O caráter histórico da exclusão social das mulheres e suas implicações na vida cotidiana motivaram a acadêmica Caroline Marino Pereira a desenvolver a sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCom). No estudo, ela desenvolveu uma nova visão que amplifica o empoderamento feminino, analisando o trabalho do coletivo digital Think Olga.
A pesquisa intitulada “Resistências narrativas e protagonismo feminino: os conteúdos audiovisuais do coletivo Think Olga” buscou lançar um olhar diferenciado para as narrativas audiovisuais. Diante das produções realizadas com objetivo de empoderar o público feminino por meio da informação, o foco da pesquisadora foi perceber em que medida as narrativas do canal, vinculado no youtube, contribuem para dar visibilidade e voz às mulheres.
“A partir da análise audiovisual foi possível perceber que a TV Olga preza pela pluralidade de vozes. Esta perspectiva torna-se evidente nos conteúdos analisados a partir das convidadas presentes, nas falas trazidas nos conteúdos, e nas escolhas do coletivo ao construir a narrativa”, aponta Caroline. A pesquisadora relata que foi possível notar a tentativa do Think Olga de colocar em destaque mulheres para que elas falem e sejam ouvidas, ressaltando o poder e a relevância nas narrativas. No mesmo contexto, o canal mostra que as mulheres são representadas como parte essencial na discussão de assuntos sobre áreas predominantemente masculinas, como humor, finanças e esporte.
Desde a graduação, Caroline tem trabalhado com projetos de pesquisa relacionados ao jornalismo e narrativas audiovisuais. Ela revela que a falta de representatividade e protagonismo feminino, em vários aspectos, inclusive no telejornalismo, sempre a incomodou. “E isso me motivou a pesquisar sobre o espaço das mulheres nas narrativas midiáticas, focando em uma iniciativa que faz o contrário e se preocupa com esta questão. Eu acredito que narrativas com mulheres protagonistas, falando sobre todos os tipos de assuntos, representam um meio de dar visibilidade à pautas e vozes marginalizadas. Esses debates, que acabam por transcender o ambiente online, impactam diretamente nossa vida”.
A jornalista acredita que pensar em conteúdos que tratem as mulheres com igualdade é pensar, também, em direitos humanos. Para Caroline, uma comunicação mais humanizada, que reflita sobre como elas são inseridas nas narrativas pode contribuir para a disseminação de conteúdos comunicacionais mais equilibrados no que diz respeito à representatividade de gênero. “Lançar um olhar para produções que busquem o protagonismo feminino é uma tentativa de refletir sobre as possibilidades de construção de uma sociedade mais igualitária”.
A orientadora da dissertação, professora Iluska Coutinho, destaca que a pesquisa traz importantes considerações, não apenas para a situação da mulher na atual conjuntura do país, mas em todas nas quais existem silenciamento e invisibilidade históricas. “A gente vive em um cenário de invisibilidade ao sermos temas e personagens da mídia e da sociedade. Além disso, há um grupo de mulheres que são ainda mais silenciadas, como as negras e as com baixa escolaridade. Sendo a Caroline uma mulher, ela faz um alerta que nosso grupo quer e precisa ser ouvido. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq) já reconheceu a importância de se discutir esse tema ao lançar o projeto Mulheres na Ciência, justamente por perceber essas questões na mídia e na ciência. Nesta vertente, o trabalho vem dizer que as mulheres podem e devem construir seus próprios caminhos”.
Contatos:
Caroline Marino Pereira– (mestranda)
carolinemarinop5@gmail.com
Iluska Maria da Silva Coutinho (orientadora UFJF)
iluska.coutinho@ufjf.edu.br
Banca examinadora:
Profa. Dra. Iluska Maria da Silva Coutinho (orientadora UFJF)
Profa. Dra. Sonia Virginia Moreira (UFJF)
Profa. Dra. Ariane Carla Pereira Fernandes (Unicentro)
Outras informações: (32) 2102-3616 – Programa de Pós-Graduação em Comunicação