por procedimento cirúrgico no qual é necessário fazer no corpo uma abertura ou caminho alternativo para a saída de fezes ou urina ou até mesmo auxiliar na respiração ou alimentação. Essas condições podem ser definitivas ou temporárias. Em Juiz de Fora, embora haja a lei municipal nº 12.667, de 25 de setembro de 2012, que obriga os shopping centers, centros comerciais e supermercados a disponibilizar banheiros públicos adaptados para os Ostomizados, os pacientes encontram dificuldades, pois muitos destes estabelecimentos descumprem a lei. Criada em 2002 a associação luta por direitos, qualidade de vida, informação para os pacientes e sociedade de um modo geral. O grupo realizou ações de divulgação da associação, além da manutenção pelo Facebook. “A gente consegue entender claramente esse papel intermediador do jornalismo, da publicidade. Dar visibilidade a esses grupos é dar a si novas oportunidades de atuação e até de emprego. Me enriqueceu como profissional e como pessoa e por isso eu já me propus a permanecer com a associação”, destaca Victor Alexander, aluno do curso noturno.