Acontece nesta sexta-feira, dia 31, a primeira formatura de alunos do Movimento Sem Terra (MST) de Goianá. A iniciativa começou em 2016, a partir da articulação do MST, com a missão de promover direitos essenciais para os trabalhadores jovens e adultos da comunidade. O evento, realizado para os alunos da escola Denis Gonçalves, será feito em parceria com a Faculdade de Serviço Social e a Diretoria de Imagem Institucional da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A cerimônia acontece na sede da Escola Estadual Carlos Henrique Ribeiro dos Santos, às 19h.
A Faculdade de Serviço Social mantém um projeto de extensão com o assentamento e, para promover a celebração, a diretora da faculdade, Cristina Simões Bezerra, solicitou a ajuda da equipe do Cerimonial da Universidade para o empréstimo das becas. A chefe do setor, Ana Paula Dutra, sugeriu que o apoio fosse além e auxiliassem com a realização da formatura: “Fornecer esse apoio é uma maneira de estreitar os laços com a sociedade, e incentivar que os alunos continuem os estudos, despertando neles o desejo de ingressar no ensino superior”. O cerimonial esteve em reunião de campo com os estudantes para elaborar o roteiro da confraternização, ouvir sugestões e se adaptar às possibilidades do evento.
A professora e diretora da escola, Carolina Rodrigues Gomes, destaca a importância da educação para os trabalhadores, na conquista da aprendizagem, da alfabetização e, principalmente, da reivindicação dos direitos. A turma que começou inicialmente com 40 alunos, formará cinco alunos do ensino médio, sete do ensino fundamental e um dos anos iniciais. A docente ressalta o valor da formatura da primeira turma no reforço da autoestima, do exemplo para a comunidade e do acesso a formação no campo. “Esse fato demonstra que é possível, estes alunos incentivam, motivam. O exemplo arrasta os demais e pode mobilizar muitos outros a quererem escrever seus nomes também. Apesar de todas as dificuldades, os alunos persistiram.”
Dificuldades superadas
A Escola Denis Gonçalves contava com um grupo de adultos entre os alunos, muitos deles, não tiveram a oportunidade de terminar os estudos pela necessidade do trabalho. Carolina diz que a educação é um dos pilares do movimento e a concretização dessa formatura demonstra que é possível superar as barreiras dentro do assentamento. “A expectativa com a formatura é muito grande, é a primeira turma, em sua primeira formatura, estamos todos empolgados. Foram muitos desafios. Adultos para estudar têm muitas dificuldades porque o cotidiano, a vida e o trabalho desmotivam a terminar os estudos. Não é fácil trabalhar e estudar, é puxado, principalmente, pela vida na roça, mas essa vitória nos dá esperança.”
Cristina Bezerra trabalha com o MST há cerca de 20 anos por meio de projetos, e conta que acompanhou o processo de mudanças e obstáculos do assentamento. Para ela, ver a comunidade consolidada é uma realização coletiva e muito importante para a solidez dessa parceria entre a sociedade e a UFJF. “Nós vimos aquele assentamento nascer e todas as dificuldades as quais eles passaram. Há três anos na beira da estrada completamente esquecidos pelo poder público, marginalizados pela sociedade, com pouquíssimo apoio e incentivo para continuar a luta pela terra. E nesses momentos, a Universidade sempre foi uma parceira, desenvolvendo projetos. Esteve junto na tentativa de potencializar as lutas que esse movimento faz, carregou nos seus debates a importância da militância pela reforma agrária, compreendendo a terra como espaço de trabalho e de sociabilidade. Ver a primeira turma se formando nos mostra que existe uma dignidade humana.”
Outras informações: (32) 2102-3561 (Faculdade de Serviço Social)