Veículo: Estado de Minas
Editoria: Gerais
Data: 19/10/2017
Título: Após polêmica com drag queen, vereadores querem debater propostas educacionais da UFJF
A polêmica envolvendo um vídeo de um drag queen em um colégio infantil mantido pela Universidade Federal de Juiz Fora (UFJF) ganhou mais capítulo. Em reunião com o reitor da instituição, Marcus Vinícius David, o presidente da Câmara dos Vereadores da cidade na Zona da Mata mineira, Rodrigo Mattos (PSDB), pediu que fosse instaurada uma comissão com educadores da universidade para debater as propostas pedagógicas do Colégio de Aplicação João XXIII e da universidade com os vereadores do município.
O encontrou ocorreu na tarde dessa quarta-feira, depois da série de polêmicas que envolveram um vídeo produzido pela UFJF, em comemoração ao Dia das Crianças, com a drag queen Femmenino, interpretada pelo estudante Nino de Barros, nas dependências do colégio.
De acordo com a assessoria de imprensa da UFJF, a reunião foi marcada pelo vereador. Após o encontro, o reitor se comprometeu a discutir o pedido do Legislativo com a comunidade acadêmica, além de verificar a viabilidade de enviar profissionais para um debate na Câmara.
Na segunda-feira, dois vereadores, André Mariano (PSC) e José Fiorilo (PTC), protocolaram à presidência da Câmara, dois pedidos de moção sobre o caso, maas as ações foram suspensas temporariamente.
Polêmica
A controvérsia em questão está nos dois primeiros minutos do vídeo, quando a artista pergunta quais presentes as crianças, que cursam o ensino fundamental, gostariam de ganhar no dia das crianças. Ao receber a resposta de duas garotas que pediram bonecas e de um menino que pediu um boneco Pokémon, a drag diz: “Vocês vão ficar repensando sobre essas coisas de menino e de menina, isso não existe, tá?”.
Sobre essa divisão, as crianças acrescentam, em coro e espontaneamente, a frase: “É preconceito”. A declaração, porém, gerou efeitos contrários e reclamações por parte de alguns pais de alunos, pelo grupo “Direita Minas” – conhecido pelo apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC/RJ) –, e pelo Conselho Tutelar de Juiz de Fora, que protocolou um ofício sobre o caso no Ministério Público Federal, que foi assinado pelo conselheiro Abraão Fernandes.
Racismo
A Polícia Civil de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, investiga uma denúncia de injúria racial em que a fotógrafa Mariana Cristina Dias Martins, de 25 anos, diz ter sido vítima de ofensas por parte do conselheiro tutelar Abraão Fernandes.
Mariana que alegou ter sido vítima de racismo registrou um boletim de ocorrência na Polícia Militar. No documento, ela informa que, na última segunda-feira, durante uma discussão entre várias pessoas no Facebook, Abraão teria enviado mensagens privadas para ela dizendo que ela tinha “cor de bosta”.
Ainda conforme a ocorrência, o conselheiro disse a Mariana que “ela deveria se cuidar melhor, pois devia esconder um monte de coisas na cabeça, menos pente e shampoo”. A ocorrência foi encaminhada para a Polícia Civil. A investigação será conduzida pelo delegado Luciano Vidal, que já tomou o depoimento da vítima.
Em entrevista ao em.com.br, Abraão Fernandes, que exerce o cargo de conselheiro há dois anos, disse que ainda não foi notificado e que não conhece Mariana. Segundo ele, as ofensas contra a estudante foram motivadas por xingamentos pessoais enviados por ela no Facebook dele. “Ela veio até a minha página e a partir de uma postagem que fiz favorável a redução da maioridade penal, ela me xingou de lixo, disse que eu era palhaço e um bosta. Na verdade, o que ela está fazendo, é se vitimizando apenas com o que ela recebeu de mim, mas não é transparente e não apresenta o que ela me falou. Ela foi a grande provocadora de tudo isto”, declarou.
Mariana Cristina Dias Martins, por telefone, informou que não ofendeu o conselheiro. A fotógrafa disse que apenas comentou sobre o comportamento dele em redes sociais que incitava o ódio e a violência. “O ponto de partida da discussão foi o vídeo do Nino (drag queen) na UFJF. Até então eu não conhecia o Abraão, mas comecei a acompanhar o trabalho dele e vi que havia, nas redes sociais, muita incitação de ódio e violência. Eu apenas mostrei que as atitudes dele eram muito mais destrutivas que o vídeo do Nino, por exemplo”.
Processos
A Prefeitura de Juiz de Fora informou, em nota oficial, que há denúncias e reclamações contra o conselheiro desde 2016. “Foi instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra conselheiro tutelar, em virtude de diversas denúncias recebidas pela Administração Municipal, desde dezembro de 2016, de diferentes órgãos, como a Promotoria da Infância e da Juventude, Câmara Municipal e do próprio Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), baseando-se em possíveis descumprimentos de deveres funcionais.”
Ainda segundo a administração municipal, o conselheiro pode ser suspenso ou demitido. “Desde então, o Município, através da Supervisão de Processos Disciplinares e Sindicâncias da Secretaria de Administração e Recursos Humanos, tem se debruçado na busca de documentação junto ao CMDCA para melhor instrução do PAD. A PJF reforça que, com o processo administrativo disciplinar, continua adotando todas as providências cabíveis para melhor apuração dos fatos, assegurando ao acusado, durante todo o processo, o direito ao contraditório e à ampla defesa. Ao final do PAD, poderá ser aplicada uma das penalidades previstas na Lei 8710, que são advertência, suspensão ou demissão.”
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata – MG
Data: 19/10/2017
Título: Reitor e presidente da Câmara se reúnem após polêmica envolvendo vídeo institucional da UFJF
O reitor da Universidade de Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marcus Vinicius David, recebeu o presidente da Câmara Municipal, vereador Rodrigo Mattos, nesta quarta-feira (18). A reunião foi solicitada pelo vereador a fim de abrir um canal de diálogo entre a Universidade e o Legislativo.
Nesta semana, após a polêmica envolvendo um vídeo em homenagem ao Dia das Crianças publicado pela UFJF sobre a visita de uma drag queen ao Colégio de Aplicação João XXIII, dois parlamentares chegaram a apresentar propostas de moção de repúdio. A Câmara foi ocupada por manifestantes contrários ao repúdio na sessão da última terça-feira (17). Durante a reunião de terça-feira, os parlamentares retiraram os pedidos apresentados.
De acordo com a assessoria da UFJF, Rodrigo Mattos solicitou ao reitor a indicação de um grupo de profissionais da Universidade e do Colégio João XXIII para conversar com os 19 vereadores sobre as políticas educacionais das duas instituições. O reitor Marcus David comprometeu-se a discutir internamente com a comunidade acadêmica a possibilidade de disponibilizar profissionais para uma visita à Câmara.
Em nota divulgada pela assessoria da Câmara, Rodrigo Mattos falou sobre a reunião com o reitor. “Nosso intuito é buscar o diálogo com a UFJF e com o Colégio João XXIII. Considero uma moção de repúdio como última instância”, disse o presidente da Câmara.
Trecho contestado em vídeo institucional
Um vídeo de um quadro da Diretoria de Imagem Institucional da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se tornou alvo de um pedido de providência do conselheiro tutelar Abraão Fernandes, procoloado na segunda-feira (16) no Ministério Público Federal (MPF) em Juiz de Fora.
O vídeo foi disponibilizado no canal oficial da UFJF no dia 11 de outubro. A argumentação é que o trecho de cerca de 20 segundos onde há uma fala da drag queen Femmenino, apresentadora do vídeo, durante visita ao Colégio de Aplicação João XXIII desrespeita o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e o Plano Municipal de Educação, sancionado em março deste ano.
No sábado (14), um trecho editado do vídeo foi compartilhado no perfil do deputado Jair Bolsonaro, chamando a atenção para o que chamou de “canalhice”.
Na terça-feira (17), o assunto foi discutido na Câmara Municipal. Os vereadores José Fiorilo (PTC) e André Mariano (PSC) apresentaram na segunda-feira pedidos de moção de repúdio ao Colégio de Aplicação João XXIII. O plenário foi ocupado por manifestantes que manifestaram apoio à escola, à UFJF e ao artista Femmenino, que conduz o vídeo feito na escola.
Após uma sessão tumultuada, interrompida em vários momentos, os parlamentares retiraram temporariamente os pedidos apresentados na segunda-feira.
Desde que a polêmica começou, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Juiz de Fora, Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais manifestaram apoio à Universidade, à escola e ao artista.
‘Tiraram a frase de contexto’, alega drag queen
O artista e estudante universitário Nino de Barros, a drag queen Femmenino, contou que ficou triste e assustado com os comentários que recebeu nos últimos dias. Ele explicou que a gravação foi feita neste mês e que, durante a permanência dele na escola, não houve nenhum problema com as crianças e adolescentes.
“As crianças amaram, nenhuma reagiu mal à minha presença lá. Elas sabiam que era um homem vestido de mulher e entenderam a proposta. Gravamos uma semana antes da publicação. O material feito passa por edição e por aprovação. Por isso que eu estranhei as pessoas acharem que era algo perigoso. Foi um material feito com o respaldo da UFJF. É uma denúncia descabida”, contou.
Nino de Barros explicou que é bolsista da Universidade e que o programa “Na hora do lanche” é institucional, existe desde gestões anteriores e que assumiu a apresentação neste ano. “A intenção era renovar o programa, assumi o formato e a apresentação. A gente está nele desde maio, é mensal. A visita ao João XXIII já foi só um episódio e já teve outros comigo montada”, comentou.
Conselheiro é alvo de apuração por injúria racial
Nesta semana, Polícia Civil e a Prefeitura de Juiz de Fora abriram procedimentos para apurar a denúncia de um possível caso de injúria racial envolvendo um conselheiro tutelar e uma estudante negra em Juiz de Fora. A jovem Mariana Cristina Dias Martins, de 25 anos, acusa Abraão Fernandes de ter enviado uma mensagem privada após uma discussão em uma rede social, onde ele diz que ela tem “cor de bosta”. Ela registrou uma ocorrência na noite de segunda-feira (16), na Polícia Militar (PM).
O G1 entrou em contato com o conselheiro, que disse que não vai se manifestar enquanto não for notificado oficialmente sobre a acusação.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 19/10/2017
Título: Estudantes pedem destituição de conselheiro tutelar
Por meio de uma carta de denúncia, o Diretório Acadêmico (DA) Padre Jaime Snoeck, da Faculdade de Serviço Social da UFJF, manifestou repúdio ao conselheiro tutelar Abraão Fernandes, contra quem há um inquérito de injúria racial em andamento na Polícia Civil e consta um pedido de instauração de processo administrativo disciplinar diante de denúncias de condutas racistas e homofóbicas.
No documento, o DA afirma que a situação envolvendo Abraão contradiz e infringe toda a política de direito à criança e ao adolescente firmada em legislações de todas as esferas, retrocedendo em conquistas históricas, ignorando todas as lutas sociais anteriores. A carta cita a existência da violação de deveres e vedações da Resolução nº170 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que trata sobre a manutenção de conduta pública e particular ilibada por membros do Conselho Tutelar, já que constam discussões dele em redes sociais com diversas pessoas sobre questões de gênero, raça, entre outros assuntos.
O diretório também considera que Abraão infringe a Lei Municipal 9.791, que dispõe sobre práticas discriminatórias por orientação sexual, por constranger adolescentes em comentários feitos em redes sociais. Os estudantes pedem a destituição de Abraão do cargo de Conselheiro Tutelar, por conta da gravidade de tudo que é mencionado contra ele, além do crime de injúria racial pelo qual é investigado e a conduta escandalosa no exercício da função. “Diante de todos os fatos apresentados, verifica-se que o conselheiro age de forma exacerbada, ultrapassa eticamente as condutas morais como pessoa e como profissional em exercício, apresentando claramente postura divergente ao seu posto no conselho.”
Apoio à UFJF
A carta do Diretório Acadêmico ainda reforça o apoio à UFJF diante dos acontecimentos relacionados ao vídeo apresentado pela drag queen Femmenino, que também envolve ato do conselheiro. O documento conta com a assinatura de pelo menos 20 outros Centros Acadêmicos, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e de outras entidades, como o Levante Popular da Juventude, Movimento Correnteza UFJF, Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro, Movimento de Mulheres Olga Benário, Coletivo Enecos Libertas e a União da Juventude Comunista (UJC).
Pedido do CMDCA
Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) informou que o pedido de afastamento temporário do conselheiro tutelar Abraão Fernandes, feito pelo presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Carlos Henrique Rodrigues, foi recebido e passa por análise. Na nota, a Prefeitura não informou previsão de data para que a decisão sobre o caso seja divulgada.
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Veículo: Revista Fórum
Editoria: LGBT
Data: 19/10/2017
Título: “Drag” grava vídeo falando de gênero em escola e provoca ódio de políticos
Mais uma polêmica envolvendo a discussão de gênero na escola. Um vídeo gravado dentro do Colégio de Aplicação João XXIII, ligado à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, foi alvo de uma chuva de comentários preconceituosos nas redes sociais. A gravação mostra um programa mensal realizado pela UFJF intitulado “Na hora do lanche”. No episódio em questão, exibido na página de Facebook da universidade na véspera do Dia das Crianças, o artista performático Nino de Barros foi à escola vestido como a “drag queen” Femmenino e entrevistou os alunos sobre o que eles querem ganhar de presente.
Um trecho de menos de 15 segundos do vídeo – que tem ao todo pouco mais de 4 minutos -, no qual a “drag” fala sobre não existir diferenciação entre brinquedos de menina e brinquedos de menino, viralizou na internet por meio de páginas como a do movimento “Escola sem partido” e a do deputado Jair Bolsonaro (PSC).
O deputado compartilhou esse trecho na última sexta-feira (14), três dias após a publicação original do programa na íntegra. Na postagem de Bolsonaro, o vídeo aparece com os dizeres “Prestem atenção na canalhice que estão fazendo com nossas crianças”. Esse vídeo tem mais de 850 mil visualizações. O vídeo na página da UFJF tem 300 mil.
O programa “Na hora do lanche” já é exibido, mensalmente, há mais de dois anos, segundo informou o atual apresentador, Nino de Barros. Ele, que é bolsista do curso de artes e design da UFJF, assumiu o comando da atração em maio deste ano e conta que, na maioria das vezes, não o apresenta “montado” como “drag queen”. Isso aconteceu somente duas vezes: no primeiro episódio, ainda em maio, sobre o Dia de Combate à LGBTfobia, e agora em outubro, em comemoração ao Dia das Crianças.
“O que aconteceu dessa vez foi que reeditaram o vídeo publicado na página da UFJF e descontextualizaram a minha fala, fazendo parecer que eu estava dizendo que não existe menina e menino. Na realidade, o que eu estava falando era que não deveria existir diferença entre brinquedos para menina e brinquedos para menino” afirmou Nino, de 22 anos.
Ele conta que, a cada dia, o número de comentários agressivo cresce em suas páginas em redes sociais. “Eu pensei que, conforme os dias fossem passando, os ataques diminuiriam. Mas isso não está acontecendo. Todo dia acordo com um número maior de mensagens do que no dia anterior. Eu estou bem tranquilo, porque sei que não estou errado, mas me assusta a quantidade de mensagens de ódio nas minhas páginas pessoais. Além de criticar o que eu falei, muitos chegam a inventar histórias… Já reportaram que a escola contratou uma “professora travesti” para dar aula às crianças, o que não tem um pingo de verdade”, lamenta Nino.
Questionado se já havia sofrido ataques dessa natureza antes, por conta de seu trabalho com “drag queen”, o artista disse que, nessa proporção, a experiência negativa é inédita: “Não é todo dia que o Jair Bolsonaro publica um vídeo meu. A repercussão, depois disso, extrapolou Juiz de Fora e ganhou um tamanho que eu não imaginava”, conta ele.
Na página Femmenino no Facebook, ele postou um vídeo no qual responde a alguns dos comentários que recebeu. O vídeo já tem, até o momento, mais de 230 mil visualizações. “Queremos acabar com a família? Sim, mas apenas com um tipo de família, é um formato muito específico de família patriarcal que mantém homens e mulheres presos em padrões do passado”, diz o artista.
Preconceito
Dois vereadores da cidade entraram com pedidos de moções de repúdio ao programa com a “drag queen”. André Mariano (PSC), que é do mesmo partido de Bolsonaro, e José Fiorilo (PTC) tentaram aprovar as moções na Câmara Municipal de Juiz de Fora em uma audiência realizada na última terça-feira (17). Contudo, após a pressão de moradores da cidade, que protestaram dentro da Câmara na hora da votação, os dois vereadores retiraram as moções.
O vereador André Mariano fez questão dizer que retiraram apenas provisoriamente. “Então, estamos em cima para acompanhar o desenrolar dessa história e ver se esse pedido de repúdio volta à Câmara”, afirmou Matheus Brum, ex-aluno da UFJF, que organizou a manifestação contra a iniciativa dos vereadores.
Brum conta que cerca de 300 pessoas participaram do protesto e que, antes mesmo da votação desta terça, os vereadores haviam tentado aprovar as moções na noite de segunda-feira. “Tentaram aprovar “na calada””, diz o jovem. “Mas outro vereador conseguiu adiar, e, em menos de 24 horas, organizamos uma manifestação, porque a comunidade LGBTTI de Juiz de Fora é muito unida e consciente de seus direitos”.
André Mariano é o mesmo vereador que levou o projeto “Escola sem partido” para a cidade e é autor da lei que instituiu 31 de outubro como Dia Municipal da Proclamação do Evangelho. “Ele é um velho conhecido nosso, que traz à Câmara pautas que, para nós, não fazem nenhum sentido”, destaca Brum.
Conselheiro tutelar
A grande repercussão do vídeo também fez o conselheiro tutelar da cidade Abraão Fernandes Nogueira enviar um ofício ao Ministério Público Federal (MPF), que pede a apuração da conduta da escola e da “drag queen”. No documento, Nogueira considera que o artista desrespeitou a legislação municipal e nacional que determina as normas de proteção aos direitos de crianças e adolescentes.
Esse mesmo conselheiro tutelar está sendo indiciado por injúria racial. Abraão Fernandes Nogueira é acusado de ofender uma mulher negra de 25 anos. A fotógrafa Mariana Cristina Dias Martins registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar de Juiz de Fora, alegando ter sido vítima de racismo. No documento, ela informa que, na última segunda-feira (16), durante uma discussão entre várias pessoas no Facebook, Nogueira enviou a ela mensagens privadas dizendo que ela tinha “cor de bosta”.
Ainda segundo o texto da ocorrência, o conselheiro disse a Mariana que “ela deveria se cuidar melhor, pois devia esconder um monte de coisas na cabeça, menos pente e shampoo”. O caso foi encaminhado para a Polícia Civil.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se posicionou a favor da universidade, afirmando, em nota publicada na última segunda-feira, que declara “apoio ao material produzido pela UFJF” e que “fomentar a reflexão sobre gênero nas escolas é contribuir para a descontrução da cultura do machismo, para o combate à LGBTfobia e para o reconhecimento da diversidade e e respeito aos direitos humanos”.
Universidade
A UFJF também se posicionou em sua página no Facebook: “Prezados e prezadas, apreciamos a discussão de ideias. As manifestações a respeito do vídeo certamente serão objeto de discussão e análise pelos responsáveis. Mas comentários homofóbicos, que contenham palavrões, injúria ou firam a política de comentários da página serão excluídos. Temos cópia de todos eles para não haver dúvidas sobre o procedimento adotado, como a exclusão das manifestações ‘tem de fuzilar’, ‘poderia jogar gasolina no próprio corpo’.
*Com informações de O Globo
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Veículo: Extra
Editoria: Brasil
Data: 19/10/2017
Título: Vídeo com drag queem discutindo gênero em escola desperta ira de políticos
RIO — Um vídeo gravado dentro do Colégio de Aplicação João XXIII, ligado à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, foi alvo de uma enxurrada de comentários preconceituosos nas redes sociais. A gravação mostra um episódio de um programa mensal feito pela UFJF intitulado “Na hora do lanche”. No episódio em questão, exibido na página de Facebook da universidade na véspera do Dia das Crianças, o artista performático Nino de Barros foi à escola vestido como a drag queen Femmenino e entrevistou os alunos sobre o que eles querem ganhar de presente.
Um trecho de menos de 15 segundos do vídeo — que tem ao todo pouco mais de 4 minutos —, no qual a drag fala sobre não existir diferenciação entre brinquedos de menina e brinquedos de menino, viralizou na internet por meio de páginas como a do movimento “Escola sem partido” e a do deputado Jair Bolsonaro (PSC).
O deputado compartilhou esse trecho na última sexta-feira, 14, três dias após a publicação original do programa na íntegra. Na postagem de Bolsonaro, o vídeo aparece com os dizeres “Prestem atenção na canalhice que estão fazendo com nossas crianças”. Esse vídeo tem, até a hora em que esta reportagem foi ao ar, mais de 850 mil visualizações. O vídeo na página da UFJF tem 300 mil.
O programa “Na hora do lanche” já é exibido, mensalmente, há mais de dois anos, segundo informou o atual apresentador, Nino de Barros. Ele, que é bolsista do curso de artes e design da UFJF, assumiu o comando da atração em maio deste ano e conta que, na maioria das vezes, não o apresenta “montado” como drag queen. Isso aconteceu somente duas vezes: no primeiro episódio, ainda em maio, sobre o Dia de Combate à LGBTfobia, e agora em outubro, em comemoração ao Dia das Crianças.
— O que aconteceu desta vez foi que reeditaram o vídeo publicado na página da UFJF e descontextualizaram a minha fala, fazendo parecer que eu estava dizendo que não existe menina e menino. Na realidade, o que eu estava falando era que não deveria existir diferença entre brinquedos para menina e brinquedos para menino — afirma Nino, de 22 anos, intéprete da drag queen Femmenino, já conhecida na cidade.
Ele conta que, a cada dia, o número de comentários agressivo cresce em suas páginas em redes sociais.
— Eu pensei que, conforme os dias fossem passando, os ataques diminuiriam. Mas isso não está acontecendo. Todo dia acordo com um número maior de mensagens do que no dia anterior. Eu estou bem tranquilo porque sei que não estou errado, mas me assusta a quantidade de mensagens de ódio nas minhas páginas pessoais. Além de criticar o que eu falei, muitos chegam a inventar histórias… Já reportaram que a escola contratou uma “professora travesti” para dar aula às crianças, o que não tem um pingo de verdade — lamenta Nino.
Questionado se já havia sofrido ataques dessa natureza antes, por conta de seu trabalho com drag queen, o artista disse que, nessa proporção, a experiência negativa é inédita:
— Não é todo dia que o Jair Bolsonaro publica um vídeo meu. A repercussão, depois disso, extrapolou Juiz de Fora e ganhou um tamanho que eu não imaginava — conta ele.
Na página Femmenino no Facebook, ele postou um vídeo no qual responde a alguns dos comentários que recebeu. O vídeo tem, até o momento, mais de 230 mil visualizações.
“Queremos acabar com a família? Sim, mas apenas com um tipo de família, é um formato muito específico de família patriarcal que mantem homens e mulheres presos em padrões do passado”, diz o artista.
CRUZADA MOVIDA POR VEREADORES
Dois vereadores da cidade entraram com pedidos de moções de repúdio ao programa com a drag queen. André Mariano (PSC), que é do mesmo partido de Bolsonaro, e José Fiorilo (PTC) tentaram aprovar as moções na Câmara Municipal de Juiz de Fora em uma audiência realizada na última terça-feira, dia 17. No entanto, após a pressão de moradores da cidade, que protestaram dentro da Câmara na hora da votação, os dois vereadores retiraram as moções.
— O vereador André Mariano fez questão dizer que retiraram apenas provisoriamente. Então, estamos em cima para acompanhar o desenrolar dessa história e ver se esse pedido de repúdio volta à Câmara — afirmou Matheus Brum, ex-aluno da UFJF que organizou a manifestação contra a iniciativa dos vereadores.
Brum conta que cerca de 300 pessoas participaram do protesto e que, antes mesmo da votação desta terça, os vereadores haviam tentado aprovar as moções na noite de segunda-feira.
— Tentaram aprovar “na calada” — diz o jovem. — Mas outro vereador conseguiu adiar, e, em menos de 24 horas organizamos uma manifestação, porque a comunidade LGBTTI [sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Intersexos] de Juiz de Fora é muito unida e consciente de seus direitos.
André Mariano é o mesmo vereador que levou o projeto “Escola sem partido” para a cidade e é autor da lei que instituiu 31 de outubro como Dia Municipal da Proclamação do Evangelho.
— Ele é um velho conhecido nosso, que traz à Câmara pautas que, para nós, não fazem nenhum sentido — destaca Brum.
CONSELHEIRO TUTELAR ACIONA MPF
A grande repercussão do vídeo também fez o conselheiro tutelar da cidade Abraão Fernandes Nogueira enviar um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) que pede a apuração da conduta da escola e da drag queen. No documento, Nogueira considera que o artista desrespeitou a legislação municipal e nacional que determina as normas de proteção aos direitos de crianças e adolescentes.
“Em determinado momento, a drag deixa transparecer a questão da ideologia de gênero, ao dizer que não existe questão de brinquedo de menino e de menina. E ao dizer ‘Toma família brasileira’ se torna um desrespeito, porque todas aquelas crianças são parte de uma família. A gente não está sendo homofóbico, nem discutindo diferentes formas de famílias. O artigo 22 do ECA destacou o direito de guarda dos pais e o Estado não pode ir na contramão do direito fundamental do pai e da mãe sobre como educar o filho”, escreveu o conselheiro, no ofício.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se posicionou a favor da universidade, afirmando, em nota publicada na última segunda-feira, que declara “apoio ao material produzido pela UFJF” e que “fomentar a reflexão sobre gênero nas escolas é contribuir para a descontrução da cultura do machismo, para o combate à LGBTfobia e para o reconhecimento da diversidade e e respeito aos direitos humanos”.
‘NÃO HOUVE DESRESPEITO’, DIZ ADVOGADA
Integrante da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB-JF, Joana de Souza Machado explica que a instituição decidiu se manifestar publicamente porque vê com bons olhos a iniciativa da escola e da UFJF de discutir questões de gênero com crianças, considerando, assim, sem fundamento o pedido do conselheiro tutelar para que seja movida uma ação.
— Quando a gente vê esse vídeo, a primeira percepção é de que a escola teve uma iniciativa junto à universidade de abordar a identidade de gênero com as crianças, com conteúdo apropriado e que não desrespeitou as crianças em nenhum momento — afirma Joana. — A gente sentiu a neccesidade de se posicionar porque o vídeo não traz nenhum desrespeito. Questiona apenas, de forma muito clara, a imposição sobre meninas e meninos em relação aos brinquedos que devem escolher e a todas as escolhas que devem fazer na vida. Essa imposição de que meninas são mais apropriadas para escolher certas coisas e meninos, outras, muitas vezes limitam as pessoas. É um questionamento que a gente considera válido e está em acordo com a Constituição.
Joana também critica o termo usado pelo conselheiro em seu ofício ao MPF, no qual escreve “ideologia de gênero”. De acordo com a advogada, esse conceito não existe.
— É muito preocupante quando um conselheiro tutelar, que deveria cuidar de crianças e adolescentes, se vale de uma expressão completamente equivocada como “ideologia de gênero”. Esse conceito não existe, porque gênero não se constrói ideologicamente. Só existe no meio eleitoral, para políticos promoverem ódio — considera Joana. — [Ele] é alguém que traz esse preconceito para o cargo que ocupa. Isso é perturbador.
Para a advogada, as chances de o MPF aceitar o pedido do conselheiro e de fato mover uma ação são pequenas.
— Todo cidadão, independemente do cargo, pode pedir uma ação ao MPF. Mas o órgão vai analisar se o pedido traz algum fundamento. A nossão avaliação é de que esse ofício deve ser arquivado, porque não conseguimos ver fundamento para prosseguir. Seria “tribunalizar” o ambiente escolar, o que não traria nenhum benefício — avalia ela.
CONSELHEIRO JÁ É INDICIADO POR RACISMO
Esse mesmo conselheiro tutelar está sendo indiciado por injúria racial. Abraão Fernandes Nogueira é acusado de ofender uma mulher negra de 25 anos. A fotógrafa Mariana Cristina Dias Martins registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar de Juiz de Fora alegando ter sido vítima de racismo. No documento, ela informa que, na última segunda-feira, dia 16, durante uma discussão entre várias pessoas no Facebook, Nogueira enviou a ela mensagens privadas dizendo que ela tinha “cor de bosta”.
Ainda segundo o texto da ocorrência, o conselheiro disse a Mariana que “ela deveria se cuidar melhor, pois devia esconder um monte de coisas na cabeça, menos pente e shampoo”. O caso foi encaminhado para a Polícia Civil.
Após a enxurrada de comentários na internet sobre o vídeo com a drag queen Femmenino, a UFJF também se posicionou em sua página no Facebook:
“Prezados e prezadas, apreciamos a discussão de ideias. As manifestações a respeito do vídeo certamente serão objeto de discussão e análise pelos responsáveis. Mas comentários homofóbicos, que contenham palavrões, injúria ou firam a política de comentários da página serão excluídos. Temos cópia de todos eles para não haver dúvidas sobre o procedimento adotado, como a exclusão das manifestações ‘tem de fuzilar’, ‘poderia jogar gasolina no próprio corpo’. #VaiTerDragSim.”
A reportagem do GLOBO teve acesso à informação de que o reitor da universidade, Marcus David, faria uma reunião com os dois vereadores que pediram moções de repúdio em relação ao programa da instituição. Tentamos confirmar a informação com a universidade, mas, até a presente publicação, não tivemos retorno.
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Veículo: Pragmatismo Político
Editoria: Redação
Data: 19/10/2017
Link: https://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/10/video-falso-publicado-por-bolsonaro-odio.html
Título: Vídeo falso publicado por Bolsonaro gera onda de ódio contra escola e crianças
Um vídeo gravado dentro do Colégio de Aplicação João XXIII, ligado à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, foi alvo de uma enxurrada de comentários preconceituosos nas redes sociais. A gravação mostra um episódio de um programa mensal feito pela UFJF intitulado “Na hora do lanche”. No episódio em questão, exibido na página de Facebook da universidade na véspera do Dia das Crianças, o artista performático Nino de Barros foi à escola vestido como a drag queen Femmenino e entrevistou os alunos sobre o que eles querem ganhar de presente.
Um trecho de menos de 15 segundos do vídeo — que tem ao todo pouco mais de 4 minutos —, no qual a drag fala sobre não existir diferenciação entre brinquedos de menina e brinquedos de menino, viralizou na internet por meio de páginas como a do movimento “Escola sem partido” e a do deputado Jair Bolsonaro (PSC).
O deputado compartilhou esse trecho na última sexta-feira, 14, três dias após a publicação original do programa na íntegra. Na postagem de Bolsonaro, o vídeo aparece com os dizeres “Prestem atenção na canalhice que estão fazendo com nossas crianças“. Esse vídeo tem, até a hora em que esta reportagem foi ao ar, mais de 850 mil visualizações. O vídeo na página da UFJF tem 300 mil.
O programa “Na hora do lanche” já é exibido, mensalmente, há mais de dois anos, segundo informou o atual apresentador, Nino de Barros. Ele, que é bolsista do curso de artes e design da UFJF, assumiu o comando da atração em maio deste ano e conta que, na maioria das vezes, não o apresenta “montado” como drag queen. Isso aconteceu somente duas vezes: no primeiro episódio, ainda em maio, sobre o Dia de Combate à LGBTfobia, e agora em outubro, em comemoração ao Dia das Crianças.
— O que aconteceu desta vez foi que reeditaram o vídeo publicado na página da UFJF e descontextualizaram a minha fala, fazendo parecer que eu estava dizendo que não existe menina e menino. Na realidade, o que eu estava falando era que não deveria existir diferença entre brinquedos para menina e brinquedos para menino — afirma Nino, de 22 anos, intéprete da drag queen Femmenino, já conhecida na cidade.
Ele conta que, a cada dia, o número de comentários agressivo cresce em suas páginas em redes sociais.
— Eu pensei que, conforme os dias fossem passando, os ataques diminuiriam. Mas isso não está acontecendo. Todo dia acordo com um número maior de mensagens do que no dia anterior. Eu estou bem tranquilo porque sei que não estou errado, mas me assusta a quantidade de mensagens de ódio nas minhas páginas pessoais. Além de criticar o que eu falei, muitos chegam a inventar histórias… Já reportaram que a escola contratou uma “professora travesti” para dar aula às crianças, o que não tem um pingo de verdade — lamenta Nino.
Questionado se já havia sofrido ataques dessa natureza antes, por conta de seu trabalho com drag queen, o artista disse que, nessa proporção, a experiência negativa é inédita:
— Não é todo dia que o Jair Bolsonaro publica um vídeo meu. A repercussão, depois disso, extrapolou Juiz de Fora e ganhou um tamanho que eu não imaginava — conta ele.
Na página Femmenino no Facebook, ele postou um vídeo no qual responde a alguns dos comentários que recebeu. O vídeo tem, até o momento, mais de 230 mil visualizações.
“Queremos acabar com a família? Sim, mas apenas com um tipo de família, é um formato muito específico de família patriarcal que mantem homens e mulheres presos em padrões do passado“, diz o artista.
Cruzada movida por vereadores
Dois vereadores da cidade entraram com pedidos de moções de repúdio ao programa com a drag queen. André Mariano (PSC), que é do mesmo partido de Bolsonaro, e José Fiorilo (PTC) tentaram aprovar as moções na Câmara Municipal de Juiz de Fora em uma audiência realizada na última terça-feira, dia 17. No entanto, após a pressão de moradores da cidade, que protestaram dentro da Câmara na hora da votação, os dois vereadores retiraram as moções.
— O vereador André Mariano fez questão dizer que retiraram apenas provisoriamente. Então, estamos em cima para acompanhar o desenrolar dessa história e ver se esse pedido de repúdio volta à Câmara — afirmou Matheus Brum, ex-aluno da UFJF que organizou a manifestação contra a iniciativa dos vereadores.
Brum conta que cerca de 300 pessoas participaram do protesto e que, antes mesmo da votação desta terça, os vereadores haviam tentado aprovar as moções na noite de segunda-feira.
— Tentaram aprovar “na calada” — diz o jovem. — Mas outro vereador conseguiu adiar, e, em menos de 24 horas organizamos uma manifestação, porque a comunidade LGBTTI [sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Intersexos] de Juiz de Fora é muito unida e consciente de seus direitos.
André Mariano é o mesmo vereador que levou o projeto “Escola sem partido” para a cidade e é autor da lei que instituiu 31 de outubro como Dia Municipal da Proclamação do Evangelho.
— Ele é um velho conhecido nosso, que traz à Câmara pautas que, para nós, não fazem nenhum sentido — destaca Brum.
Conselheiro tutelar aciona MPF
A grande repercussão do vídeo também fez o conselheiro tutelar da cidade Abraão Fernandes Nogueira enviar um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) que pede a apuração da conduta da escola e da drag queen. No documento, Nogueira considera que o artista desrespeitou a legislação municipal e nacional que determina as normas de proteção aos direitos de crianças e adolescentes.
“Em determinado momento, a drag deixa transparecer a questão da ideologia de gênero, ao dizer que não existe questão de brinquedo de menino e de menina. E ao dizer ‘Toma família brasileira’ se torna um desrespeito, porque todas aquelas crianças são parte de uma família. A gente não está sendo homofóbico, nem discutindo diferentes formas de famílias. O artigo 22 do ECA destacou o direito de guarda dos pais e o Estado não pode ir na contramão do direito fundamental do pai e da mãe sobre como educar o filho“, escreveu o conselheiro, no ofício.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se posicionou a favor da universidade, afirmando, em nota publicada na última segunda-feira, que declara “apoio ao material produzido pela UFJF” e que “fomentar a reflexão sobre gênero nas escolas é contribuir para a desconstrução da cultura do machismo, para o combate à LGBTfobia e para o reconhecimento da diversidade e e respeito aos direitos humanos“.
‘Não houve desrespeito’, diz advogada
Integrante da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB-JF, Joana de Souza Machado explica que a instituição decidiu se manifestar publicamente porque vê com bons olhos a iniciativa da escola e da UFJF de discutir questões de gênero com crianças, considerando, assim, sem fundamento o pedido do conselheiro tutelar para que seja movida uma ação.
— Quando a gente vê esse vídeo, a primeira percepção é de que a escola teve uma iniciativa junto à universidade de abordar a identidade de gênero com as crianças, com conteúdo apropriado e que não desrespeitou as crianças em nenhum momento — afirma Joana. — A gente sentiu a neccesidade de se posicionar porque o vídeo não traz nenhum desrespeito. Questiona apenas, de forma muito clara, a imposição sobre meninas e meninos em relação aos brinquedos que devem escolher e a todas as escolhas que devem fazer na vida. Essa imposição de que meninas são mais apropriadas para escolher certas coisas e meninos, outras, muitas vezes limitam as pessoas. É um questionamento que a gente considera válido e está em acordo com a Constituição.
Joana também critica o termo usado pelo conselheiro em seu ofício ao MPF, no qual escreve “ideologia de gênero”. De acordo com a advogada, esse conceito não existe.
— É muito preocupante quando um conselheiro tutelar, que deveria cuidar de crianças e adolescentes, se vale de uma expressão completamente equivocada como “ideologia de gênero”. Esse conceito não existe, porque gênero não se constrói ideologicamente. Só existe no meio eleitoral, para políticos promoverem ódio — considera Joana. — [Ele] é alguém que traz esse preconceito para o cargo que ocupa. Isso é perturbador.
Para a advogada, as chances de o MPF aceitar o pedido do conselheiro e de fato mover uma ação são pequenas.
— Todo cidadão, independentemente do cargo, pode pedir uma ação ao MPF. Mas o órgão vai analisar se o pedido traz algum fundamento. A nossa avaliação é de que esse ofício deve ser arquivado, porque não conseguimos ver fundamento para prosseguir. Seria “tribunalizar” o ambiente escolar, o que não traria nenhum benefício — avalia ela.
Conselheiro já é indiciado por racismo
Esse mesmo conselheiro tutelar está sendo indiciado por injúria racial. Abraão Fernandes Nogueira é acusado de ofender uma mulher negra de 25 anos. A fotógrafa Mariana Cristina Dias Martins registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar de Juiz de Fora alegando ter sido vítima de racismo. No documento, ela informa que, na última segunda-feira, dia 16, durante uma discussão entre várias pessoas no Facebook, Nogueira enviou a ela mensagens privadas dizendo que ela tinha “cor de bosta”.
Ainda segundo o texto da ocorrência, o conselheiro disse a Mariana que “ela deveria se cuidar melhor, pois devia esconder um monte de coisas na cabeça, menos pente e shampoo“. O caso foi encaminhado para a Polícia Civil.
Após a enxurrada de comentários na internet sobre o vídeo com a drag queen Femmenino, a UFJF também se posicionou em sua página no Facebook:
“Prezados e prezadas, apreciamos a discussão de ideias. As manifestações a respeito do vídeo certamente serão objeto de discussão e análise pelos responsáveis. Mas comentários homofóbicos, que contenham palavrões, injúria ou firam a política de comentários da página serão excluídos. Temos cópia de todos eles para não haver dúvidas sobre o procedimento adotado, como a exclusão das manifestações ‘tem de fuzilar’, ‘poderia jogar gasolina no próprio corpo’. #VaiTerDragSim.”
— —
Veículo: OGlobo
Editoria: Sociedade
Data: 19/10/2017
Título: Vídeo com ‘drag’ discutindo gênero em escola desperta ira de políticos
RIO — Um vídeo gravado dentro do Colégio de Aplicação João XXIII, ligado à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, foi alvo de uma enxurrada de comentários preconceituosos nas redes sociais. A gravação mostra um episódio de um programa mensal feito pela UFJF intitulado “Na hora do lanche”. No episódio em questão, exibido na página de Facebook da universidade na véspera do Dia das Crianças, o artista performático Nino de Barros foi à escola vestido como a drag queen Femmenino e entrevistou os alunos sobre o que eles querem ganhar de presente.
Um trecho de menos de 15 segundos do vídeo — que tem ao todo pouco mais de 4 minutos —, no qual a drag fala sobre não existir diferenciação entre brinquedos de menina e brinquedos de menino, viralizou na internet por meio de páginas como a do movimento “Escola sem partido” e a do deputado Jair Bolsonaro (PSC).
O deputado compartilhou esse trecho na última sexta-feira, 14, três dias após a publicação original do programa na íntegra. Na postagem de Bolsonaro, o vídeo aparece com os dizeres “Prestem atenção na canalhice que estão fazendo com nossas crianças”. Esse vídeo tem, até a hora em que esta reportagem foi ao ar, mais de 850 mil visualizações. O vídeo na página da UFJF tem 300 mil.
O programa “Na hora do lanche” já é exibido, mensalmente, há mais de dois anos, segundo informou o atual apresentador, Nino de Barros. Ele, que é bolsista do curso de artes e design da UFJF, assumiu o comando da atração em maio deste ano e conta que, na maioria das vezes, não o apresenta “montado” como drag queen. Isso aconteceu somente duas vezes: no primeiro episódio, ainda em maio, sobre o Dia de Combate à LGBTfobia, e agora em outubro, em comemoração ao Dia das Crianças.
— O que aconteceu desta vez foi que reeditaram o vídeo publicado na página da UFJF e descontextualizaram a minha fala, fazendo parecer que eu estava dizendo que não existe menina e menino. Na realidade, o que eu estava falando era que não deveria existir diferença entre brinquedos para menina e brinquedos para menino — afirma Nino, de 22 anos, intéprete da drag queen Femmenino, já conhecida na cidade.
Ele conta que, a cada dia, o número de comentários agressivo cresce em suas páginas em redes sociais.
— Eu pensei que, conforme os dias fossem passando, os ataques diminuiriam. Mas isso não está acontecendo. Todo dia acordo com um número maior de mensagens do que no dia anterior. Eu estou bem tranquilo porque sei que não estou errado, mas me assusta a quantidade de mensagens de ódio nas minhas páginas pessoais. Além de criticar o que eu falei, muitos chegam a inventar histórias… Já reportaram que a escola contratou uma “professora travesti” para dar aula às crianças, o que não tem um pingo de verdade — lamenta Nino.
Questionado se já havia sofrido ataques dessa natureza antes, por conta de seu trabalho com drag queen, o artista disse que, nessa proporção, a experiência negativa é inédita:
— Não é todo dia que o Jair Bolsonaro publica um vídeo meu. A repercussão, depois disso, extrapolou Juiz de Fora e ganhou um tamanho que eu não imaginava — conta ele.
Na página Femmenino no Facebook, ele postou um vídeo no qual responde a alguns dos comentários que recebeu. O vídeo tem, até o momento, mais de 230 mil visualizações.
“Queremos acabar com a família? Sim, mas apenas com um tipo de família, é um formato muito específico de família patriarcal que mantem homens e mulheres presos em padrões do passado”, diz o artista.
CRUZADA MOVIDA POR VEREADORES
Dois vereadores da cidade entraram com pedidos de moções de repúdio ao programa com a drag queen. André Mariano (PSC), que é do mesmo partido de Bolsonaro, e José Fiorilo (PTC) tentaram aprovar as moções na Câmara Municipal de Juiz de Fora em uma audiência realizada na última terça-feira, dia 17. No entanto, após a pressão de moradores da cidade, que protestaram dentro da Câmara na hora da votação, os dois vereadores retiraram as moções.
— O vereador André Mariano fez questão dizer que retiraram apenas provisoriamente. Então, estamos em cima para acompanhar o desenrolar dessa história e ver se esse pedido de repúdio volta à Câmara — afirmou Matheus Brum, ex-aluno da UFJF que organizou a manifestação contra a iniciativa dos vereadores.
Brum conta que cerca de 300 pessoas participaram do protesto e que, antes mesmo da votação desta terça, os vereadores haviam tentado aprovar as moções na noite de segunda-feira.
— Tentaram aprovar “na calada” — diz o jovem. — Mas outro vereador conseguiu adiar, e, em menos de 24 horas organizamos uma manifestação, porque a comunidade LGBTTI [sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Intersexos] de Juiz de Fora é muito unida e consciente de seus direitos.
André Mariano é o mesmo vereador que levou o projeto “Escola sem partido” para a cidade e é autor da lei que instituiu 31 de outubro como Dia Municipal da Proclamação do Evangelho.
— Ele é um velho conhecido nosso, que traz à Câmara pautas que, para nós, não fazem nenhum sentido — destaca Brum.
CONSELHEIRO TUTELAR ACIONA MPF
A grande repercussão do vídeo também fez o conselheiro tutelar da cidade Abraão Fernandes Nogueira enviar um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) que pede a apuração da conduta da escola e da drag queen. No documento, Nogueira considera que o artista desrespeitou a legislação municipal e nacional que determina as normas de proteção aos direitos de crianças e adolescentes.
“Em determinado momento, a drag deixa transparecer a questão da ideologia de gênero, ao dizer que não existe questão de brinquedo de menino e de menina. E ao dizer ‘Toma família brasileira’ se torna um desrespeito, porque todas aquelas crianças são parte de uma família. A gente não está sendo homofóbico, nem discutindo diferentes formas de famílias. O artigo 22 do ECA destacou o direito de guarda dos pais e o Estado não pode ir na contramão do direito fundamental do pai e da mãe sobre como educar o filho”, escreveu o conselheiro, no ofício.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se posicionou a favor da universidade, afirmando, em nota publicada na última segunda-feira, que declara “apoio ao material produzido pela UFJF” e que “fomentar a reflexão sobre gênero nas escolas é contribuir para a descontrução da cultura do machismo, para o combate à LGBTfobia e para o reconhecimento da diversidade e e respeito aos direitos humanos”.
‘NÃO HOUVE DESRESPEITO’, DIZ ADVOGADA
Integrante da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB-JF, Joana de Souza Machado explica que a instituição decidiu se manifestar publicamente porque vê com bons olhos a iniciativa da escola e da UFJF de discutir questões de gênero com crianças, considerando, assim, sem fundamento o pedido do conselheiro tutelar para que seja movida uma ação.
— Quando a gente vê esse vídeo, a primeira percepção é de que a escola teve uma iniciativa junto à universidade de abordar a identidade de gênero com as crianças, com conteúdo apropriado e que não desrespeitou as crianças em nenhum momento — afirma Joana. — A gente sentiu a neccesidade de se posicionar porque o vídeo não traz nenhum desrespeito. Questiona apenas, de forma muito clara, a imposição sobre meninas e meninos em relação aos brinquedos que devem escolher e a todas as escolhas que devem fazer na vida. Essa imposição de que meninas são mais apropriadas para escolher certas coisas e meninos, outras, muitas vezes limitam as pessoas. É um questionamento que a gente considera válido e está em acordo com a Constituição.
Joana também critica o termo usado pelo conselheiro em seu ofício ao MPF, no qual escreve “ideologia de gênero”. De acordo com a advogada, esse conceito não existe.
— É muito preocupante quando um conselheiro tutelar, que deveria cuidar de crianças e adolescentes, se vale de uma expressão completamente equivocada como “ideologia de gênero”. Esse conceito não existe, porque gênero não se constrói ideologicamente. Só existe no meio eleitoral, para políticos promoverem ódio — considera Joana. — [Ele] é alguém que traz esse preconceito para o cargo que ocupa. Isso é perturbador.
Para a advogada, as chances de o MPF aceitar o pedido do conselheiro e de fato mover uma ação são pequenas.
— Todo cidadão, independemente do cargo, pode pedir uma ação ao MPF. Mas o órgão vai analisar se o pedido traz algum fundamento. A nossão avaliação é de que esse ofício deve ser arquivado, porque não conseguimos ver fundamento para prosseguir. Seria “tribunalizar” o ambiente escolar, o que não traria nenhum benefício — avalia ela.
CONSELHEIRO JÁ É INDICIADO POR RACISMO
Esse mesmo conselheiro tutelar está sendo indiciado por injúria racial. Abraão Fernandes Nogueira é acusado de ofender uma mulher negra de 25 anos. A fotógrafa Mariana Cristina Dias Martins registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar de Juiz de Fora alegando ter sido vítima de racismo. No documento, ela informa que, na última segunda-feira, dia 16, durante uma discussão entre várias pessoas no Facebook, Nogueira enviou a ela mensagens privadas dizendo que ela tinha “cor de bosta”.
Ainda segundo o texto da ocorrência, o conselheiro disse a Mariana que “ela deveria se cuidar melhor, pois devia esconder um monte de coisas na cabeça, menos pente e shampoo”. O caso foi encaminhado para a Polícia Civil.
Após a enxurrada de comentários na internet sobre o vídeo com a drag queen Femmenino, a UFJF também se posicionou em sua página no Facebook:
“Prezados e prezadas, apreciamos a discussão de ideias. As manifestações a respeito do vídeo certamente serão objeto de discussão e análise pelos responsáveis. Mas comentários homofóbicos, que contenham palavrões, injúria ou firam a política de comentários da página serão excluídos. Temos cópia de todos eles para não haver dúvidas sobre o procedimento adotado, como a exclusão das manifestações ‘tem de fuzilar’, ‘poderia jogar gasolina no próprio corpo’. #VaiTerDragSim.”
A reportagem do GLOBO teve acesso à informação de que o reitor da universidade, Marcus David, faria uma reunião com os dois vereadores que pediram moções de repúdio em relação ao programa da instituição. Tentamos confirmar a informação com a universidade, mas, até a presente publicação, não tivemos retorno.
— —
Veículo: Gazeta Online
Editoria: Brasil
Data: 19/10/2017
Título: Vídeo com ‘drag’ discutindo gênero em escola desperta ira de políticos
Um vídeo gravado dentro do Colégio de Aplicação João XXIII, ligado à Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, foi alvo de uma enxurrada de comentários preconceituosos nas redes sociais. A gravação mostra um episódio de um programa mensal feito pela UFJF intitulado “Na hora do lanche”. No episódio em questão, exibido na página de Facebook da universidade na véspera do Dia das Crianças, o artista performático Nino de Barros foi à escola vestido como a drag queen Femmenino e entrevista os alunos sobre o que eles querem ganhar de presente.
Um trecho de menos de 15 segundos do vídeo — que tem ao todo pouco mais de 4 minutos —, no qual a drag fala sobre não existir diferenciação entre brinquedos de menina e brinquedos de menino, viralizou na internet por meio de páginas como a do movimento “Escola sem partido” e a do deputado Jair Bolsonaro (PSC).
O deputado compartilhou esse trecho na última sexta-feira, 14, três dias após a publicação original do programa na íntegra. Na postagem de Bolsonaro, o vídeo aparece com os dizeres “Prestem atenção na canalhice que estão fazendo com nossas crianças”. Esse vídeo tem, até a hora em que esta reportagem foi ao ar, mais de 850 mil visualizações. O vídeo na página da UFJF tem 300 mil.
O programa “Na hora do lanche” já é exibido, mensalmente, há mais de dois anos, segundo informou o atual apresentador, Nino de Barros. Ele, que é bolsista do curso de artes e design da UFJF, assumiu o comando da atração em maio deste ano e conta que, na maioria das vezes, não o apresenta “montado” como drag queen. Isso aconteceu somente duas vezes: no primeiro episódio, ainda em maio, sobre o Dia de Combate à LGBTfobia, e agora em outubro, em comemoração ao Dia das Crianças.
“O que aconteceu desta vez foi que reeditaram o vídeo publicado na página da UFJF e descontextualizaram a minha fala, fazendo parecer que eu estava dizendo que não existe menina e menino. Na realidade, o que eu estava falando era que não deveria existir diferença entre brinquedos para menina e brinquedos para menino”, afirma Nino, de 22 anos, intéprete da drag queen Femmenino, já conhecida na cidade.
Ele conta que, a cada dia, o número de comentários agressivo cresce em suas páginas em redes sociais.
“Eu pensei que, conforme os dias fossem passando, os ataques diminuiriam. Mas isso não está acontecendo. Todo dia acordo com um número maior de mensagens do que no dia anterior. Eu estou bem tranquilo porque sei que não estou errado, mas me assusta a quantidade de mensagens de ódio nas minhas páginas pessoais. Além de criticar o que eu falei, muitos chegam a inventar histórias… Já reportaram que a escola contratou uma “professora travesti” para dar aula às crianças, o que não tem um pingo de verdade”, lamenta Nino.
Questionado se já havia sofrido ataques dessa natureza antes, por conta de seu trabalho com drag queen, o artista disse que, nessa proporção, a experiência negativa é inédita:
“Não é todo dia que o Jair Bolsonaro publica um vídeo meu. A repercussão, depois disso, extrapolou Juiz de Fora e ganhou um tamanho que eu não imaginava”, conta ele.
Na página Femmenino no Facebook, ele postou um vídeo no qual responde a alguns dos comentários que recebeu. O vídeo tem, até o momento, mais de 230 mil visualizações.
“Queremos acabar com a família? Sim, mas apenas com um tipo de família, é um formato muito específico de família patriarcal que mantem homens e mulheres presos em padrões do passado”, diz o artista.
CRUZADA MOVIDA POR VEREADORES
Dois vereadores da cidade entraram com pedidos de moções de repúdio ao programa com a drag queen. André Mariano (PSC), que é do mesmo partido de Bolsonaro, e José Fiorilo (PTC) tentaram aprovar as moções na Câmara Municipal de Juiz de Fora em uma audiência realizada na última terça-feira, dia 17. No entanto, após a pressão de moradores da cidade, que protestaram dentro da Câmara na hora da votação, os dois vereadores retiraram as moções.
“O vereador André Mariano fez questão dizer que retiraram apenas provisoriamente. Então, estamos em cima para acompanhar o desenrolar dessa história e ver se esse pedido de repúdio volta à Câmara”, afirmou Matheus Brum, ex-aluno da UFJF que organizou a manifestação contra a iniciativa dos vereadores.
Brum conta que cerca de 300 pessoas participaram do protesto e que, antes mesmo da votação desta terça, os vereadores haviam tentado aprovar as moções na noite de segunda-feira.
“Tentaram aprovar “na calada””, diz o jovem. — Mas outro vereador conseguiu adiar, e, em menos de 24 horas organizamos uma manifestação, porque a comunidade LGBTTI [sigla para Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Intersexos] de Juiz de Fora é muito unida e consciente de seus direitos.
André Mariano é o mesmo vereador que levou o projeto “Escola sem partido” para a cidade e é autor da lei que instituiu 31 de outubro como Dia Municipal da Proclamação do Evangelho.
“Ele é um velho conhecido nosso, que trás à Câmara pautas que, para nós, não fazem nenhum sentido”, destaca Brum.
CONSELHEIRO TUTELAR ACIONA MPF
A grande repercussão do vídeo também fez o conselheiro tutelar da cidade Abraão Fernandes Nogueira enviar um ofício ao Ministério Público Federal (MPF) que pede a apuração da conduta da escola e da drag queen. No documento, Nogueira considera que o artista desrespeitou a legislação municipal e nacional que determina as normas de proteção aos direitos de crianças e adolescentes.
“Em determinado momento, a drag deixa transparecer a questão da ideologia de gênero, ao dizer que não existe questão de brinquedo de menino e de menina. E ao dizer ‘Toma família brasileira’ se torna um desrespeito, porque todas aquelas crianças são parte de uma família. A gente não está sendo homofóbico, nem discutindo diferentes formas de famílias. O artigo 22 do ECA destacou o direito de guarda dos pais e o Estado não pode ir na contramão do direito fundamental do pai e da mãe sobre como educar o filho”, escreveu o conselheiro, no ofício.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se posicionou a favor da universidade, afirmando, em nota publicada na última segunda-feira, que declara “apoio ao material produzido pela UFJF” e que “fomentar a reflexão sobre gênero nas escolas é contribuir para a descontrução da cultura do machismo, para o combate à LGBTfobia e para o reconhecimento da diversidade e e respeito aos direitos humanos”.
‘NÃO HOUVE DESRESPEITO’, DIZ ADVOGADA
Integrante da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB-JF, Joana de Souza Machado explica que a instituição decidiu se manifestar publicamente porque vê com bons olhos a iniciativa da escola e da UFJF de discutir questões de gênero com crianças, considerando, assim, sem fundamento o pedido do conselheiro tutelar para que seja movida uma ação.
“Quando a gente vê esse vídeo, a primeira percepção é de que a escola teve uma iniciativa junto à universidade de abordar a identidade de gênero com as crianças, com conteúdo apropriado e que não desrespeitou as crianças em nenhum momento”, afirma Joana. — A gente sentiu a neccesidade de se posicionar porque o vídeo não traz nenhum desrespeito. Questiona apenas, de forma muito clara, a imposição sobre meninas e meninos em relação aos brinquedos que devem escolher e a todas as escolhas que devem fazer na vida. Essa imposição de que meninas são mais apropriadas para escolher certas coisas e meninos, outras, muitas vezes limitam as pessoas. É um questionamento que a gente considera válido e está em acordo com a Constituição.
Joana também critica o termo usado pelo conselheiro em seu ofício ao MPF, no qual escreve “ideologia de gênero”. De acordo com a advogada, esse conceito não existe.
“É muito preocupante quando um conselheiro tutelar, que deveria cuidar de crianças e adolescentes, se vale de uma expressão completamente equivocada como “ideologia de gênero”. Esse conceito não existe, porque gênero não se constrói ideologicamente. Só existe no meio eleitoral, para políticos promoverem ódio”, considera Joana. — [Ele] é alguém que traz esse preconceito para o cargo que ocupa. Isso é perturbador.
Para a advogada, as chances de o MPF aceitar o pedido do conselheiro e de fato mover uma ação são pequenas.
“Todo cidadão, independemente do cargo, pode pedir uma ação ao MPF. Mas o órgão vai analisar se o pedido traz algum fundamento. A nossão avaliação é de que esse ofício deve ser arquivado, porque não conseguimos ver fundamento para prosseguir. Seria “tribunalizar” o ambiente escolar, o que não traria nenhum benefício”, avalia ela.
CONSELHEIRO JÁ É INDICIADO POR RACISMO
Esse mesmo conselheiro tutelar está sendo indiciado por injúria racial. Abraão Fernandes Nogueira é acusado de ofender uma mulher negra de 25 anos. A fotógrafa Mariana Cristina Dias Martins registrou boletim de ocorrência na Polícia Militar de Juiz de Fora alegando ter sido vítima de racismo. No documento, ela informa que, na última segunda-feira, dia 16, durante uma discussão entre várias pessoas no Facebook, Nogueira enviou a ela mensagens privadas dizendo que ela tinha “cor de bosta”.
Ainda segundo o texto da ocorrência, o conselheiro disse a Mariana que “ela deveria se cuidar melhor, pois devia esconder um monte de coisas na cabeça, menos pente e shampoo”. O caso foi encaminhado para a Polícia Civil.
Após a enxurrada de comentários na internet sobre o vídeo com a drag queen Femmenino, a UFJF também se posicionou em sua página no Facebook:
“Prezados e prezadas, apreciamos a discussão de ideias. As manifestações a respeito do vídeo certamente serão objeto de discussão e análise pelos responsáveis. Mas comentários homofóbicos, que contenham palavrões, injúria ou firam a política de comentários da página serão excluídos. Temos cópia de todos eles para não haver dúvidas sobre o procedimento adotado, como a exclusão das manifestações ‘tem de fuzilar’, ‘poderia jogar gasolina no próprio corpo’. #VaiTerDragSim.”
A reportagem do GLOBO teve acesso à informação de que o reitor da universidade, Marcus David, faria uma reunião com os dois vereadores que pediram moções de repúdio em relação ao programa da instituição. Tentamos confirmar a informação com a universidade, mas, até a presente publicação, não tivemos retorno.
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata – MG
Data: 19/10/2017
Título: Conselho pede afastamento de conselheiro tutelar investigado por injúria racial em MG
O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente encaminhou à Prefeitura de Juiz de Fora o pedido de afastamento de Abraão Fernandes das funções de conselheiro tutelar. Ele é investigado em um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) desde 2016, após denúncias, e também é alvo de um inquérito na Polícia Civil aberto após uma universitária negra denunciá-lo por injúria racial.
O Conselho vai se reunir na próxima segunda-feira (23) para discutir as denúncias. Desde agosto, o órgão recebeu relatos de várias irregularidades que podem ter sido cometidas por ele. A Prefeitura disse que os documentos contra o conselheiro são avaliados por uma comissão e que ele pode sofrer penalidades, que vão desde advertência até demissão. A advogada de Abraão Fernandes, Rosimeire Paiva, preferiu não se pronunciar.
Na segunda-feira (16), o conselheiro tutelar protocolou no Ministério Público Federal (MPF) um pedido de providência sobre um vídeo de um quadro da Diretoria de Imagem Institucional da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) em que uma drag queen visita o Colégio de Aplicação João XXIII em uma ação em comemoração ao Dia das Crianças.
Segundo a denúncia, no vídeo há desrespeito ao Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e ao Plano Municipal de Educação, que foi sancionado em março pelo prefeito Bruno Siqueira (PMDB).
Comportamento questionado
Abrãao Fernandes é conselheiro em Juiz de Fora desde janeiro de 2016. Em dezembro do mesmo ano, segundo informações repassadas pela Prefeitura, já existia um Processo Administrativo Disciplinar aberto contra ele para apurar possíveis descumprimentos de deveres funcionais, caso que ainda está em investigação.
De acordo com o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carlos Henrieque Rodrigues, desde o início de 2017, o órgão também já recebeu várias denúncias contra o conselheiro. Todas tiveram ofícios protocolados.
A conversa do conselheiro tutelar com uma jovem de 25 anos pelas redes sociais virou caso de polícia na segunda-feira (16). A estudante fez o Registro de Evento de Defesa Social (Reds) por injúria e o caso foi encaminhado para a 1ª delegacia de Polícia Civil de Juiz de Fora, no Bairro São Mateus. De acordo com a assessoria, a estudante foi ouvida e o delegado responsável pela apuração, Luciano Vidal, só irá se pronunciar quando concluir o caso.
Também nesta semana, imagens de comentários inapropriados do conselheiro foram expostos em redes sociais. Entre os materiais, estão áudios atribuídos a Nogueira em que ele conversa com um rapaz e compartilha mensagens racistas e machistas ao falar de uma mulher.
Representantes de 20 cursos da UFJF, do Diretório Central dos Estudantes (DCE), coletivos e movimentos sociais também assinaram um documento de repúdio ao conselheiro, escrita pelo Diretório Acadêmico de Serviço Social. O documentos será protocolado nesta quinta-feira (19) no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e também no Ministério Público.
Polêmica envolvendo vídeo da UFJF
O quadro “Hora do Lanche” da Diretoria de Imagem Institucional da UFJF se tornou alvo de um pedido de providência do conselheiro tutelar Abraão Fernandes, protocoloado na segunda-feira (16) no MPF, em Juiz de Fora. O vídeo foi disponibilizado pela universidade no dia 11 de outubro, em comemoração ao Dia das Crianças.
A argumentação é que o trecho de cerca de 20 segundos onde há uma fala da drag queen Femmenino, apresentadora do vídeo, durante visita ao Colégio de Aplicação João XXIII desrespeita o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) e o Plano Municipal de Educação.
No sábado (14), um trecho editado do vídeo foi compartilhado no perfil do deputado Jair Bolsonaro (PSC), que chamou o ato de “canalhice” e colocou holofotes na discussão.
Na terça-feira (17), o assunto foi discutido na Câmara Municipal. Os vereadores José Fiorilo (PTC) e André Mariano (PSC) apresentaram pedidos de moção de repúdio ao Colégio de Aplicação João XXIII, mas retiraram as emendas depois que o plenário foi ocupado por manifestantes apoiadores da escola, UFJF e do artista Femmenino, que conduz o vídeo institucional.
Nesta quarta-feira (18), o reitor UFJF, Marcus Vinicius David, recebeu o presidente da Câmara Municipal, Rodrigo Mattos (PSDB). A reunião foi pedida pelo vereador, para solicitar a indicação de um grupo de profissionais da universidade e do Colégio João XXIII para conversar com os 19 parlamentares sobre as políticas educacionais da escola e da UFJF.
O reitor se comprometeu a discutir internamente com a comunidade acadêmica a possibilidade de disponibilizar profissionais para uma visita à Câmara.
Desde que a polêmica começou, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Juiz de Fora, Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Participação Social e Cidadania de Minas Gerais manifestaram apoio à Universidade, escola e artista.
‘Tiraram a frase de contexto’, diz drag queen
O artista e estudante universitário Nino de Barros, que vive a drag queen Femmenino, disse que ficou triste e assustado com os comentários que recebeu nos últimos dias. Ele explicou que a gravação foi feita neste mês e que, durante a permanência dele na escola, não houve nenhum problema com as crianças e adolescentes.
“As crianças amaram, nenhuma reagiu mal à minha presença lá. Elas sabiam que era um homem vestido de mulher e entenderam a proposta. Gravamos uma semana antes da publicação. O material feito passa por edição e por aprovação, por isso que eu estranhei as pessoas acharem que era algo perigoso. Foi um material feito com o respaldo da UFJF. É uma denúncia descabida”, afirmou.
Nino é bolsista da universidade e o programa “Na hora do lanche” existe desde gestões anteriores. Ele assumiu a apresentação este ano. “A intenção era renovar o programa, assumi o formato e a apresentação. A gente está nele desde maio, é mensal. A visita ao João XXIII já foi só um episódio e já teve outros comigo montada”, comentou.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 19/10/2017
Título: Comitê de Cidadania realiza seminário sobre políticas públicas
O Comitê de Cidadania de Juiz de Fora realiza o 1º Seminário sobre Políticas Públicas, que visa a debater o tema e sobre cidadania no âmbito municipal, nesta quinta-feira (19), no salão do Colégio Jesuítas, a partir das 18h30. O Seminário é gratuito, aberto ao público e dispensa inscrição prévia. A programação conta com duas palestras, ambas ministradas por professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
O professor Felipe Maia Guimarães, doutor em sociologia pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e docente do departamento de Ciências Sociais da UFJF discute o tema “A história e o desenvolvimento dos direitos do cidadão”. Já o professor Eduardo Antônio Salomão Condé, doutor em economia aplicada pela Unicamp, docente do departamento de Ciências Sociais e pesquisador associado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia/Políticas Públicas e Desenvolvimento (INCT PPED), ministra palestra com o tema “Os meios atuais que asseguram os direitos da participação popular na elaboração de políticas públicas”.
O Comitê de Cidadania de Juiz de Fora é um grupo formado pela sociedade civil que acompanha a atuação dos vereadores do município, participando das reuniões ordinárias e audiências públicas na Câmara Municipal. O Comitê divulga o seu trabalho por meio das redes sociais e do informativo semestral gratuito.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Coluna Cesar Romero
Data: 19/10/2017
Link: http://tribunademinas.com.br/colunas/cesar-romero/19-10-2017/233922.html
Título: Voo livre
Ex-vice-prefeito, ex-professor da UFJF e consultor do Banco Mundial, o engenheiro José Natalino do Nascimento fez palestra ontem para o Grupo de Novos Amigos, liderado por Dirce Tostes.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 19/10/2017
Título: Entidade protocola pedido de afastamento de conselheiro
O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) enviou à Prefeitura pedido de afastamento temporário do conselheiro tutelar Abraão Fernandes, cuja conduta é alvo de procedimento administrativo disciplinar na Secretaria de Administração e Recursos Humanos (SARH). O presidente da entidade, Carlos Henrique Rodrigues, deseja que a administração municipal se posicione sobre a permanência do conselheiro no cargo, depois que denúncias de injúria racial e ofensas nas redes sociais – cuja autoria é atribuída a ele -, vieram à tona. Um dos casos de injúria racial, que teve uma formanda da UFJF como vítima, gerou abertura de inquérito na Polícia Civil esta semana. O promotor da Infância e Juventude, Carlos Ari Brasil, solicitou, na quarta-feira, o agendamento de uma reunião junto à Prefeitura, a fim de ser informado sobre o atual estágio do procedimento administrativo em andamento. O objetivo é ter elementos para tomada de futuras providências.
“O que chegou para mim desde o início sobre esse conselheiro eram questões que estavam no plano administrativo e que não não davam base para pedir a perda do mandato dele. Na ocasião, determinei instauração de procedimento provisório e solicitei ao próprio CMDCA que fizesse uma sindicância para apurar a conduta do representante do Conselho Tutelar, como diz a lei, pois a apuração das reclamações contra ele e a penalização por desvio de conduta competem aos órgãos municipais. Agora, no entanto, a situação assume outra feição. O Ministério Público não tinha ciência da profundidade das denúncias”, informou o promotor, que pretende acompanhar de perto o desdobramento do caso e definir os próximos passos.
O presidente do CMDCA espera que o pedido de afastamento temporário de Abraão seja apreciado com rapidez e diz que não só as mensagens trocadas pelo conselheiro nas redes sociais foram remetidas à Prefeitura, mas os áudios nos quais é atribuído a ele o xingamento de uma assistente social. A advogada constituída pelo conselheiro, Rosemeire da Conceição Araújo, afirmou que está tomando conhecimento do processo e não tem nada a declarar no momento.
O fato é que o episódio em questão traz à tona questões relacionadas à proteção da infância e adolescência na cidade. Segundo o presidente do CMDCA, Juiz de Fora tem hoje três conselhos tutelares e 15 conselheiros eleitos para o quadriênio de 2016 a 2020. O número, de acordo com ele, é deficitário. Por lei, é necessária a instalação de um conselho tutelar para cada cem mil habitantes. Portanto, o déficit da cidade seria de pelo menos mais dois conselhos e de dez conselheiros.
Presidente defende mudança no processo de escolha de conselheiros
O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Carlos Henrique Rodrigues, defende uma mudança no processo de escolha dos conselheiros tutelares, com novas exigências para a candidatura dos interessados. “O nível de exigência deveria ser maior. Quando o último processo de escolha foi elaborado, em 2015, pela mesa diretora do CMDCA, eu era suplente no conselho. Naquela época, já tínhamos um entendimento de que as exigências eram rasas, dada a importância da atuação dos conselheiros tutelares junto à comunidade. Estamos pensando em modificações para o próximo processo que incluem a exigência de graduação. Hoje é cobrado apenas o ensino médio”, explicou.
De acordo com o artigo 133 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os requisitos para a candidatura de Conselheiro Tutelar são reconhecida idoneidade moral, idade superior a 21 anos e residência comprovada no município de atuação. O ECA deixa aos municípios a responsabilidade de ampliar os critérios atendendo a realidade local. Cabe a cada município, verificando sua particular necessidade, estabelecer, através de lei, outros requisitos específicos. No caso de Juiz de Fora, é exigido pelo menos três anos de experiência reconhecida na área de proteção, promoção, defesa e/ou garantia dos direitos da criança e do adolescente, realização de prova técnica e de entrevistas, além de estar no gozo dos direitos políticos e militares. O candidato ao cargo é eleito por voto direto.
Para o sociólogo Robson Sávio, mais do que atender aos pré-requisitos legais, é necessário que o candidato ao cargo seja vocacionado. “O cargo de conselheiro tutelar virou um cargo muito cobiçado politicamente, o que é contra a ideia do ECA de ser alguém da comunidade comprometido com os direitos da criança e do adolescente, capaz de zelar por esses direitos. A remuneração é outro atrativo. Por isso, os conselhos da criança devem receber suporte do município para criar condições efetivas e inibitórias de pessoas sem o perfil para o cargo”, aponta. O salário médio de um conselheiro no país varia de R$ 2.500 a R$ 4.900.
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Veículo: Catraca Livre
Editoria: Cidadanua
Data: 19/10/2017
Título: Drag queen em escola choca Jair Bolsonaro e outros moralistas
Um vídeo muito fofo e engraçado foi publicado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), no último dia 11, véspera do Dia das Crianças.
Em uma escola vinculada à UFJF, uma visitante especial brinca com as crianças e faz muito sucesso entre os pequenos estudantes. As conversas giram em torno de brinquedos, o lanche que levaram para a escola e até um pouco sobre preconceito e gênero. Foi o suficiente para deixar Jair Bolsonaro e outros moralistas chocados, tudo porque a visitante era uma drag queen.
Quem foi até o Colégio João XXIII foi o apresentador Nino de Barros, bolsista da universidade. Ele está à frente do programa “Na hora do lanche” desde maio e, na ocasião, foi a segunda vez que fez a atração montado de drag queen, como contou ao site O Globo, que noticiou o caso nesta quinta-feira, 19.
Dias depois do vídeo começar a viralizar, haters se manifestaram em comentários no Facebook e no Youtube
Falando em Bolsonaro, ele foi uma das pessoas que fez questão de se pronunciar após a publicação do vídeo, mostrando estar chocado com o que chamou de “canalhice”. No post do deputado, há um trecho editado do vídeo e fora de contexto
A página “Escola Sem Partido”, ao contrário do nome, tomou partido ao compartilhar uma notícia sobre o vídeo. “O desrespeito às famílias é a rotina das escolas em nosso país”, escreveram.
Segundo O Globo, deputados da cidade mineira entraram com pedidos de moções de repúdio contra o programa na Câmara Municipal. Eles não foram atendidos após moradores protestarem, diz o jornal.
A mesma reportagem afirma que o conselheiro tutelar do município, Abraão Fernandes Nogueira, enviou ofício para o Ministério Público Federal no qual afirma que “a drag deixa transparecer a questão da ideologia de gênero, ao dizer que não existe questão de brinquedo de menino e de menina. E ao dizer ‘Toma família brasileira’ se torna um desrespeito, porque todas aquelas crianças são parte de uma família”.
Ironicamente, Nogueira já foi indiciado por racismo, diz o texto.
Apoio e resposta
O artista Nino de Barros gravou um vídeo no qual mostra alguns dos comentários preconceituosos e ataques que vem recebendo nas redes sociais.
Na publicação, ele explica, de forma didática, o que foi o programa e o quis dizer com frases como “Toma, família brasileira”:
“Queremos acabar com a família? Sim, mas apenas com um tipo de família, é um formato muito específico de família patriarcal que mantem homens e mulheres presos em padrões do passado”.
“Nós queremos mostrar para as crianças que elas podem ser do jeito que elas quiserem, sem necessidade de continuar replicando as performances de gênero tão quadradas e sufocantes”, continua.
A Ordem dos Advogados do Brasil também não se calou. Em uma carta de apoio publicada no último dia 16, a entidade diz:
“Fomentar reflexão sobre gênero nas escolas é contribuir para a desconstrução da cultura do machismo, que produz das mais diversas violências contra as mulheres, desde a mais tenra idade; para o combate à LGBTfobia, que mata diariamente seres humanos no Brasil; é contribuir para o reconhecimento da diversidade e respeito aos direitos humanos.
(…)
A Universidade Federal de Juiz de Fora e o Colégio de Aplicação João XXIII fizeram uma escolha pouco comum nesse último dia das crianças: ao invés de reforçar estereótipos que causam sofrimento, optaram por comemorar essa data apostando em respeito, liberdade e cidadania. Que sejam tomadas as devidas providências: que escolhas como essa se multipliquem.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 20/10/2017
Título: UFJF lança game para divulgar suas pesquisas
Com a proposta de aproximar os jovens dos trabalhos desenvolvidos por seus pesquisadores, a UFJF vai lançar no dia 25 de outubro o game Eis a Questão. Em forma de aplicativo, a plataforma servirá como um espaço de interação entre a universidade e seus pesquisadores com um público que, normalmente, não conhece os estudos feitos no campus. A ideia é mostrar que as pesquisas realizadas na instituição impactam diretamente na qualidade de vida da população, afirma a coordenadora de Divulgação Científica da Imagem Institucional, Bárbara Duque.
Para ela, esta é a melhor forma de aproximar a iniciação científica com o público jovem. “A produção científica cresceu muito dentro da UFJF e, muitas vezes, o que era produzido era pouco divulgado. Por isso criamos a revista científica A3, voltada especificamente para este público. No entanto, com o tempo, percebemos que a revista não atingia o público jovem. Sendo assim, desenvolvemos, através de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), um meio com uma linguagem mais adequada para mostrar os avanços científicos e aproximar esse público da instituição. Queremos mostrar que a ciência é mais encantadora do que eles imaginam”, destaca Bárbara.
Através do aplicativo, o estudante poderá participar de um desafio utilizando um avatar. Durante o jogo, o participante poderá mostrar com qual área de conhecimento têm mais afinidade, funcionando como uma espécie de teste vocacional. O Eis a Questão é um game em formato de quiz que poderá ser jogado tanto no computador, quanto em tablets e smartphones. Aos jogadores serão apresentadas perguntas relacionadas às pesquisas realizadas na UFJF e três opções de resposta. Além disso, a ciência e a tecnologia serão apresentadas em formato de curiosidades. Os jogadores também terão acesso às suas posições nos rankings, por escola e geral.
Jornada Científica
O lançamento do game irá ocorrer dentro da 6ª Jornada de Divulgação Científica, que este ano tem como tema: “A matemática está em tudo”. O evento acontece entre os dias 23 e 29 de outubro, com entrada aberta ao público. Além receber os estudantes na UFJF, os professores da instituição vão levar suas pesquisas a nove escolas do município. Um dos estudos que será apresentado é o uso de drones. A proposta é desmistificar a ciência e interagir com as crianças.
Segundo a coordenadora de Divulgação Científica da Imagem Institucional, Bárbara Duque, pelo menos mil alunos de escolas públicas devem ser impactados pela popularização da ciência promovida pela jornada, que está com as inscrições abertas gratuitamente no site da UFJF ou pelos telefones 2102-6913 e 2102-6914.
Pela primeira vez, o evento será sediado no novo prédio do Centro de Ciências, localizado no campus da universidade. A programação reúne olhares de diversos conhecimentos sobre a matemática, desde abordagens mais lúdicas _ como sessões no Observatório Astronômico, contação de histórias e demais atividades interativas _ até palestras com pesquisadores de áreas como a música, histórias em quadrinhos e educação, além da própria ciência exata. O cronograma do evento encontra-se disponível no site da UFJF. As vagas são limitadas à ocupação do local, que comporta cem pessoas.
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Veículo: Rádio CBN
Editoria: Podcast
Data: 20/10/2017
Título: Ciência e Tecnologia – Projetos Científicos da UFJF
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 20/10/2017
Título: UFJF sedia Jornada de Divulgação Científica na próxima semana
Estão abertas as inscrições para a sexta edição da Jornada de Divulgação Científica, que será realizada entre os dias 24 e 29 de outubro, na UFJF. O tema a ser discutido é ‘A matemática está em tudo!’, estipulado pela Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). Pela primeira vez, o evento será sediado no novo prédio do Centro de Ciências, localizado no campus da universidade.
A programação reúne olhares de diversos conhecimentos sobre a matemática, desde abordagens mais lúdicas – como sessões no Observatório Astronômico, de contação de histórias e demais atividades interativas – até palestras com pesquisadores de áreas como a música, histórias em quadrinhos e educação, além das próprias ciências exatas. O cronograma do evento encontra-se disponível no site da UFJF.
As inscrições são limitadas à ocupação do local, que comporta 100 pessoas, e podem ser feitas pelo site da UFJF – ou pelos telefones 2102-6913 e 2102-6914. A entrada é gratuita.
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Veículo: G1 Zona da Mata
Editoria: Notícias
Data: 20/10/2017
Título: Provas de habilidade específica para cursos de música e artes visuais da UFJF começam no domingo
As provas de habilidade específica para os candidatos a Bacharelado e Licenciatura em Música da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) começam neste domingo (22). Nesta primeira etapa, a avaliação testa o conhecimento teórico musical dos inscritos. A segunda etapa está prevista para os dias 25 e 26 de outubro.
Nesta fase, serão avaliados os conhecimentos teórico-musicais do candidato aos Programas de Ingresso 2018 e sua capacidade em lidar com esses conhecimentos básicos. Os conteúdos abordados incluem ritmo; melodia, harmonia, textura; notação nas claves de sol, do e fa; timbres e dinâmica; e linguagem e estruturação musicais em 30 questões objetivas.
A prova será aplicada de 8h ás 9h30 no Instituto de Artes e Design (IAD). O resultado das provas de habilidades específicas será divulgado no dia 31 de outubro a partir das 15h, no site da Coordenação Geral de Processos Seletivos (Copese).
A segunda etapa do processo seletivo será de prova prátca e vai avaliar a desenvoltura instrumental e técnica dos candidatos.
A prova seguirá o programa específico para cada modalidade do curso: flauta transversal, violão, violino, violoncelo, e composição musical. A dinâmica das provas variam de acordo com as opções de bacharelado e licenciatura, conforme edital.
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Veículo: Estado de Minas
Editoria: Gerais
Data: 20/10/2017
Título: Conselheiro tutelar ligado a polêmica com drag queen é afastado do cargo em Juiz de Fora
A Prefeitura de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, comunicou que Abraão Fernandes Nogueira, de 23 anos, foi afastado do cargo de conselheiro tutelar na cidade. A informação foi veiculada em um decreto publicado no Diário Oficial do Município desta sexta-feira.
De acordo com o texto, a medida cautelar tem prazo de 30 dias e prevê o afastamento do conselheiro para que ele não interfira na apuração de irregularidades administrativas que estão sendo investigas.
O presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carlos Henrique Rodrigues, já havia pedido o afastamento de Abraão e condenado a conduta que vem sendo adotada pelo conselheiro tutelar no exercício de suas funções.
O decreto foi assinado pelo prefeito. Bruno Siqueira (PMDB). A reportagem do em.com.br entrou em contato com o conselheiro, mas ele não atendeu aos telefonemas. Em entrevista nessa quarta-feira, Abraão Fernandes disse à reportagem que não temia perder o cargo e nem ser demitido por causa da denúncia de racismo contra ele.
Polêmicas
Nos últimos dias, Abraão se envolveu em uma polêmica sobre um vídeo com uma drag queen que foi produzido e publicado pela Universade Federal de Juiz de Fora no Colégio de Aplicação João XXIII, mantido pela instituição de ensino superior. Além disto, o conselheiro foi denunciado por racismo por uma fotógrafa da cidade.
A controvérsia em questão está nos dois primeiros minutos do vídeo, quando a artista pergunta quais presentes as crianças, que cursam o ensino fundamental, gostariam de ganhar no dia das crianças. Ao receber a resposta de duas garotas que pediram bonecas e de um menino que pediu um boneco Pokémon, a drag diz: “Vocês vão ficar repensando sobre essas coisas de menino e de menina, isso não existe, tá?”.
Sobre essa divisão, as crianças acrescentam, em coro e espontaneamente, a frase: “É preconceito”. A declaração, porém, gerou efeitos contrários e reclamações por parte de alguns pais de alunos, pelo grupo “Direita Minas” – conhecido pelo apoio ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC/RJ) –, e pelo Conselho Tutelar de Juiz de Fora, que protocolou um ofício sobre o caso no Ministério Público Federal, que foi assinado pelo conselheiro Abraão Fernandes.
Nino de Barros, que interpreta a drag queen Femmenino, disse, em entrevista ao em.com.br nesta sexta-feira, que a reação das crianças no vídeo foi resposta às críticas recebidas. “É uma reação espontãnea das crianças. Está muito claro que a visão de quem está errado. É a visao de pai conservador e de gente que não quer entender e quer descontextualizar o vídeo”, destacou.
Racismo
A Polícia Civil de Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais, investiga uma denúncia de injúria racial em que a fotógrafa Mariana Cristina Dias Martins, de 25 anos, diz ter sido vítima de ofensas por parte do conselheiro tutelar Abraão Fernandes.
Mariana que alegou ter sido vítima de racismo registrou um boletim de ocorrência na Polícia Militar. No documento, ela informa que, na última segunda-feira, durante uma discussão entre várias pessoas no Facebook, Abraão teria enviado mensagens privadas para ela dizendo que ela tinha “cor de bosta”.
Ainda conforme a ocorrência, o conselheiro disse a Mariana que “ela deveria se cuidar melhor, pois devia esconder um monte de coisas na cabeça, menos pente e shampoo”. A ocorrência foi encaminhada para a Polícia Civil. A investigação será conduzida pelo delegado Luciano Vidal, que já tomou o depoimento da vítima.
Em entrevista ao em.com.br, Abraão Fernandes, que exerce o cargo de conselheiro há dois anos, disse que ainda não foi notificado e que não conhece Mariana. Segundo ele, as ofensas contra a estudante foram motivadas por xingamentos pessoais enviados por ela no Facebook dele. “Ela veio até a minha página e a partir de uma postagem que fiz favorável a redução da maioridade penal, ela me xingou de lixo, disse que eu era palhaço e um bosta. Na verdade, o que ela está fazendo, é se vitimizando apenas com o que ela recebeu de mim, mas não é transparente e não apresenta o que ela me falou. Ela foi a grande provocadora de tudo isto”, declarou.
Mariana Cristina Dias Martins, por telefone, informou que não ofendeu o conselheiro. A fotógrafa disse que apenas comentou sobre o comportamento dele em redes sociais que incitava o ódio e a violência. “O ponto de partida da discussão foi o vídeo do Nino (drag queen) na UFJF. Até então eu não conhecia o Abraão, mas comecei a acompanhar o trabalho dele e vi que havia, nas redes sociais, muita incitação de ódio e violência. Eu apenas mostrei que as atitudes dele eram muito mais destrutivas que o vídeo do Nino, por exemplo”.
Reunião
Após as polêmicas, o presidente da Câmara dos Vereadores da cidade na Zona da Mata mineira, Rodrigo Mattos (PSDB), pediu ao reitor da UFJF, Marcus Vinícius David, que fosse instaurada uma comissão com educadores da universidade para debater as propostas pedagógicas do Colégio de Aplicação João XXIII e da universidade com os vereadores do município.
De acordo com a assessoria de imprensa da UFJF, a reunião foi marcada pelo vereador. Após o encontro, o reitor se comprometeu a discutir o pedido do Legislativo com a comunidade acadêmica, além de verificar a viabilidade de enviar profissionais para um debate na Câmara.
Na segunda-feira, dois vereadores, André Mariano (PSC) e José Fiorilo (PTC), protocolaram à presidência da Câmara, dois pedidos de moção sobre o caso, maas as ações foram suspensas temporariamente.
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Veículo: Estadão
Editoria: Comportamento
Data: 20/10/2017
Título: Drag queen ganha apoio de seção da OAB após falar sobre estereótipo de gênero com alunos
O trecho de um vídeo em que um estudante da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) montado como drag queen diz a crianças não haver distinção entre brinquedos de menino e menina viralizou após ser republicado e criticado nas páginas oficiais do deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e do movimento Escola Sem Partido. A iniciativa ganhou, no entanto, apoio de instituições como a subseção da OAB em Juiz de Fora depois da instalação da polêmica.
Originalmente postado no dia 11 de outubro tanto no canal da universidade no YouTube — onde tem 300 mil visualizações — como na página de Facebook da instituição, o trecho, de menos de 15 segundos, é parte de um vídeo de quatro minutos do programa Na hora do lanche. Coordenado pela diretoria de imagem institucional da UFJF, ele é exibido há dois anos com periodicidade mensal. A temática do programa que foi alvejado era o Dia das Crianças.
No vídeo, Nino de Barros, de 22 anos, aluno bolsista do curso de artes e design da UFJF que se monta como a drag Femmenino há dois anos, pergunta às crianças o que elas gostariam de ganhar como presente e afirma: “Vocês vão ficar aí pensando nessas coisas de menino e de menina, isso não existe”. Um garoto apoia a fala: “Isso é preconceito”, diz, seguido por outros colegas de classe.
No perfil de Bolsonaro no Facebook, o trecho do vídeo com a fala da drag foi postado em 14 de outubro, exibido mais de 880 mil vezes e contém uma frase que diz: “Prestem atenção na canalhice que estão fazendo contra nossas crianças”.
Vereadores de Juiz de Fora também se manifestaram contra o programa, e o Conselho Tutelar da cidade de Abraão Fernandes Nogueira pediu para o Ministério Público Federal apurar a conduta da escola e da drag. A subseção da OAB em Juiz de Fora, e o Colégio de Aplicação João XXIII, em que o programa foi gravado, no entanto, defenderam a iniciativa ressaltando que discutir questões de diversidade e gênero é papel da escola.
“Não esperava que a OAB fosse soltar uma nota a respeito disso”, revela Nino ao E+, surpreso com o apoio. “Fiquei muito grato pelo posicionamento das instituições”, diz.
Ele também comenta que, frente ao número de comentários homofóbicos que recebeu em sua página e por ter falado do caso já algumas vezes, prefere relatar as manifestações favoráveis a seu trabalho.
“Foram inúmeros comentários na minha página de pessoas disseminando ódio, mas estamos fazendo uma limpeza nisso, pois não é pra ser palco de discurso homofóbico”, diz. “Aquilo é pra disseminar amor e diversidade.”
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 20/10/2017
Título: Final do concurso ‘Ponte nas Escolas’ acontece neste sábado
Acontece neste sábado (21) a segunda etapa do 5º Concurso ‘Ponte nas Escolas’, organizado pelos alunos do Programa de Ensino Tutorial (PET) Civil da UFJF. O evento acontecerá na Escola Municipal Georg Rodenbach, no Bairro Grama, Zona Nordeste, a partir das 8h, reunindo 8 instituições de ensino da região. Nesta fase, as pontes montadas pelos alunos serão colocadas em um pórtico com carga e depois acopladas em um balde, onde será adicionada água. A estrutura que suportar uma carga de 10kg será a vencedora. Em caso de empate, ganha a que tiver menor tempo de execução.
A primeira etapa consistiu na montagem das estruturas, que aconteceu na última semana, envolvendo cerca de 48 alunos do 9º ano. A iniciativa, promovida pela ArcelorMittal, conta com o apoio da Secretaria de Educação da Prefeitura de Juiz de Fora, e tem o objetivo de fornecer conhecimentos básicos de mecânica em problemas de engenharia, ensinar o aluno a se comunicar e justificar seus projetos em forma oral e escrita, além de incentivar o trabalho em grupo e estimular a criatividade. Na quarta edição do evento, realizada em junho deste ano, o projeto beneficiou 80 alunos de 12 escolas.
A equipe vencedora fará uma visita ao Centro de Ciências da UFJF e receberá medalhas e prêmios patrocinados pela ArcelorMittal.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 20/10/2017
Título: UFJF lança game para divulgar suas pesquisas
Com a proposta de aproximar os jovens dos trabalhos desenvolvidos por seus pesquisadores, a UFJF vai lançar no dia 25 de outubro o game Eis a Questão. Em forma de aplicativo, a plataforma servirá como um espaço de interação entre a universidade e seus pesquisadores com um público que, normalmente, não conhece os estudos feitos no campus. A ideia é mostrar que as pesquisas realizadas na instituição impactam diretamente na qualidade de vida da população, afirma a coordenadora de Divulgação Científica da Imagem Institucional, Bárbara Duque.
Para ela, esta é a melhor forma de aproximar a iniciação científica com o público jovem. “A produção científica cresceu muito dentro da UFJF e, muitas vezes, o que era produzido era pouco divulgado. Por isso criamos a revista científica A3, voltada especificamente para este público. No entanto, com o tempo, percebemos que a revista não atingia o público jovem. Sendo assim, desenvolvemos, através de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), um meio com uma linguagem mais adequada para mostrar os avanços científicos e aproximar esse público da instituição. Queremos mostrar que a ciência é mais encantadora do que eles imaginam”, destaca Bárbara.
Através do aplicativo, o estudante poderá participar de um desafio utilizando um avatar. Durante o jogo, o participante poderá mostrar com qual área de conhecimento têm mais afinidade, funcionando como uma espécie de teste vocacional. O Eis a Questão é um game em formato de quiz que poderá ser jogado tanto no computador, quanto em tablets e smartphones. Aos jogadores serão apresentadas perguntas relacionadas às pesquisas realizadas na UFJF e três opções de resposta. Além disso, a ciência e a tecnologia serão apresentadas em formato de curiosidades. Os jogadores também terão acesso às suas posições nos rankings, por escola e geral.
Jornada Científica
O lançamento do game irá ocorrer dentro da 6ª Jornada de Divulgação Científica, que este ano tem como tema: “A matemática está em tudo”. O evento acontece entre os dias 23 e 29 de outubro, com entrada aberta ao público. Além receber os estudantes na UFJF, os professores da instituição vão levar suas pesquisas a nove escolas do município. Um dos estudos que será apresentado é o uso de drones. A proposta é desmistificar a ciência e interagir com as crianças.
Segundo a coordenadora de Divulgação Científica da Imagem Institucional, Bárbara Duque, pelo menos mil alunos de escolas públicas devem ser impactados pela popularização da ciência promovida pela jornada, que está com as inscrições abertas gratuitamente no site da UFJF ou pelos telefones 2102-6913 e 2102-6914.
Pela primeira vez, o evento será sediado no novo prédio do Centro de Ciências, localizado no campus da universidade. A programação reúne olhares de diversos conhecimentos sobre a matemática, desde abordagens mais lúdicas _ como sessões no Observatório Astronômico, contação de histórias e demais atividades interativas _ até palestras com pesquisadores de áreas como a música, histórias em quadrinhos e educação, além da própria ciência exata. O cronograma do evento encontra-se disponível no site da UFJF. As vagas são limitadas à ocupação do local, que comporta cem pessoas.
Segundo a coordenadora de Divulgação Científica da Imagem Institucional, Bárbara Duque, pelo menos mil alunos de escolas públicas devem ser impactados pela popularização da ciência promovida pela jornada, que está com as inscrições abertas gratuitamente no site da UFJF ou pelos telefones 2102-6913 e 2102-6914.
Pela primeira vez, o evento será sediado no novo prédio do Centro de Ciências, localizado no campus da universidade. A programação reúne olhares de diversos conhecimentos sobre a matemática, desde abordagens mais lúdicas _ como sessões no Observatório Astronômico, contação de histórias e demais atividades interativas _ até palestras com pesquisadores de áreas como a música, histórias em quadrinhos e educação, além da própria ciência exata. O cronograma do evento encontra-se disponível no site da UFJF. As vagas são limitadas à ocupação do local, que comporta cem pessoas.
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Veículo: Tribuna de Minas
Editoria: Cidade
Data: 20/10/2017
Título: UFJF sedia Jornada de Divulgação Científica na próxima semana
Estão abertas as inscrições para a sexta edição da Jornada de Divulgação Científica, que será realizada entre os dias 24 e 29 de outubro, na UFJF. O tema a ser discutido é ‘A matemática está em tudo!’, estipulado pela Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT). Pela primeira vez, o evento será sediado no novo prédio do Centro de Ciências, localizado no campus da universidade.
A programação reúne olhares de diversos conhecimentos sobre a matemática, desde abordagens mais lúdicas – como sessões no Observatório Astronômico, de contação de histórias e demais atividades interativas – até palestras com pesquisadores de áreas como a música, histórias em quadrinhos e educação, além das próprias ciências exatas. O cronograma do evento encontra-se disponível no site da UFJF.
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata – MG
Data: 20/10/2017
Título: Provas de habilidade específica para cursos de música e artes visuais da UFJF começam no domingo
As provas de habilidade específica para os candidatos a Bacharelado e Licenciatura em Música da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) começam neste domingo (22). Nesta primeira etapa, a avaliação testa o conhecimento teórico musical dos inscritos. A segunda etapa está prevista para os dias 25 e 26 de outubro.
Nesta fase, serão avaliados os conhecimentos teórico-musicais do candidato aos Programas de Ingresso 2018 e sua capacidade em lidar com esses conhecimentos básicos. Os conteúdos abordados incluem ritmo; melodia, harmonia, textura; notação nas claves de sol, do e fa; timbres e dinâmica; e linguagem e estruturação musicais em 30 questões objetivas.
A prova será aplicada de 8h ás 9h30 no Instituto de Artes e Design (IAD). O resultado das provas de habilidades específicas será divulgado no dia 31 de outubro a partir das 15h, no site da Coordenação Geral de Processos Seletivos (Copese).
A segunda etapa do processo seletivo será de prova prátca e vai avaliar a desenvoltura instrumental e técnica dos candidatos.
A prova seguirá o programa específico para cada modalidade do curso: flauta transversal, violão, violino, violoncelo, e composição musical. A dinâmica das provas variam de acordo com as opções de bacharelado e licenciatura, conforme edital.
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata – MG
Data: 21/10/2017
Título: Trânsito no campus da UFJF é interrompido neste domingo
O trânsito no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ficará totalmente fechado neste domingo (22) no período das 7h45 às 10h30. A interdição vai ocorrer para a realização da “5ª Corrida Solidária da Ascomcer”.
De acordo com a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), devido ao fechamento do campus, as linhas de ônibus que passam pelo local vão sofrer alterações nos itinerários durante o período da corrida.
As linhas que sofrerão mudanças são: 532 (São Pedro), 534 (Santos Dumont), 541(São Pedro), 547(N. Sra. De Fátima), 544 (Recanto dos Brugger), 548 (Adolpho Vireque / via Jardim Casablanca e Morada do Serro), 549 (Nova Germânia), 560 (Av. Presidente Itamar Franco), 590 (Zona Sul/UFJF-CAS) e 599 (São Pedro).
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Veículo: G1
Editoria: Zona da Mata -MG
Data: 21/10/2017
Título: Trânsito no campus da UFJF é interrompido neste domingo
O trânsito no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ficará totalmente fechado neste domingo (22) no período das 7h45 às 10h30. A interdição vai ocorrer para a realização da “5ª Corrida Solidária da Ascomcer”.
De acordo com a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), devido ao fechamento do campus, as linhas de ônibus que passam pelo local vão sofrer alterações nos itinerários durante o período da corrida.
As linhas que sofrerão mudanças são: 532 (São Pedro), 534 (Santos Dumont), 541(São Pedro), 547(N. Sra. De Fátima), 544 (Recanto dos Brugger), 548 (Adolpho Vireque / via Jardim Casablanca e Morada do Serro), 549 (Nova Germânia), 560 (Av. Presidente Itamar Franco), 590 (Zona Sul/UFJF-CAS) e 599 (São Pedro).
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