Veículo: Diário Regional
Editoria: Cidade
Data: 16/03/2018
Título: Planetário da UFJF: Juiz de Fora mais próximo das estrelas
Conhecer o que existe além das estrelas, o que ocorre em outros planetas, qual a origem de nós mesmos, sempre foram algumas das curiosidades que acompanham a humanidade ao longo dos séculos.
A busca pelo conhecimento desses temas sempre foi o motor de grandes avanços na ciência. E a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) deu, nesta sexta-feira, 16, mais um passo para o alcance do entendimento dessas questões e, por que não, a oportunidade para o surgimento de novas dúvidas sobre o infinito.
Foi inaugurado no Centro de Ciências na UFJF, o maior planetário de Minas Gerais, com uma cúpula de 12 metros de diâmetro e equipamentos tecnológicos avançados que permitem uma viagem pelo espaço e tempo. A estrutura oferece aos visitantes a oportunidade de imersão a projeções visuais que permitem um contato com as estrelas, planetas, cometas, e outros objetos interestelares, fazendo com que o universo todo caiba dentro de uma sala.
O coordenador de Astronomia e responsável pelo planetário, Cláudio Teixeira, explica que no local são exibidos “filmes digitais abordando temas sobre a vida e astronomia, lançados por cinco projetores que criam um efeito 3D”. Dentro da sala, o público conta com poltronas reclináveis que permitem a observação das projeções na cúpula de uma forma confortável e que colabora ainda mais com o espetáculo.
O equipamento utilizado na exibição dos vídeos é um projetor óptico Skymaster ZKP 4, produzido e instalado pela empresa alemã referência mundial em tecnologia óptica e optoeletrônica, Carl Zeiss.
Atualmente, o planetário exibe duas sessões, sendo elas “A origem da vida” e “Astronomitos”. A primeira voltada para todas as idades, e a segunda indicada para o público infantil. Em determinado momento da experiência é possível visualizar o céu noturno com todas as estrelas em suas posições reais no espaço. É permitindo inclusive a observação de astros que só poderiam ser visualizados no hemisfério norte ou em outros países, devido à localização geográfica dos mesmos.
Cláudio também destaca os potenciais do planetário, reforçando principalmente o caráter de ensino e divulgação da Astronomia. “Vamos trabalhar em torno da visão planetária e da compreensão do universo em que vivemos, trazendo uma consciência humana do que é o mundo real. O Centro de Ciências foi criado dentro de uma perspectiva de atendimento escolar e a partir de agora, também amplia as possibilidades para a visitação pública.” conclui.
ESFORÇOS PARA A INAUGURAÇÃO
A inauguração do planetário só foi possível graças aos esforços internos da UFJF, que foram destacados pelo reitor Marcus David durante a coletiva de inauguração do espaço nesta sexta-feira. De acordo com ele, a universidade “trabalhou na recuperação de créditos perdidos e recursos solicitados em gestões anteriores, que permitiram então, a conclusão de diversas obras, inclusive a do Centro de Ciências.”
O reitor celebrou o planetário destacando a sua importância para as escolas, alunos e para todo o público, que poderá ter contato com uma experiência única.
O Centro de Ciência foi inaugurado em julho de 2017, entretanto, o espaço do planetário não funcionava devido a questões relacionadas à instalação de equipamentos e softwares. Com o tempo e diversos esforços foi possível dar celeridade a resolução das questões tecnológicas e enfim, inaugurá-lo.
Um fato que causou surpresa aos responsáveis pelas visitações ao Centro de Ciências foi o de que, na abertura para inscrições de visitações ao planetário, todas as datas disponíveis para os próximos dois meses foram ocupadas durante uma única manhã, mostrando assim, o interesse de escolas da cidade e região em torno da nova estrutura.
COMO VISITAR?
Com capacidade para 90 pessoas, o planetário estará aberto a visitações públicas e gratuitas, a partir do próximo dia 20 de março, funcionando de terça-feira a domingo. O agendamento das visitas pode ser realizado através do site do Centro de Ciências.
A pessoa que estiver visitando o Centro, que se interesse por conhecer o planetário, entretanto, esteja sem agendamento prévio, poderá conseguir a visita, caso alguma vaga no espaço esteja disponível. O ideal, porém, é realizar o agendamento.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 16/03/2018
Título: Planetário da UFJF oferece ambiente de imersão para visitantes
A partir da próxima terça-feira (20), o maior planetário do estado, inaugurado nessa semana no Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), estará aberto ao público de terça-feira a domingo, oferecendo sessões com duração de 30 minutos cada. A Tribuna foi ao local conferir de perto o novo ambiente para estudos e turismo em que o público poderá imergir e se transportar para o universo. “Com essa nova estrutura no Centro de Ciências, poderemos utilizar ainda mais para trabalhos em astronomia, como também na área de turismo e trabalhos de extensão”, afirma o coordenador de Astronomia e responsável pelo Planetário, Cláudio Teixeira.
“O planetário possui projetor digital e projetor óptico em que é possível simular fases da Lua, a esfera celeste, o céu estrelado, movimento do Sol e outros detalhes do sistema solar”, comenta Teixeira. De acordo com o coordenador, as imagens são projetadas via fibras ópticas, permitindo, assim, alta resolução das imagens transmitidas em 360 graus numa cúpula com 12 metros de diâmetro. “É o cinema do céu. A pessoa fica envolvida na imagem. É um lugar que chamamos de ambiente de imersão, onde a gente tem a sensação realmente de estar dentro da cena”, acrescenta.
Para o diretor do Centro de Ciências, Elói Teixeira, o novo planetário é um recurso fantástico que possibilitará aos estudantes compreenderem de uma maneira fácil e real assuntos de Astronomia. “Fiquei fascinado. Antes tínhamos nosso planetário analógico inflável que funcionou durante oito anos. Agora com a novidade tecnológica a experiência é indescritível”, comenta.
O sociólogo Fábio Ribeiro agendou sua visita e foi conhecer o planetário com a esposa e seu filho de 5 anos. “É um experiência sensacional”, comenta. “Parece que estamos em movimento. É uma experiência emocionante”, completa a esposa Luciana Miranda, dona de casa.
Agendamento das visitas
O agendamento das visitas já pode ser feito pelo link www.ufjf.br/centrodeciencias e cada pessoa pode pegar até cinco convites. Logo após a marcação, o visitante deve baixar o ingresso no próprio celular, o mesmo deve ser apresentado na porta do local. Também é possível assistir à exibição sem efetuar a inscrição on-line, porém será permitido somente se ainda existirem lugares disponíveis na sessão. A capacidade máxima no planetário é de 90 pessoas. A expectativa é de que 60 mil pessoas visitem, anualmente, o local. Atualmente, o planetário exibirá duas sessões, de 30 minutos cada: “A origem da vida” e “Astromitos”, sendo a primeira voltada para todas as idades, enquanto a última foca no público infantil.
O equipamento
O Skymaster ZKP 4 é o equipamento óptico responsável pela projeção do planetário. O modelo foi produzido e instalado no Centro de Ciências pela empresa alemã referência mundial em tecnologia óptica e optoeletrônica, Carl Zeiss. A capacidade do número de estrelas projetadas, do Norte ao Sul, é aproximadamente de sete mil, de modo a não sobrecarregar a visão humana.
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Notícias
Data: 16/03/2018
Título: Maior planetário de MG é inaugurado no Centro de Ciências da UFJF
O maior Planetário de Minas Gerais será inaugurado em Juiz de Fora nesta sexta-feira (16), no Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A expectativa é que o local seja visitado por 60 mil pessoas por ano.
A estrutura pode ser visitada na manhã desta sexta pela imprensa e autoridades. A partir do dia 20 de março, o público geral poderá comparecer ao Planetário, após agendamento pela intenet.
De acordo com o diretor do Centro de Ciências, professor Elói Teixeira, a inauguração do Planetário representa a conclusão de todo o projeto e a realização de um sonho de moradores e pesquisadores da cidade.
“Agora estamos 100%. Era a última etapa do Centro de Ciências, que inauguramos em 2017 com as demais atividades. Faltava o que a população mais esperava: o Planetário fixo. Tivemos durante oito anos um planetário inflável, mas aguardávamos essa obra desde 2010. Depois de muita luta, conseguimos realizar o sonho e entregar para a UFJF e para a comunidade”, analisou.
O espaço, que é dedicado à Astronomia e deve receber e divulgar ciência para visitantes de todas as idades e origens foi comemorado pelo coordenador de Astronomia e responsável pelo Planetário, Cláudio Teixeira.
“Quando a gente compreende melhor as cosias, a gente tem uma visão mais ampla. Deixa de ser manipulado e passa a ter autonomia do pensamento encontrando a liberdade de pensar a respeito de coisas que a gente nunca se atreve perguntar e entender. Por isso, a Astronomia é importante”, afirmou.
Estrutura diferenciada
Com capacidade para 90 pessoas, o setor possui uma cúpula de 12 metros de diâmetro, poltronas reclináveis e equipamentos de ponta para permitir uma imersão do público na experiência.
De acordo com a UFJF, a projeção será feita por o equipamento óptico Skymaster ZKP 4. A descrição oficial mostra que o aparelho possui capacidade de projetar, do norte ao sul, aproximadamente 7 mil estrelas, para não sobrecarregar a visão humana. O modelo também é mais realista do que os anteriores, com seus sistemas de controle e de operação inteligente integrados ao seu software astronômico.
“É um ambiente simulado, um cinema, uma projeção diferenciada em uma cúpula. O público ficará imerso nas imagens, verá estrelas, planetas de outra perspectiva que a do Observatório, onde a pessoa vê o objeto real. Não tenho dúvidas de que as pessoas vão se surpreender com um espetáculo fantástico em um espaço cientifico sem igual”, explicou Teixeira.
De acordo com o diretor do Centro de Ciências, a previsão é de realizar 15 sessões semanais, somando o público geral e o atendimento às escolas.
“Estamos estimando atender a cerca de 60 mil pessoas por ano no Planetário. Faremos o possível para receber o máximo de pessoas e escolas. E estamos esperando público da região não só da Zona da Mata, mas as cidades do Rio de Janeiro próximas da divisas. Várias escolas já agendaram visita”, comentou.
Ciência ao alcance de todos
O Planetário possui projetores que capacitam a visão de planetas, do Sol, da Lua e demais objetos do sistema solar, podendo demonstrar a órbita de satélites, detalhes de superfícies e movimento de estrelas. Serão exibidos dois filmes de 30 minutos cada: “A origem da vida”, para o público geral e “Astronomitos”, para crianças entre 6-12 anos.
O Planetário se soma aos demais projetos em andamento no Centro de Ciências para popularizar o acesso à ciência. “Da mesma forma como o Observatório, o objetivo é atender à pessoa que quer conhecer e nunca teve oportunidade. Vem trazer este conhecimento para mais próximo das pessoas, mostrando que a ciência é acessível”, destacou professor Teixeira.
Além de ser uma atração única para visitantes, também será utilizado de forma didática, tanto com as escolas visitantes como com as disciplinas que envolvem o estudo da Astronomia na UFJF.
“O Centro de Ciências sempre teve preocupação com formação inicial e continuada dos professores. Nossos mediadores são alunos de Licenciatura. Aqui, eles aprendem uma visão diferenciada a ser usada na sala de aula, a partir de uma experiência lúdica, que aproxima a ciência do dia-a-dia e tirando da restrição do livro”, ressaltou Elói Teixeira.
Para o coordenador de Astronomia, o “cinema que reproduz fielmente o céu” oferece mais que entretenimento, um recurso didático para marcar o estudo da área na cidade e região.
“Uma criança, um jovem, que já tenha a vocação, a experiência do Planetário pode despertar o interesse e definir os planos de uma carreira futura”, disse Cláudio Teixeira.
“O público em geral vai aprender de uma forma lúdica para que serve. Juiz de Fora não tem uma tradição em Astronomia, estamos começando a criá-la. O Observatório e o Planetário são oportunidades para chamar mais pessoas para trabalhar junto e fomentar conhecimento, que leva ao crescimento não só da área, mas do País”, concluiu.
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Veículo: TV Integração – Globo
Editoria: MGTV
Data: 16/03/2018
Título: Maior planetário de MG é inaugurado no Centro de Ciências da UFJF
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 16/03/2018
Título: Família procura servidor aposentado da UFJF desaparecido
O servidor aposentado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) José Tabajara Costa Pinheiro, 71 anos, está desaparecido desde a última quinta-feira (15). De acordo com informações da filha do idoso, Lara Pinheiro, o pai estaria depressivo e teria saído de casa por volta das 10h da manhã, apenas com a roupa do corpo, usando bermuda bege clara e camisa verde e branca, listrada, dizendo que iria buscar o carro que estaria estacionado próximo a sua casa. No entanto, a última vez que foi visto por amigos e familiares foi por volta das 12h, no Terminal Rodoviário da Praça da Estação, na Avenida Brasil, no centro. Ele estaria carregando uma mochila, trajando uma camisa laranja e carregava uma jaqueta nas mãos.
A esposa de José Tabajara, Laís Felix Pinheiro, disse que recebeu informações de que um senhor com as mesmas características de seu marido teria descido na rodoviária de Espera Feliz, a cerca de 260 km de Juiz de Fora. A família está fazendo buscas pela região, mas não há registro de sua entrada em nenhum hotel. Ele não teria nenhum parente ou amigo naquela cidade. A família registrou Boletim de Ocorrência na delegacia por desaparecimento. O último trabalho de Tabajara na UFJF foi na Coordenação Geral de Processos Seletivos (Copese).
Quem tiver qualquer informação que possa ajudar encontrar José Tabajara pode entrar em contato com a família pelos telefones: (32) 99115 7534/ 991217030/988282319/988291021 ou 3211 2455.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Esportes
Data: 16/03/2018
Título: Prefeitura inicia discussões sobre o Plano Municipal de Esportes
A Secretaria Municipal de Esporte inicia, na próxima terça-feira (20), o primeiro encontro para elaboração do Plano Municipal de Esportes. O objetivo é congregar as iniciativas já realizadas pelo Executivo, de modo a facilitar o fortalecimento do esporte na cidade e a captação de mais recursos na consolidação e elaboração dos programas.
De acordo com secretário municipal de Esportes, Julio Gasparette, a ideia é que o plano reúna esforços de diversas secretarias municipais, como Saúde e Educação, de modo a abranger, não apenas o esporte profissional, mas também, por exemplo, ações sociais, educacionais, e de preservação à saúde. “Não é um processo só de esporte, podemos incluir muito a área de saúde, pois, através do esporte, podemos diminuir muito os problemas da saúde, além da área social, já que hoje temos projetos dentro de praças, clubes parceiros, ginásios e campos de futebol.”
Para o secretário, a elaboração de um plano com respaldo legislativo poderá alavancar outras formas de financiamento para os projetos, por meio de parcerias com os governos Federal e Estadual e empresas privadas. “Desde que nós chegamos à secretaria, temos conseguindo muitas parcerias. Com o plano, isso vai valorizar ainda mais. Precisamos que saúde, esporte e educação se integrem mais para conseguirmos [mais recursos]”, ressalta.
No primeiro encontro, que acontece na próxima terça, às 9h, deverão participar do encontro representantes dos poderes Executivo e Legislativo, conselhos municipais, lideranças comunitárias, clubes esportivos, associações de pessoas com deficiência, instituições filantrópicas, empresas privadas, instituições de ensino públicas e privadas e órgãos de segurança. “Precisamos de toda sociedade discutindo, vamos dar oportunidade e ouvir todo mundo”, afirma Gasparette.
A abertura dos trabalhos acontecerá com a palestra do professor Luizir Alberto de Souza Lima. Ele vai falar sobre suas experiências, que vão subsidiar o início das discussões acerca da elaboração do plano. Graduado em Educação Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Luizir já atuou como gerente do Departamento de Esportes da PJF. Atualmente é professor no Centro Universitário Estácio Juiz de Fora e na Faculdade Metodista Granbery.
A expectativa da SEL é a de que o plano esteja pronto para análise do prefeito Bruno Siqueira (MDB) até julho deste ano. Após a avaliação, o projeto deverá ser encaminhado à Câmara Municipal para que seja feita a análise durante o período de tramitação. Se aprovado, o documento será incorporado à legislação do município.
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Veículo: G1 Triângulo Mineiro
Editoria: Notícias
Data: 16/03/2018
Título: Enem 2016: especialista realiza perícia no Inep após ação do Ministério Público Federal
Um especialista contratato pelo Ministério Público Federal (MPF) realizou uma perícia no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) devido ao Enem 2016, realizado em duas datas.
O procedimento ocorreu entre 5 e 9 de fevereiro após uma ação civil pública instaurada em Uberlândia.
O motivo da perícia é verificar se o fato de as duas aplicações do Enem 2016 terem números tão diferentes de candidatos influenciou no resultado final, prejudicando os alunos da segunda aplicação.
Em 2016, por causa das ocupações estudantis, o exame foi aplicado duas vezes: a primeira em 5 e 6 de novembro com a participação de 5,8 milhões de alunos, e a segunda em 3 e 4 de dezembro em que fizeram as provas menos de 170 mil candidatos.
Os dados periciados estão dentro de um ambiente físico seguro e controlado pelo Inep, para evitar o vazamento de informações sigilosas ou pessoais dos candidatos. O MPF afirma que escolheu o especialista, por ele ser o único entre os pesquisadores do tema que não têm vínculo direto com o Inep.
De acordo com o MPF, o resultado da perícia, que ainda não tem data para ser divulgada, será analisado e inserido na ação civil pública.
Aplicações do Enem
Normalmente, o adiamento do Enem ocorre todos os anos, mas afeta apenas alguns milhares de estudantes por motivos externos que impedem a aplicação do exame, como queda de energia no local de provas. Nesses casos, os candidatos ganham o direito de fazer uma nova aplicação do Enem, feita durante a semana para pessoas privadas de liberdade (por causa disso, essa aplicação é conhecida como Enem PPL).
Em 2016, porém, a onda de ocupações estudantis em escolas públicas em 23 estados e no Distrito Federal fez o Ministério da Educação adiar a aplicação do Enem para mais de 270 mil candidatos, o que inviabilizaria uma segunda aplicação durante a semana. Por isso, o Enem 2016 teve duas aplicações. Na época, o Ministério da Educação (MEC) assegurou que haveria isonomia nas avaliações dos candidatos independentemente do momento em que fizessem as provas.
Apesar do grande número de candidatos afetados pelo adiamento, o total deles representou menos de 5% dos mais de 8 milhões de inscritos. Na primeira aplicação, pouco menos de 6 milhões de candidatos fizeram as provas, com uma abstenção de 30%. Já na segunda aplicação, do Enem 2016 adiado, a abstenção subiu para 40%.
Reclamação dos candidatos afetados
A investigação do MPF sobre o Enem 2016 teve início após a divulgação dos resultados das provas em janeiro de 2017. Na ocasião, estudantes de todo país procuraram o Ministério Público relatando inconformismo com as notas resultantes da primeira e da segunda aplicação do exame. Eles haviam feito a segunda aplicação da prova.
De acordo com o MPF, uma análise das notas dos candidatos que fizeram a reclamação mostrou grande diferença, quando os resultados eram comparados com os de candidatos da primeira aplicação. O procurador explicou que alunos que fizeram a primeira prova tiveram notas maiores. Ele alega que o motivo suspeito é a metodologia da TRI.
“Nessa TRI é considerado o número de candidatos. É necessário levar em conta as diferenças do percentual de ‘treineiros’ participantes de cada aplicação, na maior abstenção da segunda aplicação em relação à primeira e no tipo de candidato participante dos locais das provas da segunda aplicação”, explicou o MPF na ação.
Cronologia do caso
3 de outubro de 2016: Uma onda de ocupações estudantis em escolas e universidades começou no Paraná e se espalhou pelo Brasil. Os estudantes protestavam contra uma série de medidas, principalmente a reforma do ensino médio e a PEC 241. O Enem 2016 estava marcado para os dias 5 e 6 de novembro, e parte dessas escolas ocupadas seria usada pelo governo federal como locais de provas.
19 de outubro de 2016: Um levantamento do MEC afirmou que ocupações em 181 escolas do Brasil comprometiam o Enem para 95 mil alunos.
27 de outubro de 2016: Um levantamento divulgado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) mostra que havia 1.154 ocupações em escolas, institutos e universidades estaduais, federais e municipais em pelo menos 21 estados e no Distrito Federal.
4 de novembro de 2016: Na véspera da primeira aplicação do Enem 2016, o MEC anunciou o adiamento do exame em 364 locais de prova. Segundo o governo, esses alunos fariam o exame nos dias 3 e 4 de dezembro.
5 e 6 de novembro de 2016: A primeira aplicação do Enem 2016 é realizada com abstenção de cerca de 30%. Cerca de 5,8 milhões de pessoas fizeram essas provas.
3 e 4 de dezembro de 2016: O Inep realiza a segunda aplicação do Enem. No total, 277.657 pessoas estavam inscritas para essas provas (273.524 porque foram afetadas pelas ocupações e 4.133 porque, em seus locais de prova, houve algum imprevisto que impediu a aplicação do Enem). A abstenção dessa aplicação foi de cerca de 40%, o que quer dizer que o universo de estudantes que realizou estas provas foi de cerca de 166 mil.
18 de janeiro de 2017: O Inep divulga os resultados do Enem 2016. Porém, estudantes que fizeram a segunda aplicação reclamaram que não tiveram acesso à nota. No dia seguinte, o Inep afirmou que um erro técnico fez com que o resultado de 20 mil candidatos ainda não tivesse sido inserido no sistema.
janeiro de 2017: Procurado por diversos candidatos da segunda aplicação do Enem, que se sentiram prejudicados por notas que eles consideraram mais baixas que a de candidatos da primeira aplicação, o Ministério Público Federal começou a investigar a suspeita de que a discrepância no número total de estudantes fazendo cada versão da prova pudesse ter prejudicado o grupo menos numeroso. De acordo com a ação civil pública protocolada em dezembro, o MPF passou meses em contato com o Inep e o MEC para avaliar a denúncia. Segundo o MPF, o Inep considera que a isonomia do exame não foi ferida pela existência de duas aplicações do Enem em 2016.
setembro de 2017: Ainda de acordo com o Ministério Público Federal, o Inep aceitou conceder a um especialista na metodologia da Teoria de Resposta ao Item o acesso aos dados sigilosos dos desempenhos dos estudantes para realizar uma perícia e verificar se de fato o número total de candidatos afetou o resultado deles no exame. A ação afirma, porém, que o perito viajou até Brasília para realizar a perícia, mas foi barrado pelo Inep.
7 dezembro de 2017: Sem conseguir acesso aos dados para realizar a perícia, o Ministério Público Federal ingressou na Justiça com uma ação civil pública para solicitar o acesso, e com outra ação na qual denuncia diretoras do Inep por improbidade administrativa. O motivo da segunda ação é o desperdício de dinheiro público com a viagem realizada pelo perito até Brasília. A Justiça julgou o processo extinto, pois o MPF não conseguiu demonstrar nenhum indício de má-fé na hipótese sob análise.
15 de dezembro de 2017: O Inep afimou em nota que não negou o acesso aos dados sigilosos para uma perícia solicitada pelo MPF sobre os resultados da edição 2016 do Exame Nacional do Ensino Médio. Segundo o Inep, o perito não apresentou as identificações necessárias para que pudesse ter acesso aos dados.
Entre 5 e 9 de fevereiro de 2018: a perícia contratada pelo MPF foi realizada em dados sigilosos do Inep.
Outras ações
A aplicação do Enem 2016 em duas datas foi alvo de reclamação do MPF também no Ceará. Na época o órgão solicitou a suspensão e o cancelamento do exame, mas a Justiça Federal negou os pedidos e alegou que “apesar da diversidade de temas que inafastavelmente ocorrerá com a aplicação de provas de redação distintas, verifica-se que a garantia da isonomia decorre dos critérios de correção previamente estabelecidos”, diz a decisão.
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Veículo: IstoÉ
Editoria: Comportamento
Data: 16/03/2018
Link: https://istoe.com.br/mineradora-de-problemas/
Título: Mineradora de problemas
Na manhã de segunda-feira 12, o rompimento da tubulação do mineroduto Minas-Rio, em Santo Antônio do Grama, a 220 quilômetros de Belo Horizonte, poluiu com 300 toneladas de polpa de minério de ferro um trecho de sete quilômetros do Ribeirão Santo Antônio, atingindo também o Rio Casca, afluente do Rio Doce. Propriedade da Anglo American, o mineroduto é o maior do mundo, com 525 quilômetros, e liga uma usina de beneficiamento ao Porto de Açu, no litoral fluminense, cortando 32 municípios de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Um inquérito federal foi aberto para apurar as causas do acidente, que trouxe à tona as lembranças da terrível tragédia ambiental causada no rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em novembro de 2015. Na ocasião, 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos e destroços lançados no Rio Doce causaram 19 mortes e varreram do mapa a comunidade de Bento Rodrigues. Até hoje moradores da região lutam para recuperar o que perderam sob a lama.
O acidente da semana passada se soma à preocupante atuação da Anglo American no Brasil. A empresa planeja de ampliar seu reservatório de rejeitos em Conceição do Mato Dentro, a 145 quilômetros de Belo Horizonte, para um volume equivalente a mais de seis vezes o da represa de Mariana. Por trás desse plano há uma relação de proximidade entre a mineradora e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), órgão de fiscalização que deveria proteger os interesses da sociedade.
Conflito de interesse
Desde abril de 2015, a gerente de licenciamento ambiental da mineradora é Aline Faria de Souza Trindade, que até o final de dezembro de 2014 era da Feam, onde foi vice-presidente. Ela também foi chefe de gabinete e subsecretária de Gestão e Regularização da Secretaria de Meio Ambiente — e sequer se desligou do serviço público para atuar na iniciativa privada. Há três anos ela segue em licença não-remunerada para tratar de interesses particulares, enquanto assina e comanda o processo de licenciamento ambiental da ampliação da mina. No final de janeiro foi aprovada a licença prévia de expansão da produção para 29,1 milhões de toneladas anuais de minério de ferro.
Diante dos riscos ambientais e sociais, especialistas de UFMG, UFJF e UERJ desaconselharam a obra, orçada em R$ 1 bilhão só nesta fase. A possibilidade de um novo rompimento apavora quem vive nos municípios de Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas e Dom Joaquim. A região é cortada pelo rio Santo Antônio, que deságua no mesmo Rio Doce que foi coberto pela lama da barragem da Samarco.
A Feam afirma que não há problema algum na conduta da servidora licenciada e do próprio órgão, já que Aline Trindade “não chefia, chefiou ou integrou nenhuma equipe nesta gestão”. O órgão também afirmou que não sabia das intenções da servidora após o pedido de licença. Para o Ministério Público (MP-MG) há grave conflito de interesse na situação. O promotor de Conceição do Mato Dentro, Marcelo Mata Machado Leite Pereira, instaurou um inquérito civil contra a mineradora, o governo do estado de Minas Gerais e a servidora. Em Belo Horizonte, promotores do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente (Caoma) resolveram analisar se esse tipo de prática é recorrente. Técnicos ambientais denunciaram pressões políticas, agressões verbais e assédio para aprovação das licenças prévias da mina. Moradores também foram impedidos de participar de audiências públicas. Uma denúncia do sindicato dos servidores foi parar no MP-MG, que pediu esclarecimentos ao órgão ambiental. Ninguém soube informar o que foi feito do caso. Sequer o ofício do promotor foi localizado.
Moradores sem água
Os problemas ambientais começaram em 2006, com as sondagens para a construção do mineroduto Minas-Rio. As obras assorearam dezenas de nascentes, rebaixaram o lençol freático e poluíram córregos. Sem água limpa, as comunidades são abastecidas por caminhões-pipa — enquanto a operação da mina pode consumir até 2,5 mil metros cúbicos de água por hora, o suficiente para abastecer uma cidade de 200 mil habitantes. Investigações recentes apontam que, entre 2007 a 2010, pequenos proprietários rurais foram pressionados a vender suas terras por preços abaixo do real valor. Na área urbana de Conceição do Mato Dentro, houve inchaço da população, danos a construções históricas pelo tráfego de caminhões, especulação imobiliária e aumento da criminalidade. Agora os promotores pedem na Justiça que a empresa seja condenada a pagar R$ 400 milhões em reparos.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 17/03/2018
Título: Ex-secretário de Assuntos Jurídicos da UFJF consegue alvará de soltura
O advogado de defesa do ex-secretário de Assuntos Jurídicos da UFJF Nilson Rogério Pinto Leão, Sávio Romero Cotta, disse à Tribuna, na manhã deste sábado (17), que o seu representado pode deixar o Ceresp a qualquer momento. Ele informou que o habeas corpus foi expedido na última sexta (16) e que o alvará de soltura teria sido liberado neste sábado.
Nilson seria o último dos cinco investigados presos preventivamente no dia 21 de fevereiro e envolvidos na operação Editor a ser liberado. A operação foi deflagrada pela Polícia Federal, que apura fraudes em licitação, falsidade ideológica em documentos públicos, concessão de vantagens contratuais indevidas, superfaturamento e peculato envolvendo as obras do Hospital Universitário (HU) da UFJF.
O ex-reitor da UFJF Henrique Duque recebeu alvará de soltura e foi liberado do Ceresp na noite do dia 6 de março, conforme informações da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). O ex-pró-reitor de Planejamento da UFJF Carlos Elízio Barral Ferreira, o diretor-presidente da Tratenge, Renato Moraes Salvador Silva, e a diretora de Negócios da empresa, Maria Cristina de Resende, já haviam sido libertados, após as defesas conseguirem habeas corpus no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.
Entenda o caso
Os cinco envolvidos foram presos preventivamente em Juiz de Fora no dia 21 de fevereiro, sendo os quatro homens no Ceresp, em cela de dez metros quadrados com outros detentos, e a mulher na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires. As detenções foram desencadeadas pela Polícia Federal na Operação Editor, em cumprimento à decisão do TRF1, após pedido do MPF. Neste processo, são apuradas fraudes na licitação do novo HU da UFJF, no Bairro Dom Bosco, além de falsidade ideológica em documentos públicos, concessão de vantagens indevidas, superfaturamento e peculato.
Internamente, a UFJF instituiu uma comissão de sindicância administrativa para apurar os danos causados às edificações que compõem o prédio em construção do novo hospital, cujas obras estão interrompidas há dois anos e oito meses. Conforme parecer desta comissão, os prejuízos em decorrência da paralisação chegavam a quase R$ 1 milhão em 2016.
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Notícias
Data: 17/03/2018
Título: Família procura servidor aposentado da UFJF que está desaparecido
O Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino no Município de Juiz de Fora (Sintufejuf) publicou nesta sexta-feira (16) o desaparecimento do servidor aposentado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), José Tabajara Costa Pinheiro, de 71 anos.
De acordo com informações da esposa do idoso ao sindicato, ele saiu de casa por volta das 10h da última quinta-feira (15) para buscar o carro em um estacionamento próximo à residência da família e não retornou. O aposentado vestia uma camisa listrada nas cores verde e branco e uma bermuda bege.
Ainda segundo a publicação do Sintufejuf, a última vez em que foi visto, o aposentado estava no terminal rodoviário da Praça da Estação, no Centro de Juiz de Fora, vestido com uma camisa laranja e carregando uma mochila e uma jaqueta.
Há informações de que um senhor com as mesmas características dele foi visto na rodoviária da cidade Espera Feliz, no entanto os familiares ainda não conseguiram identificar registro de entrada dele em nenhum hotel da cidade e, segundo a esposa, não foi feita nenhuma retirada significativa de dinheiro nas contas dele.
Os familiares disponibilizaram os números de telefone (32) 99115-7534, (32) 99121-7090, (32) 98828-2319 e (32) 98829-1021 para informações que possam ajudar a encontrar o idoso.
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Veículo: o Dia
Editoria: Brasil
Data: 17/03/2018
Título: Servidor aposentado desaparece depois de dizer à mulher que iria buscar o carro
Juiz de Fora, Minas Gerais – O trabalhador aposentado da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), José Tabajara Costa Pinheiro, 71 anos, está desaparecido desde o dia 15 de março. O Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino no Município de Juiz de Fora (Sintufejuf) publicou nesta sexta-feira o desaparecimento do servidor.
De acordo com informações da esposa, Lays Felix Pinheiro, o aposentado saiu de casa por volta das 10h, apenas com a roupa do corpo, uma bermuda bege clara e uma camisa verde e branca listrada, dizendo que iria buscar o carro no estacionamento próximo à residência.
No entanto, algumas horas depois, ele foi visto por um amigo da família no terminal rodoviário da Praça da Estação, no centro de Juiz de Fora. Ele estaria com uma mochila, camisa laranja e carregava uma jaqueta. Segundo a esposa, não há nenhuma retirada significativa em dinheiro nas contas.
A informação é de que um senhor com as mesmas características de José Tabajara, teria descido na Rodoviária de Espera Feliz, também em Minas Gerais. No entanto, a família está fazendo buscas na região e não há registros de sua entrada em nenhum hotel.
Aposentado, José Tabajara trabalhou na Coordenação Geral de Processos Seletivos da UFJF (Copese).
Caso alguém tenha alguma informação que ajude a encontrá-lo, favor entrar em contato com a família pelos telefones (32)991157534, (32)991217090,(32)988282319, (32)988291021, (32)32112455.
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Veículo: O Sul
Editoria: Brasil
Data: 17/03/2018
Link: http://www.osul.com.br/desembargadora-acusa-marielle-franco-de-engajamento-com-bandidos/
Título: Desembargadora acusa Marielle Franco de “engajamento” com bandidos
A Desembargadora do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio), Marília Castro Neves afirmou na sexta-feira (16) em uma rede social que Marielle Franco, vereadora pelo PSOL executada aos 38 anos com dois tiros na cabeça, na última quarta-feira, “estava engajada com bandidos” e “não era apenas uma lutadora”.
Segundo a desembargadora, no cargo desde 11 de dezembro de 2006, “a tal Marielle descumpriu ‘compromissos’ assumidos com seus apoiadores”, que, segundo Marília, seriam do Comando Vermelho.
Marielle, na avaliação da desembargadora, foi assassinada “por seu comportamento, ditado por seu engajamento político”. “Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro”, escreveu.
A avaliação de Marília foi feita no Facebook de Paulo Nader, magistrado aposentado da Justiça fluminense e professor emérito da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora). Ele publicou um post em que comentava a comoção provocada pela morte de Marielle e a justificava pelo fato de a vereadora ser “uma lutadora dos direitos humanos e líder de uma população sofrida”.
O comentário foi descoberto pela colunista Monica Bergamo, do jornal “Folha de S.Paulo”. Procurada pela coluna, a desembargadora afirmou que nunca tinha ouvido falar de Marielle Franco até seu assassinato e que se baseou informações que leu “no texto de uma amiga”.
Marília afirmou ainda à coluna que fez o comentário como cidadã, e não como magistrada:”Eu só estava me opondo à politização da morte dela”.
Beleza, inteligência e carisma
A vereadora chamava atenção por uma combinação de beleza, inteligência e pelo carisma que a fazia ter amigos na cidade toda, do Complexo da Maré, onde cresceu, aos bairros da Zona Sul do Rio, onde recebeu sua votação mais expressiva. Marielle entregou a uma convidada, no plenário da Câmara dos Vereadores, a medalha Chiquinha Gonzaga, uma das maiores honrarias do município. Enquanto discursava, um colega a interrompeu para lhe entregar uma rosa. “Homem fazendo homice”, disse com firmeza, como estava acostumada, mas sem perder o sorriso.
“As rosas da resistência nascem do asfalto. A gente recebe rosas, mas vamos estar com o punho cerrado falando do nosso lugar de existência contra os mandos e desmandos que afetam nossas vidas”, disse ao microfone, em seguida, e foi aplaudida pelas tribunas da Câmara.
Era quinta-feira, Dia Internacional da Mulher. Mais cedo, ela havia participado de um debate na Fundação Oswaldo Cruz. Depois da concessão da medalha, foi a um encontro de mulheres no Complexo de Manguinhos. Ao voltar para casa, em uma vila na Tijuca, passou em frente ao Primos Bar, a poucos metros da vila, e acenou de longe para o garçom André Meirelles, de 38 anos.
“Ela só mandou um beijo de longe, mas toda semana parava depois do trabalho para beber uma cerveja. Aos sábados, adorava nossa costela no bafo, vinha sempre com a namorada e com a filha”, conta André, chorando. “Quando soube da notícia, não consegui dormir. Ela era muito humilde, bebia com os outros clientes, conversava com todos. Vou embora dessa cidade, não aguento mais”, afirma o homem, decidido a alugar sua casa na Rocinha e seguir o caminho da esposa e dos dois filhos: voltar para a Paraíba.
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Veículo: Estadão
Editoria: Estado da Arte
Data: 17/03/2018
Título: ‘Direita e Esquerda na Literatura’ – Parte 2: Política e Sociedade
Todas as críticas históricas da arte que se proponham a análise das várias vertentes (e ideologias) estéticas dos últimos dois séculos em algum ponto deparam-se com uma curiosa tautologia nos procedimentos artísticos, isto é, a modernidade, como dito anteriormente, abarca em si mesma a antimodernidade, que por sua vez é um denominador comum aos reacionarismos vários e à retórica revolucionária.
Tanto Marinetti quanto Virginia Woolf – artistas que dificilmente poderiam ser equiparados – advogaram, evidentemente em graus e contextos diferentes, a queima e destruição de bibliotecas e museus, já que, segundo o pensamento de ambos, eram sítios memoriais e polos mantenedores de uma estrutura e uma visão de mundo caduca, autoritária e portanto insalubre.
Com raras exceções, conforme nos lembra Alfonso Berardinelli em seu Esquerda e Direita na Literatura, a crença inabalável do progresso ininterrupto tornou-se já um daqueles dogmas embaraçosos, cuja manutenção depende, em grande parte, de uma maleabilidade interpretativa, quando não da mais pura alegorização. Dito de outro modo, nota-se cada vez mais o descompasso entre o que chamaríamos de progresso tecnológico e, por falta de um termo mais exato, o progresso moral; de maneira que as declarações intelectuais que não levam em conta esse cisma (ou abismo) são, não sem justa razão, tidas como irresponsáveis.
A exposição das raízes do otimismo histórico é de certo modo o ponto de inflexão do pensamento iluminista, que tem em Nietzsche seu canto de cisne. Afinal, é esse filósofo alemão que explorará a pletora de memórias que sobrecarrega e expectora o peito do indivíduo ocidental, e num momento quase de euforia lançará suas intempestivas sobre a história.
Segundo Berardinelli, “a filosofia da história não apenas tinha pressupostos teológicos, como explicou Karl Löwith, mas esse substrato teológico se percebe ainda hoje: a história permanece ainda a divindade mais adorada”. E isto se evidencia, ainda segundo o crítico, toda vez que o progresso é posto em dúvida ou mesmo criticado, ou ainda por meio do sentimento apocalíptico que perpassa o grosso da sociedade quando as estatísticas, especialmente aquelas referentes ao desenvolvimento econômico, mostram-se desfavoráveis.
Deparamo-nos, pois, com um dilema, pois ao mesmo tempo em que todos os pressupostos que embasam a crença naquilo que John Passimore chama de “meliorismo” (o aperfeiçoamento gradual e irrefreável do homem e de sua sociedade) são abandonados, somos também como que impelidos para a frente, conscientes de que não há retorno possível e de que o único caminho é a marcha e o desenvolvimento.
No tocante ao primeiro polo desse dilema, Berardinelli diz que a literatura levantou algumas objeções à filosofia da história e à teoria do progresso, mas com certa prudência. E quem questiona essa filosofia vem automaticamente catalogado à “direita”, quando não se autodefine como “de direita”.
Essa crítica, porém, encontra-se também presente na literatura designada de esquerda, conforme o escritor italiano nos diz mais adiante. Afinal, para alguns pensadores, acaso modernização e liberalismo econômico (visto por eles como uma forma predatória) não são sinônimos? Nesse sentido, a literatura de certo modo espelhou essa tensão a partir do momento em que gêneros como a utopia e distopia, que estão intrinsecamente associados ao pensamento político, coexistem e fermentam-se mutuamente, sem que pertençam exclusivamente a um lado do espectro político.
Para Berardinelli, além dessa filosofia da história, dois outros fatores contribuíram para essa confusão (no sentido substancial e epistemológico do termo) entre direita e esquerda, a saber, a política e a sociedade, ou mais especificamente as visões hegemônicas acerca dessas esferas. Na primeira delas, naquilo que certamente é não apenas uma controvérsia mas sim um erro conceitual, o crítico italiano qualifica o autoritarismo do comunismo soviético como direitista:
… Marxistas e comunistas que se encontravam no poder na União Soviética (e sucessivamente na Europa oriental) haviam instaurado um regime autoritário, despótico, imperialista, que sem nenhuma tendenciosidade poder-se-ia definir de direita. Mussolini e Hitler haviam conquistado o poder guiando movimentos “revolucionários” antiburgueses e anticomunistas, em cujas ideologias mesclavam-se o mito da modernidade, o mito do império romano e aquele do medievo germânico. Stalin utilizara a máquina de guerra que era o partido bolchevique para transformar uma revolução proletária em um Estado totalitário.
A bem da verdade, a tentação totalitária não é exclusiva de nenhuma dessas ideologias, para que possamos enquadrá-la somente num espectro (no caso, a direita). No entanto, todos os grandes (e monstruosos) projetos políticos mencionados por Berardinelli confundem (no sentido de mesclar-se) o Estado com alguma outra instância. Assim, de maneira sucinta e quase pedagógica, vemos que, para o nazismo, o Estado e raça ou etnia são elementos indistintos e inseparáveis; já o fascismo, na definição precisa de Peter Sloterdijk, é a integração entre Estado e horda; e, por fim, o marxismo, como proposto pelo próprio Marx, culminaria no comunismo, a fusão entre Estado e sociedade civil.
E é assim que Berardinelli se dirige para a análise do segundo fator de confusão mencionado anteriormente – a sociedade, interpretada ou deturpada de modos diferentes por cada ideologia. Curiosamente, ao mesmo tempo em que, segundo pesquisas dos mais variados tipos, a leitura cresce em todo o mundo, a poesia, diz-nos o crítico, permanece sendo sempre a ocupação de uma minoria privilegiada ou provavelmente condenada.
Se a poesia, nos chamados primórdios da história, fora o nexo e o liame entre o vate, a sociedade e os deuses, hoje em dia dificilmente encontraríamos uma obra poética que recebesse a aclamação das massas, ou que ao menos exercesse a mesma atração que atores ou mesmo romancistas exercem a um público ainda considerável. Para Berardinelli, portanto, é essa consciência de um isolamento histórico que culmina na formação de grupos artísticos que, no entanto, operam segundo princípios e procedimentos políticos, e cujos membros resguardam-se mutuamente da indiferença pública:
Por isso, poder-se-iam ver os grupos de vanguarda, mais que os “partidos políticos da arte”, como cooperativas de recíproco socorro criadas para limitar preventivamente os danos que poderiam acometer a cada um deles singularmente em decorrência de um previsível isolamento ou falimento artístico. Mais que pelas próprias obras ou antiobras, a maior parte dos escritores de vanguarda tornou-se “historicamente” importante como manifestação exemplar de fenômenos culturais coletivos: e, por isso, típicos de uma época.
Se esse afã de tornar-se parte do zeigeist é benéfico ou nocivo à criação, é uma questão que as próprias manifestações coletivas, em geral propositalmente controversas, deixam mais do que evidente. Essa intenção, porém, revela um elemento de perspicácia e lucidez por parte desse gênero de artistas, pois “em algumas circunstâncias particulares, é principalmente a política que pode dar a um poeta aquele espaço de comunicação pública que sua obra dificilmente conseguiria obter por vias editoriais”.
Berardinelli nos diz que, após os anos brutais da Segunda Guerra Mundial, todos os poetas eram, por definição, de esquerda. No entendimento de cada um deles, equivocado ou não, tratava-se de um posicionamento moral. No entanto, atualmente, “descobre-se se um poeta é de esquerda ou de direita por meio apenas de uma manifestação pública em forma de sátira ou de libelo, ou escrevendo em uma revista ou mesmo um jornal abertamente de parte”. Portanto, o posicionamento político dos escritores contemporâneos é sempre e inevitavelmente mediado por formas e instâncias de apelo ao público.
Porém, se anteriormente o stalinismo tinha a necessidade de um Górki, atualmente as elites políticas, tendo absorvido outros meios de produção de imagens e narrativas, dispensam o serviço dos poetas na construção de sua imagem pública. No entanto, isso somente agrava o problema da indistinção ideológica, pois, nos dizeres do crítico italiano, a intelligentsia sempre perdoou mais facilmente o filofascismo de Pound do que a crítica ao comunismo do socialista George Orwell.
E não somente Orwell, mas também Simone Weil, Karl Kraus; em suma, a essa família dos críticos – “ainda que não se trate de uma família, mas sim de filhos únicos e órfãos” – é a triste confirmação de que a obsessão política, à direita ou à esquerda, não suporta ou impossibilita a “crítica social e cultural exercida individualmente”. Pois embora não seja possível ao homem a manutenção de compartimentos políticos e artísticos estanques em sua consciência, a lição de Berardinelli não deixa dúvidas de que é também impossível servir zelosamente a dois senhores.
Fabrício Tavares de Moraes é tradutor e doutor em Literatura (UFJF/Queen Mary University London)
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Coluna Painel
Data: 18/03/2018
Título: UFJF vai lançar novo edital para retomar obra do Parque Tecnológico
Parque Tecnológico
Durante o lançamento do Planetário da Universidade Federal de Juiz de Fora, na sexta-feira (16), a sétima de um pacote de 19 obras, o reitor Marcus David anunciou que até meados do ano deve lançar os editais de licitação do Hospital Universitário e do Parque Tecnológico, duas obras de grande porte que precisam ser retomadas. No Caso do Parque Tecnológico, que já tem R$ 40 milhões alocados, “nós conseguimos um parecer da Advocacia-Geral da União autorizando as universidades a utilizarem esses empenhos para a retomada de obras. Estamos esperando a palavra final do MEC, que é a garantia financeira, mas, informalmente, já obtivemos essa garantia. O projeto dentro da estrutura original consumiria mais de R$ 120 milhões. A ideia é fazer um projeto modular. Estamos lançando um projeto com 1/3 do tamanho original, que, no nosso entendimento, é mais do que suficiente para seu funcionamento. Teremos capacidade para 50 a 60 empresas se instalarem lá”.
Laboratórios
O reitor Marcus David destacou ainda que já há vários projetos de laboratórios que seriam instalados no parque assim como financiamento do FINEP para construção de alguns laboratórios. Colocar o edital na rua nos próximos três meses, no seu entendimento, é estratégico, para mobilizar os setores que pretendem investir no parque. O tema já foi objeto de várias discussões, envolvendo políticos, empresários e outros setores, todos convencidos da importância do Parque Tecnológico para o desenvolvimento da região.
Está junto?
Embora possa se filiar ao Solidariedade para disputar o Governo de Minas, o ex-deputado Dinis Pinheiro não deve romper os laços com o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda, nome que o PSB vai levar para disputar o Governo. O principal indício é sua presença na solenidade do dia 24, em Juiz de Fora, quando o advogado Vítor Valverde, o principal assessor de Lacerda, irá assinar sua ficha de filiação ao Partido Socialista Brasileiro. Dinis está na lista dos convidados e teria confirmado sua vinda à cidade para o evento que terá, ainda, acompanhando Marcio Lacerda, a presença da Executiva estadual do partido.
Reciprocidade
Andando pelo interior de Minas Gerais, o deputado Júlio Delgado disse que, para ele, tudo está do mesmo jeito, enfatizando sua objeção à filiação de Vítor Valverde ao PSB, mas destacou que, como está no interior do estado, não tinha conversado com os representantes locais da legenda sobre esse assunto. Levantou, porém, a possibilidade de a filiação ser em Juiz de Fora apenas como um gesto simbólico, por ser a cidade de Valverde, mas por outro diretório. Delgado destacou ainda que o cenário se mantém incerto, uma vez que a direção nacional do PT quer reciprocidade para apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara em Pernambuco. A moeda de troca seria apoio do PSB à reeleição de Fernando Pimentel.
Futuro aberto
O presidente da Câmara de Juiz de Fora, Rodrigo Mattos (PSDB), ainda mantém em aberto seu futuro político partidário. Com pretensão de disputar uma cadeira de deputado federal nas eleições de outubro, ele esteve na última semana com o presidente do PSDB de Minas, deputado federal Domingos Sávio, para avaliar o atual momento dos tucanos mineiros. Durante o encontro, Rodrigo considerou o alto risco de desidratação da legenda com a entrada em vigor da janela partidária. Para ele, a provável ausência do senador Antonio Anastasia (PSDB) no pleito e toda situação envolvendo o senador Aécio Neves (PSDB) vão impactar muito na formação das chapas proporcionais. “O PSDB hoje depende de alianças para manter sua representatividade.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Tribuna Livre
Data: 18/03/2018
Link: https://tribunademinas.com.br/opiniao/tribuna-livre/18-03-2018/prestacao-de-contas-3.html
Título: Prestação de contas
Ao aproximar o término de meu mandato à frente da Agência de Desenvolvimento de Juiz de Fora e Região (ADJFR), no próximo dia 22, queria externar minha satisfação com o convívio ético e honesto que sempre tive com o jornal Tribuna de Minas, que possui uma equipe editorial diferenciada, ética e respeitosa.
Nesses seis anos, o país passou por diversos momentos. Em 2012, acreditamos que estávamos muito bem, com credibilidade internacional, atração de novos investimentos e vimos, em 2015 e 2016, chegarmos ao fundo do poço. Mas somos fortes, um país de muitas riquezas e com a benevolência divina de não sofrer com graves fenômenos da natureza. Com isso, fomos nos recuperando, independentemente da credibilidade de nosso comando maior.
A operação Lava Jato é histórica e temos a confiança de que nosso país se reerguerá em tempo muito inferior às previsões. A Petrobras está se recuperando, com suas ações progressivamente mais valorizadas, assim como as do Banco do Brasil, além da inflação ter sido a mais baixa em 18 anos. Apesar de a nota internacional ainda continuar muito aquém do esperado, estes acontecimentos aliados a investimentos internos, taxa de juros extremamente atrativa no patamar de 6,75% proporcionam que o retorno do crescimento econômico seja uma expectativa imediata, possibilitando também queda do desemprego que assola o nosso sofrido povo brasileiro. Acreditamos no Brasil.
A região de Juiz de Fora está localizada no coração do Brasil, com excelente estrutura educacional e de projetos, como o Parque Tecnológico, capitaneados pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e total apoio da Prefeitura e de nossos representantes legislativos nos três níveis. A estrutura de saúde é excepcional e devemos nos orgulhar de não necessitarmos sair de nossa querida cidade para realizar uma cirurgia nem fazer tratamentos de maior complexidade.
A nossa segurança, apesar de nos últimos anos termos visto um aumento da violência, ainda é extremamente atrativa para a tranquilidade de nossas famílias.
Acredito no potencial da região, e os investimentos somente acontecem quando os empresários se sentem seguros sobre o sucesso futuro de retorno e daí a importância de nossa estrutura supracitada.
Fiquei surpreso com a notícia de primeira página da Tribuna de Minas do dia 14/03/2018, que existe a possibilidade de ampliar a concessão da MRS dentro da cidade de Juiz de Fora por mais 30 anos. Há 40 anos, se não tivéssemos tido um prefeito da coragem de Mello Reis, nosso trânsito estaria ainda mais caótico e hoje só andaríamos a pé ou de bicicleta, o que não acho demérito algum, mas os municípios necessitam de mobilidade urbana, para que ambulâncias e pessoas com necessidades especiais possam transitar com segurança.
Espero que o prefeito Bruno Siqueira e nosso legislativo não concordem com tal absurdo e que a concessão esteja vinculada à construção de viadutos e mergulhões, por parte da MRS, como o Mergulhão da nossa importante Avenida Barão do Rio Branco.
A coragem é fundamental no crescimento. O Aeroporto Itamar Franco é um importante pilar e locomotiva para o desenvolvimento regional. É fundamental que isso seja considerado e que se faça uma estrada decente até ele e não de mentirinha até o Bairro Grama (João Ferreira).
Desculpem o desabafo, mas é o que penso e despeço-me da presidência da Agência de Desenvolvimento, cargo que exerci com muita união associativa, orgulhoso deste aprendizado de vida. Desejo ao meu sucessor, Célio Carneiro Chagas, todo o sucesso do mundo e continuarei sempre a contribuir com a Agência de Desenvolvimento e com a cidade. Obrigado.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 18/03/2018
Título: Juiz de Fora acolhe mais imigrantes da Venezuela
Em outubro de 2017, seis estrangeiros chegaram a Juiz de Fora cheios de sonhos e de esperança por um futuro melhor do que o país que deixaram, a Venezuela. Não que esperassem ascensão social, riqueza ou mudança de padrão de vida: queriam sobreviver, algo que era um desafio em sua terra natal, devastada pela pior crise econômica, política e de segurança de sua história. “Senti na pele, era um estado de guerra, com muita violência e muita luta todos os dias simplesmente para comer, continuar vivo”, relembra Sérgio Maurício Gonçalves, um dos que chegou aqui em outubro, depois de atravessar a fronteira para Boa Vista, em Roraima (RR), onde a situação também está caótica, como ele mesmo afirma. “As pessoas não param de chegar em Roraima, sem dinheiro, sem comida e sem lugar para ficar. Já foram registrados cinco certificados de óbito em Boa Vista por fome”, lamenta ele, que tem dados precisos sobre a situação porque atua como voluntário da Associação dos Amigos (Aban), que trouxe Sérgio e o primeiro grupo de imigrantes a Juiz de Fora. Já são 18 venezuelanos vivendo por aqui.
A vinda para Juiz de Fora é resultado de um esforço conjunto da Aban com a Pastoral Universitária para refugiados de Roraima, a Universidade Federal de Roraima (UFRR), a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e o Governo do estado e dos municípios afetados pelo fluxo migratório. Segundo Camila de Paiva Riani, coordenadora do projeto de acolhimento na Aban, os estrangeiros que chegam a JF são divididos em grupos e acolhidos de acordo com a necessidade. Os primeiros ficaram hospedados na sede da Aban até que se estabelecessem no mercado e pudessem ter a própria moradia. Agora, os parentes destes que já estão empregados estão sendo recebidos nas casas deles, com menos suporte da associação. Atualmente, dos 18 que estão em Juiz de Fora, apenas um mora na Aban, os outros já têm sua residência, e seus familiares vivem com eles”, explica ela.
A coordenadora acrescenta que o trabalho da Aban não se baseia no assistencialismo, mas sim no combate à falta de moradia, de alimentação e à pobreza. “Estas pessoas não vieram para o Brasil para ‘melhorar de vida’, mas para sobreviverem. Nosso trabalho é atuar em várias frentes, podendo criar empregabilidade por meio de projetos muito bem estruturados e parcerias, em um processo humano e que seja capaz de promover independência”, destaca.
De acordo com Sérgio Gonçalves, que viveu a experiência de emigrar e ser recebido em Juiz de Fora, a ideia é que, a partir deste mês, três pessoas sejam trazidas de Roraima para cá mensalmente. “Descobrimos que é muito mais fácil dar suporte a grupos menores em termos de empregabilidade, adaptação em todos sentidos… Foi uma coisa que aprendemos fazendo. Assim o processo flui mais rápido e conseguimos manter uma rotatividade boa, para mais gente sair do caos que está a Venezuela, e que também está em Boa Vista”, diz eles. “Mas o projeto é bem estruturado e com premissas bem definidas, para que as pessoas que venham tenham algo a acrescentar não só às suas vidas, mas também contribuir para a cidade que o está acolhendo”, acrescenta. “Outra coisa. Se há três famílias em situação crítica, as equipes de campo fazem um trabalho de triagem para eleger uma pessoa de cada uma delas que possa trabalhar, para possibilitar que os familiares venham posteriormente. Isso evita uma sobrecarga do suporte oferecido pelo programa”, destaca.
Ninguém quer tirar emprego dos juiz-foranos’
A coordenadora Camila Riani explica que todo o trabalho da Aban é feito por meio de voluntariado, doações e parcerias. “Nossa maior dificuldade atualmente é com as passagens, já que a associação consegue atendê-los em termos de moradia, alimentação e outras necessidades”, explica ela. “Já conseguimos parcerias com algumas empresas que dão oportunidades de vagas para os imigrantes que chegam, e isso tem ajudado bastante. Até porque há uma ideia equivocada por parte da sociedade de que eles querem ‘tomar’ os empregos dos juiz-foranos, o que não é verdade. Eles ocupam vagas de base, que possuem muita demanda na cidade, observa ela. “Nenhum venezuelano que chega a Juiz de Fora está passando fome, seja porque está 100% sob os cuidados da Aban ou porque já está empregado e tem sua casa”, completa Sérgio.
Segundo ele, o vigário paroquial da Catedral, Luiz Eduardo de Ávila, também tem oferecido apoio fundamental aos grupos que chegaram à cidade. “Com autorização da Arquidiocese, falei que a Aban precisava de ajuda para dar esse suporte a estes venezuelanos. Então abrimos bazares para roupas, conseguimos móveis, recebemos doações de alimentos e algumas pessoas até ofereceram dinheiro para ajudar a custear as passagens dos familiares de quem já está instalado aqui. Além disso, por eu ser sacerdote, alguns se sentem mais à vontade de conversar comigo, vão se aproximando, ficando amigo”, diz o pároco, que afirmou que a Arquidiocese pretende ampliar o suporte a imigrantes que se instalem em Juiz de Fora.
Em nota, a assessoria de comunicação da Arquidiocese informou que ainda não há um projeto definido, a não ser “a disposição em ajudar caritativamente os venezuelanos que aqui chegam fugidos da situação de seu país”. Também via assessoria, a UFJF afirmou que “não há programa específico de acolhimento a refugiados, mas há projetos em andamento e encaminhados nesse sentido”. A universidade pontuou, ainda, que “qualquer possibilidade de parceria pode se tornar um projeto muito bem-vindo, mas depende de análise e aprovação do Conselho Superior da Universidade”.
A Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), através da assessoria da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), informou, em nota, sobre a possibilidade de apoio aos estrangeiros e reforçou que, por meio dos Centros de Referência em Assistência Social (Cras), “realiza os encaminhamentos de famílias em vulnerabilidade a atendimentos no âmbito da assistência social. A PJF também possui o Portal Seu Emprego JF, para auxiliar na colocação no mercado de trabalho. Dentre os serviços da Secretaria de Desenvolvimento Social, em 2018, somente o Departamento de Políticas para a Pessoa com Deficiência (DPCDH) atendeu uma família venezuelana com uma integrante com deficiência. Os outros serviços não receberam, este ano, demandas relativas a estes imigrantes, mas encontram-se à disposição para realizar os atendimentos que forem necessários. Até o momento, a PJF não foi procurada pela Aban, mas está à disposição para auxiliar na busca por alternativas e soluções que visem assegurar a dignidade, os direitos humanos e a empregabilidade destes imigrantes”.
Documento é uma das dificuldades
Um dos empecilhos que os imigrantes enfrentam na busca por trabalho é a falta de documentos de que precisam para garantir uma posição no mercado ou a desinformação sobre como podem consegui-los. Pensando nisso, a OAB Juiz de Fora, por meio da Comissão de Direito Internacional, tem se reunido com os estrangeiros que chegam à cidade para prestar assistência e apoio jurídico para que eles consigam toda a documentação brasileira que lhes é de direito, como o status de refugiado, carteira de identidade para estrangeiros, CPF e Carteira de Trabalho, para que assim possam ficar em situação regular no Brasil. “Também pretendemos fazer um acompanhamento contínuo com questões jurídicas e burocráticas, e orientamos a todos que cheguem a procurar a sede da OAB (Avenida Dos Andradas 696, Jardim Glória), diz Paula Infante, presidente da Comissão, que tem acompanhado cada caso pessoalmente.
Reencontro e recomeço
Paula Infante explica que é a partir do formulário de solicitação de refúgio do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) que qualquer estrangeiro pode requerer residência definitiva no Brasil. Em Juiz de Fora, o documento é entregue na Unidade de Atendimento Integrado (UAI), no Shopping Jardim Norte, e após a conferência dos documentos necessários à requisição e o registro das impressões digitais, os imigrantes já obtêm um protocolo. “Com esse protocolo, eles já podem tirar documentos como CPF, carteira de trabalho, carteira do SUS, entre outros. Nós os ajudamos a separar os documentos que precisam ser anexados ao formulário e também a preenchê-lo, porque ele é muito extenso e detalhado. Paula acrescenta, ainda, que a resposta da solicitação de refúgio pode demorar mais de um ano, e, caso este prazo vença, o estrangeiro precisa renovar o pedido para permanecer no Brasil legalmente. Outro empecilho, segundo Paula, é a solicitação, em seleção de empregos, de documentos que não deveriam ser exigidos de estrangeiros, como o Certificado de Reservista, para o qual os venezuelanos não possuem equivalente.
No dia 28 de fevereiro, a visita de Paula à UAI teve um quê de especial. Ela acompanhou os requerimentos de refúgio de Celiangel Coromoto Alvarado Guzman (32) e do pequeno Juan Manuel Freitas Alvarado, de apenas 4 anos. Além da presidente da Comissão de Direito Internacional da OAB, eles foram acompanhados por João Cecílio Gonçalves, pai do pequeno Juan Manuel e marido de Celiangel, grávida de sete meses de outro menino, que terá o nome de Martín. João Cecílio, que é português de origem e irmão de Sérgio (citado acima), já havia sido entrevistado pela Tribuna quando conversamos com os primeiros seis imigrantes da Venezuela a chegarem em Juiz de Fora. “Agora estou mais feliz, mais tranquilo e com mais força. Além da minha mulher e meus filhos, minha mãe também veio, e estar com a família muda tudo. Estamos todos morando numa casa no Mundo Novo, meu filho já está em uma creche e minha mulher já está recebendo tratamento médico, para ela e o bebê”, diz ele, visivelmente aliviado e alegre, agora trabalhando como garçom.
Para Celiangel, não viver mais com medo, por ela e pela família, foi a grande conquista em sair da Venezuela. “Não queria deixar o meu país. Mas não sabia se ia voltar para casa viva. A inflação subiu tanto que a gente não sabia se iria comer no dia seguinte. Fora isso, fui assaltada a mão armada diversas vezes, uma delas no transporte coletivo e, em outra ocasião, já grávida. Além disso, lá agora não há qualquer serviço de saúde funcionando decentemente, não poderia ter meu filho lá”, relembra ela, que desembarcou na cidade há um mês e meio. Antes, chegou a Boa Vista de ônibus e, apesar de já se sentir mais segura por lá, garante que as condições eram precárias. “Como havia muitos venezuelanos, ficávamos juntos, em grupo, e não me sentia ameaçada. Mas as condições de higiene, por exemplo, eram muito pobres, especialmente para uma grávida e um menino pequeno.” De posse do protocolo da solicitação de refúgio, Celiangel planeja agora, em primeiro momento, o nascimento de Martín. “Estou feliz que ele seja brasileiro. Na verdade, já tem três nacionalidades: brasileiro, venezuelano e português (risos). E além disso, com os documentos, poderei trabalhar quando o bebê estiver maior, já que o mais velho já está na creche e poderá ir à escola.”
Chegada dos imigrantes não impactará a cidade
A coordenadora do projeto de acolhimento aos imigrantes da Aban, Camila Riani, afirma que ainda há muito receio de grande parte da população em relação à chegada dos venezuelanos – e dos imigrantes, de forma geral. “As pessoas criticam sem saber que tipo de situação eles estavam vivendo em seu país. Poderiam procurar entender antes de mostrarem tanto preconceito, eles todos deixaram suas casas porque era impossível viver no país”, diz ela. Para o doutor em ciências políticas e professor da UFJF Raul de Magalhães, é imprescindível que o acolhimento dos imigrantes seja acompanhado de ações educativas voltadas para a população em geral. “É importante que haja esclarecimento da população quanto a este acolhimento, o que normalmente ajuda a resolver problemas como a xenofobia, que desencadeia vários outros. É preciso pensar em campanhas educativas ou ações desta natureza”, afirma ele.
Para o professor, a chegada de três venezuelanos ao mês não provocará impactos relevantes ao município. “O número parece muito pequeno para provocar impacto significativo na economia, na saúde, no mercado e na vida em geral. Existem mais brasileiros de outras cidades chegando à cidade mensalmente. Três pessoas por mês buscando posições em empregos que não exigem muita qualificação, como é o caso, não parece apontar para qualquer problema para os trabalhadores da cidade”, avalia.
Ele destaca, entretanto, que deveria haver algum tipo de suporte por parte do Governo, sobretudo porque, em nível federal, a presidência editou em fevereiro uma medida provisória que acena com ações de assistência emergências para imigrantes venezuelanos em Roraima em diversas áreas, como proteção social, saúde, educação, alimentação e segurança pública. “Isso vale para a fronteira, mas a partir do momento que há uma interiorização do fluxo de imigrantes, não se pode receber estas pessoas e deixar que elas vão para a marginalidade, há que haver um mínimo de infraestrutura. Até porque não se pode deixar o problema localizado em Roraima, a estratégia de interiorização é normal e esperada. Claro, o melhor seria que as coisas se resolvessem na Venezuela para que as pessoas não tivessem que migrar forçadamente para sobreviver”, pondera.
Paula Infante destaca, ainda, que a interiorização não apenas é um processo esperado, mas é literalmente previsto pela Medida Provisória assinada por Michel Temer, que inclui “políticas de proteção social; atenção à saúde; oferta de atividades educacionais; formação e qualificação profissional; garantia dos direitos humanos; proteção dos direitos das mulheres, crianças, adolescentes, idosos, pessoas com deficiência, população indígena e comunidades tradicionais atingidas; oferta de infraestrutura e saneamento, segurança pública e fortalecimento do controle de fronteiras; logística e distribuição de insumos; e mobilidade, distribuição no território nacional e apoio à interiorização das pessoas refugiadas – neste caso, a transferência para outros estados do país será feita de acordo com a vontade das pessoas atendidas”. Paula destaca, ainda, que a Lei de Migração (13.445 , de maio de 2017) revoga o Estatuto do Estrangeiro, de 1980, e garante um acolhimento mais amplo aos imigrantes, facilitando, por exemplo, sua regularização no país, que pelo texto antigo era vista como ameaça.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Coluna Cesar Romero
Data: 18/03/2018
Link: https://tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/18-03-2018/254732.html
Título: Nova Facom
Na inauguração do prédio da Faculdade de Comunicação da UFJF, que leva o nome do primeiro diretor e professor emérito Adilson Zappa, José Luiz Ribeiro, que dedicou mais de 40 anos à faculdade, enfatizou: “olho este prédio, um espanto de grandiosidade, e penso que se na nossa antiga casa conseguimos formar tantas estrelas, nossa responsabilidade aumenta aqui”.
Ainda na solenidade, a ex-aluna e professora da UFRJ, Raquel Paiva recebeu a “Medalha JK”.
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