Inovação. O termo tem atraído cada vez mais a atenção das universidades que enxergam em suas pesquisas uma forma de gerar tecnologias originais, produtos ou serviços que interessam à sociedade. A fim de popularizar o conhecimento sobre o tema e estimular atividades desta natureza no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (UFJF-GV), o GT-Inovação promoveu na tarde da última quarta-feira, 31, o Pra Começo de Conversa. A iniciativa consiste em uma espécie de encontro, em que professores, alunos e servidores técnicos da universidade discutem questões como empreendedorismo, transferência de tecnologia e propriedade intelectual, tudo isso acompanhado de algo que não pode faltar em um bate-papo: um bom café.
A conversa da última quarta foi conduzida por Débora Marques, gerente de Inovação e Transferência de Tecnologia do Critt – órgão da UFJF voltado para a transferência de tecnologia e soluções inovadoras.
O coordenador-geral do GT-Inovação, Hilton Manoel, explicou que o objetivo principal da atividade é “desmistificar” algumas questões que não eram comuns no meio acadêmico – como a possibilidade de a universidade estabelecer parcerias com outros entes públicos e até mesmo com o setor privado, por exemplo – e, com isso, “facilitar o entendimento” para que ações inovadoras aconteçam cada vez mais no campus.
Inovação é função social da universidade
Segundo Débora, apesar de as universidades serem “o cenário em que as inovações e a tecnologia acontecem no cenário nacional”, ainda existe “uma distância muito grande entre a pesquisa que acontece e a aplicação dessas novas tecnologias”. Por isso, de acordo com ela, a universidade precisa se comunicar mais com o mercado e com as empresas.
A gerente do Critt explicou que a Lei de Inovação, de 2004, facilitou essa comunicação, pois formalizou a colaboração entre os setores público e privado. “Com essas parcerias a universidade pode fazer com que os seus recursos humanos e seus laboratórios possam estar a serviço de fazer inovação no ambiente empresarial, trazendo novos produtos e novos processos para essa empresa, que vai crescer, empregar mais gente e aquecer a economia daquele local”, afirmou. Nesse processo, segundo Débora, a universidade cumpre uma de suas funções sociais: inovar.
Nem só de artigos vive o pesquisador
Em sua palestra, Débora defendeu também a necessidade de mudança de mentalidade no ambiente acadêmico sobre o resultado das pesquisas produzidas. “O pesquisador não precisa só escrever artigo. A pesquisa dele pode originar um produto que resolva um problema da sociedade, pode virar uma patente. E essa patente é um ativo intangível, ou seja, é um bem da universidade. O artigo não é o único objetivo. A nossa pesquisa pode ser aplicada e de cunho inovador, ou seja, resolver um problema do mundo real”, destacou.
E finalizou afirmando que as ações acadêmicas vão além do tradicional tripé ensino-pesquisa-extensão e que a inovação é algo “extremamente estratégico para a universidade.”
A conversa continua
O GT-Inovação já planeja outros encontros a exemplo do Pra Começo de Conversa. Entre os próximos temas a serem discutidos estão o empreendedorismo e a propriedade intelectual, que, segundo Hilton, apesar de “parecerem específicos de algumas áreas, podem ser aplicados a todos” os ramos do conhecimento.
A expectativa do coordenador-geral do GT-Inovação é que a ação possa ajudar alunos, professores e servidores técnicos que ainda não estão familiarizados com os conteúdos. É o caso de Webert Arão, do terceiro período de Farmácia da UFJF-GV, o único discente presente no evento. “Eu já tenho ideias e projetos para serem aplicados dentro do campus da Farmácia que são possíveis geradores de patente. Mesmo como aluno de graduação, a gente fica meio perdido em como funciona o processo de patente e foi tudo esclarecido. Então, foi extremamente bom para mim que tenho interesse em fazer um projeto na tentativa de gerar uma patente para a universidade”, afirmou o estudante.