A celebração de uma década de encontros semanais no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) faz da reunião desta segunda-feira, dia 2, às 15h, um momento especial para o Centro de Ação Cultural (CAC), que terá a presença do reitor da UFJF, Marcus Vinicius David. O reitor é convidado do projeto “Vidas Exemplares” para falar sobre sua trajetória, ressaltando-a no contexto da educação como valioso instrumento para a promoção da cidadania plena.
O grupo, que existe graças à iniciativa das professoras Maria do Céu Corrêa Mendes e Marília Schmidt Araújo no final da década de 1970, surgiu há 39 anos, durante a ditadura militar, com o objetivo inicial de instigar reflexões e promover atualizações sobre questões sociais, políticas, econômicas e culturais. Além disso, era uma forma de confraternização entre pessoas apaixonadas por arte, principalmente, a literatura.
Quatro décadas depois, o CAC continua firme em seus propósitos, agradecido às atenções do Mamm/UFJF, que cede à equipe, desde 2007, um auditório para estudos e palestras, sempre às segundas-feiras, durante o expediente interno do Museu, entre 15h e 16h30m. Sob a liderança da bibliotecária e professora de história, Lygia Toledo, pela terceira vez na coordenação do grupo, o Centro se revigora a cada novo curso e professores empenhados em provocar uma nova reflexão.
Convivência motivadora
A coordenadora contabiliza mais de cem integrantes, e como participantes frequentes 83 senhoras de idades diversas, que não gostam de ser rotuladas pela data de nascimento. Nada de “Terceira Idade” ou “Melhor Idade”. “Isso nos limita”, diz, revelando a intenção de exercitar a mente para afastar uma possível estagnação: “A cada reunião fica sempre um rastro de esperança, um sentimento de conforto diante de novas informações e das reflexões que isso provoca”, revela.
Lygia acredita ser um privilégio estar há dez anos em um espaço destinado à memória do poeta juiz-forano Murilo Mendes, com tamanha estrutura e organização, e ressalta a importância do convite de transferir o CAC da Casa de Cultura para o museu, feito em 2007 pelo atual diretor do Mamm, José Alberto Pinho Neves, quando ainda era pró-reitor de Cultura.
“A UFJF sempre deu apoio ao grupo, inicialmente, com os professores Carlos Alberto Crivellari e Gilvan Procópio Ribeiro, e, finalmente, com nossa vinda para cá, sem que isso significasse a perda da autonomia que sempre caracterizou o CAC”, observa Lygia, que, junto com a vice Leonor Carneiro, foi eleita para coordenar o Centro em três ocasiões distintas: 2007, 2011 e 2017.
O entusiasmo como pauta
Para além do aprimoramento cultural e do intuito de provocar novas posturas humanizantes, o CAC também organiza uma programação sociocultural e de lazer, com visitas, passeios e viagens. A participação se dá sem a obrigatoriedade e a rigidez de outros grupos, mas com o compromisso de uma mensalidade simbólica, que importa nas obrigações com palestrantes, por exemplo. São mensalistas cadastrados, cujos direitos e deveres estão sob a égide de um estatuto próprio.
A coordenadora do CAC destaca que quatro décadas de bons trabalhos e harmonia de ideais renderam bons frutos, sendo um dos principais o modelo e a inspiração para a criação de grupos semelhantes. Ao todo, são cinco os que surgiram graças ao crescente interesse de participação, haja vista a qualidade dos propósitos e dos relacionamentos em questão.
Fazendo-se valer de uma de suas entrevistas para a Pró-reitoria de Cultura, Lygia reitera: “Todas buscamos novos sentidos de vida. Ninguém dispensa as receitas que puderem acrescentar mais alegria ao cotidiano, principalmente, depois de já termos trilhado caminhos acadêmicos, experiências profissionais de vários tempos, laços familiares consolidados, perspectivas modernizantes”.
Histórias inspiradoras
Ao longo dos dez anos no Mamm, o CAC promoveu ações diversas, entre elas o “Vidas Exemplares”, com destaque para as palestras do ex-ministro da Educação Murílio de Avelar Hingel, do engenheiro e pensador Édson Lisboa Filho, dos historiadores Vanderlei Dornelas Tomaz e Rosali Henriques, dos jornalistas Christina Musse, Wilson Cid e Marise Baesso, e do professor Raphael Reis. Participaram do projeto também, entre outros, o artista plástico e expografista Paulo Alvarez; o ator e teatrólogo Marcos Marinho; o publicitário Luiz Cavalini Júnior; o fundador da Associação do Livre Apoio ao Excepcional (Alae) em Juiz de Fora, Luiz Chafi Hallack; e o pianista inglês Daniel Roberts, atualmente residente na cidade. O ex-professor da UFJF, José Eustáquio Romão, incentivador do grupo em seus primórdios, já está agendado para o dia 20 de novembro.
O Mamm fica localizado na Rua Benjamin Constant 790, no Centro da cidade.
Outras informações: (32) 3229-9070 (Mamm-UFJF)
(32) 2102-3964 (Pró-reitoria de Cultura-UFJF)