Com o objetivo de fornecer orientações acerca da presença de onça-pintada nas imediações da Mata do Krambeck, os monitores de educação ambiental do Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) iniciaram, na tarde desta quinta-feira, 2, uma série de visitações às casas dos moradores que residem próximos à entrada do local, no Bairro Santa Terezinha.
O objetivo foi realizar levantamentos importantes para o monitoramento do animal e informar medidas de segurança para a população e para a espécie. A equipe foi formada por cinco duplas, que se dividiram nas ruas mais próximas. Por meio de questionários, que buscavam entender os hábitos da população, os monitores passaram as principais recomendações de segurança, como fechar portões, portas e janelas ao anoitecer; evitar o acesso em áreas externas durante a noite; evitar que crianças brinquem na rua no período noturno; e evitar caminhada nas margens do Rio Paraibuna sentido Zona Norte, entre 17h e 6h.
Conforme o vice-diretor do Jardim, Breno Moreira, a ideia de direcionar a ação para os vizinhos imediatos busca fortalecer a relação que existe entre o Jardim e a vizinhança. Moreira explica que os bolsistas foram capacitados para a função e munidos de informações. “Colocamos os monitores a par de todo o processo que estamos adotando, sob orientação do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap/ICMBio). Nosso objetivo é que eles estejam preparados para conversar com os moradores, passando instruções adequadas e sanando as dúvidas que surgirem”.
Interação
O vice-diretor avalia positivamente a iniciativa. “Para os monitores essa interação com o aspecto social do Jardim Botânico é muito importante porque ajuda a estreitar os laços com a comunidade do entorno. E isso, para nós, sempre foi fundamental, pois uma das funções do Jardim é oferecer aos moradores uma melhor qualidade de vida.”
De acordo com o bolsista monitor e estudante de Medicina Veterinária, Matheus Dutra, o trabalho foi importante para informar corretamente a população, evitando o compartilhamento de notícias falsas sobre a presença do animal na área. Para ele, as conversas com os moradores o surpreendeu, uma vez que a maioria se mantém tranquila. “Em uma escala de zero a cinco, em que cinco é o limite máximo de segurança, a maioria votou em cinco. Muitos relataram não ter se assustado com as notícias”. Apesar disso, ele acha primordial o trabalho que foi realizado durante a tarde. “Acho extremamente relevante as recomendações para que todos entendam como agir, por se tratar de um animal ameaçado de extinção”.
Para o cabeleireiro Marcio Braz, 60, morador da área há mais de 20 anos, a notícia não causou pânico ou medo. “Nunca ouvi falar de onça por aqui, é a primeira vez. Mas não fiquei apavorado”. Segundo ele, as informações compartilhadas pelos bolsistas foram fundamentais para a segurança dos moradores e da onça. “Temos que cuidar para que ninguém machuque o animal”. A aposentada Maria Helena Fernandes, 67, moradora do entorno desde a infância, conta que sempre teve uma relação muito próxima da Mata, por isso ficou surpresa ao saber da presença do felino. “Eu amo muito este lugar, entrava para brincar na infância. Só fiquei triste com a notícia por fecharem o Jardim porque eu acho que todos deveriam conhecer essa beleza. Mas acredito que, muito em breve, estará aberto novamente”.
Em caso de o animal ser avistado e em situações de emergência, moradores devem entrar em contato com a Polícia Militar de Meio Ambiente pelos telefones 190 e 3228-9050, ou com o Corpo de Bombeiros, pelo 193.
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