O corpo humano é dotado de inúmeras dimensões. Hábitos, costumes e tudo o que acontece na sociedade contribui para modelá-lo. Esta é a tônica de um livro publicado recentemente pelos professores do Departamento de Educação Física do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (UFJF-GV), Pedro Henrique Berbert de Carvalho, João Paulo Fernandes Soares e Marília Martins Bandeira.
“Corpos em Movimento” é resultado da atuação dos docentes à frente do Núcleo de Estudos Educação Física, Corpo e Sociedade (Necos). Eles são os organizadores da obra, que conta com artigos de vários pesquisadores sobre assuntos que abordam temas como imagem corporal, questão de gênero e cultura. Três desses colaboradores são professoras do curso de Educação Física do campus sede: Maria Eliza Caputo Ferreira, Ludmila Mourão e Ayra Lovisi Oliveira.
Um corpo em movimento pode ser entendido, segundo Carvalho, como a estrutura física e morfológica humana que é constantemente afetada pelas mudanças culturais. Trata-se de uma análise da questão corporal sob a ótica das ciências humanas e sociais, como a antropologia e a sociologia. Para ilustrar sua explicação, o autor cita o exemplo do futebol. “O indivíduo não joga só porque ele tem um corpo, mas porque em determinada época, numa determinada sociedade, alguém quis sistematizar uma prática – que era cortar cabeças de guerreiros e chutar – no esporte. A educação física cuida disso, que é o corpo em movimento por um hábito cultural lá atrás”, afirma.
Ele explica, ainda, que essa abordagem, apesar de não ser recente, é frequentemente esquecida. “A educação física se alimentou muito da questão da medicina, da fisiologia, da bioquímica, da biologia celular e, por muitos anos, se esqueceu do elemento principal que a gente trabalha, que é o corpo. O corpo anatômico é uma vertente do corpo. O corpo social, cultural é outra vertente”, afirma. Por isso, o objetivo do livro é chamar a atenção das pessoas para esse importante campo de estudo e pesquisa que, segundo Carvalho, “não pode se perder”.