Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Política

Data: 13/05/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/politica/13-05-2018/estudantes-parlamento-jovem.html

Título: Estudantes vivenciam a prática política com Parlamento Jovem

“A política que eu tenho contato é a política de dentro da escola, a política que a gente faz na escola. A luta pelos nossos direitos; ter um almoço melhor, um estudo melhor, professores melhores, horários melhores e maior participação dos alunos nas atividades”, afirma Anna Júlia Balbino Pergoraro, 17 anos, estudante do 2º ano da Escola Estadual Cândido Motta Filho, localizada no Bairro São Benedito, na Zona Leste de Juiz de Fora. Anna Júlia é uma dos cerca de 50 estudantes que integram, em Juiz de Fora, a 15ª edição do Parlamento Jovem, que terá como tema, este ano, a violência contra a mulher.

Assim como Anna Júlia, outra integrante do Parlamento Jovem, Ana Clara de Castro Araújo, aluna do 2º ano do Colégio Tiradentes da Polícia Militar, destaca a importância de se vivenciar a política, agora potencializada através do Parlamento Jovem. “Eu queria ter uma nova experiência com a política. Acho importante as mulheres saberem como agir, em quem votar. Eu achei que poderia ser uma oportunidade de abrir a mente, de aprender coisas novas, conhecer novas pessoas e poder entrar mais no mundo da política”, conta a estudante de 15 anos. Sua participação no programa deu-se a partir da percepção da conjuntura nacional, do “estado pelo qual o país está passando”.

Entre as funções dos estudantes do ensino médio, está a elaboração de propostas em âmbito municipal e regional em torno do tema proposto, a violência contra mulher, para votação em plenária estadual, a ser realizada, entre 19 e 21 de setembro, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). “A gente coloca os limites institucionais de como eles podem decidir, como é fazer uma proposta e qual o funcionamento do processo legislativo”, explica Jorge Chaloub, professor do Departamento de Ciências Sociais da UFJF, que é parceiro da Câmara na condução do projeto na cidade.

“As mulheres já têm um passado histórico totalmente desprezado. Elas já sofrem muito no passado e, hoje em dia, isso ainda continua acontecendo” (Foto: Reprodução/Colégio dos Jesuítas)

O coordenador do Parlamento Jovem em Juiz de Fora, Sérgio Dutra, testemunha a importância do projeto para os jovens e atesta a mudança significativa pela qual eles passam do início ao fim dos debates, conforme vivenciou em edições anteriores.”Não se discute somente o conteúdo, há uma vivência de experiência política, desmistificando o conceito que se tem de política”, pontua. Servidor público, Dutra é responsável, na Câmara Municipal, por meio do Centro de Atenção ao Cidadão (CAC), pela assistência técnica em demandas relacionadas à sociologia. “Há uma formação geral dos alunos em relação à cidadania, noções de política e sistema político. Há de se entender o que é sistema político, representação, poder, como se elege um representante legislativo, qual o papel do Legislativo, como ele atua politicamente etc.”

Participantes

Formam o núcleo municipal do programa os alunos do Colégio Tiradentes, do Colégio Apogeu, do Colégio dos Jesuítas, do Colégio Vianna Júnior e da Escola Estadual Cândido Motta Filho. Fundado no princípio de educação para a cidadania e, portanto, de formação política, o Parlamento Jovem, ao envolver 88 municípios do Estado de Minas Gerais, mobiliza distintas percepções sobre a política e maneiras particulares de atuação política frente às vivências sociais as quais enfrentam os estudantes, seja de instituições públicas ou privadas de ensino.

Violência contra a mulher

O debate sobre o tema desta edição do Parlamento Jovem foi ancorado em três subtemas: violência doméstica e familiar; violência nos espaços institucionais de poder; e violência e assédio sexual. “Eu já sofri agressão. A minha mãe também já sofreu agressão. O tema me atraiu pelo fato de eu conhecer os recursos que nós poderíamos ter à época”, revela Anna Júlia. Ela integra ainda o recém-criado Grupo de Pesquisas Sociais (GPS) da Escola Estadual Cândida Motta Filho, firmado a valorizar a negritude.

Aluna do 1º ano do Colégio Vianna Júnior, Marina Pereira Nader, 15 anos, fala sobre a importância do tema. “É um assunto que precisa ser falado, que muitas vezes passa despercebido, uma coisa que já está incluída na nossa sociedade desde muito tempo atrás. As mulheres são rebaixadas e agredidas até hoje. A gente é igual a todo mundo e deve ter o direito de todo mundo”, afirma. Em 2017, Marina participou da Câmara Mirim, projeto desenvolvido pelo Legislativo Municipal, junto à UFJF, para estudantes do ensino fundamental, e voltado, também, à educação e cidadania.

Caberá ao professor Jorge Chaloub conduzir os bolsistas de graduação da UFJF que integram o programa no que diz respeito ao conteúdo a ser transmitido aos secundaristas, bem como a forma de passá-lo, uma vez que são eles os monitores responsáveis em ministrar oficinas de formação política e, posteriormente relacioná-las às discussões da violência contra a mulher. “Vamos também pensar um pouco a subrepresentação das mulheres no parlamento brasileiro. A gente tem 12% de mulheres no Parlamento, o que é ridículo comparado a qualquer país da América do Sul. Quais os efeitos desta subrepresentação política no cenário de violência contra a mulher? Como a questão da mulher se faz presente na política institucional?”, questiona Chaloub.

Diálogo horizontal

No Parlamento Jovem pela segunda vez, a estudante Isabela Miguel Botezine, 18 anos, do 3º ano do Colégio dos Jesuítas, destaca a oportunidade de aprendizado. “No ano passado, aprendi muito sobre várias áreas de conhecimento, como filosofia e geopolítica. Procuro sempre saber o que está acontecendo para escolher bem na hora de votar e saber quais as propostas dos candidatos.” No pleito de outubro, ela votará pela primeira vez.

Uma importância do Parlamento Jovem para os alunos é a possibilidade de exercitar a prática do diálogo. A relação entre professor e aluno, naturalmente vertical na sala de aula, é diferente da interação mais próxima entre os secundaristas e os graduandos bolsistas. “Tira-se o aluno de uma sala de aula, na qual a relação aluno-professor tem uma barreira, até por conta da faixa etária, e o leva a uma discussão com outro aluno, universitário, cuja diferença etária é menor. O discurso é horizontal”, compara Sérgio Dutra, coordenador do Parlamento Jovem.

Ao fim do processo, quando as discussões chegam à ALMG, as propostas poderão ser encaminhadas ao Executivo, como sugestão de ação a ser implementada, ou à Comissão de Participação Popular, para estudo e, eventualmente, transformação em projeto de lei. “As discussões e a elaboração de propostas são naturais para que os alunos não deixem de ter uma função representativa. Eles têm uma possibilidade de participação efetiva; há uma lógica participativa. Há plena autonomia”, reforça o professor do Departamento de Ciências Sociais da UFJF Jorge Chaloub.

Dutra observa, porém, que o mais importante é a vivência experimentada ao longo do processo. “Mais do que ver as suas propostas aprovadas, é a possibilidade de conhecer diferentes realidades e ter um processo de discussão, em que, às vezes, o espaço que você ocupa, seja ele econômico, social e geográfico, resulta em formas diferentes de entender e compreender o que está sendo discutido.”

Em Juiz de Fora, a nona edição

Idealizado e proposto pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) à Assembleia Legislativa, o Parlamento Jovem foi criado em 2004. Desde 2010, Juiz de Fora participa do projeto, por meio da Câmara Municipal e das escolas sediadas no município. Em virtude do crescimento do número de cidades integrantes do projeto, em 2015, a ALMG regionalizou o território do estado e, consequentemente, o Parlamento Jovem, a partir da divisão em polos conforme os Fóruns Regionais de Governo. “Há uma estrutura montada pensando na expansão, se for levado em consideração que, após nove edições em que ele foi estadualizado, há um aumento de 12 para 88 cidades participantes. Acredito que nem todos os municípios do estado vão participar, mas há estrutura para receber o maior número possível de municípios no Parlamento Jovem”, ressalta Sérgio Dutra, coordenador do programa em Juiz de Fora desde a primeira participação do município.

A Zona da Mata é arranjada em mais de um polo. Depois de integrar, até o ano passado, o polo Zona da Mata I, Juiz de Fora migrou para o Zona da Mata II e Caparaó a assumir a sua coordenação – há ainda outros 15 polos em Minas. Além de orientar a participação das escolas juiz-foranas, Dutra coordena também o desenvolvimento das atividades do polo Zona da Mata II e Caparaó, composto pelos municípios de Paula Cândido, Piedade de Ponte Nova, Ponte Nova, Tombos, Viçosa e Visconde do Rio Branco. Face a interiorização, o Parlamento Jovem desencadeou sua estrutura em três etapas: municipal, regional e estadual.

As etapas são compostas por grupos de trabalho – norteados pelos subtemas – e, posteriormente, plenárias, nas quais os estudantes apresentam as propostas formuladas. “Quando se pensa em um projeto desse, inserido em uma perspectiva de educação para a cidadania, a nossa preocupação é muito mais com o processo de participação do que realmente com a aprovação ou não de uma proposta discutida com os alunos, porque se permite aos alunos várias possibilidades”, conta Dutra.

Em 11 de junho, os secundaristas se reunirão na Câmara Municipal para debater as proposições elaboradas, individualmente, pelas escolas participantes. Após a triagem das propostas, ocorrerá, em 15 de junho, a seleção, em plenária, dos projetos a serem levados à etapa regional.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Política

Data: 13/05/2018

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Título: Ministério Público analisa troca de partido por vereadores

Vereadores de municípios mineiros que trocaram de partidos com motivações eleitorais, de forma a ter melhores condições de competitividade no pleito de outubro, podem ter seus mandatos questionados pelo Ministério Público Eleitoral. Desde a última semana, a Procuradoria Regional Eleitoral em Minas Gerais realiza um levantamento de casos de mudanças de legendas por parte de parlamentares municipais para, depois, analisar se houve irregularidade ou não. “Ainda é cedo para emitir qualquer juízo de valor a respeito, e o procurador regional só irá se pronunciar quando terminar essa análise”, afirmou o órgão em nota encaminhada à Tribuna. Em Juiz de Fora, três vereadores trocaram de sigla no início de abril: Charlles Evangelista deixou o PP e segui para o PSL; Rodrigo Mattos trocou o PSDB pelo PHS; e Sheila Oliveira saiu do PTC e também acertou com o PSL.

Assim, a análise do Ministério Público Eleitoral sobre as trocas será no sentido de identificar se há justificativas para tais migrações, além das de interesses eleitorais. Cabe lembrar que, ao contrário de deputados estaduais e federais que trocaram de legenda entre 8 de março e 7 de abril, os vereadores não poderiam se beneficiar da janela partidária criada pela minirreforma eleitoral de 2015. Segundo a Lei 13.165/2015, que define a brecha legal, em 2018, a janela era válida apenas para aqueles que estão em seu último ano de mandato e não para parlamentares municipais, que só terão esse direito em 2020. Quem fez isso agora terá de provar que agiu por “justa causa” – trocas motivadas por mudança ou desvio reiterado do programa partidário ou grave discriminação política pessoal.

Presidente da Comissão de Direito Eleitoral da seção do Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), Carla Cristine Karpstein ressalta que os vereadores não poderiam se beneficiar da janela e ainda podem ter seus cargos ameaçados. “Essa janela foi feita para parlamentares em fim de mandato, que forem disputar as eleições deste ano. Os vereadores não estão em fim de mandato. Então, esta janela só se aplica a eles em 2020. Nos primeiros 30 dias (após as trocas), caberia aos partidos questionarem o mandato. Nos 30 dias subsequentes, os questionamentos ainda poderão ser feitos pelo Ministério Público e pelos suplentes. Passado este prazo, não há mais como questionar”, explica a advogada.

Parlamentares alegam justa causa e expulsão

Em Juiz de Fora, os três vereadores que trocaram de partido apresentaram alegações distintas. Presidente da Câmara, Rodrigo Mattos afirma que estaria sendo perseguido dentro do PSDB desde que, em maio do ano passado, fez críticas públicas ao senador Aécio Neves. Segundo as alegações do vereador, agora no PHS, tal cenário praticamente o inviabilizou dentro da sigla, o que motivou sua saída por “justa causa”. Rodrigo deve tentar uma cadeira na Câmara dos Deputados nas eleições de outubro. A despeito do argumento, seu mandato já foi questionado no TRE pelo ex-vereador José Laerte Barbosa (PSDB), que ficou com a primeira suplência da coligação PSDB/PV nas eleições municipais de 2016.

Já Charlles Evangelista e Sheila Oliveira deixaram os partidos pelos quais foram eleitos e alegaram terem sido expulsos de suas siglas por divergências de projetos. Nestes casos, como as iniciativas teriam partido das legendas, os dois parlamentares tiveram caminho livre para assinar com o PSL. Pela nova agremiação, Charlles deve se lançar candidato a deputado federal, enquanto Sheila deve sair candidata à deputada estadual.

Apesar de entendimentos de que a expulsão deixaria o caminho livre para uma troca de partido, o presidente do diretório municipal do PTB em Juiz de Fora, Ricardo Francisco, afirmou que o partido questiona o mandato de Charlles. O PTB integrou a coligação com o PP que elegeu o vereador. O primeiro suplente da composição é Wagner França (PTB). Por outro lado, reportagem da CBN Juiz de Fora veiculada na última sexta-feira, mostrou que, ao menos em um primeiro momento, os primeiros suplentes da coligação PSD/PTC não manifestaram a intenção de pleitear judicialmente o mandato de Sheila por infidelidade partidária.

Sem citar situações ou nomes especificamente, a advogada Carla Karpstein afirma que, em alguns casos, o Ministério Público ou mesmos suplentes podem, sim, contestar na Justiça Eleitoral situações em que haja suspeitas de que supostas expulsões possam significar manobras, para evitar possíveis ações pleiteando a perda de mandatos por desfiliação partidária. “Há esta prerrogativa caso haja provas de que a expulsão em questão seja fabricada. Hoje, na Justiça Eleitoral, discute-se muito o uso de fraudes para obtenção de mandatos, seja fraudes para cumprir a cota de mulheres nas chapas ou em expulsões de forma a evitar a perda de mandatos por infidelidade. Entendo ser plenamente possível que suplentes e Ministério Público questionem mandatos nestas situações. Mas para isto é preciso provas”, avalia.

Desfiliação justificada

Carla ainda lembra que a regra que trata da desfiliação partidária define situações em que a troca de legendas fora das chamadas janelas possa ser justificada. De acordo com a resolução 22.610 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), considera-se justa causa migrações motivadas por incorporação ou fusão do partido; pela criação de uma nova sigla; pela mudança mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; ou por grave discriminação pessoal.

“Tais possibilidades são muito subjetivas. Por exemplo, podem ser consideradas razões para desfiliação situações em que um parlamentar é proibido de participar da executiva do diretório, uma vez que é tradicional que os detentores de mandato tenham direito a vaga no colegiado; ou que o partido se negue a aceitar a indicação de novos filiados. Enfim, há várias coisas que podem configurar perseguições ou manobras para que a pessoa não possa crescer dentro do partido. Isto tudo pode ser considerado justa causa. Mas é preciso provas. Não basta apenas alegações”, pontua a advogada.

Professor defende fidelidade partidária

Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Jorge Chaloub defende que uma melhoria do sistema político e eleitoral do país e de um maior sentimento de representatividade da sociedade deve passar, necessariamente, por uma reforma política que tenha por objetivo fomentar o conceito de fidelidade partidária.

“Elementos como a janela partidária que permite que os deputados troquem de legenda contribuem para que ocorra um aumento do cenário de pulverização partidária, algo que já é gigantesco no Brasil. Isto acaba por empobrecer a discussão. Ainda acho que o modelo de representação partidária é algo que dá o mínimo de identificação para o leitor. É como se fosse um mapa”, considera, lembrando que, atualmente, a avaliação popular do sistema partidário é negativa.

Apesar de defender que a necessidade da definição de ferramentas para fortalecer os partidos e sua relação com seus quadros por meio de regras de fomento à fidelidade partidária, Chaloub considera que é necessário existir também regras capazes de permitir que quadros parlamentares possam buscar novos ares em situações de incompatibilidades excessivas ou incontornáveis.

“Não pode acontecer, por exemplo, situações em que um bom deputado fique refém de um partido”, considera o professor. Neste sentido, Chaloub exemplifica casos em que um quadro de uma linha política distinta ingresse e assuma as rédeas de determinada legenda, trazendo desconforto para detentores de mandato que já militavam na agremiação. “No atual contexto, algo que influencia tais trocas é a eleição presidencial, por exemplo.”

Viés eleitoral

Sobre as trocas recentes, sem entrar em méritos de casos individuais, Chaloub ressalta que, via de regra, a grande maioria das migrações observadas em períodos que antecedem a realização a definição de cadeiras parlamentares apresentam, sim, vieses eleitorais. “Via de regra, todas as motivações para troca de partido incluem cálculo eleitoral. Não que seja sempre apenas isto. O cálculo está sempre presente. Político faz conta de voto e disputa mandato. Não tem jeito.”

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cultura

Data: 13/05/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cultura/13-05-2018/tempo-punk-jf.html

Título: Tempo punk: como estão aqueles que lideraram o movimento em JF

Se pudesse, tiraria o pênis para fora da braguilha e subiria a Rua Halfeld. Seria escandaloso, seria violento, seria jocoso. Mas era só desejo, que Aécio Silva dissimulou apenas mantendo o fecho ecler aberto. E subiu o Calçadão em direção à Avenida Rio Branco, sob os olhares oblíquos dos passantes e ao alcance da câmera permanentemente engatilhada do fotógrafo Humberto Nicoline.

Parecia 1983: quando o Tenente Laranja (apelido de Aécio) e seus amigos se reuniram no Bar Redentor para serem registrados, irreverentes e ferozes, pelas ruas da cidade. Quando dois daqueles jovens entre 15 e 25 anos abriram suas calças e mostraram o sexo. Quando andaram cantando “Violência é o que vejo,/ em todo canto da cidade/ pessoas que se matam à toa,/ por qualquer banalidade” de uma estreante banda Lixomania. Quando picharam paredes; pararam, aos gritos, o trânsito; posaram para o flash da câmera analógica de Nicoline. Tudo sob os mesmos olhares oblíquos.

A estranheza é a mesma. Todo o resto mudou. Os fios ralos com as raízes brancas do cabelo de Aécio denunciam: 35 anos se passaram. Tempo bastante para a ausência de uns e a distância de outros. O retrato foi alterado. O inconformismo, não. “Sempre vivi o punk. E vivo até hoje”, reconhece Aécio, o primeiro punk juiz-forano a completar 60 anos, em 2018, mesmo ano em que a primeira banda do gênero no Brasil, a paulista Restos de Nada, celebraria 40 anos.

“A aparência pode ter se transformado de acordo com o tempo, mas o coração é o mesmo, com a mesma revolta, com a mesma impossibilidade, com o mesmo Brasil, que não mudou nada. Subiram os prédios, mas o Exército, a polícia, a saúde, a educação estão a mesma merda, com cada vez mais pressão em cima de quem eles (o governo) chamam de vagabundos, os caras dos morros. Meu idealismo é o mesmo, sou altamente niilista, pelo fim de tudo. O movimento punk foi um alerta, mas quem poderia mudar se omitiu e se vendeu.”

O grito de Aécio mantém-se como parecem manter-se as questões das quais mostrou-se frontalmente contrário em 7 de agosto de 1983, na primeira reportagem publicada pela Tribuna sobre o movimento iniciado em Juiz de Fora cinco anos antes, em 1978. Ontem é hoje: “Está mais que claro que o poder quer acabar com a gente aos poucos, para se enriquecer mais e mais em cima de pessoas puras, sem estudo e sem conhecimento para entender o jogo deles”, dizia Paulo Sérgio Gomes, o Vietnã (morto no início dos anos 2000), na reportagem. “Então, vamos partir, vamos gritar, enquanto podemos, vamos mostrar que não estamos dormindo.”

A história’n’roll do fotógrafo

Sobreviventes e resistentes, os personagens fotografados por Humberto Nicoline retornam ao foco na série de reportagens “Tempo Punk”, que a Tribuna publica a partir deste domingo, retratando o tiquetaquear do relógio para a geração que tomou para si um nome compreendido como “prostituto” e o transformou em sinônimo do que é complexo, difícil ou forte. “Eles eram muito aguerridos contra o fascismo. Inclusive, nas fotos, eles aparecem com os rostos desenhados com a suásticas e um xis em cima. Eles andavam no meio da Rio Branco. Gritavam, batiam correntes no chão, pegavam o casaco e jogavam no chão. Muito antes de ter o grito dos excluídos, eles saíam para protestar. Estavam politizados em relação à ditadura militar. A anarquia deles era comportamental, romperam com as regras. Eles é que punham a cara na rua num tempo em que a 4ª Região Militar de Juiz de Fora era poderosa”, recorda-se o autor das imagens que se tornaram símbolo do movimento não apenas na cidade, mas no país.

“Fotografava naturalmente, não imaginava que contava uma história”, observa Nicoline, então fotojornalista da Tribuna. Quatro anos depois dos cliques, em 1987, ele deixou Juiz de Fora para trabalhar na sede da Tribuna de Minas em Belo Horizonte, até 1989. Na capital permaneceu, trabalhando no folhetim “Hoje em Dia”, casou-se, teve dois filhos (Gabriel e Luiza), e, em 2003, regressou a sua terra natal, assumindo a editoria de fotografia do extinto folhetim “Panorama”. Aposentado há cinco anos, o profissional que há dois anos atua registrando a atividade da Câmara Municipal soma 63 aniversários que fizeram grisalhos seu cabelo e sua barba, mas deixaram intocáveis o rock progressivo de Led Zeppelin e Pink Floyd no fone de ouvido. “Comprei uma camiseta agora do ‘Homem Vitruviano’, do Leonardo da Vinci, mas metade dele é o homem e a outra metade é uma guitarra”, ri ele, que admirava mas não seguia os passos de Sex Pistol, Ramones, The Saints e The Clash, que nunca saíram do amplificador de seu fotografado Aécio: “A música era uma barulhada. Era o punk!”.

Ele só queria uma jaqueta transada

Vestia uma jaqueta jeans tradicional e a rebeldia própria dos jovens. Quando Helton Ribeiro conheceu o punk como fenômeno londrino, faltava-lhe a expressão nacional. Num fim de semana com os pais, na natal Volta Redonda, no sul fluminense, viu a banda Cólera na TV. “Fiquei chapado!”, lembra. Faltava-lhe, então, a manifestação local, na Juiz de Fora onde cursava Comunicação Social. Nas páginas da Tribuna, encontrou as pistas e conheceu Aécio Silva. Não faltava mais nada. “Eu estava com uma jaqueta jeans, e ele me falou: ‘Deixe essa jaqueta comigo, que vou transar ela’. Aí ele tirou a dele e deixou comigo até ele ‘transar’ a minha, colocando tachinhas e outros adereços”, conta.

No dia seguinte, Helton surgiu na fila do Restaurante Universitário da UFJF com a tal vestimenta emprestada, muitos números maior, cheia de pregos, tachinhas e até com um pedaço de alicate de unha. “Ficou todo mundo horrorizado. Foi o assunto do dia na universidade. Muita gente me conhecia, porque eu havia sido diretor do DCE (Diretório Central dos Estudantes) e presidente do DA (Diretório Acadêmico) da faculdade”, recorda-se ele, dizendo ter encontrado outra forma de gritar em tempos de silêncio forçado.

“Havia, principalmente, a insatisfação com a situação do país. Eu tinha me desencantado com o movimento estudantil, e o punk era outra forma de protesto. Naquela época, a gente achava que o movimento poderia se popularizar, agregando muitos milhares de pessoas, parecia uma alternativa. Ao contrário do que acontecia na política universitária, eu gostava daquela música dos punks. Lembro que os líderes estudantis só ouviam Milton Nascimento, e eu achava um saco. O punk era forte, sacudia a gente. O rock vivia aquele momento tedioso do progressivo, solos quilométricos para mostrar que os caras sabiam tocar. O punk virou a mesa.” E revirou Helton.

Não eram apenas os acordes que importavam, mas outros tons sociais, como os enunciados pela banda inglesa Subhumans em sua defesa por uma modernidade menos fluída e mais consciente. “Ela defendia os animais vítimas de experiências em laboratórios. Aquele disco me marcou muito. Hoje sou ativista pelos direitos dos animais”, diz Helton, em entrevista pelo Facebook, direto do Egito. “Vendi minha casa e saí viajando. Não devo voltar”, adianta o profissional, aos 54 anos, com passagem por jornais como “O Globo”, “Folha de S.Paulo”, “Estado de S.Paulo”, além das revistas “Bravo!” e “Bizz”, além da TV Cultura.

“Hoje mantenho o site da minha revista, “Blues’n’Jazz”, e produzo shows eventuais no Bourbon Street Music Club, famosa casa de boa música em São Paulo. Faço tudo on-line, porque há mais de dois anos eu viajo full time pelo mundo”, diz o homem que foi um dos 33 fundadores do Partido Verde (PV), do qual saiu dois anos depois de criada a sigla. “A partir daí, desisti de participar de movimentos e passei a atuar sozinho, pela minha própria consciência. O punk, embora fosse um movimento, já tinha essa ideia de ‘Faça você mesmo!’. Se as coisas estão erradas, lute pra mudar!.”

Para Virginia Guilhon Loures, que ao lado de Aécio sedimentou o primeiro trecho da estrada punk em Juiz de Fora, o que estava por trás de moicanos, vestes negras, correntes e bat boots era o desejo de romper com o padronização. “Querer mostrar que sou única e isso é quebrar com o sistema. A ideia por trás do punk era se mostrar verdadeiramente, do jeito que quisesse, e não concordar com esse player que vemos por aí. Era saber que existe um teatro onde todo mundo está fazendo o drama da vida”, reflete.

“Hoje em dia, se bobear, o cara sai do salão de beleza com moicano esticado. Sempre achei um absurdo o cara comprar uma calça rasgada. A nossa ideia era: se a calça rasgou, foda-se! Comprar uma é um desvio. Isso é uma absorção do sistema”, discute Renato Resende, Rato para os amigos punks. “Muita gente ainda está dormindo, sendo conduzido como gado, completamente dominado pelo ego vil. Tudo é transitório, transmutável, e precisamos buscar o imutável que existe e que está além da terra física”, alerta Virginia, apontando para o movimento como o escape para um discurso que era roupa e era corpo: “Sempre quis me conhecer. Eu não cabia em mim. Socialmente queria colocar isso, e internamente também.”

Não concordo, logo, não faço

Billy tinha um visual pesado. Carregava uma tatuagem na bunda. Era punk. Morava no Rio de Janeiro, onde Fernanda Tabet o conheceu. O namoro dos dois não resistiu. O encantamento dela, porém, persistiu. E encontrou vazão quando ela conheceu Vietnã, um juiz-forano como ela e punk como ele. “Gostei da ideologia da liberdade, do anarquismo, da roupa preta, que eu sempre usei”, lembra ela, que, adolescente, ganhava dinheiro fazendo pequenas restaurações em gesso e cerâmica, além da mesada dos rígidos pais.

“Teve uma vez que meu pai falou comigo: ‘Se você sair de casa assim, eu te quebro’. Eu estava toda montada, com moicano, morava no alto da Rio Branco e falei: ‘Está bom. Vou tirar’. Coloquei uma qualquer e quando cheguei no Centro, troquei tudo de novo. Se eu estivesse cansada no meio da noite, querendo ir embora, ligava para a polícia, falava que tinha alguém me perseguindo e acabava indo de camburão para casa. Cansei de fazer isso”, ri. E confessa: “Não sei se era tão consciente, mas lutava. Andar de preto era estar de luto diante da miséria, defendendo o proletariado, questionando o consumismo. E gritávamos.”

Numa interpretação entre o nonsense e o romântico, Aécio Silva redefine as caretas dos tempos passados. “Éramos corações tão bons, e o punk era uma proteção contra tudo o que existia de ruim. Fazia uma careta, dizendo: A mim, não! Não venha entrar na minha onda, que é de paz! Sai pra lá com sua inveja, seus ciúmes, seus tabus, seu Deus, seu sexo, suas drogas! Era uma carapaça”, conta, apontando para uma postura quase conservadora presente nos primeiros anos do movimento na cidade e no mundo. Ingênuos, não.

“Uma vez levei o Cólera para tocar em Volta Redonda, e, antes do show, o clube tocou disco music. De repente vi o Val, baixista da banda, dançando na pista. Depois eu perguntei: ‘Você gosta disso?’. E ele respondeu: ‘Não! Mas se não dançar não arrumo mulher’”, recorda-se Helton Ribeiro. “Era aquela vivência do risco não calculado”, defende Fernanda, que na mesma década de 1980 em que adentrou o movimento, dele saiu. “Fui expulsa de vários colégios, vendia pirulitos de chocolate dos Picassos Falsos, fiz cartões e vendia na noite, estudei para fazer medicina, fui e voltei do Rio, joguei cartas, comecei a pintar, fiz enfermagem e escolhi nunca ter patrão. Nunca tive uma carteira assinada na vida. Nem sei o que é carteira de trabalho. Isso ficou do punk.”

Com os olhos cheios d’água, Fernanda, uma mulher alta, de gestos largos e um onipresente cigarro entre os dedos, mostra, aos 52 anos, as marcas que o movimento lhe deixou. Olha para os lados e mostra o brechó que há alguns anos mantém no Centro de Juiz de Fora. Aponta para a frente, para a rua onde diariamente é confrontada com as margens da cidade e diz: “Não concordo. Sou muito sensível à miséria humana, em todos os sentidos. Não concordo, não aceito ver alguém com necessidades e passar direto. Não concordo com a ideia do poder. E as pessoas hoje querem ter dinheiro para ter poder. Não aceito e luto de alguma forma para que essas coisas não continuem acontecendo. Não posso ficar calada, ser conivente. O punk me trouxe a noção de justiça.”

Inconformismo, Fernanda? “Tem horas que sou conformada de outras formas, porque há uma opressão. É difícil nascer livre e, aos poucos, ser oprimida. Não adianta estar fora da cadeia e ser presa. Com a maturidade, a gente perde acessos e perde a coragem”, lamenta. Aécio Silva concorda. Dificilmente faria o que fez naquela sua juventude dos anos 1970. Um dia, chegou a um vernissage de pinturas de um artista fluminense numa casa na Rua Pasteur. Aécio e sua turma entraram no ambiente. “Não podia dar minha pincelada punk nela, porque a exposição era extremamente classista”, diz. O artista chegou perto e perguntou o que achavam. Aécio respondeu: “Achei maneiro, muito em paz, mas, de repente, merecia um risco preto no quadro da entrada”. O artista perguntou como, e ele explicou. O autor das telas sacou uma caneta e prontamente fez o risco. “Passei uma ideia punk, e ele aceitou”.

Abaixo, assista à primeira parte do minidoc “Tempo punk: 35 anos depois”.

A força desarmada dos festivais

Desviou da pedrada anos antes. Baterista da Força Desarmada, primeira banda punk da cidade, Aloisio Gusmão, o Lupídio, despediu-se da formação dias antes do 1º Festival de Rock de Juiz de Fora, que tomou o estádio do Sport Club no dia 13 de agosto de 1983, tendo Lobão, Barão Vermelho e Erasmo Carlos como principais atrações. Lupídio também não estava sob os holofotes na segunda, em maio de 1985, quando o grupo se apresentou logo depois de Renato Russo e sua Legião Urbana descerem do palco.

“Tomamos muitas pedradas nesse festival. Era pesado. Foi louco tocar depois do Legião, que estava no começo da carreira. Outra coisa era o som, que na frente estava bom, mas no fundo não chegava. Só que a gente não estava lá para tocar. A gente estava lá para protestar. A galera não entendeu”, conta, aos risos, Renato Resende, o Rato, um dos componentes da banda.

Na bateria, naquele segundo festival, estava Paulo Sérgio Gomes, o Vietnã, a face e a força do movimento. “Até hoje não vi um cara tocando bateria como ele”, elogia Rato. “Ele era bem espontâneo. Topava tudo. E não usava um vocabulário normal, preferia as expressões e os sons”, recorda-se Aécio Silva. O cabelo moicano e a pose de mal caiam muito bem a Vietnã. Ele, Helder Hartung (o Don Helder), Marco Aurélio Jambo (o Coréia) e Adilson de Carvalho (o Comprimido) esvaziaram a cena nos últimos anos, em precoces mortes.

Dos festivais, Lupídio guarda memórias afetivas, caseiras. “Boa parte das bandas ficou na minha casa, porque tinha dois andares, e eles ficaram embaixo. Foi lindo. Era uma turma consciente, que levantou cedo, sem eu saber. Quando acordei, ouvi aqueles punks todos tomando café com meu pai, que não deixou eles saírem de barriga vazia”, diz o homem de 57 anos. O abrigo anunciaria o lugar que Lupídio desejava para si: os de produtor. “Sempre gostei de organizar shows. Quando o Patrulha 666 começou a tocar em vários lugares, eu e o Adriano 66 (Adriano Polisseni) vimos que podíamos organizar eventos culturais. Não éramos produtores, mas fomos com a cara e a coragem”, pontua ele, referindo-se a outro importante personagem da cena, responsável pela formação de gerações de espectadores e músicos em seus festivais de Bandas Novas.

Na década de 1990, Lupídio resolveu investir numa estamparia, como já fazia desde os anos 1980. “Mas ainda mexia com shows. Começaram a surgir muitas bandas querendo tocar, e já existia um nível bem legal de profissionalismo. O punk, para mim, foi uma escola cultural. Abriu muitas portas.”

Casa ocupada e fundo do poço

O apelido, Renato Resende garante remontar à sua estadia no Exército. “Todo mundo era tratado como rato”, diz. Manteve-se, contudo, coerente. Renato, o Rato, conheceu o esgoto da vida e as superfícies mais assépticas. “Vivi muita loucura! Toquei em várias bandas da cidade, como a Subefeito e a Patrulha 66. Já fiz som pra caralho. Fiquei muito doido, usei muita droga, num lance de suicídio mesmo. Fiquei fora do planeta, um ano sem tomar banho, desandando a vida. Foi de 2002 até 2012. Mas tem umas coisas que são de adolescente, que é naturalmente rebelde. Passa um tempo, e muita gente desvia, encareta. Eu estou acelerando até hoje, mas mudei em conceitos. Não tenho mais a esperança de mudar a sociedade, mas levo uma vida anárquica. Tenho uma fabriquinha de adesivos que é anarquia pura no sistema de trabalho. Passei para o dia a dia a anarquia, ao invés de ser uma bandeira e um litro de cachaça. Vivo dia após dia”, conta.

A postura combativa foi preservada, assim como o Fusca amarelo no qual transita pela cidade. No passado, o combate estava expresso na invasão de uma casa na Rua Paula Lima. Hoje resta na opção por viver atrás de um salão de festas, no Bairro Recanto dos Lagos, cercado por montanhas, hortas, bois e seus cachorros. “Na maior paz”, diz. “O movimento era criar suas próprias perguntas e respostas sem ser teleguiado. Hoje estou mais punk do que nunca, mas detesto o punk rock que não é de protesto, acho um saco.”

Como filosofia internacional dos punks, a virtuose do som não era o que mais importava. “Sou de uma época em que a gente montava os instrumentos. O lance da importação era mais difícil. Então sempre tocamos em aparelhagem vagabunda”, recorda-se ele, aos 54 anos. Valia o grito de raiva, que hoje o gráfico freelancer não ouve mais. Prefere o grito de fé. “Sabe o que estou curtindo? Som gospel. O rock está falido. Estou de saco cheio. Até gostava de Jota Quest, do suingue dos caras, mas dentro desse mundo caótico os caras ficam cantando canções de amor. Se ainda fosse o Cazuza…”

“Passa um tempo, e muita gente desvia, encareta. Eu estou acelerando até hoje, mas mudei em conceitos. Não tenho mais a esperança de mudar a sociedade, mas levo uma vida anárquica”

Renato Resende (Rato)

O Brasil de hoje é um caminhão tombado na estrada

Contra a Usina Nuclear de Angra dos Reis. Contra a repressão dos militares. Contra a carne podre vendida em supermercados. Contra o conservadorismo. Contra o fechamento do Bar Atrás das Bananeiras. Contra a interrupção das obras do Teatro Paschoal Carlos Magno. Por trás da proliferação de reivindicações no punho cerrado dos punks que tomavam as ruas de Juiz de Fora na década de 1980, estava um projeto de país que nunca saiu do papel. Por isso a desolação de Schopen Charles Tavares, o Charles.

“Já havia as ideias, o cabelo sempre gostei curto, a roupa era a que eu tinha mesmo. Não tinha frescura. Ideologia não tem época, movimento, nada. Hoje continuo com as mesmas ideias, mas evoluídas, lógico. Tempo para fazer as coisas é modismo. E o cara quando não gosta, não gosta desde cedo, independentemente do tempo. A ideia era protestar contra o governo. Hoje eu já quero que volte para os militares. Sou radical, porque piorou muito. Hoje o país parece um caminhão tombado na estrada, com todo mundo saqueando. Se o exército antes roubava, era em silêncio e para eles. Hoje o cara entra para vereador e sai milionário. Hoje dá para ficar mais revoltado que antes”, afirma.

Com o grisalho do cabelo e as ainda poucas marcas de expressão no rosto a revelar-lhe os 56 anos de estrada, Charles viu nascerem a desconfiança e a desesperança. “O anarquismo é outra coisa que a gente precisa pensar bem. Como seria viver num lugar sem governo? Hoje não vivemos isso?”, indaga. Pai de Gabriel e Gustavo, ainda crianças, recorre à defesa do armamento para civis como argumentação pela proteção dos filhos. “Minha luta agora é pelo futuro deles. Não quero esse Brasil que está aí para eles. Ou eles vão andar armados, ou ficam só dentro de casa.”

Como a situar num passado muito distante aquele jovem que numa das fotos de Humberto Nicoline aparece empunhando o dedo médio para a câmera, Charles não teme que os filhos reproduzam o punk que ele foi. “A revolta que eu tenho passo toda para eles. Se eles chegarem vestidos de punk, vou dizer para não usarem drogas e deixar rolar. Adolescente não tem jeito. Mas se chegar funkeiro, meto o pau. Já falei para eles esperarem eu morrer para escutar funk e sertanejo”, assegura o ex-guitarrista da banda IDR.

Pouco a pouco, o homem que passa os dias numa gráfica caseira revela os rastros que o movimento lhe deixou. “Nunca votei. Nos anos 1980, queimei meus documentos todos. Dessa vez quero tirar o título de eleitor para votar. Uma vez até fiz, por abrir firma. O sistema é assim, te enrosca e não deixa escapar. Mas eu sempre procurei trabalhar à margem, sem depender do sistema. Sempre vivi da minha forma. Tinha uma estamparia, ganhava o meu dinheiro, e o governo não precisava nem saber o que fazia”, diz o homem de 56 anos, reproduzindo gesto de muitos de seus contemporâneos.

“Hoje dá para ficar mais revoltado que antes”

Schopen Charles Tavares

“Voto nulo”, declara Fernanda Tabet, para quem o próprio sistema deve ser responsabilizado pela desarticulação do movimento punk, que em 2018 completa 40 anos no país. “Como todo movimento político, o governo arruma forma de abafar manifestações que sejam maiores. O que acabou com o movimento foi que ele virou moda. Está aí, nas ruas”, argumenta. Está presente como as bandeiras. “De alguma forma, alertamos os jovens, que se apaixonaram pelos nossos cabelos, nossas roupas, nossos brincos. A nossa corrente não demonstrava violência. E nossa droga era a adrenalina de rolar no chão, de levar e dar um soco”, conta Aécio Silva.

O breu impresso na queixa era apenas a sombra, segundo Rato, de intenções mais fecundas. “Tem uns caras que são chatos, só sabem reclamar. Eu falo: Cuidado! Protesta baixo! Porque se o mundo melhorar, vocês estão fodidos! Às vezes, a gente só sabe viver reclamando, mas perde o rumo de um mundo de paz e amor”, reflete. Os dias podem ser melhores, portanto? “Muito difícil, porque o mundo tem que melhorar dentro do coração. Não tem outro caminho”, garante. “A minha ideologia é a prosperidade, o amor, o carinho, o companheirismo. Mas várias vezes tenho vontade de acordar e sair com uma bandeira, sozinha”, afirma Fernanda. Seria punk.

‘Johnny Rotten tem cara de saco cheio’

Se pudesse, tiraria as roupas e voltaria ao prédio que marca a esquina da Avenida Rio Branco com a Halfeld na sua porção do parque. Seria escandaloso, seria violento, seria jocoso. Mas era só desejo, que Virginia Guilhon Loures dissimulou mantendo apenas os pés desnudos e inserindo na cena um cacho de bananas verdes a representar o silêncio de uma Minas profunda na qual plantou seu agora. E posou, sob os olhares oblíquos dos passantes, para a câmera permanentemente engatilhada do fotógrafo Humberto Nicoline.

Fugaz – num aborto provocado pela ligeireza da autocensura -, a ideia da nudez, nas palavras de Virginia, a Virgin, indicava um excesso. Um desnecessário excesso. E há alguns anos a mulher que deixou para trás a agitada e sempre acesa Nova York em nome de viver o silêncio e o breu de Piau, na Zona da Mata mineira, questiona a si mesma e aos outros sobre o que é absolutamente necessário. “Hoje não ouço nada, só os sons dos pássaros, o murmúrio do rio”, conta. Isso é punk, Virginia? Ela ri. É outra. É, de alguma forma, a resposta a um projeto forjado desde o momento em que leu uma reportagem no extinto “Jornal de Músicas”, escrita pela jornalista e cronista do rock Ana Maria Bahiana, cuja primeira frase anunciava: “Johnny Rotten tem cara de saco cheio”. A frase fazia referência à relação que o vocalista do Sex Pistols tinha com o passado, que lhe entediava. Por isso o pontapé para a criação de algo novo, mais enérgico e sombrio. Para isso, John Lydon, o Rotten, precisou romper, como fez Virginia.

Filha caçula de seis irmãos e temporona numa família de classe média, Virginia incorporava paradoxos próprios da modernidade. “Minha mãe era muito conservadora, mas uma pessoa sensível, voltada para as artes. Me dava livros, poesia, e eu ia despertando. Eu era muito ligada a ela, mas precisava guerrear. No final, ela acabou me respeitando tremendamente”, conta. “Desde pequena, sabia que não queria casar e ter filhos, repetindo a mesmice. Amava meus familiares, mas não queria o mesmo sistema de vida. Além da revolta, tinha a espiritualidade, e eu sabia que tínhamos um propósito de transformar.”

Vizinha do Bar Redentor, na esquina da Rua Espírito Santo com a Avenida Rio Branco, ao lado da Catedral, a então repórter da Tribuna recusava a bossa-nova da irmã e esticava os ouvidos para o rock do irmão. “Ouvia Rolling Stones, Beatles, The Birds e ficava com a galera dele, que eu gostava do visual.” Quando encontrou Aécio Silva, deparou-se com a Nova York e a Londres anunciada pela narrativa de Bahiana. “Nasci com o punk, fui punk com o punk, não fui influenciada por nada. Eu me expressei punk na juventude. Era um sentimento de libertação, de mudança, de música, uma força que havia. O movimento hippie, o rock progressivo eram lindos, mas me identifiquei com outra coisa, com outra energia”, recorda-se.

“Eram os anos 1970, ainda havia muito ranço de preconceito sexual, e fomos nós que realmente começamos a transar com nossos namorados. Tinham vários valores a serem rompidos”

Virginia Loures (Virgin)

Diante do regionalismo de Alceu Valença em apresentação no lugar sagrado da profana Capela Galeria de Arte, Virginia partiu dos pés de sapatos diferentes para um visual mais impactante.”Comprei uns pedaços de pano, rasguei tudo, joguei esmalte vermelho, como se dissesse: ‘Não aceito a sociedade, não aceito esse status quo’. Era um sentimento muito infantil, não sabíamos muito bem o que era aquilo, mas havia uma força de que não aceitávamos o ‘sistema’ e achávamos que o ‘paz e amor’ não resolvia mais. Eram os anos 1970, ainda havia muito ranço de preconceito sexual, e fomos nós que realmente começamos a transar com nossos namorados. Tinha vários valores a serem rompidos.”

Como se o ponteiro do relógio houvesse paralisado, estreitando as semelhanças entre ontem e hoje, Aécio recorda o encontro com Virginia como um fôlego para dias sufocados. “Em 1976, sentia altas decepções – como hoje, que estou altamente decepcionado com o país, puto com tudo – e via muitos pobres nas ruas. Por isso comecei a andar como eles. Eu mesmo costurava minhas roupas, fazia camisas com sacos de batatas, andava descalço. Naquele momento, me transformei em punk. Meus amigos rejeitavam. Quando eu conheci a Virgin, nos identificamos. Ela havia lido uma reportagem sobre o punk no exterior. Fomos procurar saber o que era, num tempo em que não tinha internet. Mais tarde, veio a música, totalmente progressista.”

De Nova York a Piau

“As pessoas, nas ruas, andavam praticamente uniformizadas. Nós, não. Nosso movimento aconteceu, e era o que a gente queria, o que gente era, o que a gente é. É difícil trazer o passado à memória da forma como era. De paz e amor já falavam. E nada resolvia. Então fomos falar de guerra é ódio”, lembra Aécio, que, antes de Virginia, mudou-se para Nova York. Após três anos na Marinha Brasileira, ele juntou dinheiro para morar nos Estados Unidos. Um músico, um primo, uma tia o auxiliaram no início. “Só me dedicava ao punk nos domingos. Nos outros dias, era um cidadão comum, mas sempre mantive o cabelo moicano, desde pequeno.”

Por Correios, Aécio alimentava os punks juiz-foranos. “Vi lá de fora o movimento, o pós-punk, o hardcore, o new wave. Vi bandas do passado e do presente, vi Ramones, Sex Pistols, Black Flag. O material que eu recolhia, ingressos de shows, cartazes, discos, enviava para cá”, conta ele, que nos últimos anos morou na China, até regressar ao Brasil em 2016, para morar com a esposa e a mãe de 90 anos, numa casa em São Mateus, onde ergueu, no quintal, sua Matinê, com shows nas tardes de domingo. “Tive três respostas negativas, mas 497 positivas”, brinca. “Já trouxe banda de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e muitas daqui.”

“No funk tem punk. No sertanejo tem punk. No rock tem punk. O punk é a moda política, a moda preta, o traço, o rasgo, o fisgo. É o toque, a abertura. Todos os movimentos trazem uma linha punk. Para mim, o funk é o punk do momento. É um grito de liberdade, uma maneira de expressar o que sente. Isso é o punk. Musicalmente, o funk é punk, uma gritaria, muitos palavrões, referências ao sexo, tudo refletindo o momento”

Aécio Silva (Tenente Laranja)

Virginia optou por girar inversamente o volume. Bastava do som alto do lugar onde vivenciou bem de perto a revolução provocada pelo CBGB (considerado o bunker do punk mundial). “Lá pintou publicidade, aprendi muito. Fiz muitas matérias de rock lá. Outro dia mesmo, achei uma foto minha com o Noel Gallagher, do Oasis. Nos anos 1990, vi tudo, me realizei. Eu, que sempre fui do rock underground, fui buscando coisas interessantes, maravilhosas, que não estavam no mainstream”, lembra a profissional que colaborou, diretamente dos Estados Unidos, com diferentes veículos impressos do Brasil.

Após retornar de Nova York há menos de dez anos, Virginia voltou-se para a terra. “Eu queria um planetinha, a natureza, que é viva. Queria voltar e ver a coisa se transformar. Desde novinha eu era macrobiótica. Já estava na comida natural antes mesmo de existir isso”, conta ela, que hoje, aos 59 anos, comercializa suas verduras e legumes na Feira É Daqui, de produtos orgânicos, do Parque Halfeld, às sextas-feiras. O punk, segundo ela, “já virou o establishment, virou lugar comum, caretice, coisa boba”. Mas nem por isso desligou o som. “Continuo ouvindo qualquer coisa que aguce minha sensibilidade. Às vezes, ouço violinos.”

“Nasci com o punk, fui punk com o punk, não fui influenciada por nada. Eu me expressei punk na juventude. Era um sentimento de libertação, de mudança, de música, uma força que havia. O movimento hippie, o rock progressivo eram lindos, mas me identifiquei com outra coisa, com outra energia”

Virginia Loures (Virgin)

Diante de tablados que fazem as vezes de palco e se encaixam entre as árvores, escuta e assiste gerações para as quais, junto de Virgin, Lupídio, Rato, Charles, Fernanda, Helton, Vietnã e alguns outros, abriu caminho. Nos quartos do fundo de casa, Aécio Silva escuta passado e presente. No talo. E atesta: “O punk não morreu”. Transmutou-se, porém. Mudou, como ele mesmo, o Tenente Laranja e seus ralos e grisalhos cabelos. E como Virgin, Lupídio, Rato, Charles, Fernanda e Helton. “No funk tem punk. No sertanejo tem punk. No rock tem punk. O punk é a moda política, a moda preta, o traço, o rasgo, o fisgo. É o toque, a abertura.

Todos os movimentos trazem uma linha punk. Para mim, o funk é o punk do momento. É um grito de liberdade, uma maneira de expressar o que sente. Isso é o punk. Musicalmente, o funk é punk, uma gritaria, muitos palavrões, referências ao sexo, tudo refletindo o momento.”

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Podcast

Data: 14/05/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/podcast/14-05-2018/ufjf-no-ar-pilates.html

Título: UFJF no Ar- Pilates

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Veículo: Canal Energia

Editoria: Política Legislativo

Data: 14/05/2018

Link: https://www.canalenergia.com.br/noticias/53061184/rodrigo-limp-e-sandoval-feitosa-serao-sabatinados-pelo-senado

Título: Rodrigo Limp e Sandoval Feitosa serão sabatinados pelo Senado

A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Federal marcou para esta terça-feira, 15 de maio, às 9 horas, a sabatina dos indicados Rodrigo Limp Nascimento e Sandoval de Araújo Feitosa Neto para exercerem os cargos de diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os relatores das indicações são os senadores Roberto Muniz (PP/BA) e Roberto Rocha (PSDB/MA), respectivamente. A sessão será realizada no Plenário da Comissão de Infraestrutura, Ala Senador Alexandre Costa, nº 13.

Rodrigo Limp é formado em engenharia elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e mestre em economia do setor público pela Universidade de Brasília (UnB). Na Aneel, Limp atuou como especialista em regulação de janeiro de 2007 a fevereiro de 2015 na Superintendência de Concessões, Permissões e Autorizações de Transmissão e Distribuição. Executou na agência atividades técnicas e econômico-financeiras associadas aos leilões de concessões de transmissão de energia elétrica. Atualmente é consultor legislativo da Câmara dos Deputados na área de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos.

Sandoval de Araújo Feitosa Neto é engenheiro eletricista graduado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e mestre em engenharia elétrica pela Universidade de Brasília Unb (2009). Trabalhou na Cemar, no período de 2001-2003, ocupando cargos de gerência técnica dos processos de manutenção e operação do sistema de distribuição da empresa. No período de 2003 a 2005 atuou na Chesf desempenhando as funções de coordenação de equipes técnicas de manutenção da empresa. Em 2005 iniciou sua carreira de Especialista em Regulação da Aneel exercendo atividade de auditorias técnicas em concessionárias na Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade. No início de 2014 passou a atuar na Assessoria da Diretoria da Aneel e no final de maio de 2015, assumiu a Superintendência de Regulação dos Serviços de Transmissão. Em janeiro de 2017 passou a atuar como superintendente de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade.

A avaliação dos indicados pela comissão é feita em duas etapas. A primeira consiste na apresentação do parecer do relator sobre o indicado. Nessa fase, em que não é exigida a presença do candidato ao cargo, o relator pode discutir com os membros da comissão o conteúdo das questões que serão formuladas na sabatina. Após essa primeira fase, é concedida automaticamente vista coletiva da indicação aos senadores por, no máximo, duas sessões. Na segunda etapa, a autoridade é submetida à arguição dos membros da Comissão para, em seguida, ser votado o parecer do relator. Aprovada na comissão, a indicação é, então, submetida ao Plenário do Senado.

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Veículo: Agência Nacional de Energia Elétrica

Editoria: ANEEL

Data: 14/05/2018

Link: http://www.aneel.gov.br/sala-de-imprensa/-/asset_publisher/zXQREz8EVlZ6/content/id/16581614

Título: Senado sabatina indicados para Diretoria da ANEEL nesta terça-feira (15/5)

A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Federal marcou para amanhã (15/5), às 9h, a sabatina dos indicados Rodrigo Limp Nascimento e Sandoval de Araújo Feitosa Neto para exercerem os cargos de diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Os relatores das indicações são os senadores Roberto Muniz (PP/BA) e Roberto Rocha (PSDB/MA), respectivamente. A sessão será realizada no Plenário da Comissão de Infraestrutura, Ala Senador Alexandre Costa, nº 13.

Rodrigo Limp é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF (2007) e Mestre em Economia do Setor Público pela Universidade de Brasília – UnB (2012). Na ANEEL, Limp atuou como Especialista em Regulação de janeiro de 2007 a fevereiro de 2015 na Superintendência de Concessões, Permissões e Autorizações de Transmissão e Distribuição. Executou na Agência atividades técnicas e econômico-financeiras associadas aos leilões de concessões de transmissão de energia elétrica. Atualmente é Consultor Legislativo da Câmara dos deputados na área de Recursos Minerais, Hídricos e Energéticos.

Sandoval de Araújo Feitosa Neto é Engenheiro Eletricista graduado pela Universidade Federal do Maranhão UFMA (2002) e Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília Unb (2009). Trabalhou na Companhia Energética do Maranhão Cemar, no período de 2001-2003, ocupando cargos de gerência técnica dos processos de manutenção e operação do sistema de distribuição da empresa. No período de 2003 a 2005 atuou na Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) desempenhando as funções de coordenação de equipes técnicas de manutenção da empresa. Em 2005 iniciou sua carreira de Especialista em Regulação da ANEEL exercendo atividade de auditorias técnicas em concessionárias na Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade SFE. No início de 2014 passou a atuar na Assessoria da Diretoria da ANEEL e no final de maio de 2015, assumiu a Superintendência de Regulação dos Serviços de Transmissão. Em janeiro de 2017 passou a atuar como superintendente de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade.   

Nos termos do Ato nº 1, de 2009-CI (redação dada pelo Ato nº 4, de 2013-CI), a avaliação dos indicados pela Comissão é feita em duas etapas. A primeira consiste na apresentação do parecer do relator sobre o indicado. Nessa fase, em que não é exigida a presença do candidato ao cargo, o relator pode discutir com os membros da comissão o conteúdo das questões que serão formuladas na sabatina. Após essa primeira fase, é concedida automaticamente vista coletiva da indicação aos senadores por, no máximo, duas sessões. Na segunda etapa, a autoridade é submetida à arguição dos membros da CI para, em seguida, ser votado o parecer do relator. Aprovada na CI, a indicação é, então, submetida ao Plenário do Senado.

As indicações da Presidência da República foram feitas pelas mensagens 26/2018 e 27/2018.

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Veículo: G1 Zona da Mata

Editoria: Notícias

Data: 15/05/2018

Link: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/servidores-da-ufjf-viram-reus-por-fraudes-em-licitacoes-do-hospital-universitario.ghtml

Título: Servidores da UFJF viram réus por fraudes em licitações do Hospital Universitário

O juiz Bruno Souza Savino, da 3ª Vara de Justiça Federal, acolheu a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) e tornou réus 12 pessoas envolvidas na operação “Editor” que investiga possíveis irregularidades no contrato de licitação do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Além do ex-reitor Henrique Duque, do ex-pró-reitor Carlos Elízio Barral, do assessor jurídico, Nilson Pinto Leão, do diretor-presidente da Tratenge Engenharia, Renato Moraes Salvador Silva, e da funcionária da empresa, Maria Cristina de Resende, outras sete pessoas foram incluídas na denúncia como suspeitas de participação nos crimes.

A defesa do ex-reitor informou que só irá se manifestar nos autos dos processos. G1 aguarda retorno dos advogados de Carlos Elízio Barral e Nilson Pinto Leão. A defesa dos réus relacionados à construtora não atendeu às ligações da reportagem.

A identidade dos outros sete envolvidos que foram acrescentados à denúncia foi preservada pelo G1 porque eles ainda estão sendo intimados e constituindo defesa.

De acordo com a assessoria do Procurador da República, Marcelo Borges de Mattos Medina, “todos os denunciados já vinham sendo investigados, mas as prisões se limitaram àqueles que ofereciam risco à investigação, à produção da prova ou à ordem pública”.

O MPF explicou que os outros investigados, embora não tenham sido presos, foram alvos de outras medidas, tais como afastamento da função pública, busca e apreensão, sequestro de bens ou, pelo menos, diligências, interrogatórios ou sindicância.

O recebimento da denúncia significa que o juiz acolheu o pedido de instauração de ação penal contra os acusados. A tramitação do processo terá prosseguimento com a apresentação das defesas e a produção de outras provas. No curso do processo, os réus terão oportunidade de exercer a defesa. A sentença será proferida ao final do julgamento.

Os 12 acusados vão responder por diversos crimes, entre eles fraude em licitação, concessão de vantagens contratuais indevidas, falsidade ideológica e peculato. Alguns dos réus vão responder por mais de um crime e outros por acusações específicas, que serão detalhadas em breve pelo G1.

Prisões na Operação “Editor”

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) deflagraram no dia 21 de fevereiro deste ano a Operação “Editor”, que apura irregularidades nas obras do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

No dia da operação cinco pessoas foram presas, durante cumprimento de dez mandados de busca e apreensão e um de suspensão do exercício de função pública foram cumpridos em Juiz de Fora, Belo Horizonte e Porto Alegre (RS). Entre eles estava o ex-reitor da UFJF, Henrique Duque.

As prisões preventivas foram contra ex-servidores da universidade e empresários vinculados a uma empresa de engenharia. Dois dos detidos estavam em Juiz de Fora e outros dois em Belo Horizonte. O ex-reitor estava em Rio Casca (MG) e foi conduzido para Juiz de Fora pela Polícia Federal.

O ex-assessor jurídico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Nilson Rogério Pinto Leão, foi o último preso na operação a ser solto. Ele foi liberado no dia 17 de março. Duque foi solto no dia 6 de março e, antes dele, os outros envolvidos já tinham sido libertados.

Fraude em licitação

Desde 2010, quando o edital foi lançado, o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou irregularidades e alertou à instituição, que revogou a licitação, mas no ano seguinte fez a licitação e foi novamente cobrada pelo TCU.

A partir daí, segundo o MPF, começaram a ser produzidos os documentos falsos, com o auxílio de servidores, pró-reitores e grupos particulares. Os documentos eram inseridos nos autos da Licitação com datas falsas, mas em coerência com a cronologia do processo.

Contestações do TCU

A PF explicou que a investigação começou a partir de uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) na obra de ampliação do HU-UFJF. O preço saltou de cerca de R$ 149 milhões para mais de R$ 244 milhões.

Além da suposta prática de sobrepreço, a auditoria chamou a atenção para a presença de restrições ao caráter competitivo do certame, que consistem na proibição à participação de consórcios e na exigência de comprovação de capacidade técnica para a execução de serviços sem maior relevância no contexto geral da obra, afrontando advertência que o TCU tinha feito à universidade alguns meses antes.

No curso da investigação, constatou-se que representantes da UFJF e da empresa contratada editaram documentos com datas retroativas, que foram assinados por técnicos da universidade. Esses documentos foram utilizados para justificar alterações contratuais e pagamento de multas.

Ainda segundo a Polícia Federal, o nome da operação foi devido a edição dos documentos, com a finalidade de induzir ao erro órgãos de fiscalização e controle. A prática ilicita, com datas falsas e subscritos por terceiros, por representantes do Poder Público e da empresa privada interessada inspirou a nomenclatura.

Relação entre empresas concorrentes

O MPF explicou que apenas três empresas compareceram à concorrência, sendo que uma não ofereceu qualquer desconto em relação ao orçamento original; outra ofereceu desconto de irrisórios 0,025% e, ainda, ausentou-se da sessão de julgamento; e a terceira, a Tratenge Engenharia, sagrou-se vencedora, oferecendo desconto de apenas 0,38%.

Os procuradores dizem que houve coincidência da ordem de 80,7% entre os itens mais relevantes, cujos preços a primeira e a segunda colocada reproduziram do orçamento de referência.

Além disso, foi verificado nas apurações do MPF que havia vínculo estreito entre representantes das duas empresas. Em um período de quatro meses, que envolve a data da licitação, funcionários das companhias se falaram ao telefone mais de 800 vezes. Em outro momento, eles conspiraram inclusive para fraudar licitação por meio da apresentação de proposta cobertura, segundo o Ministério Público.

Ainda pela apuração da promotoria, foi constatado que a justificativa para as cláusulas restritivas do edital foi enxertada no processo licitatório com data falsa, após a concorrência, em documento editado para dissimular a ilegalidade.

Conforme o MPF, após a celebração do contrato, foram firmados termos aditivos que proporcionaram vantagens indevidas à Tratenge, com o objeto de elaborar o projeto executivo, do qual a UFJF só cogitou quando as obras já estavam em execução, como numerosos itens novos, que extrapolaram o limite legal de 25% para acréscimos e supressões em contratações públicas.

Como justificativa para o excesso, representantes da UFJF e da empresa contratada, clandestinamente, editaram documentos com datas retroativas, que foram assinados por técnicos da própria universidade, sustentando a tese do Ministério Público de que muitas das alterações contratuais teriam natureza qualitativa e, por isso, não se sujeitariam àquele limite.

Por fim, o MPF informou que a equipe técnica do TCU concluiu que houve, ao longo da execução do contrato, superfaturamento de mais de R$ 9 milhões, em razão da prática de preços superiores aos correntes no mercado. No entanto, o prejuízo aos cofres públicos atingiu total superior a R$ 19 milhões.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 15/05/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/15-05-2018/mpf-denuncia-servidores-da-ufjf-por-peculato-e-falsidade-ideologica.html

Título: MPF denuncia servidores da UFJF por peculato e falsidade ideológica

O titular da 3ª Vara de Justiça Federal em Juiz de Fora, o juiz federal Bruno Souza Savino, acolheu denúncia do Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da Operação Editor, que investiga irregularidades no contrato de licitação do Hospital Universitário, da UFJF. Além de cinco nomes já mencionados anteriormente, que culminaram em prisões preventivas cumpridas em fevereiro, a denúncia inclui outros sete investigados, que teriam participação nos crimes apontados pelo MPF. Contra estes nomes, porém, ainda não haviam sido solicitadas medidas cautelares, como prisão preventiva, condução coercitiva ou sequestro de bens. Pelo menos cinco deles são servidores públicos, incluindo pessoas que teriam como função fiscalizar o contrato de licitação da obra. Outros dois são um advogado e um empresário do setor da construção civil, conforme apuração da reportagem. No entanto, os novos citados serão intimados apenas nesta terça-feira (15) e, por isso, ainda não apresentaram advogados no processo. Como oficialmente não configuraram defesa, terão seus nomes inicialmente preservados pelo jornal.

Entre os servidores que já estavam sendo investigados, e foram presos preventivamente no início do ano, estão o ex-reitor Henrique Duque, o ex-pró-reitor de Infraestrutura Carlos Elízio Barral Ferreira e o ex-secretário de Assuntos Jurídicos da Universidade, Nilson Rogério Pinto Leão. Contra Duque, pesa a denúncia de crime de peculato. Ele também é investigado por concurso material por “frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação”, conforme consta no artigo 90, da Lei Federal 8.666/1993. Pela mesma lei, mas no artigo 92, ele foi enquadrado por, supostamente, “admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumentos contratuais.”

O ex-secretário de Assuntos Jurídicos da UFJF, Nilson Leão, responde pelos mesmos crimes que Duque, além de falsidade ideológica. Já ex-pró-reitor de Infraestrutura, Carlos Barral, segundo a denúncia, também teria incorrido no crime de falsidade ideológica. Os advogados dos três investigados foram procurados pela Tribuna e preferiram não se manifestar antes da intimação. A defesa de Duque, por sua vez, adiantou que irá falar apenas nos autos do processo.

Além dos três servidores públicos, o diretor-presidente da Tratenge Engenharia, Renato Moraes Salvador Silva, e a funcionária da empresa, Maria Cristina de Resende, vão responder por peculato e pelo mesmo artigo 90 da Lei 8.666/1993, que institui normas para licitações e contratos celebrados pela administração pública. A Tratenge Engenharia informou que vai se manifestar somente após ter conhecimento da denúncia.

Ainda neste processo, o juiz Bruno Souza Savino determinou o arquivamento do inquérito contra outros dois servidores, cuja participação nos crimes não foi confirmada. A reportagem também fez contato com o gabinete do procurador Marcelo Medina, responsável pela apresentação das denúncias, no entanto, ele não retornou a ligação. Embora o processo civil seja público, o juiz determinou sigilo no inquérito.

Operação Editor

A Operação Editor foi desmantelada pela Polícia Federal em 21 de fevereiro, resultando na prisão preventiva do ex-reitor, do ex-pró-reitor e do diretor de assuntos jurídicos, além dos representantes da Tratenge Engenharia. Todos foram soltos após habeas corpus expedido pelo TRF da 1ª Região, em Brasília.

Nesta investigação, são apuradas fraudes na licitação do novo HU da UFJF, no Bom Dom Bosco, crimes de falsidade ideológica em documentos públicos, concessão de vantagens indevidas, superfaturamento e peculato.

Desde os primeiros questionamentos quanto à legalidade da obra, há quase três anos, as atividades de construção foram interrompidas. A estimativa é que os prejuízos em decorrência desta paralisação já chegavam a quase R$ 1 milhão em 2016.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Coluna Cesar Romero

Data: 15/05/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/15-05-2018/a-77.html

Título: Seis décadas

A Faculdade de Serviço Social da UFJF, fundada pelo padre redentorista Jaime Snöeck e pela madre Altiva Paixão, vinculada às “Missionárias de Jesus Crucificado”, completa 60 anos, amanhã. À frente do curso há uma década, está a professora Cristina Simões Bezerra.

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Veículo: Tribuna de Minas

Editoria: Cidade

Data: 15/05/2018

Link: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/15-05-2018/apos-4-meses-fechado-parque-do-museu-mariano-procopio-e-reaberto.html

Título: Após 4 meses fechado, parque do Museu Mariano Procópio é reaberto

Após ficar quatro meses fechado depois que um macaco infectado com febre amarela foi encontrado no bosque, o parque do Museu Mariano Procópio foi reaberto na manhã desta terça-feira (15). A medida foi tomada como forma de prevenção, visto que havia grande circulação de pessoas no local. O parque passa a ser aberto às 6h para quem possui carteirinha do Clube da Caminhada e às 8h para que o restante do público possa fazer atividades físicas, piquenique, leituras, passeios, com funcionamento de terça-feira a domingo.

As trilhas do museu também foram reabertas após dez anos fechadas. Os visitantes podem acessá-las de terça a sexta-feira, das 8h às 17h. Já a Galeria Maria Amália fica aberta para visitação de terça a sexta-feira, das 10h às 17h. “São 80 mil metros quadrados de área verde nesse parque maravilhoso que pertence a Juiz de Fora, e que agora está totalmente aberto”, comemora o diretor do museu, Antônio Carlos Duarte. O prédio da Vila Ferreira Lage continua fechado para restauração e não há previsão para a conclusão dos reparos.

Logo pela manhã do dia de reabertura, havia pessoas no parque praticando atividades físicas, caso da cabeleireira Adriléia Silva e do auxiliar de tesouraria Paulo José Ramos. Ambos fazem parte de um grupo de corrida que comparecia ao parque do museu duas vezes por semana. Com o fechamento, as atividades eram praticadas em outros locais, como a Avenida Brasil e o Campus da UFJF. “Estava doida para abrir. O clima e o ar são melhores, não tem trânsito, ficamos mais à vontade e é mais perto também”, conta Adriléia. “Eu já estava com saudades. O terreno é melhor que o asfalto, para correr e pegar mais velocidade, é mais pesado. Quando você corre no asfalto, fica mais leve”, teoriza Paulo. Ambos estão vacinados contra a febre amarela e dizem não sentir receio de voltar a frequentar o local.

Presente na porta do museu vendendo balões e brinquedos há oito anos, a camelô Rosana Prata diz que o movimento da banca caiu muito no período em que o parque e o museu estiveram fechados. “Foi horrível, né?! Ficou muito abandonado e eu não pude montar a banca durante um tempo. Prejudicou muito a gente e o pessoal da caminhada. Todo dia vinha turista para procurar o museu. O parque é muito bem quisto pela população de Juiz de Fora, eles gostam de natureza”,conta.

Antes do fechamento, o museu registrava uma média de 700 visitantes semanalmente. A expectativa da instituição é atingir e aumentar esta meta em pouco tempo. Para isso, atividades culturais serão desenvolvidas nos próximos meses. O diretor do museu, Antônio Carlos Duarte, acredita que a volta da população ao local será espontânea. “A presença do público no museu é constante, o que não soa bem é o parque estar fechado. Todos nós lamentamos quando o parque está fechado e, quando se abre, o público vem naturalmente. A minha expectativa é a presença habitual das pessoas no parque, que faz parte da vida e do dia a dia de Juiz de Fora.”

Semana de museus

Na semana de reabertura, o Museu Mariano Procópio participa da 16ª Semana Nacional de Museus, que acontece de 14 a 20 de maio, e tem como tema, neste ano, “Museus hiperconectados: novas abordagens, novos públicos”. As atividades começam nesta terça, com palestra sobre restauração e conservação de papel. Ainda durante a programação, haverá um concurso de fotografias, encenação e cortejo no parque e exposição do documentário “Vozes da memória”.

Como os reparos ainda não terminaram, e pequena parte das obras está exposta, a instituição disponibilizou um quadro na primeira sala da Galeria Maria Amália para que as pessoas possam conhecer mais do acervo. Trata-se de “Retrato de Dom Pedro II”, atribuído a Joaquim da Rocha Fragoso, que conserva uma peculiaridade: durante o início da República, a pintura foi danificada por um disparo de arma de fogo. A intenção é que outros quadros sejam levados para a exposição.

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