O Dia Internacional da Mulher é acima de tudo, um dia de luta pela igualdade. Hoje, 67% das mulheres universitárias admitiram já ter sofrido algum tipo de violência no ambiente acadêmico e 36% deixaram de fazer alguma atividade por causa de medo ou preconceito. Esses são dados da pesquisa do Instituto Avon/Data Popular, apresentados e debatidos na noite da última terça, 8, na mesa-redonda “A violência contra a mulher no ambiente universitário”, como parte dos eventos da Semana da Mulher na UFJF.
As pesquisadoras Roseli Rodrigues de Mello (Universidade Federal de São Carlos/SP) e Giselle Cristina dos Anjos Santos (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades/SP) fizeram parte da mesa, juntamente com a Diretora de Ações Afirmativas da UFJF, Carolina dos Santos Bezerra, e compartilharam suas experiências do estudo e vivência do tema.
“O ambiente universitário possui uma cultura que violenta cotidianamente as mulheres das mais diversas formas. É papel das universidades acolher as vítimas, investigar e lutar contra. Mas se o tema não for discutido também com crianças e jovens, o debate na universidade não vai surtir efeito”.
Profª Giselle Cristina dos Anjos Santos
Espaço de medo
A pesquisadora Giselle Santos foi incisiva nas questões sobre a realidade das estudantes atualmente. Citando diversos casos, a professora afirmou que as ocorrências de violência não devem naturalizadas e o debate é fundamental. “Dar continuidade a uma lógica de medo para as mulheres e sentimento de impunidade aos agressores é retroalimentar uma cultura do estupro, que por sua vez vem de mãos dadas com a cultura do racismo, do classismo e de outros preconceitos. É preciso agir contra isso.”
Sobre os inícios de período, a pesquisadora ressaltou que esse é um momento que merece atenção especial, por ser quando muitos casos que violência de gênero acontecem. “Os trotes e festas são os que acumulam mais relatos de violência contra a mulher no ambiente acadêmico. A relação hierárquica que muitas vezes acontece opera de modo perverso, necessita atenção redobrada.”
“A mulher hoje convive com vários tipos de violência. Assédio, coerção, violência sexual e psicológica, agressão moral e desqualificação intelectual. Não podemos naturalizar esses fatos nem viver com esse desconforto. E nesses amplos processos sociais de desconstrução, precisamos contar com todas as partes do sistema educacional”.
Profª Roseli Rodrigues de Mello
Homens minimizam violência
A professora Roseli Rodrigues de Mello apontou um dado da pesquisa em que 63% das mulheres que sofreram violência admitiram não ter denunciado ou reagido. “A barreira do silêncio é a primeira que devemos quebrar. Porém é preciso mais. É necessário união, numa rede de mulheres universitárias aliada a meios externos de denúncia, acolhimento e que puna os agressores.”
Conheça a campanha da UFJF #meucorponãoépúblico
Assista ao vídeo “A Universidade é pública, meu corpo não”.
Confira aqui a pesquisa completa do Instituto Avon/Data Popular sobre a violência contra a mulher no ambiente universitário.
Outras informações:
Diretoria de Ações Afirmativas da UFJF: (32) 2102 – 6919